Entrevista: Holly Black é a rainha de tudo e fala sobre seus gatinhos
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Entrevista: Holly Black é a rainha de tudo e fala sobre seus gatinhos

No último sábado (02), estivemos na Bienal do Livro do Rio de Janeiro para ver com nossos próprios olhos o primeiro final de semana de festa e que de quebra, ainda ia contar com Holly Black, Cassandra Clare, Julia Quinn e muitos outros autores de renome. Se você já esteve em uma, deve saber muito bem como ficam as filas, os corredores, os estandes… Mas isso é papo para outro texto, porque, um dos motivos principais da nossa ida foi Holly Black!

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Particularmente, sou fã da Holly desde criança. Li As Crônicas de Spiderwick na minha primeira infância, era fissurado pelo filme, comecei a escrever sobre fantasia e seres mágicos por conta da história e cheguei a ficar na fila da livraria da minha cidade para comprar o segundo livro da série, A Pedra da Visão. E sim, tive a oportunidade de entrevistar a Holly e conversar com ela por aproximadamente quinze minutos em seu hotel, no Rio de Janeiro, no sábado da Bienal.

Se você é fanboy de fantasia como eu, Holly dispensa apresentações e você pode imaginar como eu estava tremendo da cabeça aos pés e com o inglês todo travado de estar ali, na frente dela. Certo momento até me desculpei falando que estava tentando ser profissional e ela nah, deixa disso! Só posso dizer que Holly superou minhas expectativas. Ela é simpática, fofa, completamente afetuosa, carismática e preocupada com os fãs. Gente como a gente, sabe? Faz questão de estar ali e não só de cumprir agenda.

Para você que ainda não conhece, Holly Black é uma escritora norte-americana que ficou mundialmente famosa após escrever a série de livros As Crônicas de Spiderwick. Ela é uma grande colecionadora de livros raros de folclore e em seus primeiros anos de vida ela morou em uma mansão abandonada em estilo vitoriano com sua mãe, que contava a ela várias estórias de fantasmas e fadas. Seu primeiro livro, Tithe: A Modern Faerie Tale, foi muito bem recebido pela crítica e hoje, é autora best-seller número 1 do New York Times com mais de trinta livros de fantasia para jovens adultos e crianças. Seus livros já foram traduzidos para 32 idiomas e adaptados para o cinema e TV. Hoje, ela vive com o marido e o filho em uma casa que tem uma biblioteca secreta.

Meu horário com a Holly era 15h, no hotel em que ela estava hospedada, no Rio de Janeiro. Cheguei trinta minutos antes do combinado, correndo e esbaforido com medo de não encontrar a portaria, de não me deixarem subir, de algo dar errado (enfim, o ansioso, né?). Deu tudo certo. Cheguei, subi até a sala em que iríamos nos encontrar e esperei alguns minutos. Holly me chama para entrar e me convida para sentar ao seu lado, em uma mesa preta. Estou tremendo.

Faço uma breve apresentação do Beco Literário, conto nossa história e falo de forma enrolada que Beco Literário, em inglês, significa Literally Alley. Penso em porque não escolhi um nome mais fácil porque minha língua trava e minha boca fica seca. Começo conversando, descontraindo o momento, mais por mim que por ela. Na sala, estamos eu e ela na mesa, o Patrik tirando fotos na outra ponta e duas assessoras da Holly no cantinho. Agora vai.

Você pode ouvir a entrevista original, em inglês, acima

Beco Literário: Os livros de “As Crônicas de Spiderwick” completam 20 anos de publicação este ano… (risos) Como você se sente sendo parte da infância de tanta gente? Quer dizer, a gente era criança quando leu pela primeira vez. Eu (Gabu) tinha uns doze anos e agora tenho 26…

Holly Black: É muito especial, mas também muito estranho. Para mim não parece que faz tudo isso de tempo… parece que faz bem menos (risos). Mas, eu aprecio demais quem me acompanha deste então porque eu faço muitas coisas diferentes e uma das coisas mais interessantes sobre isso e que acontece muito comigo é estar em uma sessão de autógrafos e alguém percebe que fui eu que escrevi Spiderwick e eles estão lá por outros livros e dizem “então foi você?” ou o caminho inverso, quando falo que escrevi Spiderwick e as pessoas dizem “você escreveu aquilo?”. Ser a mesma pessoa (que escreveu Spiderwick e O Príncipe Cruel) tem sido uma surpresa em quase toda sessão de autógrafos que eu faço (risos).

BL: Não sei se você já teve a oportunidade de ver o Brasil desde que chegou, mas tem algo aqui que te inspira mais? O que você gostou mais daqui?

Holly: Bom, eu nunca tinha estado aqui, é a minha primeira vez. Eu tive a oportunidade de ver o Rio de Janeiro de helicóptero e é incrível e ver a forma como a floresta avança sobre as pedras e as montanhas… (suspiro). Para mim, parecia musgo e quando eu percebi que de fato eram árvores, uau. Aquelas paisagens vão ficar comigo por muito tempo. O Rio tem uma vista incrível e você se sente em um lugar folclórico.

BL: Sempre quis te perguntar essa aqui (risos). Como o processo de escrita em parceria funciona para você? Você escreveu Magisterium com a Cassie, Spiderwick com o Tony… Quero dizer: você escreve um capítulo, a outra pessoa lê e você escreve o resto… Como funciona?

Holly: Escrever em conjunto funciona de formas diferentes com cada pessoa. Quando eu estava trabalhando com o Tony em Spiderwick, a gente sentava e falava sobre a história. Eu escrevia e ele desenhava. Eu mandava para ele o que eu escrevi, ele me mandava o que desenhou e nós conversávamos em cima disso. Às vezes, ele me mandava um desenho que ele fez, alguma sugestão e falava ‘você pode colocar isso no livro?’, eu respondia ‘ondeeee?’ e ele ‘que tal aqui?’ (risos). Já com a Cassie, a gente escreveu tudo no computador de uma só de nós. E nós passávamos o computador de lá pra cá. Eu escrevia aproximadamente 500 palavras, ela lia e fazia as considerações dela e então, escrevia mais 500 palavras e eu lia e fazia minhas considerações. Não teve nada que nenhuma de nós não tenha feito em conjunto. E isso tudo aconteceu porque todos esses livros foram escritos em apenas um ponto de vista, então tínhamos que ter a mesma voz. Foi muito divertido para mim, eu me permiti fazer muitas brincadeiras que não teria feito normalmente porque eu pensava que se não funcionasse, a Cassie poderia arrumar ou tirar. Eu achei bastante libertador e a Cassie segue perfeitamente o outline (planejamento de acontecimentos de um livro) e eu não sigo… (risos). Então foi maravilhoso porque ela dizia ‘isso precisa acontecer, está no planejamento que precisamos seguir’ e eu respondia ‘então tá, se você diz, vamos seguir o planejamento’ (risos). Mas, eu acho que muito do que a gente pensa sobre escrever em colaboração é sobre o nervosismo do processo, porque nós vamos “bater cabeças” e isso realmente acontece, mas também é a melhor parte da colaboração porque quando você bate cabeça, você encontra uma terceira opção para seguir o caminho, o que uma ou outra pessoa sozinha não conseguiria fazer e você consegue em conjunto. Esse é o tipo de coisa que você não tem quando escreve sozinho. E é isso que eu realmente amo sobre colaborações.

BL: Que conselho você daria para nós escritores que queremos escrever um livro em colaboração?

Holly: Se você vai colaborar, meu conselho para você é: sempre tenha um projeto, que seja o seu projeto, sozinho. Porque você só consegue se regenerar dessa forma. Porque assim você tem algo que você pode tomar todas as decisões por conta própria e dizer é meu, veio da minha cabeça.

BL: Uau! Maravilhosa. (risos em conjunto). Tem uma pergunta que sempre faço para todos os autores – o que você sempre quis responder mas ninguém nunca te perguntou?

Holly: Uau! Essa é difícil mesmo. (risos). A pergunta que eu sempre quis responder é uma que ninguém quer saber a resposta, que seria ‘me conta sobre seus gatos’ (risos) ou ‘me fale sobre sua coleção de planners’. Eu queria muito que me perguntassem sobre isso mas ninguém quer saber… Mas, ‘me conta sobre seus gatos’ é meu top um (risos).

BL: Então… me conta sobre seus gatos?

Holly: Eu tenho um gato sem pelos que se chama Quasit e as pessoas gostam dele de vez em quando. Ele é um adolescente na minha casa, mas é bem amoroso e já aprontou bastante… Eu posto muitas fotos dele. Eu só postei dois vídeos no TikTok na minha vida e ele está em um deles subindo no meu pescoço (risos), porque ele é um garoto estranho. Não vou falar mais sobre meus gatos (risos).

BL: Tenho mais uma pergunta – O que nós podemos esperar para “O Trono do Prisioneiro (The Prisioner’s Throne)”? A sequência de “O Herdeiro Roubado”?

Holly: (suspiro) Ele começa imediatamente após ‘O Herdeiro Roubado’ e nele, nós voltamos para Elfham… (risos misteriosos).

Momentos da entrevista do Beco Literário com a Holly Black

Beco Literário

Com o fim da entrevista, agradeço Holly Black mais uma vez pelo seu tempo e pela oportunidade de nos conhecermos. Agora revelo a ela que na verdade sou um grande fã, mas que tinha que manter o profissionalismo. Ela pergunta meu nome e eu, sem saber falar Gabu em inglês naquela hora, respondo Gabriel. Ela assina meus dois livros com capricho, tira uma foto comigo e ainda grava um video para o Beco Literário, pedindo para eu repetir devagar Beco Literário. É, eu devia mesmo ter escolhido um nome mais fácil.

Por fim, agradeço também a Rô Tavares, da Galera Record e toda sua equipe, pela oportunidade, chance e por todos os arranjos para que esse encontro acontecesse e pela paciência de me explicar (com fotos!) como chegar no hotel. O Gabu de 26 ficou realizado por entrevistar a Holly para o Beco Literário, mas o Gabriel de 12 que sonhava em ser escritor ficou em êxtase por realizar um grande sonho.

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1 comentário

  • Responder Stephanie Ramos 04/09/23 em 13:09

    Eu amei a entrevista, especialmente saber sobre o processo de co-criação porque é muito específico, né? AMEI

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