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Resenha: Juntando os Pedaços, Jennifer Niven

Nesse livro, a vida de dois personagens, opostos na hierarquia social do ensino médio, se cruza, fazendo com que suas inseguranças sejam reveladas. Jack Masselin é um garoto popular e adorado no colégio. Ele tem como regra o fato de nunca se aproximar de ninguém por manter em segredo  doença neurológica rara chamada prosopagnosia –  que o impede de reconhecer rostos. Libby Strout já foi considerada a Garota Mais Gorda da América, e, depois a morte de sua mãe, ficou afastada do ensino médio. Ninguém enxerga Jack atrás de sua máscara social e, tampouco, conseguem ver o que há em Libby além de seu peso e sua história.

Assim,  Jennifer Niven nos apresenta, com uma narrativa em primeira pessoa, o universo de cada um desses personagens, de modo que a cada capítulo temos Libby ou Jack narrando suas questões internas, até seus caminhos se cruzarem. Libby sonha em ser dançarina e, agora, após perder mais de 140 kg, resolveu voltar para o colégio em que estudava antes de sua mãe falecer e suas crises de ansiedade e compulsão alimentar começarem.  Lá, encontra, da pior maneira possível, Jack, o garoto que secretamente não consegue gravar faces, nem mesmo de sua própria família.

A narrativa discute, de uma forma justa, as batalhas que os adolescentes enfrentam para  aceitarem quem realmente são, não só nas duas personagens principais, mas também na vida de pessoas como Caroline Lushamp – a namorada de Jack. Durante a história, ele menciona diversas vezes que espera que a garota doce e tímida com quem ele começou a namorar reapareça, acreditando que ela ainda exista por trás da menina maldosa e fria que mostra ser.  Todos os jovens constroem máscaras para sobreviver ao ensino médio e o livro representa isso em diversos personagens.

As pessoas fazem merdas por vários motivos. Às vezes, são simplesmente pessoas escrotas. Às vezes, outras pessoas fizeram merda com elas e, apesar de não perceberem, tratam os outros como foram tratadas. Às vezes fazem merdas porque estão com medo. Às vezes escolhem fazer merdas com os outros antes que façam merdas com elas.”

Como Jack não reconhece ninguém, se utiliza de “identificadores” para saber qual pessoa está se aproximando, ou seja, o tamanho e a cor do cabelo, o formato do queixo ou do nariz e, até, a altura. Além disso, também se aproveita do fato de sua namorada conhecer todos no colégio e sempre, mesmo sem saber, acabar identificando as pessoas para ele. Dessa forma ele se previne de tornar-se um alvo dentro do colégio, quando sabe que seus próprios amigos são quem zombam dos mais tímidos e fragilizados.

A gordofobia é um tema chave na narrativa, retratado em Libby que sofre diariamente com os comentários que todos parecem querer compartilhar sobre seu peso.  Ela, após todos os acontecimentos desastrosos em sua vida, tornou-se uma menina forte e decidida a lutar para ter o direito de existir livremente. A força da personagem é, talvez, um dos pontos mais bonitos da história.

“Só as pessoas pequenas – pequenas por dentro – não aguentam o fato de alguém ser grande.”

Além disso, a história entra em outros temas como homossexualidade, bullying e conflitos familiares quando, por exemplo, somos apresentados à família de Jack. Por fim, a autora trouxe personagens que não são perfeitos e, por isso, nos identificamos facilmente com suas ações impulsivas carregadas de sentimentos.

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4 comentários

  • Responder Alguém Ninguém 04/05/20 em 00:21

    Alguém gosta de vocês.

  • Responder yasmin 20/02/20 em 21:25

    Esse livro na minha opinião foi perfeito, eu tinha lido o outro livro dela “por lugares incríveis” e nos 2 eu pude perceber que ela não foge desses temas mais “polêmicos”. Com esse livro eu me identifiquei com algumas partes não necessariamente boas, mas o que eu quero retratar mesmo é que, o livro ele te mostra que a vida é bonita mesmo com todos os seus problemas, que não importa como você é, a cor do seu cabelo, seu peso, nem nada, você é perfeito do seu jeitinho, que o amor existe sim! E todos nos temos ou teremos um Jack.

  • Responder Gabriela Sávio 21/11/17 em 21:27

    Amo esse livro!

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