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Walcyr Carrasco e Adriana Falcão estarão presentes na Bienal do Livro

O autor do sucesso “O Outro Lado do Paraíso”, Walcyr Carrasco e a roteirista de séries como “A Grande Família” e do filme “O Auto da Comparecida”, Adriana Falcão, estarão presentes da 25ª Edição da Bienal do Livro de São Paulo. A dupla irá conversar com os presentes na Arena Cultural BIC® sobre a relação da literatura com outras formas de arte como as produções audiovisuais, sobretudo criações para a TV e o cinema.

Além de roteiristas, ambos também são autores de livros consagrados. Entre eles, a autobiografia “Em busca de um sonho” e “Anjo de quatro patas“, de Walcyr Carasco, publicados pela Editora Moderna; e o best-seller “Mania de explicação” e “Luna Clara & Apolo Onze“, de Adriana Falcão, pela Editora Salamandra.

Walcyr Carrasco é ainda membro da Academia Paulista de Letras, desde 2008, e recebeu diversas premiações, entre elas, o Prêmio Jabuti (mais importante prêmio literário do País), pela tradução e adaptação de Romeu e Julieta, de William Shakespeare, em 2017. O autor ainda possuí diversos sucessos televisivos no currículo, como “Amor a Vida” e “Verdades Secretas”.

A 25ª edição da Bienal Internacional do Livro de São Paulo acontece entre os dias 3 e 12 de agosto no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo. Este ano o evento aposta numa campanha inovadora cujo mote é: “Venha Fazer esse Download de Conhecimento”, que tem como proposta de valor destacar o protagonismo do livro em meio à nova percepção dos brasileiros diante do turbilhão de estímulos e canais de acesso a conteúdo que a tecnologia hoje propicia. A ideia é mostrar que, apesar dessas mudanças culturais no País, o livro, em seus diversos formatos, é o agente essencial do processo de conexão entre o conhecimento e o universo digital no qual vivemos. Você pode conferir a cobertura do Beco Literário clicando aqui.

Atualizações, Filmes, Novidades

8 filmes para comemorar o dia do Cinema Brasileiro

Você sabia? Foi em 1896 que a telona estrelou no Brasil e desde então, começaram a produzir filmes brasileiros, que se consolidaram internacionalmente. Inclusive com algumas indicações ao Oscar, como o incrível Cidade de Deus. As produtoras brasileiras lançam mais de 100 projetos cinematográficos por ano, porém nem todos alcançam divulgações e salas comerciais.

Não se sabe a verdade, mas dizem que o primeiro filme brasileiro foi o “Vista da Baía da Guanabara”, teria sido filmado pelo cinegrafista italiano Affonso Segretto, em 19 de junho de 1898 – data que se tornou o Dia do Cinema Brasileiro. Se esse longa foi gravado, não sabemos, mas nunca chegou a ser exibido.

Atualmente, são consideradas as primeiras produções brasileiras: “Ancoradouro de Pescadores na Baía de Guanabara”, “Chegada do trem em Petrópolis”, “Bailado de Crianças no Colégio, no Andaraí” e “Uma artista trabalhando no trapézio do Politeama”.

Sem mais delongas, para comemorar o Dia do Cinema Brasileiro, o cineasta Daniel Bydlowski, diretor e roteirista de “Bullies”, separou uma lista de produções brasileiras de tirar o folego, vem ver:

Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976)
Baseado na obra de Jorge Amado e estrelado por Sonia Braga e José Wilker, o filme conta a história de Dona Flor, uma mulher casada com Vadinho, um homem bonito e que com quem ela tem uma relação excitante. Porém, o homem não faz muito para conseguir dinheiro. Quando morre, Dona Flor decide se casar com Teodoro, que é o oposto de Vadinho, sem muita paixão mas tendo uma grande carreira. Porém, o fantasma de Vadinho aparece, deixando as coisas bem mais complicadas.

Os Saltimbancos Trapalhões (1981)
Um clássico da comédia, o filme conta com os legendários Didi (Renato Aragão), Dedé (Dedé Santana), Mussum (Mussum) e Zacarias (Zacarias). Sendo a grande atração do circo Bartolo, já que conseguem fazer o público rir como ninguém, os quatro amigos logo fazem inimigos, como o mágico do circo e o próprio dono deste. Porém, estes não são o suficiente par parar os trapalhões.

Ilha das Flores (1989)
Dirigido por Jorge Furtado, Ilha das flores não é nem um documentário, nem um curta comum. Contado por meio de links entre uma imagem e outra que imitam os links formados pelos pensamentos do cérebro, o filme consegue gerar emoções com imagens que duram pouco tempo. Não somente influenciou o estilo de documentário, mas até mesmo o cinema nacional.

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Castelo Rá-Tim-Bum (1999)
Quando parece que o cinema nacional está limitado por questões sociais, Cao Hamburger traz um filme para crianças que realmente traz o melhor do escapismo para as telonas. Com uma arte diferenciada e baseada no show de televisão de mesmo nome, Castelo Rá-Tim-Bum carrega a incrível arte do diretor para o cinema nacional.

O Auto da Compadecida (2000)
O engraçadíssimo filme, dirigido por Guel Arraes e baseado na história de Ariano Suassuna, mostra dois pobres indivíduos que vivem no Nordeste e que precisam não somente lutar pelo pão de cada dia, mas contra poderosos vilões. Com Matheus Nachtergaele e Selton Mello, a produção ganha risadas por ter personagens com sérios defeitos de personalidade, como mentir e ter medo, mas que conseguem ser os grandes heróis.

Cidade de Deus (2002)
Dirigido por Fernando Meirelles e Katia Lund, Cidade de Deus conta a história de moradores de uma das favelas mais perigosas do Rio de Janeiro. Porém, os diretores focam em um estilo de ação, dando a favela um caráter parecido com o de filmes de máfia famosos em Hollywood, só que desta vez em meio a pobre vida do local.

Saneamento Básico (2007)
A princípio, o longa-metragem parece abordar os problemas de uma comunidade que não tem dinheiro para obter saneamento básico. Porém, para conseguir recursos para uma melhor vida melhor, os personagens decidem fazer um filme, já que descobrem que há fundos para este. O enredo então se torna uma produção sobre o que é fazer cinema, de forma engraçada e divertida.

Tropa de Elite (2011)
Com estilo violento e de documentário, José Padilha conta a história do Capitão Nascimento (Wagner Moura), que é parte da tropa de elite no Rio de Janeiro (praticamente a polícia da policia). Porém, diferentemente da corporação corrupta local, Nascimento quer fazer justiça por si mesmo e não tem ninguém e nada que podem mudar seu caminho.

Daniel Bydlowski é cineasta brasileiro e artista de realidade virtual com Masters of Fine Arts pela University of Southern California e doutorando na University of California, em Santa Barbara, nos Estados Unidos. É membro do Directors Guild of America. Trabalhou ao lado de grandes nomes da indústria cinematográfica como Mark Jonathan Harris e Marsha Kinder em projetos com temas sociais importantes. Seu filme NanoEden, primeiro longa em realidade virtual em 3D, estreia em breve.

Atualizações, Livros

Becompre: Desapegue dos livros que já leu e se apegue a novas HISTÓRIAS, não títulos

Você sabia que durante o processo criativo de um livro, muitas vezes, os autores não podem opinar sobre as capas de suas obras? Ou então, que durante as traduções, o título original pode perder o sentido de toda a história? Foi pensando nisso que o Beco Literário, plataforma de conteúdo jovem que sempre esteve a frente de projetos que promovem a quebra de padrões e promovem experiências únicas aos seus usuários na leitura, deu um novo passo para criar o Becompre, uma nova maneira de comprar livros sem saber qual é o exemplar que está levando para casa.

O Becompre integra a vontade de desapegar de livros que já leu com o desejo de comprar livros a um preço acessível, dado que todos os exemplares que estão disponíveis no catálogo de venda são adicionados por pessoas dispostas a abrir um espaço na estante e promover a leitura de uma forma divertida. Tudo acontece de forma muito simples: o interessado em vender seus livros precisa preencher um formulário no site do Beco Literário com dados básicos pessoais e do livro, depois disso, a curadoria do site vai analisar as informações e reinventar a sinopse desta obra, para que ao ser publicada no site, o futuro leitor se apaixone pelo livro sem julgar a capa ou o título, que muitas vezes são traduzidos do estrangeiro e não retratam com fidelidade a história.

Para quem deseja comprar, a experiência de encontrar um livro no Becompre é totalmente imaginativa, já que a seção foi construída para despertar nos leitores a vontade de desbravar o desconhecido e tirar proveito dessa experiência. O desafio é que todos que acessem o Becompre encontrem um livro que seja a sua alma-gêmea de história e consigam adquiri-lo a um preço justo aliado a melhor experiência de atendimento ao cliente e claro, sem julgar um livro pela capa ou pelo título, apenas pelo o que a história oferece.

O CEO do Beco Literário, Gabu Camacho, acredita que o Becompre vai proporcionar um senso de pertencimento muito forte aos leitores do site. “Fizemos pesquisas antes do lançamento e vimos que as pessoas ficaram admiradas em comprar um livro sabendo apenas sua história. É uma forma de colocar o clichê de ‘não julgue um livro pela capa’ em prática, sem deixar a transparência de lado”, comenta.

Todos os livros anunciados no site passam por um rigoroso processo de curadoria, para que o leitor não se sinta lesionado ao comprar um livro usado. Além da sinopse, todos os dados como peso, estado do livro e quem vende, ficam explícitos na página. “Nós ficamos no meio do processo. Ajudamos o vendedor a embalar, conservar, limpar e enviar o livro, enquanto auxiliamos o comprador a encontrar uma história que ele realmente goste, com preço acessível e bom estado de conservação”, acrescenta o CEO.

Durante o mês de maio e a primeira quinzena de junho, o Becompre esteve aberto exclusivamente para que os leitores cadastrassem seus livros para venda. Desde então, a plataforma está aberta em sua totalidade para compras também. E claro, o recebimento de novos tesouros continua por tempo indeterminado.

Clique aqui para ver o catálogo de livros que está à venda e clique aqui para cadastrar seus livros para venda no Beco Literário. Ficou alguma dúvida? Clique aqui para saber o passo a passo para vender ou comprar, ou clique aqui para tirar suas dúvidas do funcionamento do BeCompre.

Atualizações, Livros, Novidades

Dica de Livro: Dos holofotes da moda ao submundo das drogas

O que dizer a uma pessoa que foi abusada sexualmente pelo pai e que quase foi vendida a uma família de estranhos pela própria mãe? Como será a vida de quem sofreu agressões físicas e psicológicas por parte da família? E o que esperar de quem considera a cocaína sua melhor amiga?

Foi lutando contra esse passado devastador que a ex-modelo e hoje escritora Karen Padilha buscou forças para seguir em frente e prosperar em todas as vertentes de sua vida. Em “O que fizeram de mim? Sobre traumas e transformações”, Karen quer mostrar ao leitor sua trajetória de vida e as práticas que usou ao seu favor para transpor todas as barreiras que a vida colocou em seu caminho. E, claro, como aplicar cada uma dessas ferramentas em situações distintas e que todos podemos enfrentar.

Karen mostra como a espiritualidade (sem tomar partido de religião ou de alguma crença, mas na fé que cada um possui em algo superior), a psicologia e a resiliência foram essenciais para reverter um quadro de total dependência das drogas em uma vida de reflexões e positivismo. Ela já iniciou seu próximo livro, também sobre a temática de como derrotamos nossos próprios fantasmas e trilhar novos rumos na vida.

“Brigando com meus demônios, tentando identificá‑los, um por um, sofrendo na pele o que é desejar cegamente uma coisa e não poder tê‑la. Isso porque o que se deseja é o que estava destruindo minha vida, e pode continuar, se eu permitir. Essa batalha ninguém pode vencer por mim, só eu posso me libertar, e algumas vezes me sinto tão fraca e chego a pensar que não conseguirei. ”

Uma jornada de autoconhecimento necessária para quem precisa se redescobrir e permitir novas aberturas nos rumos para sua vida. Histórias de vitória que nos inspiram e nos motivam a seguir a luta são sempre revigorantes. E é através de seus relatos de vida que Karen quer nos mostrar: Tudo vai ficar bem!

dado perdido, continuo aqui
Autorais, Livros

diário de um atípico #3

trilha sonora recomendada para leitura deste texto: amar, amei – mc Don Juan [cover – Pedro Mendes]

 

não sei onde estou, tudo parece novo para mim

 

querido diário,

 

cheguei atrasado, certo? me perdoe. como bem sabes, penso demais, penso tanto que as vezes estrago algumas coisas que nem chegaram a acontecer. ansiedade que escreve, certo?

certo! mas não é sobre isso que quero escrever hoje, quero falar sobre perdão e algumas outras coisas a mais. a vida nos concede algumas dádivas, o que é estranho, pois ela ama pregar peças e nos cercar de ironias, trágico. esses “presentes” ficam guardados, escondidos debaixo dos escombros, em meio as cinzas, as vezes jogados no lixo ou até mesmo podem ser encontrados no guiar de uma correnteza. depois de uma briga, depois de uma discussão e tomada de decisão sem ser pensada, depois de uma chuva forte, uma tempestade, depois de sermos destruídos por dentro e aparentar não sobrar nada a não ser paredes caídas e pó, as lágrimas já se secaram. é neste espaço desértico, quase irrecuperável que encontramos alguns tesouros, o amor próprio e a verdadeira essência que uma vez fora perdida. então você percebe que, o relacionamento que você construiu dentro de você, somente você era morador, a confiança era somente cultivada na sua horta e que o respeito não era recíproco. você estava vivendo num universo particular. pode até pensar que a sua felicidade está no encontro do outro, somos criados e programados para pensar assim. “amar” alguém e dedicar cada segundo, cada sorriso. importa-se demais com o “outro”, o que o “outro” vai pensar, o que o “outro” gostaria que acontecesse, eu preciso/tenho que agradar o “outro” e você se perde dentro de si, se esconde tanto, deixando seus próprios interesses, deixando de conquistar seus sonhos, deixando de escutar as musicas que [particularmente] gosta e acaba perdendo tudo dentro de si mesma e nem mesmo você, conseguiria encontrar novamente, a não ser que todo o castelo que você chamava de “relacionamento” viesse ao chão. tenho algo pior a pensar, ninguém percebeu que o Amor morreu na segunda metade do século XIX e que hoje, as pessoas só experimentam o apego e a carência, drogas baratas, entorpecentes viciantes que degeneram a integridade e tornam cativo um espírito livre. com a morte do Amor, o Bom Senso se encontrou em desespero, como viver num mundo onde o Amor não se faz presente? desertou, coitado. a vergonha  de fugir não chegou nem perto do medo de viver a mediocridade e a superficialidade que o apego proporciona a carência, prostituição litigiosa, satisfação passageira. Enquanto isso, le-se “textoes” de facebook e fotos com legendas cercadas de corações vermelhos, ninguém mais sabe o valor que o coração vermelho tem? ora essa, que ilusão a minha, ninguém mais sabe o valor de um “eu te amo” quanto mais o significado da cor de um emoji de coração. acho que é pedir demais para essa geração, infelizmente.

acho que escrevi demais,

chega por hoje, meu caro, tivemos reflexões demais por um dia, estava com saudades, um até breve para você e se lembre, não conte para ninguém

Leitura do Poeta das coisas simples
Leitura e Pensamentos
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LEITURA DE POESIA: considerações sobre o gênero lírico em Mário Quintana

O poema é feito de palavras, seres equívocos que, se são cor e som, também são significado; o quadro e a sonata são compostos de elementos mais simples – formas e cores que em si nada significam.

[leitura de] Octávio PAZ, 1982

O questionamento central deste artigo é “como se faz a leitura de poesia?”, mas antes de responder essa pergunta, é preciso primeiramente entender o que está sendo lido, para depois saber como se dá a leitura. O gênero literário Poesia é caracterizado por suas especialidades, inclusive no aspecto leitura, em linhas gerais, como ser a arte de escrever em versos e por meio de sua linguagem estar agrupada vários fenômenos estilísticos que são utilizados, não só para customizar, mas para tentar abarcar o sentimento por intermédio de palavras, e esses fenômenos linguísticos são denominados de figuras de linguagem.

Para entender todo esse sistema poético que é constituído tal gênero literário, conforme Modesto Carone Netto (1974), em sua obra crítica Metáfora e Montagem, poesia é:

[…] junção de imagens descontínuas. Apresenta-se, dessa forma, como um conjunto de metáforas visuais agrupadas sem necessidade “lógica”, ou seja, reunidas num sistema semiológico em que uma não decorre necessariamente da outra, como acontece no discurso linear comum ou na obra literária que lhe acompanha de perto os passos. (CARONE NETO, p. 15, 1974)

O autor continua discutindo em seu texto que

[…] as imagens isoladas do poema se comportam como as “tomadas” ou as fotogramas montadas num filme, articulando planos e cenas cujo significado seria aferível pela forma em que essas unidades colaboram ou colidem umas com as outras na consciência de quem lê o poema (como ocorre na mente de quem vê o filme).  (CARONE NETO, p. 15, 1974)

Para enriquecer a conceituação de poesia neste trabalho, é válido trazer um teórico que aborda uma teoria mais poética, portanto, mais adocicada durante o ato da leitura.

Octavio Paz (1982), no capítulo intitulado de Poesia e Poema, de sua obra O Arco e a Lira, nos esclarece o significado de poesia. O autor escreve que a poesia é

A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de transformar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza: exercício espiritual, é um método de libertação interior. A poesia revela este mundo; cria outro. (PAZ, p. 15, 1982)

Paz (1982) continua a dissertar logo abaixo, na mesma página de discussão que

Experiência, sentimento, emoção, intuição, pensamento não dirigido. Filha do acaso; fruto do cálculo. Arte de falar em forma superior; linguagem primitiva. Obediência ás regras; criação de outras. Imitação dos antigos, cópia do real, cópia de uma cópia da Ideia. Loucura, êxtase, logos. Regresso à infância, coito, nostalgia do paraíso, do inferno, do limbo. Jogo, trabalho, atividade ascética. Confissão. Experiência inata. Visão, música, símbolo. (PAZ, p. 15, 1982)

Portanto, como ler este texto tão especial?

 

É interessante trazer para a discussão a argumentação defendida por Bosi (1994, p. 477) ou esclarecer que, à medida que o material significante assume o primeiro plano: verbal e visual, o poeta reelabora esse material em vários campos. São eles:

  1. no campo semântico: ideogramas (“apelo à comunidade não-verbal”, segundo o Plano Piloto cit.); polissemia, trocadilho, nosense…;

  2. no campo sintático: ilhamento ou atomização das partes do discurso; justaposição; redistribuição de elementos; ruptura com a sintaxe da proposição;

  3.  no campo léxico: substantivos concretos, neologismos, tecnicismos, estrangeirismos, siglas, termos plurilíngues;

  4.  no campo morfológico: desintegração do sintagma nos seus morfemas; separação dos prefixos, dos radicais, dos sufixos; uso intensivo de ceros morfemas;

  5.  no campo fonético: figuras de repetição sonora (aliterações, assonâncias, rimas internas, homoteleutons); preferência dada às consoantes e aos grupos consonantais; jogos sonoros;

  6. no campo topográfico: abolição do verso, não linearidade; uso construtivo dos espaços brancos ausência de sinais de pontuação;

Exemplo, atente para a leitura do poema logo abaixo:

Das utopias

Se as coisas são inatingíveis… ora!

Não é motivo para não quere-las

Que triste os caminhos, se não fora

A mágica presença das estrelas!

Mário Quintana

 

Neste exemplo de poema, escrito por Mário Quintana, é possível identificar através da leitura, alguns traços da teoria explicada por Philadelpho Menezes (1991). Primeiramente uma leitura morfológica, o poema possui uma única estrofe contendo quatro versos. Não possui emjambement, a linguagem clara e muito subjetiva.  As rimas são intercaladas – A B A B – veja logo abaixo:

 

Se as coisas são inatingíveis… ora!           A

Não é motivo para não quere-las               B

Que triste os caminhos, se não fora           A

A mágica presença das estrelas!                B

 

Como dito no início do parágrafo de análise, segundo a leitura da obra de Philadelpho Menezes (1991) explica que o uso de pontos é um traço contemporâneo, o uso de reticências transmite ao leitor o pensamento profundo e reflexivo do verso, o termo “inatingíveis” carrega em si um peso semântico muito profundo que, ao final, o eu lírico compara as estrelas do ceu. Quem trilha o caminho da vida não consegue alcançar as estrelas do ceu, pois são inatingíveis, mas olhar para elas e deseja-las, vê-las ao cominhar, muda e transforma o sentido da caminhada.

O Professor, mediador, pode desenvolver a leitura em sala de aula que as estrelas é uma metáfora para qualquer sonho inalcançável de seus alunos, e ao desejar/sonhar/querer esses sonhos e anseios impossíveis não os faz ser iludidos ou perdidos na vida, pois é o brilho das estrelas e a mágica de sua presença que faz a caminhada da vida se tornar mais divertida, a existência se torna mais fácil, visto que lidar com as adversidades, lutos, dificuldades e imprevistos da caminhada podem paralisar ou abater.

  1. no campo semântico: estrelas é a metáfora de sonhos inalcançáveis, sonhos distantes, difíceis de se concretizar;
  2. no campo sintático: construções sintáticas usuais como expressas segundo a gramática, não há rupturas;
  3. no campo léxico: linguagem fácil e simples de fácil acesso;
  4. no campo morfológico: não há desintegração do sintagma nos seus morfemas; ou separação dos prefixos, dos radicais, dos sufixos; ou uso intensivo de ceros morfemas;
  5. no campo fonético: figuras de repetição sonora (aliterações, assonâncias, rimas internas, homoteleutons); preferência dada às consoantes e aos grupos consonantais; jogos sonoros;
  6. no campo topográfico: construção tradicional do verso, linearidade; não há o uso construtivo dos espaços brancos, mas o uso do recurso das reticências que transmite um peso semântico ao entendimento do texto;

 

 

 

 

Referências 

BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. Editora Pensamento Cultrix LTDA – São Paulo, SP, 1994.

PAZ, Octavio, A tradição da ruptura; A revolta do futuro. In: Os filhos do barro: do romantismo à vanguarda. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984, p.11- 58.

______. O Arco e a Lira/ Octávio Paz; tradução de Olga Savary. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.

UNGARETTI, Giuzeppe. Razões de uma Poesia./ Organizacäo de Lucia Wataghin – Edusp/Irnaginfirio, São Paulo, 1994.

Informações sobre o livro: https://www.livrariacultura.com.br/p/livros/literatura-internacional/teoria-e-critica-literaria/o-arco-e-a-lira-30738284

Livros, Resenhas

RESENHA: A Nuvem, Neal Shusterman

Quando falamos do primeiro volume da série Scythe no ano passado, O Ceifador, não imaginamos que o segundo volume dessa história, A Nuvem, poderia ir mais além e nos deixar ainda mais boquiabertos. Pois Neal Shusterman conseguiu. Ele nos entregou uma sequencia recheada de plow-twists e viradas impressionantes. Se no primeiro título da série perdemos um pouco da sensação de aventura por estar conhecendo o universal, em A Nuvem somos imediatamente surpreendidos pelo decorrer da história.

Como sabemos, o mundo está sendo governado pela Nimbu-Cúmulo, que eu particularmente chamo de Siri, que gerencia tudo aquilo que é vital para a vida humana com perfeição, exceto a morte. Quem fica responsável por isso é a Ceifa, e este núcleo de pessoas honoráveis está extremamente corrompido e isso fica mais claro agora. Se anteriormente fomos apresentados aos modos como as coisas perfeitas aconteciam, dessa vez tivemos uma visão interna, demonstrando o quanto o ser humano e o seu modo político pode afundar até aquilo que nasceu para ser bem-sucedido. É simples: estragamos aquilo que tocamos. Seja por ego, por desejo de ser maior ou por querer que os outros caiam. Carregamos um rastro de destruição conosco apenas por existir.

Entre as passagens de capítulos somos inundados por pensamentos da Nimbu, que muito embora seja uma máquina, possuí sentimentos, se questiona, se emociona e pensa como se fosse uma de nós. E o melhor é que são nestes momentos que a história é facilmente manipulada, pois são justamente nestes momentos que vemos as situações com mais clarezas e muitas vezes, mudamos de opinião ou expectativa sobre o que vem a seguir.

Citra Terranova, a honorável Ceifadora Annastacia cresceu. Cresceu e se adaptou muito bem em sua função. Se tornou respeitada e influente, ao contrário de Rowan, que já começa a história com uma mudança brusca de personalidade. É claro que o grande casal de protagonistas segue sendo o destaque central da história, mas o que mais realmente chama a atenção em A Nuvem é o crescimento dos personagens secundários e o quanto eles se tornaram essenciais: eles interagem de uma forma diferente com Nimbu, quase como uma relação familiar, que demonstra a força e a vontade da consciência robótica de assumir o controle sobre a morte, que está em jurisdição da Ceifa.

O livro nos entrega diversos pontos de vista da mesma história, excelente plow-twists, narrativa veloz e até seu final foi capaz de gerar ansiedade pelo próximo volume da saga. Neal Shusterman é dono de uma escrita excelente, sabe detalhar sem se perder e ir direto ao assunto sem deixar pontas soltas. Tanto O Ceifador quanto A Nuvem são uma obra prima, deliciosa e viciante. Para nós, a grande surpresa do ano.

Atualizações, Música, Novidades

6 playlists para arrasar no esquenta da Parada do Orgulho LGBT

A Parada do Orgulho LGBT em SP acontece neste próximo domingo e promete levar milhões de pessoas para as ruas. Neste ano, o slogan do evento é “Poder para LGBTI+, nosso voto, nossa voz”, que reflete a necessidade de apoio a políticos comprometidos com os direitos da população LGBT. Este é o maior evento do tipo no mundo e que reúne gente dos mais variados gostos musicais. Já na contagem regressiva para domingo, a Deezer montou seis playlists para você arrasar do seu esquenta para a Parada.

São músicas que vão desde os sucessos mais recentes, como “News Rules”, de Dua Lipa, e “Vai Malandra”, da Anitta, aos mais clássicos, como “Like a Virgin”, da Madonna, e “Believe”, da Cher, entre outras.

Hinos do Arco-Íris: Essa playlist de curadoria do time editorial da Deezer é pura festa, resistência e celebração do amor e da diversidade. Nela estão alguns dos maiores hits da cultura LGBT+, inclusive com faixas das brasileiríssimas Pabllo Vittar, Lia Clark e Linn da Quebrada;

#Pride: Criada pela Maluca dos Signos, essa é a playlist LGBT que você respeita, com seleções que são puro amor e orgulho. Para não deixar ninguém parado, ela conta com hits nacionais, internacionais e de artistas independentes. Hino atrás de hino!

Orgulho LGBTQ+: Uma seleção inteira só com artistas nacionais, de fazer qualquer um passar mal.

PRIDE #rainbow: Um convite para deixar o preconceito de lado e celebrar a diferença. A playlist está recheada de sucessos: tem Lorde, Ludmilla, Rita Ora e muito mais!

Orgullo Gay: Originalmente criada como inspiração para a Parada LGBT de Madrid, a playlist conta com clássicos imprescindíveis para dançar e se orgulhar em qualquer cidade. A playlist está repleta de sucessos, como “Living on My Own”, do Freddie Mercury, e “Outside”, do George Michael.

Gay Party Hits: Essa playlist é para quem não aguenta ficar sem bater o cabelo. Embalam a seleção sucessos como “Toxic”, da Britney Spears e o hino “Crazy in Love”, da Beyoncé.

Agora é só favoritar, amar e para aqueles que desejam ouvir no offline, sem consumir o plano de dados da internet, sincronizar no celular antes de sair de casa e levar sua música no bolso pra onde for.

A Deezer é o único serviço de streaming de música com o Flow: uma trilha sonora personalizada com suas músicas mais queridas e novas recomendações, e o Flow Tab, uma compilação de listas customizadas baseadas individualmente no gosto de cada usuário.

Atualizações, Livros

Começa a venda de ingressos para a Bienal do Livro

Estamos cada vez mais próximos da 25ª Edição da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que acontecerá no Pavilhão de Exposições do Anhembi, entre os dias 03 a 12 agosto. A venda de ingressos antecipados começou e até o dia 04/06 eles estarão com preço promocional, com 50% de desconto!

A organização do evento optou por manter o mesmo valor dos ingressos da última edição, de 2016, para esta. De segunda à quinta-feira, a inteira custará R$20,00 (meia R$10,00) e de sexta-feira à domingo R$25,00 (meia R$12,50) por dia.

Apesar da programação ainda não estar 100% fechada, algumas novidades já foram adiantadas com exclusividade pelo Beco Literário: Victoria Aveyard (A Rainha Vermelha), Lauren Blakely (Big Rock), Soman Chainani (A Escola do Bem e Do Mal), Yoav Blum (Os Criadores de Coincidências), Anna Todd (After), David Levithan (Todo Dia), Marissa Meyer (Sem Coração) e Tessa Dare (Spindle Cove) são alguns nomes já confirmados.

Os ingressos encontram-se disponíveis para a venda no site oficial do evento www.bienaldolivrosp.com.br e pelo telefone (11) 2626-1061. Tem direito à meia-entrada estudante, deficiente e seu acompanhante. Menor de 12 anos e maior de 60 terão gratuidade no ingresso. Funcionários e matriculados Sesc da categoria credencial plena também terão gratuidade e seus dependentes terão direito à meia-entrada. Será aplicado o benefício mediante apresentação da carteirinha e documento com foto.

Este ano, a Bienal do Livro aposta numa campanha inovadora cujo mote é: “Venha Fazer esse Download de Conhecimento”, que tem como proposta de valor destacar o protagonismo do livro em meio à nova percepção dos brasileiros diante do turbilhão de estímulos e canais de acesso a conteúdo que a tecnologia hoje propicia. A ideia é mostrar que, apesar dessas mudanças culturais no País, o livro, em seus diversos formatos, é o agente essencial do processo de conexão entre o conhecimento e o universo digital no qual vivemos. Você pode conferir a cobertura do Beco Literário clicando aqui.

Livros, Resenhas

Resenha: Todos Nós Vemos Estrelas, Larissa Siriani e Leo Oliveira

Quando pegar “Todos Nós Vemos Estrelas”, para ler, tenha em mente que você não irá larga-lo enquanto não acabar. Esse é o primeiro ponto positivo, afinal, por ser um conto, conseguimos terminar a leitura rapidamente. Mas também é um ponto negativo, pois nos deixa querendo mais. Muito mais.

Inclusive, “Estrelas” são como duas histórias em uma. É quase como ler um cross-over entre dois mundos que acabamos de ser apresentados. Começamos conhecendo a história de Lisa, uma adolescente com alguns problemas sociais, que prefere a companhia dos livros ao invés de sair para curtir com seus amigos – vamos combinar que uma maratona literária ás vezes é muito melhor que sair mesmo. Lisa vive com seu pai e sua madrasta, Tatiana, que aparentemente é bem chatinha, mas acredite, ela te conquista. E meio que obrigada, Lisa participa de um amigo secreto com sua turma de escola, mas óbvio que com segundas intenção: a moça tem o desejo de poder se aproximar de Heloísa, sua crush, através da brincadeira. Por um acaso do destino, a situação se inverte, e Lisa não tira Heloísa, mas sim o contrário. Presenteada com um diário, a nossa história se inicia justamente aí: este diário podemos resumir em um Death Note do bem. Sim, o que escrevemos realmente acontece.

Enquanto isso, somos apresentados a Lucien, príncipe de Trinitam, um reino que controla os elementos da terra e do ar. Lucien é personagem da saga de livros “A Glória do Traidor – que existe apenas dentro do conto (por enquanto, esperamos) – e suas terras fazem fronteiras com Vormiam e Démores, que controlam os elementos químicos e metálicos e do fogo, água e destino respectivamente. Eis que somos apresentados ao príncipe enquanto ele está em fuga, por ter surrupiado um poderoso artefato que pode pôr fim ao tratado de paz entre os três reinos. O rapaz, que na verdade não passa de um adolescente, é o herói favorito de Lisa e é trazido para os tempos atuais após ela desejar estar na companhia de seu personagem predileto. Então apesar de estar fugindo de dois exércitos e estar prestes a iniciar uma batalha épica e acabar com a paz em Trinitam, Lucien é inexplicavelmente transportado para São Paulo.

Se aprofundar na chegada do príncipe e o desenrolar de sua estadia no Reino de Santana (São Paulo) seria estragar a experiência de leitura para quem ainda não teve a oportunidade de ler, mas alguns pontos que precisam ser ressaltados: a amizade construída entre Lucien e Lisa e o fato dos capítulos alternarem os pontos de vistas nos dão uma visão muito completa sobre o que passa na mente e no coração de ambos. É como fazer parte dela. Ambos acrescentam muito na vida um do outro: seja a garota dando um choque de realidade no príncipe ou ele ensinando o valor que temos e o quanto podemos oferecer ao próximo. Afinal, todos nós vemos estrelas, mas nem todos se lembram de olhar para o céu. Lucien tem uma humanidade dentro de si, uma inocência que soa natural e é apenas lindo acompanhar o seu desenvolvimento. “Todos Nós Vemos Estrelas” nos embarca em uma jornada de autoconhecimento e reflexão que é muito pouco visto em outras obras de fantasia e é isso que mais encanta após o término da leitura.

Estrelas”, como eu particularmente chamo, está disponível para leitura dentro do programa Kindle Unlimited da Amazon, em que você paga a assinatura de R$19,90 e pode ler uma vasta biblioteca de livros em qualquer dispositivo – pode ser um Kindle, celular ou tablet. Para quem não é assinante, o conto está disponível por apenas R$2,90, basta clicar aqui.

O conto é escrito por Larissa Siriani, booktuber que você pode conhecer clicando aqui. Inclusive, ela acabou de lançar o livro “O Amante da Princesa” pela Verus Editora – teremos resenha logo mais – e vale lembrar: terá sessão de autógrafo no próximo dia 09 de junho em Campinas, no Shopping Dom Pedro e dia 10 de junho no Shopping Pátio Paulista, em São Paulo. Leo Oliveira já apareceu vez ou outra aqui no Beco através dos vídeos de seu canal, Um Leitor A Mais – acabou de lançar vídeo falando sobre o recém lançado Tempestade de Guerra, de Victoria Aveyard (recomendadíssimo).