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Resenha: Talvez um dia, Colleen Hoover

“Dou um beijo suave no seu nariz, na sua boca e no seu queixo. Depois acomodo meu ouvido em seu peito de novo. Pela primeira vez na vida, escuto absolutamente tudo.”

Ridge Lawson, último capítulo

 

Oi, Becudos?! Retomei minhas leituras romanescas na última quinzena e afirmo, no nosso espaço de hoje separei uma resenha incrível. Essa é a minha segunda leitura de Hoover e garanto, a cada livro você se apaixona mais pela escrita e narrativa optado pela escritora. Já quero deixar meu carinho para lá de especial a minha grande amiga Sandra Peder por dividir comigo seus livros, já estou com terceiro e depois da semana dedicada a Bienal 2018 estarei postando mais uma resenha de Colleen Hoover. O que disse? Sério? Sim, já joguei [risos], aguardem!

“Talvez um dia” [Maybe Someday, na versão original], possui um deficiente auditivo contracenando como par romântico da personagem principal da obra, Sydney Blake, seu nome é Ridge Lawson e ainda é músico – colider de uma banda bastante conhecida, toca violão e compõe as músicas que fazem sucesso. Sim, Colleen Hoover nos dá esse “tapa na cara”, ou melhor dizendo/escrevendo, um tapa na cara da sociedade ao propor em um de seus livros mais comentados de 2015 nos Estados Unidos, uma personagem diversa, atípica, e faz com que qualquer leitor fique fascinado por ele.

O livro possui trezentos e sessenta e seis páginas divididos em vinte e cinco capítulos. O Foco narrativo esta distribuído entre a personagem traída Sydney e Ridge, o encantador musicista da varanda. As personagens são Sydney, Ridge; Hunter – namorado de Sydney que a trai já nos primeiros dois capítulos do livro; Tori – melhor amiga de Sydney, dividem apartamento e tem um relacionamento escondido com Hunter; Warren – amigo de Ridge; Maggie – namorada de Ridge e outras personagens que circundam os espaços narrativos e contribuem com o seu desenvolvimento.

Os espaços encontrados no livro são o apartamento de Ridge em sua maioria, lugar dos pequenos conflitos e composições de Sydney e Ridge, biblioteca do campus da universidade, lugar onde Sydney trabalha, mas o primeiro conflito se desenvolve no apartamento de Sydney.

A história central de “Talvez um dia” se concentra no triangulo amoroso entre Sydney, Ridge e Maggie. Sydney descobre que está sendo traída pelo namorado Hunter com sua melhor amiga Tori, ao agredir sua companheira de apartamento, encontra refúgio no apartamento de Ridge – seu vizinho do prédio da frente, sempre assistia-o a tocar violão algumas melodias que já tinha escrito letras.

No desenvolvimento da leitura é possível encontrar muitos pequenos conflitos que aproxima o casal “impossível”. É hilário quando Sydney descobre que Ridge é surdo [capítulo2, página 57]:

Eu [Sydney]: Por que não me contou que é surdo?

Ridge: Por que não me contou que escuta?

Ridge se comunica com todos na narrativa por mensagens de celular, chats de redes sociais ou língua de sinais, mas somente Warren, Maggie e Brennan conseguem se comunicar por língua de sinais.

Os dois se aproximam ao compor juntos, Sydney é uma ótima compositora, inclusive salva Ridge de um bloqueio de inspiração. Os dois se tornam bem próximos até acontecer um beijo. Sydney fica arrasada pois não quer se tornar uma Tori e machucar Maggie, até porque as duas se deram muito bem. Em todo o livro, os pensamentos de Sydney em relação a Ridge sempre terminam com um “talvez um dia” – como se questionasse a probabilidade de acontecer algo entre os dois, até mesmo as músicas que compõem retratam o sentimento do casal, a necessidade de se encontrarem e terem a oportunidade de amar e viver esse amor que ao mesmo tempo é avassalador e calmo, fugaz e eterno que cativa a atenção até mesmo de Ridge, um namorado fiel que se encontra divido entre duas mulheres, a personagem Ridge consegue desafiar a Lei Universal do Amor, estar perdidamente apaixonado por duas pessoas que são opostas e ao mesmo tempo iguais, também estão apaixonadas por ele.

Sinceramente, percebi [uma singela opinião de leitor] a ligação entre Ridge e Sydney mais forte e recíproca, não que Maggie não gostasse de Ridge, pelo contrário! Ela é uma ótima namorada e fiel, já que FIDELIDADE é um tema bem discutido no romance, mas é possível perceber que ela está em outra direção, ela sempre está fora da ligação de Ridge.

Mas o fato de Maggie ser doente complica todas as coisas. Complica tudo na verdade. Depois de mais uma série de pequenos conflitos, Maggie lê todas as mensagens de Ridge para Sydney e percebe que não quer mais esse relacionamento, pois Ridge a sufoca com uma proteção exagerada devido a doença e ela quer viver muito mais, ela não quer um namoro restritivo e ofegante.

Não vou relatar a história de como Ridge conheceu Maggie [que é incrível, por sinal!] para te encorajar a ler o livro na íntegra, vale a pena!

Ridge solteiro e Sydney também, não há mais empecilho para viverem esse amor tão avassalador. Em um show onde Ridge está tocando a música que escreveram juntos, o casal decide sentir, viver e amar.

O livro é leve, doce e as personagens te conquistam de uma forma bem singular. Com toda sinceridade do meu coração, tive problemas em ler os últimos capítulos, não queria acabar.

Espero que tenha uma ótima leitura!

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Resenha: Todos Nós Vemos Estrelas, Larissa Siriani e Leo Oliveira

Quando pegar “Todos Nós Vemos Estrelas”, para ler, tenha em mente que você não irá larga-lo enquanto não acabar. Esse é o primeiro ponto positivo, afinal, por ser um conto, conseguimos terminar a leitura rapidamente. Mas também é um ponto negativo, pois nos deixa querendo mais. Muito mais.

Inclusive, “Estrelas” são como duas histórias em uma. É quase como ler um cross-over entre dois mundos que acabamos de ser apresentados. Começamos conhecendo a história de Lisa, uma adolescente com alguns problemas sociais, que prefere a companhia dos livros ao invés de sair para curtir com seus amigos – vamos combinar que uma maratona literária ás vezes é muito melhor que sair mesmo. Lisa vive com seu pai e sua madrasta, Tatiana, que aparentemente é bem chatinha, mas acredite, ela te conquista. E meio que obrigada, Lisa participa de um amigo secreto com sua turma de escola, mas óbvio que com segundas intenção: a moça tem o desejo de poder se aproximar de Heloísa, sua crush, através da brincadeira. Por um acaso do destino, a situação se inverte, e Lisa não tira Heloísa, mas sim o contrário. Presenteada com um diário, a nossa história se inicia justamente aí: este diário podemos resumir em um Death Note do bem. Sim, o que escrevemos realmente acontece.

Enquanto isso, somos apresentados a Lucien, príncipe de Trinitam, um reino que controla os elementos da terra e do ar. Lucien é personagem da saga de livros “A Glória do Traidor – que existe apenas dentro do conto (por enquanto, esperamos) – e suas terras fazem fronteiras com Vormiam e Démores, que controlam os elementos químicos e metálicos e do fogo, água e destino respectivamente. Eis que somos apresentados ao príncipe enquanto ele está em fuga, por ter surrupiado um poderoso artefato que pode pôr fim ao tratado de paz entre os três reinos. O rapaz, que na verdade não passa de um adolescente, é o herói favorito de Lisa e é trazido para os tempos atuais após ela desejar estar na companhia de seu personagem predileto. Então apesar de estar fugindo de dois exércitos e estar prestes a iniciar uma batalha épica e acabar com a paz em Trinitam, Lucien é inexplicavelmente transportado para São Paulo.

Se aprofundar na chegada do príncipe e o desenrolar de sua estadia no Reino de Santana (São Paulo) seria estragar a experiência de leitura para quem ainda não teve a oportunidade de ler, mas alguns pontos que precisam ser ressaltados: a amizade construída entre Lucien e Lisa e o fato dos capítulos alternarem os pontos de vistas nos dão uma visão muito completa sobre o que passa na mente e no coração de ambos. É como fazer parte dela. Ambos acrescentam muito na vida um do outro: seja a garota dando um choque de realidade no príncipe ou ele ensinando o valor que temos e o quanto podemos oferecer ao próximo. Afinal, todos nós vemos estrelas, mas nem todos se lembram de olhar para o céu. Lucien tem uma humanidade dentro de si, uma inocência que soa natural e é apenas lindo acompanhar o seu desenvolvimento. “Todos Nós Vemos Estrelas” nos embarca em uma jornada de autoconhecimento e reflexão que é muito pouco visto em outras obras de fantasia e é isso que mais encanta após o término da leitura.

Estrelas”, como eu particularmente chamo, está disponível para leitura dentro do programa Kindle Unlimited da Amazon, em que você paga a assinatura de R$19,90 e pode ler uma vasta biblioteca de livros em qualquer dispositivo – pode ser um Kindle, celular ou tablet. Para quem não é assinante, o conto está disponível por apenas R$2,90, basta clicar aqui.

O conto é escrito por Larissa Siriani, booktuber que você pode conhecer clicando aqui. Inclusive, ela acabou de lançar o livro “O Amante da Princesa” pela Verus Editora – teremos resenha logo mais – e vale lembrar: terá sessão de autógrafo no próximo dia 09 de junho em Campinas, no Shopping Dom Pedro e dia 10 de junho no Shopping Pátio Paulista, em São Paulo. Leo Oliveira já apareceu vez ou outra aqui no Beco através dos vídeos de seu canal, Um Leitor A Mais – acabou de lançar vídeo falando sobre o recém lançado Tempestade de Guerra, de Victoria Aveyard (recomendadíssimo).

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Resenha: Deixados para trás, Vi Keeland & Dylan Scott

Este livro te faz acreditar em destino, em universo conspirando a favor, acreditar em felicidades após algo de ruim acontecer em sua vida. Faz refletir sobre como a vida é cheia de altos e baixos, e que nada neste mundo acontece por acaso. Foi assim que me senti quando terminei de ler Deixados para trás.

Ele traz a história de duas pessoas que acabam de passar por um momento muito ruim de suas vidas e de repente seus caminhos se encontram. A trama inicia mostrando como os dois estão tentando lidar com a morte de uma pessoa que amam: Zack acabou de perder sua melhor amiga e namorada que amava mais que tudo e Nikki acaba de perder a mãe que era sua única família.

Nikki apesar de triste pela perda, ainda busca sua felicidade, tendo como objetivo encontrar sua irmã gêmea, que não sabia dá existência até ler a carta deixada pela falecida mãe.

Do outro lado da história está Zack, que não lida bem com a situação de ter perdido o amor de infância, se culpa e não sente que tem o direito de ser feliz, quando sua Emily não está viva para viver esses momentos com ele, ele se afasta de todos e tudo que gostava, em um período de luto.

Nikki então muda do Texas para a Califórnia para viver com a tia, e é em sua nova cidade, durante sua corrida, que os caminhos dela e Zach se cruzam. A intensidade e significância deste encontro, mesmo sem terem conversado, foi de extremo impacto na vida dos dois.

Depois disso, eles acabam por estudar na mesma escola e quando precisam fazer um trabalho juntos, começam a construir uma amizade que rapidamente se torna um romance intenso, profundo e emocionante, principalmente pela ligação que compartilham em relação a perda.

É uma história de amor, complicada e simplesmente maravilhosa, que nos faz acreditar que no fim tudo dará certo, que os momentos ruins sempre passam e que o destino trará felicidade e amor para compensar aquilo de mal que tivemos que passar. Faz crer que tudo na vida acontece por uma razão maior.

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Resenha: Bem-Casados, Nora Roberts

SINOPSE: Bem-casados, terceiro livro da série Quarteto de Noivas, é uma linda história sobre a doçura do amor. Quando terminar de lê-lo, você terá certeza de que os sonhos podem se realizar das formas mais inesperadas. Parker, Mac, Emma e Laurel, amigas de infância, ganham a vida realizando o sonho de inúmeros casais apaixonados. As quatro são proprietárias da Votos, uma empresa de organização de casamentos. Após ter trilhado um caminho muito duro para conseguir ser alguém na vida, Laurel McBane se tornou a criadora dos bolos e quitutes mais lindos e saborosos do estado. Ela preza sua independência acima de tudo e não aceita que ninguém interfira em suas decisões. Talvez por isso, apesar do sucesso profissional, ainda não tenha se entregado ao amor. Apaixonada desde sempre por Delaney Brown, irmão de Parker, ela nunca teve coragem de revelar seus sentimentos. Afinal, sabe que é como uma irmã para ele. Advogado da Votos, Del se sente responsável por cuidar não só dos assuntos burocráticos da empresa, mas também do bem-estar das quatro sócias. Porém, sua postura paternalista e superprotetora começa a gerar desentendimentos entre ele e Laurel. Mas essas diferenças de opinião também fazem ferver uma química que vinha cozinhando em fogo brando havia muito tempo, acendendo uma faísca que eles não sabem se conseguirão – ou se querem – conter. Agora Laurel e Del precisarão conciliar suas convicções e personalidades para que o orgulho não fale mais alto que a paixão.

No terceiro volume do Quarteto de Noivas, vamos acompanhar a história de Laurel McBane, criadora dos bolos da Votos. Ela e Del, advogado da empresa e irmão de Parker, são amigos desde a infância e sempre estiveram juntos em todos os momentos, fossem eles bons ou ruins. Agora, eles estão descobrindo que o que sentem vai muito além da amizade do laço fraterno.

“Talvez fosse a champanhe. Talvez fosse apenas loucura. Ou o olhar perplexo e irritado no rosto dele. Mas Laurel seguiu o impulso latente nela há anos. Agarrou-o pelo nó perfeito da elegante gravata e a puxou para baixo enquanto lhe segurava os cabelos e o trazia para a frente. Em seguida, colou à boca dele em um beijo ardente e frustrado que fez seu coração saltar no peito enquanto sua mente sussurrava: eu sabia!”

Laurel teve a infância marcada pelo casamento instável dos pais: a mãe não lhe dava atenção e o pai, além de suas traições, vivia aplicando golpes na Receita Federal. A história começa com as quatro amigas, ainda muito jovens, se preparando para o baile de formatura. As amigas já tinham seus planos e estavam com a vida definida: Mac faria um curso de fotografia e Emma e Parker iriam para a faculdade. Laurel não tinha muito o que fazer, então iria para uma faculdade pública, fazer um curso qualquer para trabalhar muito e pagar seu curso de Confeitaria.

Mas a sra. Grady, governanta da casa dos Brown, família de Parker, resolve ajudar Laurel e paga o curso de Confeitaria para ela. Laurel foi para Nova York fazer o curso e, muito grata a sra. G pela ajuda, se entregou de corpo e alma aos estudos.

“Agora seus bolos de casamento são a própria perfeição, obras de arte surpreendentes que completam as belas fotografias de Mac e os arranjos de flores de Emma.”

Mas, mesmo indo embora por um tempo, ela nunca se esqueceu de Del. Ela sempre fora apaixonada por ele, mas tinha consciência de que Del a via apenas como uma irmã. Um dia, após um beijo acidental, Del e Laurel decidem tentar se envolver só para ver como vão terminar e se o relacionamento daria certo ou não.

“Agora as fantasias tinham se transformado em realidade e os desejos estavam sendo satisfeitos. Durante um beijo sentiu a necessidade de Del aumentar junto com a dela. Não importava o que acontecesse, aquele momento, aquele fim de dia, seria sempre dela.”

Um ponto divertido na história é que as amigas juntamente com Jack e Carter resolvem fazer uma aposta: quanto tempo Laurel e Del conseguiriam namorar sem sexo. O problema é que Del não sabia muito bem como lidar com a situação de se envolver com uma das garotas que ele tanto protegia e cuidava como se fossem suas irmãs. E Laurel queria algo que ela achava que Del não fosse querer.

O relacionamento deles é marcado por muito amor, mas também por muitos empecilhos que os dois adoram colocar como o fato de Del a ver como uma irmã e a diferença entre as classes sociais: Laurel não vinha de nenhuma família rica ou influente, ao passo que Del vinha de uma família influente em todo o Estado.

Mais uma vez Nora Roberts nos premia com uma escrita maravilhosa e que nos prende do início ao fim. A história foca em Laurel, mas não esquece de Emma e Mac e já nos dá pistas de como será a história de Parker, no último livro. A autora nos faz viajar e relembrar como é gostoso namorar, andar de mãos dadas e aproveitar aqueles beijos que fazem o coração disparar. Sem dúvidas, uma leitura digna de te fazer rir, suspirar, sonhar com finais felizes e, claro, passar muita vontade com todas as cenas e descrições das criações de Laurel na cozinha!

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Resenha: Belle, Lesley Pearse

SINOPSE: Londres, 1910. Belle, de 15 anos, viveu em um bordel em Seven Dials por toda sua vida, sem saber o que acontecia nos quartos do andar de cima. Mas sua inocência é estilhaçada quando vê o assassinato de uma das garotas e, depois, pega das ruas pelo assassino para ser vendida em Paris. Sem poder ser dona de seu próprio destino, Belle é forçada a cruzar o mundo até a sensual Nova Orleans onde ela atinge a maioridade e aprende a aproveitar a vida como cortesã. A saudade de casa — e o conhecimento de que seu status como garota de ouro não durará muito — a leva a sair de sua gaiola de ouro. Mas Belle percebe que escapar é mais difícil do que imaginou, pois sua vida inclui homens desesperados que imploram por sua atenção. Espirituosa e cheia de desenvoltura, ela tem uma longa e perigosa jornada pela frente. A coragem será suficiente para sustentá-la? Ela poderá voltar para sua família e amigos e encontrar uma chance para a felicidade? Autora # 1 bet-seller, Lesley Pearse criou em Belle a heroína de nossos tempos: uma mulher forte que luta por seus direitos em um mundo perigoso.

 

Belle é uma adolescente inocente e linda que mora em uma aparentemente normal e tem uma vida comum e tranquila. Sua mãe, uma mulher enigmática e fria, a obrigava a trancar-se cedo no quarto (em um sótão) e nunca sair de lá no meio da noite para ver o que acontecia na casa e, por isso, Belle nem imaginava que sua mãe administrava um bordel.

Em um passeio durante a manhã, ela conhece Jimmy, um garoto que foi morar próximo à sua casa, e nasce entre eles uma amizade pura e sincera.

“- Não acho que o tempo que você conhece alguém é importante. Eu conheço meu tio a vida toda, mas não posso confiar nele. Porém, eu só falei com você alguns minutos e te contei coisas sobre minha mãe – Respondeu.”

Um dia, Belle recebe autorização de sua mãe para limpar um dos quartos, mas o cansaço a faz adormecer na cama. Ela é despertada com um barulho de vozes no corredor, esconde embaixo da cama e, então, descobre da pior forma possível o que se passava em sua casa.

Quem estava entrando no quarto era Millie e um acompanhante. Belle presenciou toda a cena de sexo e viu o homem se tornar violento e assassinar a garota. Assustada, Belle sai correndo para pedir ajuda, ainda que já fosse tarde demais. Após alguns dias, Belle é seqüestrada pelo assassino da prostituta e obrigada a entrar no mercado da prostituição.

Ela acaba virando uma cortesã e foi muito maltratada pelas pessoas que cruzaram seu caminho, mas isso só fez com que ela se tornasse mais forte. Após umas experiências horríveis, Belle vai para outro país e viaja com Ettiene para a cidade de Nova York. Ele não conhece Belle, pois seu serviço é apenas levar as pessoas para outros países sem serem descobertas. Mas, durante a viagem, eles acabam se conhecendo melhor e criam um grande carinho um pelo outro.

Chegando em New Orleans, eles tem seus caminhos separados e, após um tempo, Belle tem a oportunidade de ir morar com um cliente chamado Faldo. Sair do bordel e casar com um homem rico era o sonho de todas as cortesãs, mas, para Belle, acabou se tornando um pesadelo, pois Faldo a tratava muito mal. Após uma “separação” trágica, Belle encontra-se, novamente, sozinha e perdida. Viaja para Paris, mas não imaginava o que estava por vir, todo o sofrimento que ainda a esperava.

A narrativa nos mostra a trajetória de Belle e a angústia daqueles que não se cansam de procurá-la, como Jimmy e Mog. Um enredo que traz temas polêmicos como o tráfico de pessoas e a prostituição, escrito sempre com um pouco de incerteza para despertar a curiosidade e não conseguir parar de ler! Lesley Pearse irá nos mostrar os dois lados de uma história, cenas chocantes e emocionantes te esperam nessa grande obra, afinal, muitas vezes, coragem e esperança é o único luxo que podemos nos permitir!

“Você ainda está lidando com a perda da inocência, com as pessoas que a machucaram. Porém, aposto que há pessoas que ficaram felizes em conhecê-la e coisas que você viu e mudaram sua forma de pensar. Um dia, você vai acordar e ficar feliz por isso.”

Santa Clarita Diet
Santa Clarita Diet
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Santa Clarita Diet e o desafio de fugir do clichê zumbi

Zumbis talvez sejam o tema mais popular da literatura, do cinema, e da televisão,. É impressionante a quantidade de obras que se dedicam à criatura morta-viva, que possivelmente tem suas origens no folclore do Haiti. O que é mais interessante na história deste ser fantástico, e que sempre o faz voltar com sucesso em diversas obras artísticas, é como os valores da sociedade, especialmente no que diz respeito ao amor e à família, são constantemente testados, e não é diferente com Santa Clarita Diet.

Qualquer um pode se tornar um zumbi, desde que este seja mordido por um (e desde que seu cérebro fique intacto). Assim, familiares veem seus entes mais queridos, não somente se tornarem vítimas da criatura, mas voltarem à vida para caçar os vivos. E o único modo de se salvarem é destruindo o cérebro dos mortos-vivos. O incrível conflito desta premissa sempre faz dos zumbis umas das criaturas mais dramáticas dos gêneros da ficção cientifica e do horror.

Mas isto não significa que obras podem ser desleixadas e ter sucesso apenas repetindo o passado. Especialmente depois que obras clássicas, como The Walking Dead, fizeram tanto sucesso, novas produções precisam recriar os clichês deste gênero de modo criativo.

https://www.youtube.com/watch?v=FcCq4A27gBU

Santa Clarita Diet, criado por Victor Fresco para a Netflix, traz exatamente isso. Ao invés de mostrar pessoas morrendo e imediatamente voltando à vida como monstros, o seriado mantém a inteligência e consciência do morto-vivo. Assim, o conflito não é somente em relação aos humanos que fogem dos zumbis, mas também em relação aos sentimentos das próprias criaturas, que não querem seguir o instinto e comer seus entes queridos. Mais importante, isto traz a comédia com estilo de sitcom para o gênero, algo original.

E os atores caem como uma luva neste conceito criativo. Drew Barrymore interpreta Sheila Hammond, uma mulher de família, casada com Joel (Timothy Olyphant) e mãe de Abby (Liv Hewson). Depois de ter se tornado uma morta-viva, Sheila e sua família tentam lidar com a situação de maneira cômica e arrepiante, sempre com a ajuda do engraçadíssimo Eric Bemmis (Skyler Gisondo), amigo de Abby.

Na primeira temporada, presenciamos o momento em que Sheila começa a se tornar a criatura temida. Ninguém sabe o porquê da transformação, mantendo um mistério divertido que complementa as cenas horripilantes com as engraçadas. Porém, na segunda temporada, a razão por trás de tudo começa a se fazer presente.

Embora tentativas de explicar como zumbis foram criados sempre falharam por destruir o suspense necessário no gênero do horror, Santa Clarita Diet aumenta este por não tentar ser uma cópia as ideias de obras anteriores. Assim, a cada passo que uma nova pista é descoberta, mais perguntas surgem e mais mistérios aparecem.  A segunda temporada começa lenta, mas depois de alguns episódios se torna mais engraçada e mais divertida do que a primeira. Personagens secundários também são mais bem desenvolvidos e enriquecem a história, especialmente Eric Bemmis, que se torna cada vez mais importante para o seriado.

Nessa continuação, Sheila percebe que precisa se controlar mais, para evitar que acidentes irreversíveis (como comer uma pessoa) ocorram. Joel, em contrapartida, quer descobrir como sua mulher foi infectada e virou um morto-vivo. Apesar dela já ter contido a decomposição de seu corpo, Sheila e Joel precisam proteger não apenas o segredo dela, mas também toda a família que agora parece ser alvo de uma investigação, e tudo graças ao comportamento estranho da zumbi.

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*Texto escrito por Daniel Bydlowski. Cineasta brasileiro e artista de realidade virtual com Masters of Fine Arts pela University of Southern California e doutorando na University of California, em Santa Barbara, nos Estados Unidos, é membro do Directors Guild of America. Trabalhou ao lado de grandes nomes da indústria cinematográfica como Mark Jonathan Harris e Marsha Kinder em projetos com temas sociais importantes. Seu filme NanoEden, primeiro longa em realidade virtual em 3D, estreia em breve.
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Resenha: Outlander: A Libélula no Âmbar, Diana Gabaldon

Sinopse: Claire Randall guardou um segredo por vinte anos. Ao voltar para as majestosas Terras Altas da Escócia, envoltas em brumas e mistério, está disposta a revelar à sua filha Brianna a surpreendente história do seu nascimento. É chegada a hora de contar a verdade sobre um antigo círculo de pedras, sobre um amor que transcende as fronteiras do tempo… e sobre o guerreiro escocês que a levou da segurança do século XX para os perigos do século XVIII. O legado de sangue e desejo que envolve Brianna finalmente vem à tona quando Claire relembra a sua jornada em uma corte parisiense cheia de intrigas e conflitos, correndo contra o tempo para evitar o destino trágico da revolta dos escoceses. Com tudo o que conhece sobre o futuro, será que ela conseguirá salvar a vida de James Fraser e da criança que carrega no ventre?

 

A Libélula No Âmbar é o segundo livro da série Outlander, escrita por Diana Gabaldon (e traduzida por Geni Hirata),  lançado pela editora Saída de Emergência Brasil; e, continua a história de amor que resiste e atravessa o tempo de Claire & Jamie FraserE digamos que nesse livro o tempo realmente coloca  o amor dos dois à prova, já que Claire está de volta à sua linha temporal correta, no século XX, enquanto Jamie continua no século XVIII.

E é assim que Diana Gabaldon inicia o seu livro, pegando o leitor de surpresa, com Claire, já nos seus 40 anos, e em 1968. Além de uma filha ruiva de 20 anos, chamada Brianna, que foi criada por Frank RandallNão sabemos como ou o porquê Claire voltou para o seu tempo, e é nessa obscuridade que Diana Gabaldon nos deixa por alguns capítulos. No início de a Libélula no Âmbar, Claire está viúva de Frank e ela e sua filha Brianna, para se afastar das memórias e do luto nos EUA, viajam para a Escócia. Claire está determinada a saber o que aconteceu com Jamie, e se ele realmente morreu na Revolução de 45. E em meio à memórias boas e dolorosas das Terras Altas, Claire também está determinada a contar para sua filha sobre Jamie, que é seu verdadeiro pai.

Na Escócia elas ficam hospedadas com Roger MacKenzie, filho adotivo do Reverendo Reginald Wakefield (que Claire conheceu com Frank no início de A Viajante do Tempo), e historiador que sabe sobre tudo o que aconteceu na Revolução de 45 — e que será futuro interesse amoroso de Brianna, além de outro mistério com o seus ancestrais. Em meio à buscas historiográficas, brumas, mistérios e lembranças, a narrativa volta para o século XVIII, onde Claire e Jamie fugiram da Escócia para a França, com o plano de impedir que Charles Stuart organize a Revolução de 1945 para retomar o trono escocês.

Na França, o casal deve fazer amizades influentes na corte francesa, participar de bailes luxuosos, e tramar traições políticas. Um dia normal e tranquilo na vida dos Fraser! Vários eventos acontecem na vida do casal — alguns bem trágicos — que levam a separação do casal, com Claire voltando grávida de Jamie para 1945; e, Jamie em 1745, tendo que lutar na revolta dos escoceses que estava fadada ao fracasso.

Eu tenho uma relação complicada com a Diana Gabaldon. Eu, como muitas pessoas, conheceu a sua obra através da série Outlander da Starz, e após o término da primeira temporada fui correndo ler o primeiro livro da série, A Viajante do Tempo, e me apaixonei ainda mais pela história de amor entre Claire e Jamie, e pela prosa de Diana, que consegue unir fantasia e fatos históricos como ninguém. Porém, tinha algumas ressalvas, ressalvas essas que ficaram mais acentuadas na leitura deste e do terceiro livro (apesar de estar fazendo a resenha só do segundo livro, já li as partes 1 e 2 de O Resgate no Mar).

A Libélula no Âmbar é um livro lento, que começa fora da ordem cronológica, e o leitor deve ser paciente para que a história comece a engrenar (o que me fez pausar a leitura por muito tempo), e com alguns desenvolvimentos de tramas e personagens um pouco discutíveis. Porém, longe de mim dizer que foi uma leitura ruim: Diana Gabaldon continua a me envolver com a sua história e com os seus personagens, e em vários momentos ela consegue esmagar o coração do leitor em mil pedacinhos (eu sei que o meu foi).

“— Eu vou encontrar você. — ele sussurrou em meu ouvido. — Eu prometo. Mesmo que eu tenha de suportar duzentos anos de purgatório, duzentos anos sem você — então essa é a minha punição, que eu mereci por meus crimes. Porque eu menti, matei, roubei; trai e quebrei confiança. Mas tem uma coisa que deverá estar na balança. Quando eu estiver na frente de Deus, eu terei uma coisa para dizer, para pegar contra todo o resto. — sua voz caiu. — Deus, você me deu uma mulher rara, e Deus! Eu a amei da maneira certa.”

ATENÇÃO ALGUNS SPOILERS ABAIXO

O meu primeiro grande problema durante a leitura de A Libélula no Âmbar foi a trama arrastada. Diana é um autora minuciosa em sua escrita, ela realmente gosta de detalhar e ela dá muita importância para detalhes: seja descrições de lugares e personagens, sejam tramas paralelas à principal. Bom, isso não é realmente um problema, e inclusive gosto quando os escritores trabalham cada detalhe da história que será importante para o futuro da trama. Isso significa que ele tem total controle sobre a história que quer contar, e isso é bom! Envolvendo o leitor aos poucos, e tramas que não são inicialmente importantes, quando o leitor menos espera se tornam de suma importância para o arco principal. Esse aspecto foi bem trabalhado em A Viajante do Tempo, que apesar de também ser extenso e cheio de detalhes e tramas paralelas, não foi (tão) arrastado quanto o seu sucessor.

Muitas tramas e personagens paralelos principalmente na França que no fim só serviram para encher a barriga do livro, o que é uma pena, pois muitos pareceram bem interessantes. Outros a narrativa fez parecer que seriam mais importantes do que  realmente foram (estou olhando pra você Conde de St. Germain!).

Outro ponto que é o que mais me incomodou (e piora no terceiro livro) foi o estupro como recurso narrativo para personagens femininas. Em A Viajante do Tempo, quando Claire viaja no tempo e vai parar em 1745,  logo quando pisa os seus pés naquele tempo, sofre uma tentativa de estupro de Jack Randall. Ao longo do primeiro livro, a personagem sofre outras tentativas de estupro. Você pode argumentar que como ela estava no século XVIII isso era algo “esperado” de se acontecer. Violência sexual era algo muito comum naquela época (não preciso nem falar que ainda é, não é?!), e nada acontecia com os agressores, pois era toda uma cultura patriarcal e misógina, onde a mulher não tinha nenhum direito, e eram vistas como meros ornamentos e reprodutoras…

Pois bem, eu concordo que como a história se passa no século XVIII seria “inevitável” a autora abordar esse assunto (apesar de que na maioria das vezes, acho esse recurso problemático e preguiçoso, mas enfim).  No entanto, quando se aborda um tema tão problemático, traumatizante e atual como o estupro, Diana como uma escritora do século XXI deveria abordar esse tema com mais delicadeza e mais impacto na vida das personagens femininas. Ela soube abordar o assunto quando se tratou de Jamie. O arco do estupro de Jamie e o seu trauma foi um dos mais cruéis, sofridos, e bem escritos da literatura atual. Diana soube lidar com o trauma que o Jamie passou de uma forma fantástica, afinal o personagem sofreu uma das piores violências que um ser humano pode sofrer: a de ter o seu corpo violado de tal forma, como se você fosse menos que um ser humano. Uma violência que uma vez sofrida afeta todo o seu psicológico e vários aspectos de sua vida, e para seguir em frente é difícil e doloroso.

O arco de Jamie não foi gratuito, e isso moldou o personagem em um nível psicológico muito alto e profundamente (e que ficará com ele, inclusive, nos próximos livros). E não foi algo de supetão que ele logo superou e seguiu em frente. Foram capítulos com Jamie lidando com o seu trauma. O mesmo não ocorre com suas personagens femininas. Claire não foi estuprada (pelo menos até o terceiro livro), mas ela sofreu inúmeras tentativas de estupro, ao longo do primeiro livro e no segundo (em uma cena em que a personagem estava grávida, inclusive), e em nenhum momento foi tratado com a seriedade e com o trauma necessários. Claire é uma personagem feminina que podemos caracterizar como personagem feminina forte, com características complexas, decidida, independente, etc. Mas, isso não quer dizer que ao sofrer repetidas tentativas de estupro ela simplesmente seguiria em frente, como se nada tivesse acontecido. Ninguém seguiria. Ao abordar um assunto tão sério como a violência sexual é necessário tirar um tempo para trabalhá-lo de forma apropriada e com calma. Não pode ser jogado como se fosse algo banal, ou “mais um perigo que Claire deve passar para Jamie vir salvá-la”. E isso para qualquer violência ou trauma. Por exemplo quando ocorre a morte de um personagem, o peso do luto deve ser trabalhado nos outros personagens. Assim o leitor cria empatia por aquela história, se tornando mais crível.

E a Claire não é a única personagem feminina de Diana Gabaldon a ter o estupro como recurso narrativo. Mary Hawkins é uma personagem que é introduzida nesse segundo livro, e em um ataque em que Claire (grávida) também sofre, Mary é estuprada. A partir de então pouco se desenvolve de seu trauma, só que obviamente a menina ainda está em choque e sofrendo, enquanto os personagens ao seu redor ficam com pena, mas ao mesmo tempo acham que ela já está irritando e que ela deve “engolir o choro e superar”. E no fim a menina ainda tem que se casar com Jack Randall… Mas o que esperar, se a autora não aborda isso corretamente nem com a sua personagem principal, e ainda tem umas declarações beeeem problemáticas e de culpabilização da vítima?! 

Mas como eu disse, a leitura de A Libélula no Âmbar não foi ruim, e inclusive me emocionei em vários momentos. Quero destacar o capítulo doloroso em que Claire sofre um aborto espontâneo da primeira filha do casal. É um capítulo doloroso e belamente escrito. O capítulo posterior com ela e Jamie tendo que lidar com essa perda é muito doloroso. Chorei muito e sofri com os dois. A cena de despedida de Claire e Jamie também foi uma das mais belas, emocionantes e tristes que a Diana já escreveu, e quebrou o meu coração em todos os pedaços possíveis! E no final, aquele fio de esperança quando Claire descobre que Jamie sobreviveu e que ela pode voltar para o passado!

Se você é fã da série Outlander e nunca leu os livros, fica aqui a minha dica para a leitura e para você conhecer a versão literária dos seus personagens preferidos e a escrita envolvente (apesar das minhas ressalvas) de Diana Gabaldon.

Os próximos livros são  O Resgate no Mar Partes 1 e 2, e eles também terão resenha aqui no Beco Literário, fiquem ligados!

 

Livros, Resenhas

Resenha: A História sem Fim, Michael Ende

Este é o momento em que eu vou contar para vocês sobre o meu livro preferido e que marcou a minha infância. A História sem fim, escrito pelo alemão Michael Ende, conta a história de um menino chamado Bastian que sofria bullying por ser pequeno e, um dia, correndo dos garotos maiores, entrou em uma loja de antiguidades e achou um livro que ele começa a ler para passar o tempo, até que fosse seguro sair. O tal livro contava a história de um reino fantástico onde o herói, Atreyu, vivia várias aventuras para salvar a princesa de uma maldição que levaria todo o reino ao desaparecimento. Bastian se envolve tanto na história que é como se tudo aquilo realmente estivesse acontecendo em outra dimensão e ele fosse um telespectador, mas sua fascinação e envolvimento são tão grandes que, em um certo ponto, ele sente como se pudesse interferir na história e ajudar seu herói.

Claro que todos já devem ter assistido ou, pelo menos, ouvido falar das três versões de filmes que foram feitos sobre a história, mas, como uma grande admiradora da obra, garanto que o livro é muito melhor! O que me fascinou em A História sem Fim foi essa ideia de que os personagens poderiam mesmo existir e tudo aquilo poderia mesmo ser real e, talvez, em algum lugar, alguém estivesse lendo a minha história e todo o universo não passasse de vários livros dentro de outros livros sendo lidos ao mesmo tempo. Afinal, qual leitor não daria tudo para ver seu personagem preferido ganhando vida ou poder viver todas aquelas aventuras e histórias fantásticas?

Esta obra nos traz essa perspectiva, misturando o mundo real do Bastian ao mundo fictício do Atreyu e, por sua vez, ao nosso mundo que, depois de um tempo, não sabemos mais se o narrador está falando com o Bastian ou conosco. Tudo se mistura de uma forma louca e maravilhosa e, no final, é como se todos fizéssemos parte de uma só história. Apesar de ser um livro considerado um pouco infantil e eu ter lido ele há vários anos (minha edição era de 2001, mas a Martins Fontes lançou uma atualizada que eu comprei na Bienal do Livro de SP de 2016), continua no topo da minha lista e eu super recomendo!

Livros, Resenhas

RESENHA: Anjos na escuridão – Contos da série Fallen, Lauren Kate

Em Anjos na escuridão, Lauren Kate nos traz sete contos inéditos da série Fallen. Todos são relacionados com algo que foi mencionado no livro, mas que aconteceu antes da história ou não ficou muito bem claro. Por exemplo, o incidente que levou Lucy até o reformatório. O que, realmente, aconteceu com Trevor naquele acampamento? Os preparativos de Ariane para aquela festa que, até então, Lucinda não sabia que era por causa dela. Como Daniel conheceu Shelby? E como ele foi parar no mesmo reformatório que Lucy, já que estava claro que ele não estava procurando por ela dessa vez? De onde surgiu a segunda Lucinda que levou a seta estelar no lugar da verdadeira? E uma cena inédita que foi deletada da série…

Enfim, os contos são curtos, o que deixa o livro curto e até um pouco decepcionante para quem é fã e estava ansioso esperando mais histórias do mundo Fallen. Nada de surpreendente também é revelado, não há nenhum dado novo, muito menos algum indício de continuação da história. Tudo acontece antes, nenhuma notícia do que aconteceu depois. Quando fiquei sabendo deste livro e dei de cara com ele na livraria lá em 2015, já comprei imediatamente (aliás, preço bem “salgadinho” para um livro tão pequeno) pensando que teria notícias de Daniel e Luce, dos Nefilins e dos anjos caídos, mas não tem nada. Para quem é fã, tudo é válido, então, recomendo para distração, mas não criem muitas expectativas.

Me chame pelo seu nome, André Aciman
Atualizações

Resenha: Me chame pelo seu nome, André Aciman

Me Chame pelo seu Nome, publicado em 2007, narra uma intensa história de amor. Nele, o autor André Aciman nos apresenta a vida de Ellio, cuja família tem o costume de receber hóspedes para ajudar escritores jovens a revisarem seus manuscritos. Então, todos os anos, pelas longas seis semanas do verão, Ellio cede seu quarto a um estranho e se muda para o antigo quarto do seu avô. Essa é uma prática comum na família dele, seu pai é um professor universitário influente e tem grandes conexões com outros profissionais da área. A vida do garoto de 17 anos, no entanto, muda com a chegada do jovem americano, Oliver, um escritor filósofo de 24 anos que irá passar o verão na casa da família.

A história se ambienta na Itália e a paisagem, as práticas locais e, até rotina da família, são muito bem descritas, não falhando em inserir o leitor naquele lugar. É quase como se pudéssemos sentir o calor e o ar da pequena cidade. O autor descreve com delicadeza cada cena, nos apresentando o dia a dia da família e cada personagem ali presente. Constrói-se, assim, um vínculo por parte do leitor com as pessoas que nos são apresentadas, por serem altamente realistas e autênticas. Me Chame pelo seu Nome é carregado de intensidade e narrativa poética, fazendo com que os sentimentos do personagem transpassem as páginas do livro.

Que o verão nunca acabe, que ele nunca vá embora, que a música toque para sempre, estou pedindo tão pouco, e juro que nunca mais vou pedir nada.

É sob esse cenário que Ellio nos conta o desenvolvimento de uma paixão. Ele é um garoto inteligente – vindo de uma família privilegiada intelectual e socialmente – conhecedor de literatura, artes e música. A relação que se desenvolve é tão intensa quanto se pode ser, em todos os aspectos psicológicos, intelectuais e sexuais. Intensidade, sem dúvidas, é a palavra que descreve essa história. Ellio é fiel aos seus confusos sentimentos que vão se desenvolvendo ao decorrer da narrativa e, fica muito claro ao leitor, o quão verdadeiro eles são em relação à Oliver e ao mundo ao seu redor, que muda com a sua chegada.

 A forte batida do meu coração quando ele aparecia sem aviso me aterrorizava e me fazia vibrar ao mesmo tempo. Eu tinha medo quando ele aparecia, medo quando não aparecia, medo quando ele olhava para mim, ainda mais medo quando não olhava.

Me chame pelo seu nome é um livro que trata de amor, paixão, desejo e descobertas. A história decorre de modo surpreendentemente intenso, que faz com que percamos o ar juntamente com Ellio. A adaptação para o cinema já está em cartaz e recebeu críticas muito positivas, mas vale a pena ler com detalhes essa história carregada de emoção.

Ele era meu canal secreto para mim mesmo… como um catalisador que permite que nos tornemos quem somos, o corpo estranho, o condutor, o enxerto, o curativo que desencadeia os impulsos certos, o pino de aço que mantém o osso de um soldado no lugar, o coração de outro homem que faz com que sejamos mais nós mesmos do que éramos antes do transplante.