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Resenha: A Ira dos Anjos, Sidney Sheldon

“Mas estava olhando para o passado, tentando compreender quando foi que o riso morrera.”

Indignação, raiva, medo, dor, admiração, surpresa. Estas palavras definem o que você poderá sentir ao ler esta obra de Sidney Sheldon. Aliás, a mistura de sensações é emoções é uma marca registrada do autor. Em A Ira dos Anjos, Sheldon nos apresenta Jennifer Parker, uma advogada recém-formada que tinha tudo para se tornar uma profissional espetacular, todavia vê seus sonhos e planos irem por água abaixo em seu primeiro julgamento como assistente do promotor distrital de Nova York, ao cair em uma cilada.

O início do livro nos traz o julgamento de Michael Moretti, genro do chefe da maior família da máfia americana, Antonio Granelli. Robert Di Silva, promotor distrital de Nova York, reuniu provas contundentes para incriminar Moretti e mandá-lo para a cadeira elétrica. Tudo foi cuidadosamente preparada para que não houvesse nenhum risco de erros, mas, no dia em que uma testemunha, Camilo Stella, iria depor contra Moretti, Jennifer estava em seu primeiro dia de trabalho e, vítima de uma cilada, acaba por fazer com que o processo fosse anulado. Ela é acusada e passa por investigações e tem o risco de ser sua licença cassada, mas Adam Warner, advogado, acredita na integridade e a declara inocente, reacendendo na jovem a chama da esperança.

A forma como a protagonista consegue se reerguer é impressionante e inspiradora. Cada processo pequeno que chega em suas mãos, ela não mede esforços e empenha todo o seu conhecimento para ganhar. Assim, chega em um momento em que ela se torna uma referência e ninguém mais é capaz de desconfiar do seu potencial. Para aqueles casos grandes e difíceis, todos sabem que só havia uma pessoa capaz de resolver: Jennifer Parker. Mas não pense que ela ficou livre de Moretti e Di Silva: eles ainda irão se cruzar várias vezes e a trajetória de Jennifer nos trará reviravoltas inimagináveis.

Bem longe de ser uma história de superação, o livro já nos traz um título bem sugestivo: A Ira dos Anjos. Jennifer, mesmo ingênua e lutando diariamente para se reerguer, não esconde a raiva que sente. Ainda que não estejam descritos na trama, através das atitudes e palavras da protagonista é possível sentir sua ira.

Mais um clássico de Sheldon, cheio de emoção e que irá te prender do início ao fim.  Um livro que joga com a verdade, sem piedade.

“Ela estava sozinha. Ao final, todos ficavam sozinhos.”

Até aonde um ser humano é capaz de chegar por dinheiro, poder e status social? Neste livro, Sheldon nos trará, de forma brilhante, a resposta para essa pergunta.

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Resenha: Querido dane-se, Kéfera Buchmann

Desde o anúncio do primeiro livro de ficção da Kéfera, Querido dane-se, fiquei ansioso para conhecer um pouco mais da história e sobre como seria. Eu li o primeiro livro dela, Muito mais que 5inco Minutos, e era uma espécie de manual de instruções misturado com auto-biografia. O que esperar então de uma história concreta, agora? Confesso que fiquei só com mais vontade de ler conforme a divulgação acontecia de maneira BEM pesada, com livreiros lendo, sem saber que eram da atriz, e se surpreendendo com o resultado. Pois bem, encarei. Ontem, assim que acabei minha leitura anterior, prometi que iria começar o livro novo da Kéfera, mas só leria algumas páginas para que eu tivesse o que ler durante a semana, no caminho do trabalho.

Engano meu. Comecei ontem e terminei ontem, incapaz de largar a leitura para saber de uma vez por todas qual seria o destino da protagonista.

Querido dane-se conta a história de Jussara, ou simplesmente, Sara. Uma garota de vinte e seis anos, que acabou a faculdade de moda e trabalha como costureira em um ateliê super chique, daqueles que as socialites visitam quando precisam de roupas de alta costura. Em uma crise de identidade, ela acabou de terminar o namoro de três anos com Henrique, por uma mensagem no WhatsApp. Ou melhor, ele terminou com ela, do nada, sem mais nem menos. Não haviam brigado, muito pelo contrário, se davam super bem e tinham planos para o casamento.

De repente, ela se vê dominada pelo medo de não conseguir realizar nada e ficar para titia. O nome de tia ela já tem. Com quase trinta anos, como ela mesmo se descreve em vários trechos, ainda não conseguiu realizar o sonho de ir para Paris, de abrir o ateliê próprio com sua coleção de roupas, não se encontrou, o namorado a deixou largada às traças e o pior de tudo, sem perspectivas de encontrar o grande amor da sua vida e se casar… Um caos.

Mas tudo sempre pode piorar para aqueles que parecem ter hackeado o Instagram de Jesus Cristo, como Sara. Um dia, sua chefe a chama para uma conversa, em que ela jura que vai ser demitida. Mas não, é uma promoção. Tudo parece correr de maneira perfeita, já que, agora ela trabalhará em tempo integral para Gio Bresser, uma das socialites ricas, famosíssima no Instagram e com um corpo perfeito de quem dorme 2h por dia no formol, e vai ao dermatologista 3 vezes por semana, mesmo no auge dos seus cinquenta anos.

Chegando lá, animada por ter novas experiências, Sara leva um balde de água fria bem no topo da cabeça. Gio tem um namorado novo, Henrique. Seu ex. E para piorar, entre idas e vindas, Sara tem uma recaída e o beija no jardim da patroa. E o balde de água fria se torna um balde de água congelada. Henrique diz que terminou com ela justamente porque Sara não tem condições de bancar o estilo de vida que ele quer.

Sofrendo, e em frangalhos, Sara baixa o Happn e sai em busca de um novo amor. É lá que ela conhece Tiago, depois de se encontrarem em uma situação nada agradável na rua. Ele parece ser o príncipe encantado, que leva vinhos, croissant de queijo pelas manhãs… Mas sempre some por dias. Talvez seja só joguinhos de Aquarianos, né Sara?

Não. Tiago é casado. Há três anos. Sara não dá uma dentro?!

O livro de Kéfera é escrito no formato de um diário, que Sara começou a escrever após recomendação de sua terapeuta para aprender a lidar consigo mesma e para superar Henrique. Com uma linguagem irreverente, é impossível não enxergarmos os tracinhos de Buchmann nas entrelinhas, mas com um argumento totalmente diferente dessa vez. A história é muito bem amarrada, com um epílogo que me surpreendeu, e um pós-epílogo (isso existe?) mais surpreendente ainda. É uma leitura deliciosa, capaz de me tirar gargalhadas (sério, eu nunca tinha lido algo que me fez rir da forma com a qual esse livro fez), e lágrimas já na página seguinte.

É emocionante e me gerou uma identificação repentina. Trata da busca que todos nós fazemos pelos nossos sonhos e por quem nós somos. Mas também faz uma leve crítica ao comodismo e ao fato de que nada nunca está bom, principalmente para a geração Y. Sempre é preciso de mais, o que conquistamos nunca está bom.

Não sei definir se o livro tem um final feliz ou triste, ou se sequer possui um final. Tem uma vírgula aberta para possíveis continuações, mas espero que não o tenha. É delicioso conhecer a história de alguém, sem um início ou fim, só o meio, como conhecemos a de Sara, em uma tarde.

Sério, deixa o preconceito de lado e vá sim, ler o livro da Kéfera! Mudou um pouco a minha visão de certos acontecimentos da minha vida e me fez refletir sobre muitas coisas. Não confunda leveza com falta de profundidade ou irreverência com falta de seriedade e conteúdo. Querido dane-se é uma obra jovem-adulta que trata da nossa geração, só resta aceitar ou surtar…

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Resenha: O lado escuro da madrugada, R. Giacundino

O Lado Escuro da Madrugada é o romance de estreia do autor Roberto Giacundino, cheio de mistério, apuração jornalística e muitas reviravoltas, o livro esbanja elogios.

Se você se interessa por romance policial e jornalismo investigativo esse é o livro ideal para você!

A renomada Sandra Garcia é uma das melhores correspondentes internacionais da atualidade. A jornalista com personalidade marcante busca sempre histórias surpreendentes e não poupa esforços para entregar conteúdo jornalístico de qualidade ao seu público.

Em uma noite de gala no Teatro Municipal de São Paulo, a imprensa e diversos jornalistas participam de uma premiação na área da Comunicação. Mas ninguém esperava que um dos vencedores na área de Publicidade, Evandro Jordel, fosse assassinado.

Sandra com seu faro jornalístico decide investigar o assassinato por conta própria e se depara com uma série de acontecimentos que a todo o tempo tem o objetivo de afastá-la da investigação.

Para isso a âncora da TVG conta com a ajuda do novo diretor de externas, Fábio Guedes, o jovem hacker HD e o irmão da vítima, Simão Jordel. Sandra acredita que por trás do assassinato de Evandro uma gangue de nazistas esteja envolvida, principalmente depois de encontrar uma abotoadura com uma suástica próximo ao corpo da vítima.

O que Sandra não esperava, é uma série de assassinatos interligados e não contava que a sua própria vida estaria em risco.

Em O Lado Escuro da Madrugada, o autor entrega o que o leitor espera, apesar de alguns clichês a história é surpreendente e a todo momento torcemos para que Sandra escape das armadilhas feitas para ela e que o assassino seja capturado.

A história se passa em São Paulo, mas logo no início da história a vida de Sandra é contada, desde sua infância até o momento em que decide estudar na capital. Embora a jornalista seja uma das preferidas do público, ela precisa voltar a sua cidade e fazer as pazes com o seu passado.

Boa leitura!

 

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Resenha: A Herdeira, Kiera Cass

Em A Herdeira, quarto volume da série A Seleção, de Kiera Cass, 20 anos se passaram e vemos America, Maxon e seus quatro filhos governando uma Illéa sem castas. Pela primeira vez em gerações, o herdeiro ao trono é uma mulher, Eadlyn, que se prepara para ser a próxima rainha de Illéa. Mas, como nem tudo são flores, as coisas não saem como Maxon planejava e novos grupos de rebeldes surgem, dessa vez, contra a monarquia. Para distrair o povo, enquanto o rei tenta achar uma solução para os ataques cada vez mais frequentes, Eadlyn se submete à Seleção, e 35 garotos chegam ao castelo para perturbar sua rotina.

Diferente de Maxon, Eadlyn não queria uma Seleção, não queria se casar, e é isso que mostra que a história, realmente, mudou de fase. É uma Seleção totalmente diferente, não só pelo fato de ser uma garota que tem que escolher entre 35 garotos, mas também, porque é uma garota forte, decidida, criada para ser rainha e que não está muito a fim de ter um príncipe consorte (quem casar com ela não será rei porque ninguém pode ter um título maior que o dela… que medo!).

Ás vezes, dá até pena dos garotos (a herdeira sabe ser cruel!), mas também nos comovemos com o medo dela de parecer vulnerável e não ser levada a sério ou, ainda, não encontrar seu amor verdadeiro. Afinal, quem garante que sua alma gêmea foi sorteada e está no castelo? Assim, por pura sorte? Vemos em Eadlyn os nossos próprios medos refletidos, afinal, é sua única chance, não pode haver erros. Quantas vezes não nos sentimos assim? Seja na escolha de um par romântico ou na escolha de um curso na faculdade. Nossa vida foi desde sempre baseadas em escolhas e nos ensinam que sempre colheremos os frutos delas. E se fizermos a escolha errada? Eadlyn nos mostra que até a pessoa mais forte tem medo e que ter medo não é uma fraqueza, mas um sinal que você é humano e que, como todo mundo, deseja ser feliz. Kiera Cass mantém a qualidade da série, nos surpreende com as mudanças e detalhes, emociona e não tem nada de enrolação: tem muita história para ser contada e continua no último volume da série, A Coroa.

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Resenha: Biblioteca das Almas, Ranson Riggs

Há quem diga que o terceiro e último filme sofre de uma maldição, e, portanto será inferior aos dois filmes anteriores. No cinema, temos alguns bons (nem tão bons assim) exemplos, mas aparentemente, essa maldição afeta outras mídias, infelizmente, Biblioteca das Almas é um exemplo claro que essa maldição afeta também a literatura.

Dentre os três livros, esse é o mais decepcionante. Durante a leitura de todos os outros, um conceito fica claro, o poder do Jacob é a super conveniência, pois, diversas vezes conflitos foram resolvidos de forma tola, apenas para dar andamento na história. Como por exemplo, ele e Emma encontrarem o barqueiro aleatoriamente na cidade, quando ao mesmo tempo o barqueiro o esperava há anos. Alguém na Pixar já falava, “coincidências devem colocar o personagem em problemas, não tira-lo”.

O livro tem um ritmo acelerado e isso encaixou bem, não há tempo para discutir, o sentimento de tensão consegue perdurar em alguns momentos. As fotos sem duvidas são um dos grandes atrativos dessa saga, foi algo inovador e usado de forma a dar uma “veracidade” maior, embora uma ou outra foto pareça deslocada demais do contexto, foi com certeza o melhor dos livros.

Ao terminar essa obra, pode-se compará-la a um filme de domingo, daqueles cheios de explosões. Você sabe que ele não é o melhor, e se prestar atenção até encontra alguns erros, mas se deixa levar e ignora tais erros. E como ele tem momentos que poderiam ser melhorados…

O desfecho — e o vilão da história, na verdade — foram deprimentes. A passagem de Caul na caverna é quase que um plágio à cena final do filme Scooby-Doo de 2002, em que o Scooby Loo fica gigante, coincidentemente nesse filme também havia almas em forma de plasma azul!

Outro ponto tremendamente fraco, e até ridículo, foi aquela trupe de crianças atacando uma tropa de homens armados, essa passagem é indigna até mesmo de um livro voltado ao público pré-adolescente escrito sem revisão. A batalha entre acólitos e etéreos era convincente, mas uma turma de crianças e velhinhas avançar contra uns 30 homens armados e ninguém sair mortalmente ferido é bobo demais, a menina que tinha a boca na nuca tinha o que? Uns nove anos? E ainda havia pássaros bicando a cabeça dos soldados e bonequinhos cutucando as botas dos soldados… Que tipo de soldados são esses que não fuzilam essas crianças?

É grupo de garotos guiados por outro garoto montado, flutuando sobre algo invisível, não deve ser algo difícil de mirar. Lembre-se que em outros confrontos contra acólitos durante a saga os desempenhos deles era dignos de cenas dos trapalhões, e no final conseguiram enfrentar uma tropa inteira e sair ilesos, não há supressão de realidade que possa aceitar isso, pois a própria realidade do livro nos levava a entender que era impossível.

Quando Jacob se perguntou sobre seu poder foi um momento engraçado, pois era algo questionável desde o começo, ao menos foi dada uma explicação qualquer para sua super conveniência. A despedida do Jacob foi divertida, pessoalmente gostaria que o autor finalizasse de forma a deixar o Jacob num hospício enquanto jurava que peculiares existiam. Mas um final feliz parecia o melhor para se vender.

Brincar com o tempo sempre é confuso, ao fim algumas dúvidas ainda resistiram, como por exemplo:

— Quando eles estavam em Londres durante um bombardeio, eles não estavam sobre a influência de nenhuma fenda, pois a fenda que eles viviam já tinha sido destruída, portanto qual seria a explicação falar que o futuro continuaria o mesmo (dá a entender que as ymbringnes falavam sobre o futuro ser impossível de ser mudado apenas para controlar as crianças, e isso seria uma mentira muito cruel).

— Se o irmão do Caul tinha sido pego e obrigado a construir o polifendador, Caul não deveria deixar acólitos de guarda ou prender o irmão constantemente na torre, é serio que ele não achou que alguém que poderia ser perigoso para eles ficasse morando livremente a algumas quadras do quartel general do mal seria… Perigoso? Caul definitivamente não conhece o conceito de estratégia.

— O que eles vão fazer com os etéreos restantes?

— Eles deixaram aquele preso no polifendador sofrendo?

— Então tecnicamente a única habilidade restante e aproveitável do Jacob é entrar em fendas?

Em suma, é um livro divertido, mas cheio de confusões, é como um filme trash, você para aproveitar deve desligar o cérebro. Porém, a saga ao todo não é um tempo de leitura totalmente perdido, apenas divertido, mas ainda carrega a maldição do terceiro capitulo. Veja também as nossas resenhas do primeiro e segundo livros.

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Resenha: O Reverso da Medalha, Sidney Sheldon

Kate Blackwell é sinônimo de poder e prosperidade. No mundo dos negócios, ela conseguiu manter a solidez do império financeiro que herdou do pai – uma fortuna construída com a exploração e o comércio de diamantes na África do Sul. Mas luxo e riqueza não são os únicos elementos que fazem parte de sua história – a tragédia também acompanhou a trajetória de quase todos os seus familiares, como um legado de maldição. Agora, ao comemorar 90 anos, Kate é obrigada a lidar com os fantasmas de uma vida de chantagens e assassinatos. Fantasmas de um império fundamentado em pura ambição.

O livro O Reverso da Medalha nos traz um enredo sobre quatro gerações de uma família. A trama é marcada por sentimentos de esperança, amor, ódio e vingança. Nas primeiras páginas, o leitor conhece Kate Blackwell e é levado a viajar profundamente através das memórias dessa mulher dona de um verdadeiro império e que não mediu esforços para conseguir manter seu poder.

O livro é relativamente grande (592 páginas), mas a história é de prender qualquer um. Começa com o personagem Jamie McGregor, um garoto pobre, mas honesto e que sonhava em ser rico para dar melhores condições de vida a sua família. Então, ele sai de sua casa, na Escócia, e embarca para a África do Sul, em busca de diamantes.

O garoto sofreu muito e, logo que chegou na África e teve sua primeira descoberta, fora enganado por Salomon Van Der Merwe e isso fez com que nele crescesse um sentimento de vingança. Jamie conta com a ajuda de Banda, um negro, também empregado de Salomon. Para que o plano de vingança fosse realmente concluído, Jamie engravidou a filha de Salomon, Margareth, e recusou-se a casar com ela. Assim que a criança nasce, Margareth, que ainda tinha sentimentos por Jamie, deixa o filho, Jamie, na casa dele durante uma semana. Quando ela volta, Jamie lhe informa que quer ficar com a criança, mas não queria ficar com Margareth. Ela convence-o a se casar com ela, mas o casamento não se consumava. Jamie não mantinha relações com elas, mas sim com as prostitutas da cidade. Até que, uma noite, ao chegar bêbado em casa, ele dorme com Margareth e, nessa noite, é gerada Kate McGregor.

“Mas é claro que Kate saberia o preço de qualquer homem. Wilde podia estar se referindo a Kate quando falara de alguém que sabia o preço de tudo, mas não conhecia o valor de nada. Tudo sempre fora pela companhia. E a companhia era Kate Blackwell.”

Um dia, o filho do casal é assassinado, Jamie tem um AVC e, agora, Margareth tem o que queria: poderia estar mais perto do marido e cuidar muito bem dele. O tempo passa, Kate cresceu e se tornou teimosa e uma garota que não tolerava sermões. Determinada, fez tudo para que pudesse comandar o império que o pai construíra. Cresceu nutrindo uma paixão pelo braço direito do pai, David Blackwell. Interferiu na vida dele tanto quanto pode, de forma que não havia ninguém ao lado dele que não fosse a própria Kate. Eles casaram-se, mas David morre sem conhecer o filho, Tony.

Durante a narrativa, Sheldon nos mostra que Kate é uma mulher inescrupulosa e que não mede esforços para conseguir o que quer. Interferiu na vida e no casamento de seu filho, Tony, e também das suas netas Eve e Alexandra. Suas netas eram gêmeas que, apesar de fisicamente idênticas, tinham personalidades completamente diferentes e essa descoberta foi um choque para Kate.

A história das gêmeas marca a última parte do livro e nos traz um final surpreendente e trágico. A escrita é espetacular, fazendo com o que o leitor se coloque, de fato, no lugar de cada personagem. Sheldon nos traz personagens fantásticos e únicos e o leitor mantém uma relação de amor e ódio com cada um deles, ora você ama aquele personagem, ora você odeia, principalmente quando se trata da poderosa Kate Blackwell.

Um livro marcado pela ação, reviravoltas, sexualidade e suspense, como é digno de Sidney Sheldon. Vale a pena cada página!

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Resenha: O Morro dos Ventos Uivantes, Emily Brontë

“SE O AMOR DELA MORRESSE, eu arrancaria seu coração do peito e beberia seu sangue.”

O Morro dos Ventos Uivantes, única obra da britânica Emily Brontë, é um dos romances mais bonitos e perturbadores que já existiu. Personagens fortes e intrigantes, Catherine e Heathcliff se tornaram quase como entidades, símbolos do amor intenso que dilacera o coração e sobrevive além do tempo e da morte.

A obra sempre foi bem conhecida, dada que foi escrita em 1847 e, apesar de receber graves críticas no início do século XIX pela intensidade considerada demais para a época, se tornou um clássico inglês e é venerado até hoje, mas ganhou um destaque especial ao ser citado como livro preferido dos personagens Bella e Edward, protagonistas de “Crepúsculo”.

A história se passa no sítio do Morro dos Ventos Uivantes e vemos o jovem Heathcliff, adotado pela família Earnshaw. Ele logo se apaixona por sua irmã adotativa Catherine, mas o amor é impossível dadas suas realidades sociais, ele de origem pobre e visto como alguém que deveria ser grato por ter um teto, e ela, donzela a ser dada em um bom casamento. E é o que acontece. Catherine se casa com um homem de uma grande família de posses, mas Heathcliff não consegue suportar e vai embora. Quando ele retorna, Catherine se vê dividida entre o marido e o novo Heathcliff, agora um cavalheiro desejável. Atormentada em uma crise emocional, ela morre logo após o parto de uma linda menina, o que deixa Heathcliff extremamente abalado e o faz jurar vingança contra todos que impediram seu romance com Catherine.

Eu, particularmente, adorei e consegui o que mais busco em minhas leituras: me transportar para o ambiente, sentir o que os personagens sentem e viver a história. A riqueza de detalhes é impressionante e, apesar de não ser uma história muito complicada e cheia de reviravoltas, nos prende do início ao fim.

Claro que o drama é geral, a dor é intensa e parece que tudo é só sofrimento, mas só posso dizer que vale a pena no final. Recomendo a todos um passeio à cavalo pelas charnecas e uma visitinha ao sítio do Morro dos Ventos Uivantes.

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Resenha: Lembra Aquela Vez, Adam Silvera

Em Lembra Aquela Vez, livro de estreia de Adam Silvera, o autor conta a história de Aaron Soto, um adolescente de 16 anos que vive com sua família e amigos no Bronx, nos Estados Unidos.

Para ele a felicidade parece ser ainda algo bem distante…

O pai do garoto cometeu suicídio na banheira de casa, e semana depois, acreditando ser um um dos motivos que levou o pai a tirar a própria vida, o garoto, tenta se matar, mas sobrevive. A prova disso é uma cicatriz em forma de sorriso em seu punho.

Aaron namora Genevieve, uma garota que adora tintas, arte e pinturas. Ela o apoiou nos momentos mais difíceis. E após uma viagem feita por ela para aprimorar suas habilidades artísticas, Aaron conhece Thomas. Os dois se tornam grandes amigos e constroem uma amizade sincera e pura.

Um misto de sentimentos invade Aaron, pois ele sente que não ama Genevieve como ela merece ser amada e ao mesmo tempo está apaixonado por Thomas, seu melhor amigo, mas é rejeitado por ele.

O garoto do Bronx para lidar com a rejeição de Thomas, o suicídio do pai, a tentativa de tirar a própria vida, e voltar a ser hétero, quer se submeter ao procedimento Leteo, este, que promete apagar memórias.

No entanto, Aaron é vítima daqueles que cresceram junto à ele no bairro, seus “amigos”, e leva uma surra, deixando-o a beira da morte. Aaron, após lapsos de memórias, percebe que de alguma maneira ele já foi submetido ao Leteo, mas para esquecer exatamente o que?

Lembra Aquela Vez, é sobre amor, identidade sexual, aceitação, tolerância, relacionamento, amizade e suicídio. Há uma reviravolta nesta emociante, mas agonizante história.

Porque minha vida não é final triste, mas uma série interminável de começos felizes.

Esperamos que a felicidade seja alcançada por Aaron, assim como por todos nós!

 

Boa leitura!

 

 

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Resenha: Heróis Urbanos

Heróis Urbanos é uma coletânea de contos policiais, publicado pela editora Rocco Jovens Leitores no final de 2016. A proposta é simples: sete histórias que transcrevessem a visão de cada autor sobre heróis comuns. Essa visão pode variar para cada indivíduo. Para alguns podem ser aqueles que preferem agir usando as próprias mãos, alguém que vence na vida ou até mesmo uma louca paixão que te faz encobrir até crimes da pessoa amada. A visão de herói é subjetiva e não uma visão única. A seleção de autores foi muito bem-feita (temos até um conto maravilhoso do Rubem Fonseca). Vamos falar um pouco sobre cada um dos autores e dos contos trazidos, mas tomando o maior cuidado para não estragar a surpresa daqueles que ainda não leram o livro.

Raphael Montes é sem dúvidas o queridinho do Beco Literário. Posso afirmar que é o principal nome da literatura nacional contemporânea – Dias Perfeitos foi traduzido para 18 idiomas, Suicidas se prepara para estrear no cinema e Jantar Perfeito lançado no ano passado já é um best-seller. Foi uma escolha muito boa começar o livro com o conto de “Volnei”, que na realidade não é narrado por ele, mas sim por sua esposa. A história mescla a descoberta de uma traição aliada com um monstro serial-killer que assombra a vizinhança em que tudo se desenrola, o monstro do cadarço. Ao decorrer das páginas, logo notamos que a mulher está prestando depoimento para a polícia e contando sua versão dos fatos, onde somos expostos a um senso de vingança, justiça e ações motivadas pelo o ódio e até onde podemos ir quando estamos cegos de paixão. Como já é tradicional do autor, o final é chocante e inesperado. Nota 5/5.

Luisa Geisler é duas vezes vencedora do Prêmio Sesc De Literatura e finalista do Prêmio Jabuti. Os livros que conquistaram tal façanha foram Contos de Mentira e Quiça, de 2010 e 2011 respectivamente. Seu último lançamento, Luzes de emergência se acenderão automaticamente demonstra expertise de Luisa em contar histórias sem revelar todo seu enredo de forma direta, fazendo isso de uma forma totalmente gradual. Em seu conto publicado em Heróis Urbanos, “Material Escolar”, esta prática de linguagem fica bem evidente. O conto Material Escolar é aquele com o que mais me identifiquei (não que eu seja um criminoso, longe disso), mas por alguns aspectos da personagem principal, Carol. O conto é uma mistura de depoimentos de outras pessoas falando sobre a protagonista, uma transcrição de entrevista com uma psicóloga e cartas de recomendações. Tudo isso amarrado de uma forma coerente. É difícil chegar ao meio do conto sem perceber o que está rolando. Mas talvez seja o objetivo não entregar tudo no final e sim no meio. Carol é uma estudante esforçada, bolsista em uma das mais respeitáveis escolas do Rio de Janeiro, mas aparentemente, a garota esforçada não é ingênua, e sabe o que fazer com o conhecimento que consegue adquirir com tanta facilidade. Vale dizer: a história dela me lembrou muito a Regina George, de Meninas Malvadas. Nota 5/5.

Rubem Fonseca é um autor multifacetado. Suas publicações são sempre rápidas, direta, mas de ainda assim consegue ser sutil. É o responsável pelo livro Mandrake, que originou a série de mesmo nome da HBO. Fonseca traz aqui o conto “Passeio Diurno”, mais curto de todos na compilação. Além disso, é o que leva o tema “Heróis Urbanos” mais à risca. Conta a história de um garoto, que como muitos, cresceu sem pai e tendo que ajudar a família com pequenos trabalhos por aí. Sempre em cima de sua bicicleta, ele se torna um justiceiro da cidade, combatendo crimes e evitando assaltos em duas rodas. Nota 4/5.

Natércia Pontes teve seu primeiro livro de contos publicado em 2003, Copacabana Dreams, que conta suas impressões e histórias de quando morava no tradicional livro carioca. Não conhecia seu trabalho até então, e infelizmente, a primeira impressão não foi como eu esperava. Entenda bem: é o quarto conto do livro até então, e viemos de uma sucessão de contos muito bem feitos e deixam aquele gostinho de quero mais. Mas, “História Lacrimogênia de Jamile” quebrou essa vibe. O conto fala de uma órfã que foge do Nordeste para São Paulo e consegue mudar de vida. Mas, é muito fácil se perder nessa virada de vida, assim como o interesse na história. Nota: 2/5.

Letícia Wierzchowski, romancista com mais de 16 livros já publicados (o mais recente, Travessia terá resenha aqui no Beco nas próximas semanas). É autora do grande sucesso A Casa das Setes Mulheres, publicado em 2002 e adaptado em forma de minissérie pela Rede Globo. Aqui, temos a mais leve das histórias, “Seu Amor de Volta em Três Dias”. Aqui, o herói é um pai desempregado que precisa cuidar da filha, e para isso, aplica um golpe como pai de santo capaz de trazer amores perdidos. Mas não basta prometer, afinal, é preciso fazer acontecer para poder receber. Os métodos podem ser questionáveis, mas o resultado é bem-sucedido. A história é gostosa e até engraçada, e me lembrou bastante o personagem Pai Helinho, da saudosa novela “Da Cor do Pecado”. Nota 5/5.

Cecília Giannetti é escritora de diversos contos, publicados em livros, jornais, revistas e já atuou como colaboradora de seriados de tv e novelas, como Afinal, o Que Querem As Mulheres e Sete Vidas. Trazendo aqui “Besouro Azul Entre o Bem e o Mal”, nos aventuramos com uma jovem em busca do irmão perdido no Rio de Janeiro. Ela marca um encontro com um detetive que conheceu através da internet. O irmão, que resolveu sair por aí para combater o crime nos lembra o personagem do conto “Passeio Diurno”. Até agora me pergunto se é o mesmo. Mas aqui o mistério te envolve e te faz querer saber o que se passou com o rapaz. Nota 4/5.

Emiliano Urbim fecha o livro com chave de ouro. Antes, deixe eu explicar: não encontrei muitas informações do autor por aí para apresenta-lo para vocês; talvez seja este seu primeiro conto publicado? Bom, isso não importa. “Da Gravidade e Outras Leis” nos traz de volta aos tempos de colégio, quando éramos rotulados por alguma característica e isso nos acompanhava o resto da vida. Mas todos temos a intenção de mudar de postura no ano seguinte e assumiu uma nova identidade, correto? Pois muito que bem, nosso herói aqui tem essa intenção, mas as coisas não dão muito certo e ele se contenta em mais um ano na mesmice. Até que, por um acaso, ou, por estar no lugar e hora certos, ele passa a ser o herói da cidade, respeitado e querido por todos. A história tem muito de nós nele, entende? Problemas que todos tivemos um dia, a vontade de crescer, de ser melhor do que realmente somos. Eu ao menos, me identifiquei bastante. Nota 5/5.

 

Bom, se formos fazer uma média estelar dos contos, terminamos o livro com uma nota 4 de 5. Para quem não conhece autores nacionais e quer se aventurar por histórias que se passem aqui, “Heróis Urbanos” é a recomendação perfeita. A partir daqui você conhece 7 autores diferentes, com modos muito diferentes um do outro, e depois, é só buscar outros livros ou contos que ele tenha escrito. Eu nunca havia lido nada de Letícia Wierzchowski, por exemplo, e após ler seu conto, comprei dois livros seus que me despertaram interesse.

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Resenha: Juntando os Pedaços, Jennifer Niven

Nesse livro, a vida de dois personagens, opostos na hierarquia social do ensino médio, se cruza, fazendo com que suas inseguranças sejam reveladas. Jack Masselin é um garoto popular e adorado no colégio. Ele tem como regra o fato de nunca se aproximar de ninguém por manter em segredo  doença neurológica rara chamada prosopagnosia –  que o impede de reconhecer rostos. Libby Strout já foi considerada a Garota Mais Gorda da América, e, depois a morte de sua mãe, ficou afastada do ensino médio. Ninguém enxerga Jack atrás de sua máscara social e, tampouco, conseguem ver o que há em Libby além de seu peso e sua história.

Assim,  Jennifer Niven nos apresenta, com uma narrativa em primeira pessoa, o universo de cada um desses personagens, de modo que a cada capítulo temos Libby ou Jack narrando suas questões internas, até seus caminhos se cruzarem. Libby sonha em ser dançarina e, agora, após perder mais de 140 kg, resolveu voltar para o colégio em que estudava antes de sua mãe falecer e suas crises de ansiedade e compulsão alimentar começarem.  Lá, encontra, da pior maneira possível, Jack, o garoto que secretamente não consegue gravar faces, nem mesmo de sua própria família.

A narrativa discute, de uma forma justa, as batalhas que os adolescentes enfrentam para  aceitarem quem realmente são, não só nas duas personagens principais, mas também na vida de pessoas como Caroline Lushamp – a namorada de Jack. Durante a história, ele menciona diversas vezes que espera que a garota doce e tímida com quem ele começou a namorar reapareça, acreditando que ela ainda exista por trás da menina maldosa e fria que mostra ser.  Todos os jovens constroem máscaras para sobreviver ao ensino médio e o livro representa isso em diversos personagens.

As pessoas fazem merdas por vários motivos. Às vezes, são simplesmente pessoas escrotas. Às vezes, outras pessoas fizeram merda com elas e, apesar de não perceberem, tratam os outros como foram tratadas. Às vezes fazem merdas porque estão com medo. Às vezes escolhem fazer merdas com os outros antes que façam merdas com elas.”

Como Jack não reconhece ninguém, se utiliza de “identificadores” para saber qual pessoa está se aproximando, ou seja, o tamanho e a cor do cabelo, o formato do queixo ou do nariz e, até, a altura. Além disso, também se aproveita do fato de sua namorada conhecer todos no colégio e sempre, mesmo sem saber, acabar identificando as pessoas para ele. Dessa forma ele se previne de tornar-se um alvo dentro do colégio, quando sabe que seus próprios amigos são quem zombam dos mais tímidos e fragilizados.

A gordofobia é um tema chave na narrativa, retratado em Libby que sofre diariamente com os comentários que todos parecem querer compartilhar sobre seu peso.  Ela, após todos os acontecimentos desastrosos em sua vida, tornou-se uma menina forte e decidida a lutar para ter o direito de existir livremente. A força da personagem é, talvez, um dos pontos mais bonitos da história.

“Só as pessoas pequenas – pequenas por dentro – não aguentam o fato de alguém ser grande.”

Além disso, a história entra em outros temas como homossexualidade, bullying e conflitos familiares quando, por exemplo, somos apresentados à família de Jack. Por fim, a autora trouxe personagens que não são perfeitos e, por isso, nos identificamos facilmente com suas ações impulsivas carregadas de sentimentos.