Como neste mês foi comemorado, no dia 10, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, deixo aqui 3 livros, de muitos, que são alguns dos melhores da literatura portuguesa. Uns intemporais e outros de grande sucesso.
Porque não começar por este tão aclamado livro que retrata a história de Portugal, e além disso neste dia também é comemorado o dia de Camões. Os Lusíadas é uma poesia épica, considerada epopeia portuguesa. Dá-nos a conhecer a viagem de Vasco da Gama até á Índia, onde enfrentam grandes perigos, inimigos e deuses. Também fala-nos de grandes histórias de Portugal, que Vasco da Gama contou ao Rei de Melinde. Esta é uma obra que demora “três vezes mais” para ser compreendida, por isso é necessária muita atenção aos detalhes.
Os Maias encerra uma crónica de costumes, retratando, com rigor fotográfico e muito humor, a sociedade lisboeta da segunda metade do século XIX. Publicado em 1888, e uma das mais importantes obras de toda a literatura portuguesa. É um romance realista (e naturalista), onde não faltam o fatalismo, a análise social, as peripécias e a catástrofe próprios do enredo passional.
A obra ocupa-se da história de uma família (Maia) ao longo de três gerações, centrando-se depois na última geração e dando relevo aos amores incestuosos de Carlos da Maia e Maria Eduarda.
Mas a história é também um critica á sociedade do país em que o autor vivia
Amor de Perdição é uma novela , escrita em 1861 e publicada em 1862. É considerada a obra principal de Camilo Castelo Branco, e uma das mais importantes durante a fase do Romantismo em Portugal. É uma obra equilibrada, com enredo conciso, sem episódios dispersivos, sem um número excessivo de personagens, quase sem considerações do autor, com uma linguagem adequada, substancialmente romântica, na correspondência trocada entre Simão e Teresa, mas saborosamente popular em João da Cruz, franca, viva, cheia de conceitos populares, e, por outro lado, intencionalmente irónica, caricatural, entre as freiras do convento.
A TAG de hoje é sobre as 5 melhores personagens femininas da literatura. Claro que é muito difícil listar somente 5, já que, cada vez mais, as mulheres vêm lutando pelo seu protagonismo, o que não é diferente nos livros. Porém, podemos dizer que essas 5 personagens iniciam uma lista infinita de mulheres fortes, independentes e aquém aos padrões ditados pela sociedade.
1 – Aurélia Camargo (Senhora, de José de Alencar)
Aurélia é a protagonista de Senhora, um livro de José de Alencar, publicado em 1874. Na trama, Aurélia era filha de uma costureira pobre e se apaixona por Fernando Seixas, um homem ambicioso que a despreza por querer se casar com uma mulher rica. Com a morte da mãe e uma herança inesperada do avô, Aurélia ascende de classe social e atrai novamente a atenção de Fernando. Com isso, ela propõe um acordo em forma de vingança: um casamento arranjado em troca do dinheiro que ele tanto queria. Assim, ela deixa bem claro o tempo todo que o está comprando, porém, o sentimento não some e Aurélia sofre bastante com sua própria vingança antes do final feliz.
O que coloca Aurélia em primeiro lugar é a sua personalidade forte e o papel que ela desempenha na história. Ao observarmos o contexto, a sociedade carioca do século XIX, não acha-se muito comum uma moça jovem e sozinha agir assim com tanta incisão e firmeza, administrando seus próprios negócios e até comprando seu próprio marido. Aurélia pode ser claramente vista como uma mulher feminista que, apesar de sofrer as consequências de seu próprio plano de vingança, age como tal para se posicionar como dona de si e contra a hipocrisia da sociedade da época.
2 – Capitu (Dom Casmurro, de Machado de Assis)
Capitu é a coadjuvante do romance DomCasmurro, de Machado de Assis. Narrada por Bentinho, a história tem como enredo principal seu romance com Capitu que acaba em um casamento cheio de desconfiança com uma possível traição entre Capitu e seu melhor amigo. Afinal, Capitu traiu ou não traiu Bentinho? Ninguém nunca saberá e, talvez, nem o próprio Machado de Assis sabia. Porém, o relevante para esse post é o espírito livre e independente de Capitu que não se deixou abalar pela insegurança de Bentinho, mantendo sua personalidade forte e não cedendo às pressões de uma sociedade machista que a rotulava como “dada” demais para uma moça de família.
3 – Elizabeth Bennett (Orgulho e Preconceito, de Jane Austen)
Chamada de Lizzie pelas irmãs e pela melhor amiga, Elizabeth Bennett não se intimida diante da possibilidade de não receber herança do pai por ser mulher e não encara o casamento como a única coisa que ela deva almejar na vida. OrgulhoePreconceito é um romance de Jane Austen e se passa na antiga Inglaterra, quando as filhas não tinham direito à herança, ou seja, a maior preocupação dos pais era casá-las antes de sua morte, senão, ficavam na rua ou à mercê dos cuidados de outros parentes. A família Bennett tem 5 moças solteiras, então, o desespero exala a cada página.
Ao longo da história, vemos os esforços da mãe em arranjar bons casamentos para as filhas, porém, uma delas, Lizzie, não aceita muito bem essa história. Voluntariosa, inteligente, curiosa e leitora voraz, Lizzie não se importa com a postura, etiqueta, bailes e sua posição na sociedade. Ela também não se importa se terá direito a herança ou não, não tendo medo do trabalho e em ter que se cuidar sozinha. A única coisa com que Elizabeth Bennett se importa é se manter dona de si mesma, não aceitando de forma alguma se vender para qualquer um em troca de dinheiro e posição social. Quem leu o livro sabe que ela conhece o Mr. Darcy e que, depois de muitas brigas e desentendimentos, ele se mostra digno de se casar com ela e é aceito, porém, sempre é deixado bem claro que ele nunca seria seu dono e nunca a diria o que fazer.
4 – Gabriela da Silva (Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado)
Gabriela da Silva é uma sertaneja que migra do agreste baiano para Ilhéus em 1925 em busca de trabalho e uma vida melhor. É levada pelo árabe Nacib até seu bar e assume a cozinha como cozinheira, já que sabe usar bem os temperos baianos. Logo, chama a atenção de todos os homens da região por ter a cor da canela, o cheiro do cravo e uma beleza e sensualidade sem igual. O próprio Nacib não resiste e, após um tempo mantendo relações com Gabriela, resolve casar com ela, porém, a moça não cede às obrigações e costumes da época para uma mulher casada, já que sempre foi fiel aos seus desejos e vontades.
Após Gabriela ser flagrada na cama com outro, Nacib anula o casamento, mas a mantém como cozinheira e amante como antes, se conformando com a situação e aceitando o espírito livre de Gabriela, que é quem personifica as transformações de uma sociedade patriarcal, arcaica e autoritária em pleno nordeste brasileiro.
5 – Luna Lovegood (Harry Potter e o cálice de fogo, de J.K. Rowling)
Luna Lovegood é uma personagem da saga britânica HarryPotter que inicia sua jornada no quarto volume da série. Filha de Xenofílio Lovegood, autor da revista O Pasquim, e órfã de mãe, Luna está nesta lista por uma característica muito peculiar: ela não se importa com o que pensam sobre ela. Apesar de ser uma característica simples e parecer até “bonitinho” em uma história escrita originalmente para crianças, Luna nos traz uma lição que vai muito além disso.
Em algumas partes da história, vemos Luna sofrer bullying por agir diferente dos outros alunos. Ouvimos as risadas, vemos o revirar de olhos, o desconforto de alguns ao redor… Luna acredita em seres místicos que, apesar da trama fantasiosa, não existem no mundo mágico de Harry Potter, como uma criança que acredita no Papai Noel ou na Fada do Dente. Luna se veste como acha melhor e mais confortável, apesar de usar certos acessórios que não vemos as outras meninas de sua idade usarem. Luna dança conforme sente a música, mesmo que isso signifique dançar diferente de todo mundo ao redor. Enfim, Luna Lovegood é feliz e satisfeita em ser quem é, não se importando nunca e nem um pouco com o que pensam sobre ela.
A mensagem que isso passa para as meninas que assistem a saga é maravilhoso, afinal, o que mais temos na nossa sociedade é a pressão em seguir o padrão e a eterna frustração de nunca alcançar esse padrão. Seja pelo corpo perfeito, a personalidade perfeita, a inteligência perfeita… Se, assim como a Luna, nos importássemos mais com quem somos e o que gostamos, e menos com o que pensam que devemos ser, seríamos muito mais felizes.
A Estrela Cultural, editora que surgiu no mercado editorial em 2018, vem lançando uma série de obras nacionais voltadas para o público infantil. Agora, a editora apresenta seu mais novo lançamento, a obra Monstronário – Monstros e assombrações do Brasil de A a Z, escrita pela jornalista Lúcia Tulchinski, com ilustração de Alexandre Carvalho.
Nesse final de semana, fomos até a Livraria da Vila, no Pátio Batel Curitiba, onde acompanhamos o lançamento do livro e tivemos a oportunidade de conversar um pouco com a autora. Continue lendo para conferir:
Beco Literário: Muito bom participar do lançamento da sua obra, Lúcia. Para começar, nos fale um pouco sobre você.
Bom, sou nascida em Campo Grande, mas criada em Curitiba. Eu me formei em Jornalismo, pela Universidade Federal do Paraná, e sempre tive um gosto pelos livros. Já trabalhei em TV e em alguns outros veículos, mas fui para São Paulo em busca de outros caminhos e foi lá que descobri essa minha veia literária. Desde então tenho trabalhado em obras voltadas ao público infantil, já tendo publicado nove livros pela Editora Scipione. São todas histórias lúdicas, com contos, fábulas e adaptações – como As Viagens de Gulliver e o Mágico de OZ.
BL: E o que pode nos falar sobre seu novo lançamento?
É um guia com 37 monstros do folclore brasileiro. Eles estão em ordem, de A-Z, e estão todos ilustrados pelo Alexandre Carvalho. A ideia é ser algo bastante lúdico mesmo e mais puxado para o humor, voltado para as crianças – nada como um dicionário oficial ou coisa do tipo. O intuito é proporcionar esse contato com o folclore nacional de uma forma lúdica.
BL: Como uma autora do público infantil, como você encara o desafio da literatura em competir com tantas outras formas de entretenimento? Hoje é mais difícil fazer as crianças se interessarem pela leitura, sendo tão bombardeadas com conteúdo na tv, na internet, no cinema etc?
Eu sou otimista. Acho que tem muitas coisas legais acontecendo, como os diversos clubes de leitura que estão crescendo pelo país! Acho que tem muitos pais que incentivam a leitura dos filhos, que trazem para ter autógrafos, que compram livros. São pais conscientes do poder da leitura. Além da escola, que está sempre inserindo a leitura – e que também possuem projetos muitos lúdicos voltados para a leitura.
BL: Então, você confia que ainda tem espaço para trabalhar com os livros entre as crianças?
Tem muitas editoras fazendo isso, a própria Estrela está há dois anos no mercado e já está cheia de títulos. Tem tantos eventos literários, sempre lotados, feiras, piqueniques literários, caravanas do livro, até mesmo a própria Bienal. Em todo lugar têm pessoas trabalhando com literatura de uma forma lúdica, alegre e descontraída.
BL: Nós do Beco sabemos como é importante incentivar a leitura no país. Seu livro também tem o desafio de incentivar a cultura folclórica brasileira, como você entende esse papel do autor nacional?
É um papel importante de quem trabalha com o livro, temos que ensinar a celebrar essa miscigenação – essa composição de culturas que formam o Brasil. Somos frutos de diversas influencias e precisamos celebrar isso de uma forma alegre, saudável, lúdica e criativa. Sou muito fã disso.
Sobre a obra:
Monstronário – Monstros e assombrações do Brasil de A a Z apresenta seres como Bicho-Papão, Tutu Marambá, Pisadeira, Quibungo e Lobisomem. Nas 37 páginas da obra, eles desfilam seus adoráveis trejeitos assustadores de forma lúdica e divertida. Definitivamente, Monstronário possui um repertório único, no qual o fantástico convive com o popular, traduzindo de maneira dinâmica, para os pequenos, nossa imensa riqueza cultural.
Nas páginas desse guia, personagens do folclore brasileiro desfilam seus adoráveis trejeitos assustadores de forma bem-humorada. Um repertório único, no qual o fantástico convive com o popular, traduzindo nessa imensa riqueza cultural. Dizem que eles vivem apenas na imaginação daqueles que adoram contar causos, mas quem pode garantir?
Ficha técnica:
Título: Monstronário – Monstros e assombrações do Brasil de A a Z
Indicação: A partir de 6 anos
Autoria: Lúcia Tulchinski
Ilustração: Alexandre Carvalho
Temas transversais: Folclore
ISBN: 978-85-45559-67-2
Páginas: 84
Preço: 49,90
Para conhecer mais da autora, você pode visitar seus perfis no Facebook e no Instagram. Ou, se quiser adquirir o livro, pode procurar em livrarias e lojas como a Amazon.
“Você ousa sonhar?”. Foi essa a pergunta que Isa Gama, natural de Três Corações (MG), se fez quando foi conhecer a Tailândia e, ao se encantar, decidiu ficar de vez. Depois de quase dois anos no país, Gama lança seu primeiro livro, batizado como “Você ousa sonhar?” – em referência a um vídeo que a instigou durante essa decisão – com tiragem de 200 exemplares e edição independente. Na publicação, a mineira narra suas aventuras, entre alegrias e percalços, nesse biênio e ainda descreve outras experiências, como um mochilão na Europa. No dia 4 de maio, Isa lança a obra no Café Com Letras (Rua Antônio de Albuquerque, 781, Savassi), a partir das 17h. A entrada é gratuita.
Formada em engenharia civil, Isa Gama, que residia em Belo Horizonte, foi passar 20 dias para conhecer o país do sudeste asiático com passagem de ida e volta. Ao aterrissar, foi completamente tomada pela energia tailandesa e decidiu ficar. “Queria ter novas experiências, sair da zona de conforto, crescer pessoalmente e profissionalmente. Tinha muitas dúvidas sobre quem eu era e o que realmente desejava para minha vida. Como sempre gostei de desafios, embarquei em mais um”, afirma. Essa coragem rendeu bons frutos, entre eles, a primeira publicação, que pode ser comprada pelo site Engenheira Sem Fronteiras.
“Você ousa sonhar?” traz à tona a jornada de Isa, que criou uma startup “do zero” – a Tours Phi Phi – como um meio de empreender e se manter no novo destino. “Comecei com as ferramentas que eu tinha à mão: um celular, um caderninho e uma caneta”, conta. Entre os clientes atendidos por lá, ela cita Paulinho Vilhena e Rosana Hermann.
Hoje residente em São Paulo, cidade escolhida após a temporada asiática, Isa Gama está articulada e, no dia 27 de abril, dará uma palestra no “I Encontro Brasileiro de Mulheres Viajantes”, que acontece no Leques Brasil Hotel (Rua São Joaquim, 216, Liberdade, São Paulo).
Sobre a virada de jogo, a autora comenta que “uma vontade de mudar radicalmente e completamente de vida” a motivou. O livro é também uma consolidação dessa rota que ela tomou como “norte” e elucida momentos que foram cruciais para elaborar esse novo caminho.
“Você ousa sonhar?” traz elementos de empreendedorismo, como muitos livros nas prateleiras de negócios, porém com um viés de aventura, permeado por suas andanças em outros países. De onde veio essa ideia de misturar tais elementos? E funcionou?
Sempre tive um sonho de escrever, desde criança. Quando estava na Tailândia, percebi que tinha chegado o momento de tirar essa ideia do papel. Estava com a cabeça fervilhando de insights. Um vídeo foi crucial para me manter nos eixos nos meus momentos mais difíceis. Quando algo acontecia, eu pensava: estou vivendo minha zona de pânico. Depois disso, sonhos irão se realizar. Criei resistência mental e física para continuar. Foi nesse momento que veio a ideia.
Sempre gostei muito de ler sobre empreendedorismo, treinamento da mente, nossos potenciais e a vida de pessoas que realizaram grandes feitos, não apenas na área empresarial. É preciso ter muita determinação para chegar a esses resultados. Atletas, empresários, artistas, profissionais da filantropia, ganhadores do Nobel me inspiram. Nunca tinha escrito antes porque, em geral, começava a falar sobre um assunto e, de repente, mudava de rota. Achava que era falta de foco. Quando desliguei essa chave da minha cabeça, cheguei à seguinte pergunta: quem inventou essa regra que só posso escrever sobre um assunto? Deixei minha imaginação fluir e as ideias vieram. Juntei diários antigos, textos soltos, criei alguns exercícios e provocações. Fluiu.
Muitos associam sair do país e viver uma experiência no exterior como uma “fuga” da realidade. No entanto, você empreendeu durante essa sua saída e trouxe uma nova bagagem de volta, com o perdão do trocadilho. O que você pode dizer para as pessoas que têm esse mesmo desejo?
O que, para alguns, é fuga eu costumo chamar de desafio. Se estou vivendo uma situação muito confortável, fico incomodada. Naturalmente, me movo para a zona de aprendizado. As tais zonas mágica e de pânico eu ainda não conhecia e queria conhecer. Na verdade, quando fui para a Tailândia, não pensei que abriria um negócio lá. Aconteceu.
O que posso dizer para as pessoas é que elas se preparem e estudem. Precisamos acreditar, ter conhecimento e coragem, além de colocar a mão na massa e ter integridade. No meu caso, comecei a empreender na Tailândia sem gastar nada, com um caderninho e um celular. Com o tempo, fui fazendo parcerias e passei a investir mais. Resumindo, prepare-se psicologicamente e em relação à educação.
Como foi o processo de escrita, edição e publicação. Pelo que entendemos, foi tudo feito por você. Quais foram as dificuldades? Você recomendaria a novos escritores?
Foi sofrido. Gostaria de ter escrito muito mais. Se fosse colocar tudo no papel, não terminaria nunca. Tive que deixar muita história de lado. No geral, consegui retratar o que eu gostaria. Mas até finalizar, foi bem trabalhoso. Escrevi, deletei e alterei até chegar à versão final. Em relação à edição, comecei a pesquisar sobre como formatar e diagramar. Fiz tudo: arte da capa, processo nas gráficas, registro no ISBN, o que também é um ato de empreendedorismo. Se prego tanto isso, por que comigo seria diferente? Refleti muito sobre essa questão.
Recomendo que os novos escritores tentem fazer tudo. Há bastante conteúdo online. Escrever é a parte mais difícil. Se você está com o texto pronto, metade do sonho está realizado. Vai deixar morrer pela metade? Atualmente, há tantas maneiras para publicação. Todos que querem escrever devem fazê-lo.
Cite a experiência mais notável e a mais complicada nesse período em que você passou na Tailândia e em outros países.
Se você me fizer essa pergunta daqui a algum tempo, a resposta provavelmente será outra. Hoje as experiências que escolherei citar são: a mais notável foi dar um workshop/palestra em Inglês em uma universidade do Myanmar (antiga Birmânia), um país que até pouco tempo atrás quase não recebia estrangeiros. A mais complicada foi ser internada com dengue hemorrágica no Vietnã.
Como vê o mercado editorial brasileiro para novos autores?
Prefiro enxergar de maneira otimista. Enxergo todos problemas como oportunidades e acredito que há muito a ser explorado. Precisamos de inovação e de incentivo à leitura. É importante termos mais leitores, mas vejo uma curva ascendente. Acredito que o mercado está se reinventando e vai sobreviver a esta fase de transição.
Você cita alguns autores, como Elizabeth Gilbert, e o vídeo “Você ousa sonhar”, que batizou a publicação. O que mais a inspirou?
Tive muitas inspirações diferentes: livros de empreendedores, as vidas de pessoas que admiro, cito alguns no livro. O filme “A Praia”, com Leonardo DiCaprio, gravado na ilha onde morei, e “O diabo veste Prada” também foram referências. O primeiro por eu estar vivendo em uma comunidade de estrangeiros, que foi uma grande saída do mundo que eu estava acostumada, que até então era de bancos, engenharia e corporações. Já o segundo, é porque fiz uma amiga nesse período, ela trabalhava para uma famosa grife europeia e tinha abandonado o mundo fashion para também morar na ilha. Como trabalhamos juntas e ela já estava na ilha há mais tempo, costumava brincar que ela era a minha Miranda e eu era a Andy dela. (risos) Foram muitas inspirações, de vários lugares e fontes. Nesse intervalo, também li muito sobre política, psicologia, relações internacionais, entre vários outros assuntos. Fiz um amigo antropólogo, quem assina meu prefácio e acabei sendo uma referência para a tese de doutorado dele, o que me deixava sempre em sintonia com meu lado acadêmico e “nerd”, que pasmém, descobri que sou um pouco enquanto estava lá.
Quais são os próximos passos?
Escrever um livro gera muita inspiração para novos projetos, portanto, estou abraçando as oportunidades que surgem e que estejam alinhadas ao meu propósito. Uma das atividades que já comecei a fazer é dar palestras sobre temas variados, desde liderança e empreendedorismo até viagens e relacionamentos. Gosto de compartilhar o que aprendi e também de aprender com as experiências e pessoas que cruzam meu caminho. Como sou muito cabeça aberta e gosto de misturar várias áreas diferentes, espero também trabalhar em projetos multidisciplinares e em equipe.
Lançamento |
Data: 4 de maio
Horário: a partir das 17h
Local: Café Com Letras (Rua Antônio de Albuquerque, 781, Savassi – Belo Horizonte, MG)
“Dou um beijo suave no seu nariz, na sua boca e no seu queixo. Depois acomodo meu ouvido em seu peito de novo. Pela primeira vez na vida, escuto absolutamente tudo.”
Ridge Lawson, último capítulo
Oi, Becudos?! Retomei minhas leituras romanescas na última quinzena e afirmo, no nosso espaço de hoje separei uma resenha incrível. Essa é a minha segunda leitura de Hoover e garanto, a cada livro você se apaixona mais pela escrita e narrativa optado pela escritora. Já quero deixar meu carinho para lá de especial a minha grande amiga Sandra Peder por dividir comigo seus livros, já estou com terceiro e depois da semana dedicada a Bienal 2018 estarei postando mais uma resenha de Colleen Hoover. O que disse? Sério? Sim, já joguei [risos], aguardem!
“Talvez um dia” [Maybe Someday, na versão original], possui um deficiente auditivo contracenando como par romântico da personagem principal da obra, Sydney Blake, seu nome é Ridge Lawson e ainda é músico – colider de uma banda bastante conhecida, toca violão e compõe as músicas que fazem sucesso. Sim, Colleen Hoover nos dá esse “tapa na cara”, ou melhor dizendo/escrevendo, um tapa na cara da sociedade ao propor em um de seus livros mais comentados de 2015 nos Estados Unidos, uma personagem diversa, atípica, e faz com que qualquer leitor fique fascinado por ele.
O livro possui trezentos e sessenta e seis páginas divididos em vinte e cinco capítulos. O Foco narrativo esta distribuído entre a personagem traída Sydney e Ridge, o encantador musicista da varanda. As personagens são Sydney, Ridge; Hunter – namorado de Sydney que a trai já nos primeiros dois capítulos do livro; Tori – melhor amiga de Sydney, dividem apartamento e tem um relacionamento escondido com Hunter; Warren – amigo de Ridge; Maggie – namorada de Ridge e outras personagens que circundam os espaços narrativos e contribuem com o seu desenvolvimento.
Os espaços encontrados no livro são o apartamento de Ridge em sua maioria, lugar dos pequenos conflitos e composições de Sydney e Ridge, biblioteca do campus da universidade, lugar onde Sydney trabalha, mas o primeiro conflito se desenvolve no apartamento de Sydney.
A história central de “Talvez um dia” se concentra no triangulo amoroso entre Sydney, Ridge e Maggie. Sydney descobre que está sendo traída pelo namorado Hunter com sua melhor amiga Tori, ao agredir sua companheira de apartamento, encontra refúgio no apartamento de Ridge – seu vizinho do prédio da frente, sempre assistia-o a tocar violão algumas melodias que já tinha escrito letras.
No desenvolvimento da leitura é possível encontrar muitos pequenos conflitos que aproxima o casal “impossível”. É hilário quando Sydney descobre que Ridge é surdo [capítulo2, página 57]:
Eu [Sydney]: Por que não me contou que é surdo?
Ridge: Por que não me contou que escuta?
Ridge se comunica com todos na narrativa por mensagens de celular, chats de redes sociais ou língua de sinais, mas somente Warren, Maggie e Brennan conseguem se comunicar por língua de sinais.
Os dois se aproximam ao compor juntos, Sydney é uma ótima compositora, inclusive salva Ridge de um bloqueio de inspiração. Os dois se tornam bem próximos até acontecer um beijo. Sydney fica arrasada pois não quer se tornar uma Tori e machucar Maggie, até porque as duas se deram muito bem. Em todo o livro, os pensamentos de Sydney em relação a Ridge sempre terminam com um “talvez um dia” – como se questionasse a probabilidade de acontecer algo entre os dois, até mesmo as músicas que compõem retratam o sentimento do casal, a necessidade de se encontrarem e terem a oportunidade de amar e viver esse amor que ao mesmo tempo é avassalador e calmo, fugaz e eterno que cativa a atenção até mesmo de Ridge, um namorado fiel que se encontra divido entre duas mulheres, a personagem Ridge consegue desafiar a Lei Universal do Amor, estar perdidamente apaixonado por duas pessoas que são opostas e ao mesmo tempo iguais, também estão apaixonadas por ele.
Sinceramente, percebi [uma singela opinião de leitor] a ligação entre Ridge e Sydney mais forte e recíproca, não que Maggie não gostasse de Ridge, pelo contrário! Ela é uma ótima namorada e fiel, já que FIDELIDADE é um tema bem discutido no romance, mas é possível perceber que ela está em outra direção, ela sempre está fora da ligação de Ridge.
Mas o fato de Maggie ser doente complica todas as coisas. Complica tudo na verdade. Depois de mais uma série de pequenos conflitos, Maggie lê todas as mensagens de Ridge para Sydney e percebe que não quer mais esse relacionamento, pois Ridge a sufoca com uma proteção exagerada devido a doença e ela quer viver muito mais, ela não quer um namoro restritivo e ofegante.
Não vou relatar a história de como Ridge conheceu Maggie [que é incrível, por sinal!] para te encorajar a ler o livro na íntegra, vale a pena!
Ridge solteiro e Sydney também, não há mais empecilho para viverem esse amor tão avassalador. Em um show onde Ridge está tocando a música que escreveram juntos, o casal decide sentir, viver e amar.
O livro é leve, doce e as personagens te conquistam de uma forma bem singular. Com toda sinceridade do meu coração, tive problemas em ler os últimos capítulos, não queria acabar.
A Verus Editora divulgou a capa de O Amante da Princesa, da autora Larissa Siriani, do maravilhoso Amor Plus Size (confiram a resenha aqui),, e primeira empreitada da autora no mundo dos romances históricos! Confiram a capa (que está maravilhosa) e a sinopse do livro, que será focado na princesa do Brasil, Maria Amélia de Bragança, filha de D. Pedro I:
Imagem: Verus Editora
Maria Amélia de Bragança é princesa do Brasil, prometida a Maximiliano Habsburgo, arquiduque da Áustria. Mas não há nada que ela deseje menos do que esse casamento: como alguém pode querer que ela se case com um homem que nem sequer conhece? O que Amélia não esperava é que seu noivo chegasse ao Palácio das Janelas Verdes, em Lisboa, acompanhado do amigo Klaus Brachmann, um homem charmoso e experiente que se sente compelido a seduzir a princesa apenas pelo prazer da conquista.
Uma viagem inesperada que Maximiliano precisa fazer se mostra a oportunidade perfeita para que Klaus ensine uma coisinha ou outra a Amélia entre quatro paredes… E, conforme o jogo avança, a possibilidade de casamento se torna cada vez mais remota para a princesa, que agora precisa proteger seu coração a todo custo.
O livro já está em pré-venda, e você já pode garantir o seu exemplar nos links abaixo ( lançamento está previsto para o dia 30/04/2018):
Para saber mais sobre O Amante da Princesa, assistam esse vídeo da Larissa, falando mais sobre ele e nos deixando ainda mais ansiosos para tê-lo em mãos:
Amor Plus Size foi um dos meus livros YA preferidos de 2017 e eu estou mais que ansiosa para conferir a escrita da Larissa em um romance histórico (um dos meus gêneros preferidos, inclusive), e ainda mais um romance histórico sobre a história do Brasil! Pode vir O Amante da Princesa!
Hey Becudos! Espero que esteja tudo bem com vocês. No nosso espaço de hoje, reservei para responder uma tag super legal que o Nate, do blog Skull Geek me desafiou. A tag se chama #TagMateriasEscolares:
MATEMÁTICA
(Um livro que a maioria critica.)
R: Dom Casmurro, Machado de Assis (sempre encontro alguns “haters” quando falo sobre ou cito em algum texto, talvez por não gostarem da linguagem ou da temática).
PORTUGUÊS
(Um livro com uma escrita difícil de ser lida.)
R: Ulisses, James Joyce.
BIOLOGIA
(Um livro que tenha animais.)
R: As Crônicas de Nárnia (animais falantes na terra mágica narniana, creio que é o sonho de muitos também).
GEOGRAFIA
(Um livro que se passe em um lugar que você gostaria de conhecer, pode ser fictício).
R: O Senhor dos Anéis (Terra Media, alguém quer ir comigo?)
HISTÓRIA
(Um livro que conte a história real de alguém.)
R: Contos do Esconderijo, Anne Frank.
FÍSICA/QUÍMICA
(Um livro que você leu e não lembra quase nada.)
R: A Herdeira, Sidney Sheldon (socorro!)
ARTE
(A capa mais linda da sua estante.)
R: Pride and Prejudice, Jane Austen (Edição capa dura de luxo da Barnes and Noble).
LITERATURA
(Um livro clássico.)
R: O Morro dos Ventos Uivantes, Emily Brontë.
FILOSOFIA
(Um livro que você ficou refletindo por muito tempo/ um livro com trechos bonitos.)
R: Ensaio sobre a Cegueira, José Saramago.
SOCIOLOGIA
(Um livro que aborda problemas sociais/ crítica de alguma forma a sociedade.)
R: Os Pilares da Terra, Ken Follett.
Fique à vontade para responder e se lembre, nos marque em sua tag! Queremos muito participar e ler quais foram as suas respostas. Um grande abraço!
No próximo sábado (11), a Editora Aleph promove a IV Feira Intergaláctica Aleph, com descontos de 30% a 70% em todos os livros, incluindo lançamentos.
Alguns dos principais nomes da literatura mundial de ficção-científica estão no catálogo da editora, como William Gibson, Philip K. Dick, Isaac Asimov entre outros. E pra quem é fã de Star Wars, a Aleph conta com um bom número publicações sobre a saga, que completou 40 anos em 2017.
Entre as novidades que estarão disponíveis na feira, destaque para a belíssima edição de 50 anos do clássico Andróides Sonham Com Ovelhas Elétricas?, de Philip K. Dick. O livro que inspirou o filme Blade Runner foi relançado em edição de luxo, com capa dura, ilustrações e textos inéditos.
Outro destaque entre os lançamentos é Star Wars: Thrawn, de Timothy Zahn. Talvez o mais famoso personagem do Universo Expandido Star Wars, o grão-almirante Thrawn entrou definitivamente para o cânone da saga, aparecendo na série animada Star Wars Rebels. E ninguém melhor que Timothy Zahn (autor da Trilogia Thrawn, que imortalizou o personagem) para contar as origens do vilão.
Durante o evento vão rolar dois bate-papos. O primeiro deles, com o tema “Personagens Femininas no Universo Star Wars”, terá a participação de Fabiola Forchin, presidente do Conselho Jedi de São Paulo, e Gabi Colicigno, jornalista, pesquisadora e editora do canal literário Who’s Geek, com mediação de Bárbara Prince, editora da Aleph.
Em seguida rola uma conversa sobre “Utopias e distopias: ficção científica e pensamento crítico”, com Nathan Fernandes, editor da revista Galileu, e Kim Dória, coordenador de comunicação da editora Boitempo, mediada por Stéphanie Laís, coordenadora do clube de leitura da Blooks.
Também haverá a palestra “Isso é Muito Black Mirror: Uma Introdução à Ficção Científica”, com Cláudia Fusco, jornalista e mestre em Science Fiction Studies pela Universidade de Liverpool, Inglaterra. A convidada já ministrou aulas na USP, Casa do Saber, YouPix e Museu da Imagem e do Som (MIS).
A IV Feira Intergaláctica da Aleph ficará aberta das 11h às 19h, na sede da editora, em São Paulo. Fica na Rua Henrique Monteiro, 121, em Pinheiros, próximo a estação Faria Lima do Metrô.
Flores não crescem do nada – ou crescem? Para Eleanor, era o mistério que não conseguia responder: qual era o truque daquele jardineiro contratado para cuidar da estufa em sua casa e que transformara o lugar em uma floresta imaginária. Sebastian, o tal estranho, parece um homem como qualquer outro – exceto pelas perguntas desconcertantes que faz, ou pelo fato de que as plantas obedecem seus comandos de maneira muito intrigante…
Já pela sinopse a noveleta A Casa de Vidro da autora Anna Fagundes Martinoconsegue ser enigmática, interessante e diferente dos livros de fantasia atuais.
Imagem: Dame Blanche, Marina Avila
Lançado ano passado pela editora Dame Blanche, e disponível para download gratuito, a noveleta deixa bem claro o objetivo da editora, que é lançar publicações do gênero especulativo, mas de uma maneira inovadora e que não fique presa as velhas formas e clichês; o que foi um alívio para mim, uma leitora ávida de fantasia, mas que estava um pouco decepcionada com o gênero, que vem se apoiando em narrativas pouco originais e muito parecidas umas com as outras. A edição é caprichada e a maravilhosa capa de Marina Avila já dá o tom mágico dessa história encantadora, mas ainda assim agridoce (sim, preparem-se para chorar e se emocionar)!
Imagem: Dame Blanche
ATENÇÃO ALGUNS SPOILERS ABAIXO
Imagem: Dame Blanche
A Casa de Vidropossui uma narrativa poética e muitas vezes onírica, uma escolha mais que inteligente para abordar uma mitologia que lida exatamente com um mundo fantástico que vive entre a realidade e o sonho: o Povo das Fadas e seus seres feéricos. O enredo segue a protagonista Eleanor, uma senhora inglesa que em 1910 recebe uma inesperada visita em sua outrora belíssima casa de vidro: uma jovem chamada Stella, com a estranha habilidade de fazer as flores obedecerem aos seus comandos; a mesma habilidade que o seu amor do passado tinha.
É quando a narrativa volta para o ano de 1868, e na era vitoriana conhecemos a jovem Eleanor que vive em uma belíssima casa de vidro, com uma estufa e jardim maravilhosos, construída apenas para saciar os caprichos de seu pai, Aurelius (a casa é inspirada no Palácio de Cristal de Hyde Park). Eleanor vive como uma princesa aprisionada em um castelo e que perdeu a mãe muito jovem. O falecimento de sua mãe pôs a casa em luto e ela mesma; e, seguindo as convenções da época estava obrigada a usar roupas escuras, um véu negro e ficar dentro de casa. Essa última, Eleanor não obedecia, e preferia sofrer o seu luto no jardim e na estufa que lembravam a sua mãe. Ainda mais que desde que o misterioso novo jardineiro apareceu o jardim voltou a florescer, sendo o contraste belo com a frieza da casa de vidro, trazendo ainda mais lembranças de sua mãe; além de ser um bom refúgio das sufocantes obrigações sociais que uma dama vitoriana tinha que exercer.
“E Eleanor descobriu, para sua raiva, que também era vista da mesma forma. Uma menina tola em seu castelo de vidro, vivendo de tempo emprestado até que um homem, de algum lugar, de algum círculo acima de suas cabeças, viesse e lhe colocasse nos eixos. Alguém que ela não conhecia, contra quem não poderia argumentar, que um dia teria autoridade sobre ela — e que ela teria que carregar como sua mãe carregara Aurelius: em silêncio, o vaso decorado que sustenta a planta.”
O misterioso jardineiro se chamava Sebastian, um homem sem origem conhecida e que parecia não conhecer ou se importar em seguir os costumes e as regras sociais vitorianas, possuindo uma língua ferina que fazia perguntas incisivas e consideradas inapropriadas. Os empregados da casa fofocavam ao redor sobre quem era Sebastian: seria ele do Oriente? Ou era um cigano, ou será que ele era um demônio?! Porém, todos concordavam que desde que ele chegou, a estufa e o jardim voltou a florescer com belíssimas flores. Mas é aí que estava: como floresceu tão rápido? E como a cada dia parecia que mais e mais flores surgiam e com mais cores que antes? Esse era um mistério que intrigava ainda mais Eleanor, que começou a se aproximar de Sebastian para descobrir quem ou o que ele era.
“— Regras demais. Esse mundo de vocês tem regras demais. Como vocês dão conta de lembrar de tudo?”
É assim que Eleanor adentra no mundo mágico e belo dos seres feéricos, e conhece o seu primeiro amor. O enredo vai e volta cronologicamente, indo do passado para o presente e para o futuro; com a jovem e insegura Eleanor em 1868 se apaixonando por Sebastian e conhecendo o mundo onírico e fantasioso das fadas, e em 1910 com a Eleanor adulta e sábia, revendo sua filha Stella e relembrando sobre o seu passado com Sebastian e que era quase como um sonho (o que muitas vezes era mesmo). E uma passagem em 1919, que não darei mais detalhes, pois seria um enorme spoiler!
Anna Fagundes Martino escolheu utilizar a terceira pessoa no passado, para dar um caráter mais de contos de fadas em sua narrativa, e focado em sua personagem principal Eleanor. Então vamos descobrindo aos poucos o que Sebastian é e a mitologia das fadas junto com ela. Como eu disse, a escrita da Anna é poética dando um ar lúdico e onírico, o que faz com que o leitor muitas vezes não saiba o que é real e o que é sonho, assim como a própria Eleanor.
“Em seus sonhos, o dossel de sua cama era uma floresta, glicínias e orquídeas pendendo do teto em cortinas coloridas; os lençóis eram feitos de grama alta e azevinhos pontiagudos, lhe arranhando a pele a ponto de tirar sangue. E em seus delírios, podia jurar que as manchas cor de safira lhe subiam pelas pernas, queimando, arrancando gritos de dor e rugidos dos pulmões carcomidos pelo inferno em seu sangue.”
A história de amor entre Eleanor e Sebastian é linda, doce e principalmente natural, sem as afetações ou clichês dos amores eternos, até porque aqui não está sendo contada a história de um amor eterno e sim de um primeiro amor. E esse é um dos principais pontos de A Casa de Vidro: é uma história de crescimento e de amadurecimento de uma jovem de dezessete anos da era vitoriana, despertando e questionando sua sexualidade e principalmente questionando o seu papel como mulher em uma sociedade patriarcal. O feminismo na narrativa de A Casa de Vidro é um dos pontos altos, e Anna Fagundes Martino soube utilizá-lo exatamente por não ser um discurso panfletário, usando temas feministas de acordo com a trama, e como uma forma de desenvolver a personagem Eleanor. Ela de uma jovem ingênua, insegura e assustada, se torna uma mulher sábia, segura de si e empoderada;, esse empoderamento, lógico, de acordo com o contexto da época.
“— Você disse que viu como humanos fazem filhos. Você viu o que acontece com as mulheres depois que as crianças nascem? Viu como as pessoas as tratam? Viu a humilhação que me espera?! Para o inferno com o seu imperativo!”
“— Gosto muito da minha própria companhia, Mark. Não preciso de plateia.”
Assim como toda trama, o sexo é narrado de forma doce, delicada e poética, mas surpreendentemente natural, e definitivamente é uma das passagens mais lindas da noveleta. No entanto, o que mais me encantou é a forma como a autora abordou a mitologia das fadas: como seres curiosos que transitam entre o seu mundo e o nosso com o intuito de conhecer e se relacionar com os humanos. Não são os seres maléficos das lendas mais antigas, nem as fadinhas cheias de bondade e mágica; são seres com uma profunda curiosidade pelo que é diferente e possuem uma forte ligação com a natureza, e por isso temem o futuro da humanidade. Esse temor vem do fato de que eles sabem que grandes guerras virão: A Primeira Guerra Mundial é sabiamente mencionada, dando um caráter de romance histórico para a noveleta de fantasia. A Guerra que em tese, daria um fim a todas as guerras, mudou complemente a humanidade e sua relação com o que era mágico. Veio o pessimismo moderno e mais uma Grande Guerra Mundial, e a relação da humanidade com a magia e as crenças pagãs foi cada vez mais afastada.
“Você vem me ver quando está dormindo. Todas as noites, você atravessa os sonhos e me encontra aqui. Sua voz não demonstra nenhum nojo, nenhum medo. E seus olhos me encaram como se… Me encaram como se me vissem, como se soubessem o tempo todo que eu sou eu!”
“Do alto de seus dezessete anos, Eleanor tivera medo do futuro que lhe fora apresentado de maneira tão explícita. E medo de desejá-lo na mesma medida de seu pânico, de querer saber como era permanecer dentro daquele abraço, de como seria deixar que aquele calor lhe consumisse até não restar nem mesmo cinzas.”
“— Falo porque humanos são cheios de promessas e declarações, e raramente as cumprem. Amor não é algo que exista por decreto. Nem mesmo entre gente da mesma matriz.”
A Casa de Vidro é um livro poético, agridoce, que conta a história de amadurecimento e a descoberta do primeiro amor em meio a fadas, sonhos e futuros terríveis ,mas que trarão a força necessária para os personagens e mudarão sua forma de enxergar o mundo. Anna Fagundes Martino é uma escritora primorosa que com certeza vou acompanhar, inclusive já estou com a continuação, Um Berço de Heras no kindle, e que também terá resenha aqui no Beco. E a Editora Dame Blanche com certeza é uma editora que devemos ficar de olho em seus lançamentos e suas grandes revelações da literatura fantástica brasileira.
“Tinham sido as plantas que o fizeram reviver depois do inferno. Uma coisa era imaginar, outra era ver: uma coisa era imaginar uma guerra ou uma fada, outra era saber que existiam. As duas revelações lhe foram brutais, mas ao atravessar a brutalidade ele encontrou algum tipo de existência.”
“— Pensam muito em como são fortes e esquecem que são feitos de vidro!
— Oh, Stella… Mas vidro pode ser bem forte!”
Controvérsia. É o que sinto com relação a Eu, você e a garota que vai morrer. Greg Gaines está no último ano do Ensino Médio e seu maior objetivo de vida é passar despercebido e não ser atacado nos corredores. Ele tem um amigo, Earl Jackson, garoto problemático, com uma família muito mais problemática, que compartilham algo em comum: os dois fazem filmes caseiros de gosto meio duvidoso. Você deve estar se perguntando: e quem é essa garota que vai morrer? Pois é, Rachel foi diagnosticada em uma fase terminal de leucemia e todos sabem que ela vai morrer.
A controvérsia começa aí. O título foi feito para ser engraçado, mas não há nada engraçado na história de alguém que vai morrer, mesmo assim, o jogo de palavras ficou legal. Além disso, tudo é narrado pela visão de Greg, como um diário ou algo assim, de forma totalmente informal e cômica (o garoto é meio perturbado rs) e a história não gira ao redor de Rachel e sua doença, mas todas as coisas que isso afetou na vida de Greg e seus dilemas pessoais, ou melhor, suas desgraças pessoais, o que nos faz ter ataques de risos pelo meio da leitura e até nos esquecermos que tem mesmo uma garota que vai morrer.
Quero deixar claro que isso não é um spoiler. Fica claro desde o início que não há esperança para ela, mas isso não importa. O foco está no processo enquanto tudo isso acontece e, como o próprio Greg diz, esse não é um livro de superação, curas milagrosas e amores melosos. Está aí a controvérsia. Apesar de tudo isso, o livro é extremamente engraçado, leve e se mostrou uma leitura muito agradável que voou em dois dias e me fez ter ataques de riso no metrô, o que atraiu alguns olhares desconfiados. Acho estranho como as pessoas não conseguem entender como um livro pode ser prazeroso e divertido. Enfim, não se assustem com o título do livro, a história é legal e nada dramática como tudo faz acreditar.