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Resenha: A Arte da Ilusão, Nora Roberts

Adam Heines parecia ser apenas mais um hóspede na mansão dos Fairchild, quando na verdade investigava o misterioso desaparecimento de um Rembrandt legítimo. Mas ele não estava preparado para enfrentar um problema ainda maior: Kirby Fairchild, a deslumbrante filha de seu anfitrião. Meio fada, meio bruxa, ela o enfeitiça com seu jeito direto de seduzir. Afinal, Kirby também desconfia das verdadeiras intenções de Adam… E sua estratégia é bastante clara: fazer da sedução sua arma para iludir.

Em “Arte da Ilusão”, de Nora Roberts, o leitor irá acompanhar a história de Adam Haines: um pintor famoso e oriundo de uma família rica que possuía uma segunda profissão, mas sem que ninguém do seu convívio soubesse. Na história, o pintor está à procura de um quadro desaparecido e, durante a sua busca na casa do principal suspeito pelo roubo do quadro, acaba se envolvendo com Kirby Fairchild, filha de seu anfitrião, o pintor Philip Fairchild.

A história é romântica, porém cheia de mistérios e suspenses. Além disso, a obra se faz muito rica quando Nora Roberts traz obras de pintores famosos como Rembrandt e Van Gogh, além de outras referências literárias. Um ponto cômico e intrigante na narrativa que merece destaque é a presença de uma gata que paga aluguel e possui um cachorro de estimação.

“Algumas pessoas são exatamente o que parecem, para melhor e para pior.”

A missão de Adam, na obra, era descobrir o que Philip havia feito com o quadro desaparecido, entretanto muita coisa estava por trás do sumiço desse quadro. Por estar investigado o fato, Adam não podia se deixar envolver com Kirby, o castelo em que ela morava com o pai possuía muitos segredos e ele precisava descobrir. A narrativa se desenvolve até que se descobre que Kirby corria sérios riscos e, se quisesse zelar pela segurança dela, Adam precisava descobrir o que acontecia e ainda contar a ela quem ele era na verdade, entretanto ele tinha pouco tempo para fazer isso.

Muitas são as perguntas: até onde estaria Kirby envolvida nisso tudo? Harriet, dona do quadro desaparecido, e sua filha Melinda, faziam parte da trama? Quem estaria ameaçando a vida de Kirby?

Nessa obra sensacional, Nora Roberts mistura um enredo policial e uma narrativa romântica. A história é emocionante e o final surpreendente. Uma obra digna de prender o leitor do início ao fim!

Dia das Crianças: confira as atrações dos museus, bibliotecas, Fábricas de Cultura e Oficinas Culturais
Dia das Crianças: confira as atrações dos museus, bibliotecas, Fábricas de Cultura e Oficinas Culturais
Atualizações, Lugares, Novidades

Dia das Crianças: confira as atrações dos museus, bibliotecas, Fábricas de Cultura e Oficinas Culturais

Para celebrar o Dia das Crianças (12 de outubro), as instituições da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo prepararam atividades especiais para a criançada e toda a família. Contação de histórias, oficinas de fotografia e de minibarista, feira de troca de livros e brinquedos e visitas temáticas em exposições estão entre as atrações. Confira os destaques na capital, interior e litoral:

Bibliotecas

Na Biblioteca de São Paulo as atrações começam às 11h30, no dia 12, quinta-feira. A “Brincadeira de Cordel” reunirá três atores que vão simular um varal de cordel e interagir com os visitantes por meio instrumentos musicais. Às 16h00, o grupo Furunfunfum apresenta o espetáculo “Os Três Porquinhos”. Com manipulação de bonecos, a peça é fiel ao enredo tradicional e convida o público a interagir com os personagens e canções em busca do Lobo Mau.

No mesmo dia, a Biblioteca Parque Villa-Lobos recebe na Oca, a partir das 13h30, a oficina “Despertar do Poeta”, que convidará as crianças a construírem juntas poemas e adivinhas. Às 16h00, a Cia. Truks apresenta o teatro de bonecos “A Bruxinha”. O espetáculo conta a história da consagrada personagem da autora Eva Furnari que, com muita simplicidade e momentos de poesia, cativa e encanta a todos com suas pequenas manias, gestos e jeitos. Todas as atividades são gratuitas e não é necessário se inscrever.

Museu da Imigração

No Dia das Crianças o Museu oferece, em parceria com a Organização dos Haitianos que Vivem no Brasil (OHVB), atrações para crianças refugiadas e brasileiras em situação de vulnerabilidade social. Além de aproveitarem as brincadeiras e jogos, as crianças receberão atendimento médico e odontológico prestado por profissionais voluntários. Por fim, os pequenos do Centro de Acolhida para Imigrantes II serão presenteados com brinquedos recebidos pela campanha de doação realizada pela OHVB.

Às 16h00, o grupo Aula Mágica apresentará o espetáculo teatral “Navegar é preciso”. Inspirada nas grandes navegações portuguesas do século XV, a peça narra uma aventura construída a partir de fatos históricos reais que mudaram o mundo. A atividade é gratuita e indicada para maiores de 6 anos.

Museu Afro Brasil

No sábado, dia 14, às 11h00, haverá uma contação de histórias especial. “Aos pés do Baobá” apresenta narrativas africanas ou afro-brasileiras, seguidas de um bate-papo conduzido por integrantes do Núcleo de Educação do Museu Afro Brasil. A entrada é gratuita e para participar é preciso se inscrever pelo site www.museuafrobrasil.org.br.

Museu Catavento

No dia 12, o Museu Catavento reabre a “Sala do Olfato” com a inauguração da exposição “O Mundo do Perfume”. Repleta de recursos digitais, a sala apresenta de forma divertida uma trajetória curiosa pelo universo científico do olfato e das fragrâncias.

No mesmo dia, a equipe de fotógrafos do Projeto Cidade Invertida oferecerá oficinas de fotografia de câmara escura aos visitantes do Museu, dentro de um trailer especialmente adaptado. Além disso, crianças e adultos poderão aproveitar a Sala Dinos do Brasil, que permite aos visitantes fazer um passeio pela era mesozóica e conhecer os dinossauros que habitaram o território brasileiro por meio de óculos de realidade virtual. A exibição dura 32 minutos e as sessões são realizadas às 10h00, 11h00, 12h00, 13h00, 14h00, 15h00 e 16h00. Para participar, é necessário retirar senha na bilheteria.

De 10 a 15 de outubro, as experiências desenvolvidas para a Seção “Laboratório de Química” do Museu serão apresentadas em forma de espetáculo teatral. Serão quatro sessões diárias de 30 minutos: de terça a sexta, às 10h00, 12h10, 13h45 e 15h55, e no sábado e domingo, às 10h30, 12h00, 13h30 e 15h00.

Casa das Rosas

No dia 12, às 15h00, haverá visita temática “De Mapa na Mão e Tempo na Cabeça”. Durante o passeio, crianças e familiares irão percorrer o museu em busca de pistas sobre o uso da casa literária ao longo do tempo. A atividade é gratuita e para participar é preciso enviar e-mail para [email protected] ou se inscrever presencialmente na recepção do Museu.

Museu do Futebol

Na quinta-feira (12), às 11h00, o escritor Pedro Bandeira estará na Sala Grande Área para uma contação de histórias divertidas sobre futebol. No domingo, dia 15, às 11h00, a educadora Mirela Esteles, apresentará “Maria Viola com quem está a bola?”, com músicas e brincadeiras tradicionais. Para bebês e crianças de até três anos, o Espaço Dente de Leite, funcionará durante todo o feriado, das 10h30 às 17h00, com jogos e brincadeiras.

Museu da Casa Brasileira

Com entrada gratuita na quinta-feira (12), a programação começa com o espetáculo “Aquarela Brasileira – Uma viagem pelas cores do Brasil”, às 11h00 e às 14h00. O show é uma homenagem à música popular brasileira. Serão interpretadas canções de Chico Buarque, Milton Nascimento, Luiz Gonzaga, Ivan Lins, Toquinho e Vinicius.

Também no feriado, das 12h30 às 15h30, o espaço promoverá a Feira de Troca de Brinquedos. O objetivo é fomentar a reflexão sobre o consumismo na infância e estimular as crianças a interagirem a partir da troca de brinquedos que não usam mais. Para participar, os pequenos devem estar acompanhados de um responsável e o brinquedo deve estar limpo e em boas condições. Os visitantes poderão aproveitar também os food trucks que estarão disponíveis no jardim do Museu.

Pinacoteca

A Pinacoteca terá entrada gratuita em todos os dias do feriado, entre 12 e 15 de outubro. O público pode aproveitar o período para conhecer a mostra “No subúrbio da modernidade – Di Cavalcanti 120 anos”, em homenagem aos 120 anos do nascimento do artista. A exposição conta com mais de 200 obras, desenvolvidas ao longo de quase seis décadas de carreira do pintor, e também destaca aspectos menos conhecidos de sua trajetória, como as ilustrações e charges para revistas, livros e capas de discos. Detalhes da programação estão disponíveis no site http://pinacoteca.org.br/.

Oficina Cultural Oswald de Andrade

No feriado,das 15h00 às 18h00, o espaço promove uma feira de troca de livros infantis. Para participar, basta trazer livros de quaisquer gêneros literários – romance, conto, crônica, poesia, biografia, quadrinhos etc – e trocá-los na base de um por um. A única recomendação é que os livros não sejam didáticos ou técnicos e estejam em bom estado de conservação.

No mesmo dia, a partir das 10h00, serão realizadas sessões da atividade “Jogo de Pintar”, uma prática de pintura com guache natural sobre papel cartolina, na posição vertical, sob os conceitos do pesquisador e criador Arno Stern. A ideia é que a pintura seja espontânea, no intuito de resgatar a expressão por meio da investigação individual e do compartilhar.

Fábricas de Cultura

No dia 12, a unidade de Sapopemba terá o “Festival da Criança”, com atividades das 10h00 às 17h00. A criançada vai curtir contações de história, bandas musicais, palhaços, brinquedoteca, brinquedos infláveis e espetáculo teatral com o Grupo Esparrama. Já em Cidade Tiradentes, às 10h30, serão realizados jogos temáticos para resgatar brincadeiras infantis. Às 11h00, no Itaim Paulista, será feita a leitura mediada no livro “Eu vi!”, de Fernando Vilela, para promover uma reflexão sobre a imaginação. Em parceria com o grupo de teatro A Legião, a Fábrica da Vila Curuçá oferece uma intervenção artística com pinturas faciais, às 15h00.

A unidade do Jardim São Luis vai realizar a “Festa das Crianças”, das 12h00 às 17h00, com apresentações musicais de grupos da região e do DJ Scooby, que tocará músicas infantis populares durante a programação. De 10 a 14 de outubro, das 10h00 às 17h00, a Fábrica de Cultura Jaçanã oferece brincadeiras regionais, jogos em grupo, oficinas de invenções e engenhocas e muito mais. Confira a programação completa das Fábricas no site www.fabricasdecultura.sp.gov.br.

Teatro Sérgio Cardoso

De 12 a 15 de outubro, às 15h00, o público poderá conferir a peça “Scaratuja”, voltada para bebês. A dupla de atores Aline Volpi e Vladimir Camargo utiliza a linguagem não verbal, músicas e objetos para explorar um novo e estimulante universo. Toda a ação é realizada sobre um tapete que, ao final, torna-se uma área de descobertas para os bebês, que junto de um de seus responsáveis, sentam-se no meio do cenário, enquanto os outros adultos sentam-se atrás e acompanham todo o desenvolvimento do trabalho. A entrada é gratuita.

MUSEUS DO INTERIOR

Museu do Café (Santos)

O espaço promoverá a Oficina Minibarista no dia 12, às 14h00. Durante a atividade, crianças de cinco a dez anos irão aprender como preparar a bebida de forma didática e a fazer desenhos com chocolate em pó ou em calda. No Salão do Pregão, às 16h00, uma peça de teatro contará a história de uma mulher que trabalha nas fazendas de café e descobre os diferentes tipos de grãos e seus sabores.

Já no sábado (14), os pequenos a partir de quatro anos e suas famílias poderão assistir ao teatro de fantoches promovido pelo Núcleo Educativo, às 15h00. Na sequência, às 16h00, o Salão do Pregão será palco de uma apresentação de ballet e coral infantil do Projeto TAVMA – Oficina do Futuro, em parceria com o Grupo VOZES, do Sindicato dos Bancários de Santos e Região.

Em todas as atividades, as crianças devem estar acompanhadas de um responsável. Para participar, é necessário se inscrever pelo e-mail [email protected].

Museu Casa de Portinari (Brodowski)

No sábado (14), às 09h00 e às 14h00, a atividade “É gostoso ser criança”, traz brincadeiras relacionadas à produção plástica e poética de Portinari, que tem a infância como tema recorrente. Os visitantes poderão aproveitar também o “Família Legal” com jogos de perguntas e respostas, quebra-cabeça, jogo da memória e outras atividades divertidas.

Museu Felícia Leirner (Campos do Jordão)

No Dia das Crianças, a partir das 10h00, o museu recebe a atividade “Família no Museu: Estação de Jogos Culturais”, uma série de jogos interativos com temas relacionados a cultura que possibilitam o aprendizado por meio da diversão. Às 15h00, será apresentado o espetáculo infantil “Cartomante de Papel”, em que uma cartomante e um mago convidam as crianças para embarcar em uma aventura mágica, com contos, cantos e paisagens sonoras que compõem quatro diferentes histórias com mensagens dos elementos da natureza.

Na sexta-feira (13), às 15h00, o público poderá conhecer os bastidores de um espetáculo de dança no “Ensaio Aberto: Alice no País das Maravilhas”, dos alunos da Fundação Lia Maria Aguiar. No sábado, 14, às 10h00 e às 15h00, as famílias terão a oportunidade de conhecer o jogo educativo Tangram, e em seguida poderão se divertir e estimular a criatividade montando figuras a partir da leitura e interpretação das esculturas e da paisagem presente no Museu e no auditório.

Além disso, quem quiser participar da campanha #SejaSolidário poderá contribuir com a doação de brinquedos, que serão destinados a instituições de caridade do município.

Museu Índia Vanuíre (Tupã)

Nos dias 14 e 15, das 9h00 às 16h00, o espaço terá oficinas culturais que incluem atividades lúdicas e reflexivas como forma de integrar as famílias e o Museu, relacionadas à exposição temporária “O Café e a História de Tupã”. Ao final, os participantes serão convidados a confeccionar um chaveiro em formato de bule de café. Também no dia 14, às 15h00, o público poderá participar de um passeio cultural, realizado em um trenzinho, que irá percorrer marcos importantes da formação e desenvolvimento da cidade. Serão disponibilizados áudios com informações sobre o trajeto, com o objetivo de valorizar os monumentos históricos de Tupã e destacar a importância de preservá-los para as gerações futuras.

Livros, Resenhas

Resenha: Felizes para sempre, Kiera Cass

O que dizer de Felizes para sempre, livro extra da série A Seleção, de Kiera Cass? Melhor livro extra ever!!! Mesmo depois de ter me decepcionado muito com o extra de Fallen, não resisti. Quem me conhece sabe que eu não sou de ler extras, sempre acho que eles não acrescentam muita coisa, mas Kiera Cass fez eu morder minha língua milhões de vezes e mais alguns milhões só para garantir.

O livro tem tudo o que um fã poderia querer: ilustrações inéditas, introduções da própria autora para cada conto e, claro, contos que fazem toda a diferença. Fiquei tão encantada como quando li os livros oficiais da série, são histórias inéditas que esclarecem muita coisa e fazem com que conheçamos melhor os personagens.

Além dos quatro contos já divulgados (o príncipe, a rainha, o guarda e a favorita), tem um conto da Celeste, um da Lucy e o que eu mais amei de todos: um epílogo de “A Escolha”, que acontece 2 anos depois do casamento de Maxon com sua escolhida. Se você é fã da série, tem que ler esse extra, é maravilhoso! E além de tudo isso (sim, ainda tem mais), tem o primeiro capítulo do “A Sereia” e um marca página exclusivo na contra capa. Sério, gente, não tem livro mais perfeito!

Livros, Resenhas

Resenha: Confesse, Colleen Hoover

Um romance sobre arriscar tudo pelo amor — e sobre encontrar seu coração entre a verdade e a mentira. Da autora das séries Slammed e Hopeless.
Auburn Reed perdeu tudo que era importante para ela. Na luta para reconstruir a vida destruída, ela se mantém focada em seus objetivos e não pode cometer nenhum erro. Mas ao entrar num estúdio de arte em Dallas à procura de emprego, Auburn não esperava encontrar o enigmático Owen Gentry, que lhe desperta uma intensa atração. Pela primeira vez, Auburn se vê correndo riscos e deixa o coração falar mais alto, até descobrir que Owen está encobrindo um enorme segredo. A importância do passado do artista ameaça acabar com tudo que Auburn mais ama, e a única maneira de reconstituir sua vida é mantendo Owen afastado.

Me considero bem suspeita quando o assunto é Colleen Hoover, desde o primeiro livro que li dela, Métrica, soube que ela se tornaria minha autora favorita.

Sei dos problemas que as histórias dela têm: o fato de sempre representar casais brancos privilegiados, as protagonistas sempre serem mocinhas frágeis e os homens sempre machos alfas que protegem suas damas de todas as formas. Acrescento também uma coisa que me irritou nos últimos livros que li: por que o cara já conhece a menina em 90% das vezes e a menina não lembra? Mas, ao mesmo tempo, ela tem representado alguns personagens fora dos padrões em livros como Novembro, 9 e Talvez um dia, o que me agradou bastante.

Independente desses problemas, o que mais me encanta na autora, além da escrita e construção de personagem incríveis (afinal ela tem um padrão de personagens bem formado, mas ainda assim todos eles ficam gravados de forma muito clara na minha cabeça e eu não confundo suas personalidades e o que aconteceu com eles), é o fato de que a história nunca se trata só daquele romance clichê da sinopse. Tem romance clichê? Tem sim, tem muito, mas ela também trata de assuntos sérios, como abuso infantil, mães adolescentes, mortes de pessoas queridas, e várias outras questões que te fazem sentir a dor dos personagens e sofrer com cada decisão.

Agora, falando diretamente sobre Confesse, esse se tornou um dos melhores livros da autora, na minha opinião. Por não ser a primeira história dela que leio, já sabia que haveria uma camada mais profunda e tentei descobrir qual era desde o início. A cada momento que eu achava que tinha finalmente desvendado o plot twist, CoHo pisava na minha cara mostrando várias outras coisas que eu não havia percebido.

A premissa da história é encantadora por si só: um dos protagonistas, Owen, é um pintor e sua arte se baseia em nada mais nada menos do que confissões anônimas deixadas por pessoas em seu ateliê, como se não bastasse, as confissões são reais de leitores da Colleen Hoover, tem como amar mais essa mulher? Fiquei encantada com essa ideia e, como ela não brinca em serviço, no final ainda podemos ver alguns dos quadros que foram pintados por um artista especialmente para o livro. Do outro lado, temos Auburn, uma menina que perdeu o seu primeiro e único namorado, Adam, aos 15 anos, quando ele morre, e agora ela se muda para Dallas pra tentar reconstruir sua vida, mesmo que já tenha passado muitos anos desde todos os acontecimentos que marcaram sua vida para sempre.

Nem preciso falar que os dois vão se envolver de alguma forma, mas vários empecilhos vão aparecer. Porém, a questão com Colleen Hoover é que ela pega os clichês e as situações que a gente já espera e faz com que elas sejam incríveis mesmo assim. Por mais que você espere que algo aconteça, você nunca espera que seja o que ela faz. Ela usa questões muito reais e de fácil identificação, não há acontecimentos super mirabolantes, na maior parte das vezes, e, particularmente, em Confesse também não. É algo que pode acontecer com qualquer um e isso torna o sofrimento muito palpável.

A história ainda conta com uma mini série gravada pelo site Go90 que, infelizmente, não disponibiliza os episódios para o Brasil, mas, com um pouco de paciência (leia-se muita), dá pra assistir tudo no YouTube. Eu, particularmente, não gostei muito da série. Achei as atuações muito fracas e a história se tornou muito banal, partes muito importantes e profundas foram simplesmente deixadas de lado, mas, ainda assim, acho que vale a pena conferir.

PS.: Vocês já ouviram o CD “Maybe Someday” do Griffin Peterson? É a trilha sonora de Talvez um dia, e um dos CDs que eu mais amo no mundo todo.

O “BUG” DA LITERATURA: A REVOLUÇÃO DAS FANFICS
O “BUG” DA LITERATURA: A REVOLUÇÃO DAS FANFICS
Colunas, Livros

O “bug” da literatura: a revolução das Fanfics

Começo esse texto com a descrição da palavra Fanfics, de acordo com o site Significados é: “Fanfic é a abreviação da expressão inglesa fanfiction, que significa ”ficção de fã” na tradução literal para a língua portuguesa.” “ … Os fãs desses produtos se apropriam do mote da história ou dos seus personagens para criarem narrativas paralelas ao original.“

Em outras palavras, se parece muito com o bicho-papão de nome plágio. Mas quando se aprende melhor sobre esse mundo se percebe que não há plágio ou cópia de idéias, aqueles que tomam tais atitudes são duramente repreendidos e até mesmo alguns sites ou domínios podem expulsar suas idéias ou usuários.

A idéia de fanfic ou fanfiction surgiu na década de 70 nos EUA, mas viralizou no Brasil a partir da publicação da saga de Harry Potter no país. A construção de um texto, história, baseado em uma história principal publicada por um autor específico. Isso é fanfic. Reinventar uma história dentro de um universo já inventado por um escritor/escritora, sem ambicionar lucro, apenas exibir aquela ideia de um determinado ponto de uma história para que outros fãs compartilhem de determinado texto.

Aqui no Brasil, particularmente falando, participei do Bug das Fanfics. A saga Harry Potter antigamente, tanto quanto As Crônicas de Gelo e Fogo atualmente, não era uma saga completa. J. K. Rowling ainda escrevia cada livro, enquanto nós tupiniquins esperávamos um ano ansiosamente pela publicação do livro, exportação e tradução para o nosso português.

E o que fazer no tempo de espera? Vasculhar na Internet toda e qualquer informação sobre a saga. E como os sites de pesquisa são sempre tão eficazes em passar informações, não foi muito difícil descobrir sites em que haviam histórias publicadas sobre a saga que eu mais amava e acompanhava, com histórias dos meus personagens favoritos de um jeito totalmente novo. Com um olhar diferente do que eu lia nos livros da J. K.

Desse modo, surgiu em mim a vontade de ver personagens que na saga original e única não se envolvem, envolvidos. Personagens que morreram, serem ressuscitados das mais diversas maneiras e modos. Personagens malvados tornarem-se mocinhos e vice-versa. Eis a grande capacidade da Fanfic.

Não é apenas a vontade de escrever que desperta dos fãs. É a inovação de uma história, a exploração de personagens e lugares e objetos de um jeito novo e também único. A fanfic também é a forma mais barata, rápida e inteligente de permitir aos fãs saírem do seu casulo de expectadores e se formarem escritores.

Alguns escritores de sucesso hoje, que tem suas próprias sagas, já foram escritores de fanfics. Um exemplo é a escritora norte americana Cassandra Clare. Ela é a escritora e criadora da saga Os Instrumentos Mortais. Mas bem antes disso ela já escrevia fanfics baseadas nas obras de O Senhor dos Anéis e Harry Potter.

Assim, percebe-se que escrever fanfics, se tornou uma porta de entrada. Porta essa mais larga para que mais e mais pessoas comecem a construção de seus textos. É como como diz a máxima: “Quanto mais se lê, melhor se escreve e quanto melhor se escreve, mais se sabe.” Portanto, essa revolução de fanfics só pode nos apresentar novos talentos e idéias para contribuir ainda mais com a Literatura Mundial.

Dissertação Argumentativa vs. Artigo de Opinião: qual a diferença?
Dissertação Argumentativa vs. Artigo de Opinião: qual a diferença?
Colunas, Histórias, Livros

Ensaio sobre Dissertação Argumentativa vs. Artigo de Opinião: qual a diferença?

Hey Leitores do Beco! Espero que esteja tudo bem com vocês! Estamos percorrendo por uma série de ensaios cujo objetivo seja auxiliá-los na realização de uma boa escrita.

Os textos mais comuns que são encontrados em toda área acadêmica são:

  1. Dissertação Argumentativa
  2. Artigo de Opinião

Antes de iniciarmos a análise da primeira parte da estrutura textual – Introdução, é preciso entender o objetivo de cada construção textual, ou seja, para que cada texto é usado? Qual veículo de comunicação é ele utilizado?

Dissertação argumentativa é uma produção textual puramente científica e teórica, portanto, todos os assuntos retratados por essa construção de ideias devem ser fundamentados em fatos históricos, pensamentos de teóricos e dados mediante pesquisas e gráficos. A principal característica que diferencia a tipologia textual dissertação do artigo de opinião, é a pessoa inscrita dentro do texto.

No Artigo de Opinião, a pessoa que é inscrita dentro do texto é a primeiro, isto é, pode se utilizar a primeira pessoa do singular/plural em todos os verbos que compõem o texto; já a dissertação não, esta é escrita e descrita pelos verbos em terceira pessoa o que garante a impessoalidade e a confidencialidade da criticidade e da ciência, isto é, o texto científico não foi regido por “achismo” ou senso comum, mas por uma base ideológico que se apresenta ao leitor por meio de provas.

Como o artigo de opinião é um tipo de texto comum em jornais e revistas [meio de veiculação de maior reconhecimento pelas massas sociais], o texto é escrito e descrito pelas primeiras pessoas tanto no singular quanto no plural. Entretanto, se for um texto exigido por uma banca de avaliação universitária por meio de vestibular ou concurso público, o seu texto em primeira pessoa deve ser escrito em primeira pessoa, mas fundamentado por gráficos, pesquisas provando um posicionamento pessoal, nada de senso comum.

Para ilustrar essa diferença entre tais textos, aqui vai um exemplo:

Exemplo 01 – Enem 2016
Acadêmica: Marcela Sousa Araújo, 21 anos

Título do texto: No meio do caminho tinha uma pedra

No limiar do século XXI, a intolerância religiosa é um dos principais problemas que o Brasil foi convidado a administrar, combater e resolver. Por um lado, o país é laico e defende a liberdade ao culto e à crença religiosa. Por outros, as minorias que se distanciam do convencional se afundam em abismos cada vez mais profundos, cavados diariamente por opressores intolerantes.

O Brasil é um país de diversas faces, etnias e crenças e defende em sua Constituição Federal o direito irrestrito à liberdade religiosa. Nesse cenário, tomando como base a legislação e acreditando na laicidade do Estado, as manifestações religiosas e a dissseminação de ideologias fora do padrão não são bem aceitas por fundamentalistas. Assim, o que deveria caracterizar os diversos “Brasis” dentro da mesma nação é motivo de preocupação.

Paradoxalmente ao Estado laico, muitos ainda confundem liberdade de expressão com crimes inafiançáveis. Segundo dados do Instituto de Pesquisa da USP, a cada mês são registrados pelo menos 10 denúncias de intolerância religiosa e destas 15% envolvem violência física, sendo as principais vítimas fieis afro-brasileiros. Partindo dessa verdade, o então direito assegurado pela Constituição e reafirmado pela Secretaria dos Direitos Humanos é amputado e o abismo entre oprimidos e opressores torna-se, portanto, maior.

Parafraseando o sociólogo Zygmun Bauman, enquanto houver quem alimente a intolerância religiosa, haverá quem defenda a discriminação. Tomando como norte a máxima do autor, para combater a intolerância religiosa no Brasil são necessárias alternativas concretas que tenham como protagonistas a tríade Estado, escola e mídia.

O Estado, por seu caráter socializante e abarcativo deverá promover políticas públicas que visem garantir uma maior autonomia religiosa e através dos 3 poderes deverá garantir, efetivamente, a liberdade de culto e proteção; a escola, formadora de caráter, deverá incluir matérias como religião em todos os anos da vida escolar; a mídia, quarto poder, deverá veicular campanhas de diversidade religiosa e respeito às diferenças. Somente assim, tirando as pedras do meio do caminho, construir-se-á um Brasil mais tolerante.

Fonte

Exemplo 02 – Artigo de Opinião
Autor: Desconhecido
Tema: Racismo

Ainda que grande parte da população brasileira seja descendente de negros, o problema do racismo está longe de ser resolvido.

No período colonial, Portugal trazia os negros da África para trabalharem no país em condição de escravos. Desde então, o racismo esteve incutido na mente de muitos brasileiros.

Embora a Lei Áurea tenha libertado os negros do trabalho escravo em 1888, a população negra apresenta os maiores problemas ainda hoje no país. Por exemplo, as condições de vida, o trabalho, a moradia, dentre outros.

Se observarmos as favelas do país ou mesmo as penitenciárias, o número de negros é sem dúvida maior. A grande questão é: até quando o racismo persistirá no nosso país?; pois mesmo séculos depois, ainda é possível nos deparamos com um racismo velado no Brasil.

A implementação de políticas públicas poderá resolver nosso problema, mas ainda temos muitos caminhos a percorrer. Infelizmente, creio que não estarei vivo para contemplar essa conquista.

Fonte

– Dissertação argumentativa:

  1. a) Colocação verbal – “torna-se”

– Artigo de Opinião:

  1. a) Colocação verbal: “observamos”, “deparamos”, “creio”, “temos”
  2. b) Pronomes possessivos: “nosso”

Outras características importantes:

– Artigo de Opinião:

  1. a) Uso de ironia, sarcasmo e crítica acentuada
  2. b) Assinatura do autor no final
  3. c) Títulos persuasivos e polêmicos

Outras características importantes:

  1. Impessoalidade
  2. Exposição clara dos argumentos, sem abordagem de ambiguidade

Espero ter ajudado! Até o nosso próximo encontro!

Ilustração de Poty Lazzarotto
Livros

Análise: Sagarana, de Guimarães Rosa

O autor de Sagarana (1946), João Guimarães Rosa (1908-1967), foi um dos maiores escritores da literatura brasileira. Não só escritor, mas sim prosador, isto é, um contador de histórias. Quando leio seus contos, imagino alguém me convidando a prestar muita atenção porque lá vem uma história que une fantasia e realidade e que, mesmo que mítica, não posso deixar de crer nela.

Guimarães Rosa era assim. Sua linguagem única, a ambientação sertaneja e suas histórias cativam gerações. Em 1967, três dias após a morte de Guimarães, Carlos Drummond de Andrade escreveu:

Guimarães Rosa

João era fabulista
fabuloso
fábula?
Sertão místico disparando
no exílio da linguagem comum?

“Projetava na gravatinha
a quinta face das coisas
inenarrável narrada?
Um estranho chamado João
para disfarçar, para farçar
o que não ousamos compreender?”

No poema Um chamado João, Drummond colocou a essência do autor. Classificado cronologicamente como um autor da 3ª geração modernista, para mim Rosa é a união perfeita das duas gerações anteriores do movimento. Isso porque ele une a invenção na linguagem com as preocupações regionais da 2ª geração (representada por autores como Graciliano Ramos e Jorge Amado).

Em 1930, Guimarães foi médico na cidade de Itaguara, interior de Minas Gerais. Lá, teve contado com a ambientação que trará para suas obras: as cores do interior, sua natureza, povo, lendas, modos de vida e linguagem. Numa entrevista, o autor reconheceu que trouxe para a literatura suas experiências profissionais:

Sim, fui médico, rebelde, soldado. […] Como médico, conheci o valor místico do sofrimento; como rebelde, o valor da consciência; como soldado, o valor da proximidade da morte. […] Também configuram meu mundo a diplomacia, o trato com cavalos, vacas, religiões e idiomas.

NOVAS MANEIRAS DE SENTIR E DE PENSAR

Ilustração de Poty Lazzarotto

Com relação aos idiomas, Guimarães se mostrava um mestre: ele conhecia mais de 24 línguas. Só quem conhece tanto sobre um idioma, pode se propor a desconstruí-lo como o autor fez. Sua linguagem única é reconhecível à primeira vista. Repleta de figuras de linguagem como neologismos, aliterações, assonâncias, metáforas, hipérbatos – é uma prosa pra ser declamada, possui ritmo, cadência – configura-se, assim, como uma prosa poética.

A opção por este tipo de expressão não era ao acaso. Ela tinha a função de desestabilizar o leitor, retirá-lo da apatia, do lugar-comum, da prosa fácil de entretenimento. A obra de Guimarães é para ser desvendada e admirada em toda sua beleza.

Mas, o mais importante sempre, é fugirmos das formas estáticas, […] inertes, estereotipadas, lugares comuns etc. […] Não procuro uma linguagem transparente. Ao contrário, o leitor tem de ser chocado, despertado de sua inércia mental, da preguiça e dos hábitos. Tem de tomar consciência viva do estrito, a todo momento. Tem quase de aprender novas maneiras de sentir e de pensar. […] Não a clareza – mas a poesia, a obscuridade do mistério, que é o mundo. E é nos detalhes , aparentemente, sem importância, que estes efeitos se obtêm. A maneira de dizer tem de funcionar, a mais, por si. O ritmo, a rima, as aliterações ou assonâncias, a música subjacente ao sentido – valem para maior expressividade.

Esta linguagem não está presente apenas em Sagarana, mas também em suas outras obras como Corpo de Baile (1956) e sua obra mais conhecida Grande Sertão: veredas (1956).

GRAÇAS A DEUS, TUDO É MISTÉRIO

A obra aqui analisada reúne 9 histórias nas quais estão presentes os temas básicos de Guimarães: a aventura, a morte, os animais personificados, as reflexões filosóficas e existenciais, bem x mal, religião, mitos/lendas/ditos do sertão.

O nome é composto pela junção de dois radicais: saga (narrativa ou história lendária) + rana (do tupi: espécie de). As histórias presentes no livro são contos ou novelas (há quem defenda as duas nomenclaturas, porém, o próprio autor as chamava de novelas):

Já pressentira que o livro, não podendo ser de poemas, teria de ser de novelas. E – sendo meu – uma série de Histórias adultas da Carochinha.

É totalmente significativo o fato de Rosa chamar as narrativas como Histórias adultas da carochinha, já que nelas encontramos vários elementos da cultura popular (ditados, cantigas, lendas, fábulas) + o mito + uma linguagem que se assemelha à fala mineira. Tudo isso organizado pela poesia da sua escrita.

As histórias unem o mundo interior das personagens e coloca a natureza como uma extensão desse mundo. Ainda que o texto seja chamado de regional por alguns (por ser ambientado em Minas), a obra configura o que chamamos de regionalismo universalizante, já que traz reflexões sobre a existência humana que é comum a todxs. Como o próprio Guimarães escreveu em Grande Sertão:

O sertão é o mundo.

CADA UM TEM A SUA HORA E A SUA VEZ: VOCÊ HÁ DE TER A SUA

Ilustração de Poty Lazzarotto

Tentarei fazer aqui uma divisão temática dos contos e, logo em seguida, vamos analisar mais profundamente a última história da coletânea: A hora e a vez de Augusto Matraga.

  • Personificação das personagens animais: O burrinho pedrês Conversa de bois;
  • Epifania e crescimento das personagens: O burrinho pedrêsA hora e a vez de Augusto MatragaCorpo fechado, São Marcos Duelo;
  • Representação dos tipos que compõem o interior: Minha gente A volta do marido pródigo;
  • Natureza personificada: Sarapalha São Marcos.

A primeira (O burrinho) e a última (A hora e a vez) histórias do livro formam em si um clico, já que ambas apresentam a jornada do herói rumo ao (re)conhecimento de si mesmo.

Augusto Matraga conta a história de Augusto Esteves:

Matraga não é Matraga, não é nada. Matraga é Esteves. Augusto Esteves, filho do Coronel Afonsão Esteves, da Pindaíbas e do Saco-da-Embira. Ou Nhô Augusto – o homem – nessa noitinha de novena, num leilão de atrás da igreja, no arraial da Virgem nossa Senhora das Dores do Córrego do Murici.

No primeiro momento, Matraga é o mal personificado. Egoísta e tirano, sua vida irá mudar repentinamente quando a mulher (levando a filha) irá embora com outro homem, seus capangas o deixam para trabalhar para o coronel da fazenda ao lado e, por fim, é espancado pelos homens deste mesmo coronel. O narrador onisciente se intromete na narrativa para fazer um comentário a respeito de Nhô Augusto:

Assim, quase qualquer um capiau outro, sem ser Augusto Estêves, naqueles dois contratempos teria percebido a chegada do azar, da unhaca, e passaria umas rodadas sem jogar fazendo umas férias na vida […] Mas Nhô Augusto era couro ainda por curtir, e para quem não sai, em tempo, de cima da linha, até apito de trem é mau agouro. Demais, quando um tem que pagar o gasto, desembesta até ao fim. E, desse jeito, achou que não era hora para ponderados pensamentos.

“Nhô Augusto era couro ainda por curtir”, ou seja, ele terá que passar por todo processo de redenção para encontrar seu caminho neste mundo. Após este contratempo, ele irá ser resgatado por um casal de velhos que cuidará de suas feridas. Quando recuperado, eles partem para um lugar longe onde Nhô-Augusto não pode ser reconhecido.

Neste segundo momento, a personagem tenta se redimir a todo custo. Trabalha o dia todo, não fuma, não bebe, não faz sexo, apenas existe para ajudar ao próximo. Até que aparece um dia o cangaceiro Seu Joãozinho Bem-Bem provoca em Augusto os desejos já adormecidos. Não querendo voltar à sua vida anterior e não conseguindo mais suportar sua vida atual, Matraga parte como um messias, montado em um burrinho, deixando o animal escolher seus caminhos.

Como se estivesse predestinado a este terceiro momento, Matraga encontra novamente Seu Joãozinho e morre em duelo com este, salvando, assim, uma família que estava prestes a ser morta pelo cangaceiro.

A lâmina de Nhô Augusto talhara de baixo para cima, do púbis à boca-do-estômago, e um mundo de cobras sangrentas saltou para o ar livre, enquanto seu Joãozinho Bem-Bem caía ajoelhado, recolhendo os seus recheios nas mãos.

A novela trabalha constantemente a luta entre o bem x o mal. Seja uma luta exterior ou dentro do próprio Augusto. Interessante também notar como a hora e a vez desta personagem não se dá pelo recolhimento e pela pacificidade, mas sim, quando Matraga se entrega aos seus instintos. A redenção de Matraga é feita pela violência.

 

Espero que tenha se interessado pelo autor e pela sua obra. Termino aqui com mais um trechinho do poema de Drummond que acredito mostrar o encatamento que Guimarães Rosa produz em seus leitores:

Ficamos sem saber o que era João
e se João existiu
de se pegar.

Vestibular: Ensaio sobre tipologia textual - Beco Literário
Vestibular: Ensaio sobre tipologia textual – Beco Literário
Colunas, Histórias, Livros

Ensaio sobre tipologia textual

Após a primeira reflexão encontrada no primeiro texto publicado ontem aqui no Beco, é possível avançar mais um passo e perscrutar o que a arte da escrita nos reserva, ao separarmos algum tempo útil nos esforçando para entende-la.

Ao entender que todo escritor já rege seu pensamento através da escrita com o objetivo seja alcançar um público determinado, podemos entender claramente cada estrutura textual de vários tipos de textos diferentes, existentes e funcionais.

Parte da ciência que se responsabiliza a estudar e catalogar cada conhecimento relacionado a palavra e a textos, é chamado de Tipologia Textual. Para ser mais didático, entende-se que esta nomenclatura deriva da língua grega e separando cada centro vocabular se tem:

Tipo: propriamente dito o tipo, espécie, qualidade;

Logia: logos, ciência, estudo;

Textual: palavra que designa ao termo texto, tudo que se relaciona ao texto e palavras em formação de sentido;

Falando em tipologia – tipos, vários tipos, espécies de textos – vamos relembrar alguns que são mais comuns e rotineiramente encontramos no nosso dia a dia?

– Lembrete

– Mensagem (termo hoje substituído por whatsapp)

– Carta (tipo de comunicação esquecido pelas pessoas, mas substituído pela Carta Argumentativa usado em avaliações de vestibulares)

– Dissertação Argumentativa

– Artigo de Opinião

O tamanho do texto, a linguagem usada, a pessoa inscrita dentro da produção textual, tudo é diferente. Tudo. Entretanto, há uma particularidade singular entre todas as espécies de textos: introdução, desenvolvimento e conclusão, exatamente nesta ordem.

Já discutimos que os textos possuem o único objetivo de transmitir uma informação, algum tipo de conhecimento como em um diálogo falado (só que regido pela lei gramatica da escrita).

Logo, é possível entender que:

– Introdução: abordagem do conceito retratado na proposta temática a ser desenvolvida. Apresentação da discussão. Abertura do tema.

– Desenvolvimento: Exposição de fatos, acontecimentos históricos e pensamentos/frases de escritores e famosos. Conhecido como fundamentação teórica do texto, local onde se discute toda a base de argumentação da problemática retratada na proposta temática. Lugar de exposição de dados, pesquisas, testes, provas, gráficos. Argumentos.

– Conclusão: Posicionamento ideológico em relação ao tema proposto, ideia final, a conclusão dos argumentos discutidos no desenvolvimento. Opinião, as vezes em primeira pessoa, as vezes em terceira, mas sempre uma opinião. Proposta para resolver um possível problema do tema proposto, uma saída, argumento final que fecha toda argumentação.

No nosso próximo encontro teremos uma discussão de cada tipo de texto, mas apreenda o objetivo de cada estrutura textual, fixando cada função, será fácil reconhecer a problemática retratada em qualquer proposta e discorrer ideias a seu respeito com facilidade.

Livros, Resenhas

RESENHA: Círculos de chuva, Vol. 3, Dragões de Éter, Raphael Draccon

João e o pé de feijão. É com essa referência que começamos o terceiro volume da série Dragões de Éter, Círculos de chuva, e uma guerra se inicia entre humanos e gigantes pela posse do menino que pode ser Merlim reencarnado. Vamos com Axel para a Terra do Nunca e nos surpreendemos um pouco com a versão de Raphael Draccon para o Peter Pan. Snail junta seus garotos e vai atrás do maior tesouro do mundo e acompanhamos a saga de João em seus desafios para se tornar cavaleiro.

Não preciso nem dizer que estou enlouquecida pelo último volume que o Draccon tem nos enrolado há anos, mas, ao mesmo tempo, dá uma dorzinha no coração em saber que não verei mais esses personagens tão cativantes que eu mergulhei tanto na história. Me apaixonei pela escrita do Draccon e super recomendo. Não deixem se assustar pelo tamanho dos livros, realmente, vale a pena.

[SPOILER]

Sei que era necessário, que faz todo o sentido para a história e foi isso que salvou Arzallum na guerra, mas só eu acho que o Axel devia largar aquela elfa-amazona-guerreira e sei mais lá o que e ficar com a Maria??? Apesar de tudo, torço pelos dois e espero que a Livith morra para que o verdadeiro conto de fadas se realize. Sou muito má? (rs).

[/SPOILER]

Nova Éter é um reino mágico, onde todos os nossos personagens favoritos que aprendemos a amar durante nossa infância se reúnem em histórias que se entrelaçam. Raphael Draccon se mostrou o perfeito Criador, nos envolvendo nessa trama emocionante que nos leva para longe, direto para as terras de Arzallum, ou para o alto mar no antigo navio do Capitão Gancho, ou ainda mais além, para as Terras do Nunca, onde os elfos nunca crescem, a não ser um. Somos os semideuses que fazem tudo isso existir, simplesmente, por acreditar e, enquanto continuarmos acreditando, Nova Éter permanecerá viva e mais histórias fantásticas surgirão. Agora, me dão licença, que eu vou voltar para Arzallum e ficar hospedada no Grande Paço até o próximo livro. E um… Dois… Três.

Ensaio sobre escrever
Colunas, Livros

Ensaio sobre escrever

Escrever. O “homem”, em sua totalidade, vem usufruindo da arte da escrita há séculos, milênios. Criando um sistema configurado em vários elementos: letras, números, marcas de pontuações, regras gramaticais e diferenciando os vários produtos que se pode ter através do uso das palavras em textos. Vários tipos de textos. Tal variedade textual é, portanto, uma expressão dos pensamentos e sentimentos do indivíduo que organiza e reorganiza as palavras, ou seja, escreve. Mediante a esta reflexão, voltamos a ideia inicial deste parágrafo justificando o motivo do uso da escrita ser tão presente na vida das pessoas há tanto tempo. Libertar o que está dentro.

Escrever concede ao ser poder, poder de conquistar o que se almeja, poder de criar e viver várias vidas, inúmeras realidades, poder de sonhar, e o melhor, sonhar acordado. O ato de escrever nunca está sozinho, sempre bem acompanhado. A escrita é confidente da leitura, amante, companheira de jugo, fiel escudeira, a irmã gêmea, a outra parte da alma, enquanto a escrita se completa como “s”, a leitura é o “2” (“s2”, entendeu?, ironia).

“Uma palavra escrita é semelhante a uma pérola.” Johann Goethe

“A história é escrita pelos vencedores.” George Orwell

“Uma palavra escrita é a mais fina das relíquias.” Henry David Thoreau

“Uma vida bem escrita é quase tão rara como uma bem vivida.” Thomas Carlyle

É preciso entender a arte da escrita, e escrever diz respeito a regras, até para ser livre exige um comportamento a ser seguido, uma norma, algumas regras. Antes de entrarmos na análise de tipologia textual, é preciso refletir sobre o primeiro processo de escrita primeiro, a gênese.

A primeira avaliação a ser feita, é entender que toda escrita perfaz um sistema chamado de Situação Conversacional. Esse sistema nos ensina que todo emissor (seja aquele que emite pela fala ou pela escrita) precisa transmitir sua mensagem mediante a um código entendível ao receptor (aquele que recebe).

Vamos ilustrar!

Imagem: Divulgação / Google

Imagem: Divulgação / Google

Emissor: também conhecido como primeira pessoa, aquele que emite, aquele que escreve, aquele que fala, aquele que deseja transmitir alguma informação;

Receptor: também conhecido como segunda pessoa, aquele que recebe, aquele que lê, aquele que recebe a informação/conteúdo do emissor;

Mensagem: a informação que se deseja transmitir, o conteúdo;

Código: habilidade linguística, sistema linguística, língua em que a mensagem está fundamentada, língua em que o conteúdo ou informação esteja escrito ou falado;

Contexto: situação ou meio que o diálogo ou a escrita esteja acontecendo, a realidade temporal e geográfica;

Contextualizando esse conteúdo a nossa reflexão, todo emissor é escritor, e para escrever é preciso entender esse sistema básico, a escrita deve estar fundamentada em um código entendível ao leitor para que, ao ser lido, seja compreendido. Por exemplo, o emissor deste ensaio é o Gustavo Machado, o receptor é você leitor, a mensagem a ser transmitida é a respeito da prática da escrita e o código a qual está fundamentada é a Língua Portuguesa.

Simples, não é?

Antes de escrever qualquer palavra, qualquer texto, é preciso ter em mente esse sistema. Qual público quero alcançar? Qual mensagem quero transmitir?

Após refletirmos e encontrarmos as respostas para estes primeiros passos, pode-se avançar e perscrutar tudo aquilo que sua imaginação lhe permite.