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Crimes reais brasileiros: O caso Nardoni
Andre Penner e Sérgio Castro
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Crimes reais brasileiros: O caso Nardoni

O ano de 2007 testemunhou um dos crimes mais notórios e controversos do Brasil: o caso Nardoni. A tragédia ocorreu em São Paulo, onde Isabella Nardoni, uma menina de 5 anos, foi defenestrada do sexto andar de um edifício residencial. O que a princípio foi considerado um acidente logo deu lugar a uma investigação minuciosa e a um julgamento que capturou a atenção do público e da mídia. Os culpados pelo assassinato? O pai e a madrasta da menina.

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A investigação

A investigação do caso Nardoni foi conduzida meticulosamente pelas autoridades. O apartamento onde a família morava tornou-se uma cena de crime complexa. A janela do quarto de Isabella estava danificada, o que sugeriu que a queda foi de uma altura considerável. Inicialmente, o casal, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, alegou que uma invasão e um roubo havia ocorrido, mas a falta de evidências sustentáveis para essa versão logo levou a suspeitas mais sérias.

Um elemento central da investigação foi a análise das lesões no corpo de Isabella. Elas eram inconsistentes com uma queda acidental, sugerindo a possibilidade de estrangulamento antes da queda e de machucados realizados dentro do apartamento . A reconstrução da noite do incidente e as declarações conflitantes do casal aumentaram as suspeitas sobre a participação deles na morte da criança.

Perícia do caso Nardoni

O papel da perícia foi fundamental na investigação e no julgamento do caso. Dada a natureza do crime e as circunstâncias nebulosas em torno da morte da criança, a perícia desempenhou um papel crucial em estabelecer os fatos e fornecer evidências sólidas para o julgamento.

O trabalho da perícia incluiu várias áreas de expertise, tais como:

  1. Perícia Criminalística: Peritos em criminalística foram responsáveis pela análise da cena do crime, coletando evidências e documentando detalhes cruciais. Eles examinaram o apartamento onde Isabella caiu e analisaram a janela e quaisquer vestígios que pudessem lançar luz sobre o que realmente aconteceu naquela noite.
  2. Perícia Médico-Legal: Médicos legistas e peritos médicos foram cruciais para determinar a causa da morte de Isabella. Eles conduziram autópsias detalhadas e examinaram o corpo da vítima em busca de lesões que pudessem indicar a natureza da queda e a possibilidade de estrangulamento.
  3. Análise de Provas Científicas: Isso incluiu a análise de amostras de sangue, DNA e outros vestígios encontrados no local do crime e no corpo da vítima. Essas análises foram essenciais para determinar se havia evidências que ligavam os acusados à morte da criança.
  4. Reconstrução da Cena do Crime: Peritos em reconstrução de cena do crime trabalharam para recriar a sequência de eventos que levaram à morte de Isabella. Isso envolveu a análise de testemunhos, evidências físicas e as condições da cena.

Os resultados da perícia foram fundamentais no processo de julgamento do caso. Os peritos conseguiram estabelecer que as lesões encontradas no corpo da vítima eram incompatíveis com uma queda acidental, o que fortaleceu a teoria de que houve estrangulamento antes da queda. Além disso, a análise das evidências deu suporte à ideia de que o casal Nardoni estava envolvido na morte de Isabella.

Julgamento

O julgamento do caso Nardoni foi amplamente divulgado na mídia brasileira. O Ministério Público apresentou um caso sólido contra Alexandre e Anna Carolina, alegando homicídio doloso. O júri, após ouvir depoimentos, examinar provas e considerar as circunstâncias, os declarou culpados, ao som de comemorações em frente ao tribunal e em todo o país.

As penas

Em 27 de março de 2008, o veredicto foi anunciado. Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foram condenados por homicídio doloso, resultando em longas penas de prisão. Alexandre recebeu uma sentença de 31 anos e 1 mês, enquanto Anna Carolina foi condenada a 26 anos e 8 meses de prisão.

Atualmente, Jatobá já cumpre pena em regime aberto, enquanto Nardoni luta para conquistar o mesmo direito (e deve conseguir em pouco tempo).

Homicídio doloso

Homicídio doloso se refere a um tipo de homicídio intencional, no qual o autor do crime age com a intenção de matar a vítima ou com a intenção de causar lesões graves que resultam na morte da vítima. Em outras palavras, no homicídio doloso, o autor age de forma deliberada, consciente e com a intenção de tirar a vida de outra pessoa.

Repercussão midiática do caso Nardoni

O caso Nardoni não se limitou às paredes do tribunal. Tornou-se um evento altamente midiático que envolveu debates intensos em todo o Brasil. A cobertura da mídia focou não apenas nos detalhes do crime, mas também nas questões mais amplas, como a eficácia do sistema judicial e a importância de um julgamento justo. Durante o julgamento, multidões iam para a frente dos tribunais exigir a condenação do casal. A comoção foi tanta, que chegou a ser comparada à final de Copa do Mundo pela mãe de Isabella Nardoni, Ana Carolina Oliveira, que foi proibida de acompanhar o júri.

Hoje em dia

O caso Nardoni continua a ser um dos crimes mais notórios e trágicos do Brasil. Ele destacou a importância de proteger as crianças e garantir que a justiça seja cumprida, independentemente da complexidade e da comoção que possam cercar um caso.

Isabella Nardoni tornou-se um símbolo da necessidade de proteção infantil. O caso também sublinhou a importância da justiça, imparcialidade e respeito pelas leis em um sistema jurídico.

Leitura desproporcional: Resgatando a profundidade na leitura
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Leitura desproporcional: Resgatando a profundidade na leitura

É inegável que vivemos em uma época onde a velocidade e a eficiência são valorizadas como nunca antes. Isso se reflete em todas as esferas de nossas vidas, incluindo a forma como abordamos a leitura. Hoje, vemos uma tendência crescente de pessoas que competem para ler mais rápido, completar pilhas de livros em tempo recorde e ostentar sua capacidade de leitura. Mas será que essa corrida pela quantidade de páginas viradas está custando o verdadeiro valor da leitura?

+ Aprenda a criar uma rotina de leitura para os últimos meses de 2023

Não há dúvidas de que ler é uma atividade enriquecedora e uma ferramenta vital para o aprendizado, a empatia e o crescimento pessoal. No entanto, quando a leitura se torna uma competição desenfreada para devorar um número cada vez maior de livros, podemos nos ver presos em uma armadilha que prejudica nossa compreensão, reflexão e apreciação do conteúdo.

O fenômeno da “leitura desproporcional” é uma realidade com a qual muitos de nós podem se identificar. É quando nossa motivação para ler está mais ligada a bater metas de leitura do que a absorver e refletir sobre o que estamos lendo. Isso ocorre quando começamos a escolher livros com base em seu tamanho, preferindo obras curtas que possamos devorar em uma única sentada…

A ideia de ler muito não é, em si mesma, problemática. A questão está em como realizamos essa leitura. Ler rápido pode ser uma habilidade valiosa em determinados contextos, como em estudos acadêmicos ou na busca por informações específicas. Contudo, quando aplicado indiscriminadamente à literatura e à ficção, pode resultar em uma experiência vazia e superficial.

O grande perigo da leitura desproporcional é a perda da profundidade e da riqueza que os livros podem oferecer. A corrida para virar as páginas pode nos fazer negligenciar a reflexão, a conexão emocional com os personagens e a apreciação da prosa. Os detalhes intrincados, as metáforas bem tecidas e as nuances sutis podem escapar quando nosso foco está apenas na velocidade.

Além disso, essa competição frenética para ler mais rapidamente pode criar uma pressão desnecessária. A leitura deveria ser um prazer, não uma corrida. 

Então, como podemos escapar da armadilha da leitura desproporcional? A resposta está em encontrar um equilíbrio. Em vez de priorizar a quantidade, devemos buscar a qualidade da leitura. Ler de forma deliberada e atenciosa, permitindo-se parar e refletir sobre o que foi lido, pode enriquecer profundamente a experiência.

É importante lembrar que não existe uma fórmula única para ler. Cada pessoa tem seu próprio ritmo e suas próprias razões para ler. Não devemos nos sentir pressionados a competir com os outros, mas sim a nos desafiarmos a crescer através da leitura. Devemos abraçar a diversidade de estilos, gêneros e autores e lembrar que, independentemente do ritmo, o hábito é uma jornada pessoal.

O que significa sonhar com gravidez?
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O que significa sonhar com gravidez?

Os sonhos são janelas para nosso inconsciente, frequentemente transmitindo mensagens através de simbolismos complexos. Sonhar com gravidez é um tema recorrente que pode evocar uma série de emoções e reflexões. Interpretar esses sonhos pode lançar luz sobre seus significados pessoais. Vejamos algumas interpretações comuns de forma geral:

+ Sonhar com dente: O que significa

Sonhar com gravidez:

Sonhar com gravidez frequentemente simboliza um período de renovação em sua vida. Assim como a gravidez marca o início da vida de um novo ser, esses sonhos podem indicar que você está pronto para abraçar oportunidades e desafios. A gravidez é um símbolo de crescimento e mudança. Esse sonho pode refletir um processo de autodescoberta e desenvolvimento pessoal. É um sinal de que você está passando por uma fase de transformação.

Sonhar com amiga ou alguém próxima grávida:

Sonhar com alguém próximo grávida também pode expressar preocupações ou cuidado pela saúde e bem-estar dessa pessoa. É uma manifestação de sua conexão emocional com ela.

Sonhar com perda do bebê:

Esse sonho pode refletir ansiedades sobre a possibilidade de perder algo valioso em sua vida ou o medo de não alcançar um objetivo importante. Perder uma gravidez em sonhos pode representar a necessidade de cuidado e proteção em relação a algo que é precioso para você.

Sonhar com gravidez indesejada:

Sonhar com gravidez indesejada pode ser um chamado para avaliar a direção que sua vida está tomando e considerar cuidadosamente as decisões a serem tomadas. Esse tipo de sonho pode indicar um medo de compromissos não desejados ou responsabilidades que você não se sente preparado para enfrentar.

Sonhar com homem grávido:

Esse sonho pode ser uma metáfora para mudanças significativas ou novas responsabilidades em sua vida. Pode representar a necessidade de enfrentar algo inesperado.

Sonho com gravidez na Bíblia:

A gravidez na Bíblia também pode simbolizar a fertilidade espiritual, renovação e crescimento espiritual. Esses sonhos podem ser interpretados como mensagens espirituais, indicando promessas divinas, bênçãos ou propósitos a serem cumpridos.

Em resumo, sonhar com gravidez pode ter diversos significados, dependendo do contexto pessoal de cada um. É importante considerar as emoções envolvidas no sonho e o contexto da vida para obter uma interpretação mais precisa. Sempre vale a pena refletir sobre esses sonhos e o que eles podem estar tentando comunicar sobre sua jornada pessoal.

Conheça Arsène Lupin, personagem que inspirou a série Lupin da Netflix
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Conheça Arsène Lupin, personagem que inspirou a série Lupin da Netflix

Com o lançamento da terceira temporada de Lupin, em 05 de outubro, um dos personagens mais famosos da França volta às telas para novos mistérios. Arsène Lupin foi criado por Maurice Leblanc como uma resposta ao clássico britânico Sherlock Holmes. Existem mais de vinte obras dedicadas ao criminoso francês.

Ousado, sedutor e divertido, Arsène Lupin é o ladrão mais famoso do início do século XX. Responsável por uma série de crimes misteriosos na França na virada do século XX, o anti-herói mantém um código de honra muito próprio: atormenta os seus oponentes, ridiculariza a burguesia e ajuda os mais fracos. Um Robin Hood muito francês, portanto.

Encarado como a irônica resposta francesa a Sherlock Holmes, “Arsène Lupin: Cavalheiro e Ladrão” é o primeiro livro de uma série de vinte títulos empolgantes que Maurice Leblanc dedicou a Lupin, um dos personagens mais marcantes do gênero policial.

“Arsène Lupin: Cavalheiro e Ladrão” serviu como base para muitas adaptações para o teatro, cinema e televisão. A mais recente sendo a série Lupin da Netflix, agora na terceira temporada, na qual inspira o ladrão de casaca Assane Diop que está decidido a vingar o pai por uma injustiça cometida por uma família abastada, estrelado por Omar Sy no papel principal, Ludivine Sagnier, Clotilde Hesme.

A última adaptação para o cinema foi a versão de 2004 estrelada por Romain Duris, Kristin Scott Thomas, Pascal Greggory e dirigida por Jean-Paul Salomé. Desde a criação do personagem, ele já foi adaptado até mesmo para o cinema alemão e argentino, porém, uma das adaptações mais famosas é o mangá Lupin III, o qual se tornou um anime também bem sucedido posteriormente.

Quem é Arsène Lupin?

Criado em 1905, Lupin tem como marca roubar apenas dos ricos e burgueses, daqueles que acumulam fortuna de maneira suspeita. As aventuras de Arsène Lupin se apoiam na lógica, no raciocínio e na dedução, elementos-chave das clássicas narrativas policiais.

Tanto no livro quanto na série, a arma mais mortífera de Lupin é a perspicácia. Além disso, o personagem possui diversas complexidades, especialmente por trazer o ponto de vista de um anarquista que vive como aristocrata e aborda questões filosóficas e políticas dessa questão.

Nas nove histórias que compõem as primeiras aventuras, o irresistível anti-herói atormenta os seus oponentes, zomba das convenções estabelecidas, ridiculariza a burguesia e ajuda os mais necessitados. Lupin ainda enfrenta um grande detetive inglês, não por acaso chamado Herlock Sholmès, em referência ao personagem de Arthur Conan-Doyle.

Maurice Leblanc foi um escritor e jornalista francês, era filho de um armador naval e trabalhou durante algum tempo na empresa da família, até conseguir estabelecer-se como repórter policial, tendo publicado o seu primeiro livro aos vinte e três anos de idade, um romance psicológico com o título “Une Femme”.

Ele continuou a sua carreira na imprensa durante vinte anos, recolhendo material e compondo lentamente a personagem que o consagrou como escritor. Em 1907, apareceu “Arsène Lupin: Cavalheiro e Ladrão”, livro que trouxe o icônico personagem à tona com  ironia, charme e astúcia.

A Editora Landmark possui uma edição de luxo bilíngue em português e francês de “Arsène Lupin: Cavalheiro e Ladrão”, que apresenta a obra-prima de Maurice Leblanc em uma inédita, resgatando toda as aventuras originais do ladrão astuto e encantador.

Curte fanfics? Então vem conferir essa lista!
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Curte fanfics? Então vem conferir essa lista!

Você já terminou de ler um livro e ficou com a sensação de que a história poderia continuar? É por isso que existem as fanfics! Afinal, quando os autores não querem continuar a narrativa, os leitores dão um jeito de matar a curiosidade e imaginar o que acontece com os personagens.

+ O “bug” da literatura: a revolução das Fanfics

Para as adolescentes que adoram abrir a imaginação para viajar entre as palavras, selecionamos cinco obras que não podem faltar na estante de uma boa fanfiqueira. Entre as indicações estão fanfics sucesso do Wattpad e as fanfics “conforto”, que trazem histórias meigas para viajar na imaginação.

Confira todas as sugestões e escolha sua próxima leitura!

Herdeiro do Império

Envolver-se com Maia Galina era algo arriscado. Bruno soube disso no momento em que descobriu quem era o pai dela. Ele nunca deveria ter colocado meus olhos sobre ela, sua maior conquista e o pior castigo. Os personagens são os inimigos que se amam, mas será que há espaço para um final feliz em meio a toda devastação?

(Autora: Jussara Leal | Editora: Qualis | Onde encontrar: Amazon)

Liz Flores é uma farsa

Liz é uma escritora aspirante, que sonha em ser percebida por uma das melhores agentes literárias do país. Mas, tudo que conseguiu foi se tornar assistente pessoal de Diana Marinho, do departamento de influencers. Quando surge a oportunidade de promoção, Liz recebe a proposta de fingir ser a namorada de Diana para agradar o comitê de diversidade da empresa. Em meio a mentiras e uma rotina exaustiva, ela percebe que a farsa pode custar os resquícios de sua sanidade.

(Autora: Victoria Mendes | Editora: Qualis | Onde encontrar: Qualis)

Mais Safado

Calvin vivia uma vida solitária e rodeada de mulheres, até que conhece a sua nova vizinha: Raissa Magalhães, uma mulher divertida que mexe com seus sentidos. Entre churrascos, tomates e muita safadeza, ele descobre um sentimento que pensava não ser capaz de sentir, a tirar pela promessa feita ao falecido pai: jamais se apaixonar. Mas será que Calvin está pronto para largar seu estilo promíscuo e se dedicar a uma única pessoa?

(Autora: Mila Wander | Editora: Qualis | Onde encontrar: Amazon)

Querida Penelope

Cleo Rodrigues gosta de ter uma vida mediana e estável, mas as coisas começam a sair do controle quando é demitida. Determinada a fazer qualquer coisa para não voltar para a casa dos pais, Cleo topa um trabalho nada mediano: escrever cartas eróticas para figuras do judiciário brasileiro. E o pior, com a ajuda de sua ex-namorada, que regressa para lembrar a Cleo que ser mediano não é tão fácil assim.

(Autora: Arquelana | Editora: Qualis | Onde encontrar: Amazon)

Em todas as gotas de chuva

Em Vila das Íris, uma cidade pacata do interior, duas famílias eram conhecidas por sua intensa e decadente rivalidade no passado. Até que, uma coincidência do destino faz com que Atena Lisboa e Cordélia Salgueiro dividam o mesmo assento em uma viagem de trem que promete refazer um trajeto nostálgico para ambas. Lado a lado, a um banco de distância, é provável que a disputa familiar seja rapidamente banida.

(Autora: Englantine | Editora: Qualis | Onde encontrar: Amazon)

Bifobia: 6 atitudes para combater o preconceito
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Bifobia: 6 atitudes para combater o preconceito

Em um mundo de infinitas cores e possibilidades, o Dia da Visibilidade Bissexual, em 23 de setembro, é a oportunidade de explorar o debate sobre identidade sexual. Esta data não apenas celebra os bissexuais, mas também é um momento para aprender mais sobre a diversidade humana e fortalecer a empatia. Aqui estão algumas dicas e orientações para colocar em prática no combate a bifobia!

+ Como me assumir LGBT para os meus pais?

  1. Conheça a história: Antes de tudo, reserve um tempo para pesquisar um pouco sobre a bissexualidade. Descubra os momentos e as pessoas que moldaram a luta pelos direitos e pela visibilidade da comunidade bissexual. Compreender as raízes do movimento é essencial.
  1. Escute narrativas bissexuais: Leia livros, assista a filmes e ouça músicas que destacam narrativas bissexuais. Consumir esse tipo de literatura, como o livro Por trás dos meus cabelos, da autora Miriam Squeo, ajuda a expandir sua compreensão e empatia pelas experiências daqueles que se identificam como bi.
  1. Amplie o círculo de amizades: Permita-se conectar com pessoas de diferentes, inclusive que tenham orientação sexual diferente da sua. Converse, escute e compartilhe vivencias. Isso ajudará a criar uma atmosfera inclusiva e acolhedora, a qual todos possam compartilhar conhecimentos uns com os outros. 
  1. Combata a bifobia: Infelizmente, a bifobia ainda é uma realidade para muitos bissexuais. Dedique um tempo para compreender os preconceitos e estereótipos associados à bissexualidade. O entendimento dessa questão pode ajudar a combater o estigma.
  1. Seja um aliado ativo: Mesmo que você não se identifique como bissexual, ainda pode ser um aliado ativo. Defenda a igualdade de direitos e respeito para todas as orientações sexuais. Esteja pronto para apoiar e ouvir quando necessário. 
  1. Não julgue a jornada dos outros: Cada pessoa tem sua própria caminhada de autoaceitação. Sobretudo aqueles que se assumem como bi na fase adulta. O importante é acolher, reconhecer que o tempo e o contexto podem influenciar quando alguém se sente pronto para compartilhar a orientação.
Entrevista: Ricardo Martins nos leva em uma jornada pela Itália de norte a sul
Cleverson Nunes
Histórias, Livros, Novidades, Talks

Entrevista: Ricardo Martins nos leva em uma jornada pela Itália de norte a sul

Novo livro do fotógrafo e apresentador Ricardo Martins acompanha os registros pela Península Itálica, dos Pré-Alpes no extremo norte, aos mares do sul

A Itália, uma terra onde o passado e o presente se entrelaçam de maneira fascinante, é um verdadeiro palco de história e cultura que ecoa por todo o mundo. Suas cidades, povoados e vilas, repletos de construções milenares, testemunham a evolução de civilizações ao longo do tempo, deixando uma marca indelével na história não apenas da região, mas também de muitas partes do globo. 

+ Novo livro de Ricardo Martins enfatiza patrimônio cultural e história da Itália

Neste cenário único, onde a tradição e a modernidade coexistem harmoniosamente, encontramos narrativas cativantes, como a aventura do fotógrafo Ricardo Martins que transformou sua viagem pela Itália em um projeto fascinante. Acompanhado pelo diretor de cinema Fabio Tanaka e por Sam, um italiano que se tornou um guia especial durante um mês de exploração, eles mergulharam nas riquezas culturais e paisagens deslumbrantes deste país, capturando momentos que agora fazem parte do projeto “Itália, redescobrindo as influências culturais do Brasil”. 

Beco Literário: Como surgiu a ideia de viajar de motorhome pela Itália e transformar essa experiência em um livro?

Ricardo Martins: A ideia veio de um interesse particular que eu tinha em fotografar a Itália e que meu patrocinador, o grupo italiano Comolatti, apoiou desde o início. Com isso, o motorhome foi estratégico. Com ele, conseguiríamos aproveitar melhor o tempo em cada lugar e nos deslocarmos com mais facilidade, por isso, virou nossa casa móvel por 25 dias.

BL: Como aconteceu a escolha das cidades e lugares que você visitou na Itália durante a viagem?

Ricardo: Montei todo o roteiro e os lugares que eu gostaria de conhecer com um amigo italiano, o Luciano. Depois, o Sam, um amigo de infância dele, se tornou nosso guia e condutor do motorhome. Foi o Sam que inventou estratégias novas para descobrirmos novos lugares, como a cidade de Matera, que não estava no roteiro inicial.

BL: Como foi a experiência de viajar com o diretor de cinema Fabio Tanaka e transformar os bastidores da viagem em uma série de episódios? 

Ricardo: Foi uma experiência fantástica. O Tanaka hoje se tornou um grande amigo e juntos transformamos a viagem em uma série de quatro episódios, algo que eu já queria fazer desde o meu segundo livro. Essa foi a terceira série que eu apresentei e a segunda que eu produzi. Hoje, no total, já temos cinco séries produzidas, duas que já foram lançadas e três que estão vindo por aí… Por isso, hoje vejo a série como um novo produto e foi dessa forma que surgiu a RM Produções, minha editora e produtora.

BL: Você mencionou que a foto do canal principal de Veneza foi uma das suas favoritas. Pode compartilhar mais detalhes sobre essa imagem e por que ela é tão especial para você?

Ricardo: Veneza sempre fez parte do meu imaginário pelos filmes que assistia e matérias na televisão e nas revistas. Quando cheguei, vi que era muito mais do que eu sonhava e foi mágico fotografar ali, com aquela atmosfera e aquela energia.

Entrevista: Ricardo Martins nos leva em uma jornada pela Itália de norte a sul

Ricardo Martins

BL: Tem uma pergunta que sempre faço para todos os entrevistados – o que você sempre quis responder mas ninguém nunca te perguntou?

Ricardo: Tem uma muito íntima minha que é qual é o meu maior medo… E já respondendo, meu maior medo é perder aquela empolgação, aquela magia da fotografia que eu sempre tive, desde criança. Desde que tirei aquela minha primeira fotografia com 10 anos de idade, que apertei aquele botão e aquela felicidade explodiu… Tenho medo de perder isso, perder com o ritmo de trabalho, com a quantidade de trabalho, que isso se torne algo comum e não se torne mais mágico.

BL: No processo de criação das imagens para o livro, você mencionou que buscou ser totalmente autoral. De onde vem as suas influências criativas? Pode explicar como isso influenciou o resultado final?

Ricardo: Sempre fui autodidata, procuro aprender com muita observação e experiências de erros e acertos, sejam eles meus ou de outras pessoas. Minha fotografia é muito instintiva, eu fotografo o que me salta os olhos com emoção e tento levar isso para as páginas dos meus livros e agora, para as séries de TV.

BL: Além de seus livros, você também promove exposições fotográficas. Pode nos contar sobre sua experiência mais recente, a exposição “Uma língua de várias faces” na sede da Unesco em Paris?

Ricardo: Sim, adoro fazer exposições e interagir com o público tentando entender o meu olhar! Essa última aconteceu na sede da Unesco, em Paris, a convite do embaixador Santiago Mourão. Certo dia, acordei às 6h com meu telefone tocando e era o Santiago, dizendo que gostaria do meu trabalho exposto em Paris no dia da comemoração da Língua Portuguesa. Para mim, foi uma honra e um grande reconhecimento.

BL: Você já tem planos para novos projetos após o lançamento deste livro? Pode compartilhar algumas informações sobre eles?

Ricardo: Planos não faltam! Com alguns erros que cometi sendo empresário, entendi que a engrenagem nunca pode parar, então já estou pensando em 2024 e 2025. Os próximos projetos que já estão confirmados e com patrocinadores fechados são: “Amazônia”, “Litoral Brasileiro” e “Os Últimos Filhos da Floresta”, mas ainda não posso dar muitos detalhes sobre eles.

Entrevista: Ricardo Martins nos leva em uma jornada pela Itália de norte a sul

Ricardo Martins

Considerado um dos principais nomes da fotografia de natureza e cultura do país na atualidade, Ricardo Martins é autor e editor de 12 livros, já apresentou e produziu quatro séries passando pelo Pantanal, Amazônia, Itália e litoral brasileiro, onde mostra os bastidores de suas expedições. Desta vez, percorreu toda a Península Itálica, dos Pré-Alpes no extremo norte, aos mares do sul mostrando os contrastes das construções milenares que convivem com situações da modernidade. 

Em 2012, foi honrado com um dos maiores prêmios da literatura brasileira, o Prêmio Jabuti, na categoria de melhor fotografia pela obra A Riqueza de um Vale. Ricardo Martins promove exposições fotográficas divulgando a cultura e as belezas brasileiras no Brasil e no mundo; a última, intitulada  “Uma língua de várias faces”,  aconteceu em Paris na sede da Unesco, em comemoração ao dia da língua portuguesa.

Entrevista: Holly Black é a rainha de tudo e fala sobre seus gatinhos
Beco Literário
Histórias, Livros, Séries, Talks

Entrevista: Holly Black é a rainha de tudo e fala sobre seus gatinhos

No último sábado (02), estivemos na Bienal do Livro do Rio de Janeiro para ver com nossos próprios olhos o primeiro final de semana de festa e que de quebra, ainda ia contar com Holly Black, Cassandra Clare, Julia Quinn e muitos outros autores de renome. Se você já esteve em uma, deve saber muito bem como ficam as filas, os corredores, os estandes… Mas isso é papo para outro texto, porque, um dos motivos principais da nossa ida foi Holly Black!

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Particularmente, sou fã da Holly desde criança. Li As Crônicas de Spiderwick na minha primeira infância, era fissurado pelo filme, comecei a escrever sobre fantasia e seres mágicos por conta da história e cheguei a ficar na fila da livraria da minha cidade para comprar o segundo livro da série, A Pedra da Visão. E sim, tive a oportunidade de entrevistar a Holly e conversar com ela por aproximadamente quinze minutos em seu hotel, no Rio de Janeiro, no sábado da Bienal.

Se você é fanboy de fantasia como eu, Holly dispensa apresentações e você pode imaginar como eu estava tremendo da cabeça aos pés e com o inglês todo travado de estar ali, na frente dela. Certo momento até me desculpei falando que estava tentando ser profissional e ela nah, deixa disso! Só posso dizer que Holly superou minhas expectativas. Ela é simpática, fofa, completamente afetuosa, carismática e preocupada com os fãs. Gente como a gente, sabe? Faz questão de estar ali e não só de cumprir agenda.

Para você que ainda não conhece, Holly Black é uma escritora norte-americana que ficou mundialmente famosa após escrever a série de livros As Crônicas de Spiderwick. Ela é uma grande colecionadora de livros raros de folclore e em seus primeiros anos de vida ela morou em uma mansão abandonada em estilo vitoriano com sua mãe, que contava a ela várias estórias de fantasmas e fadas. Seu primeiro livro, Tithe: A Modern Faerie Tale, foi muito bem recebido pela crítica e hoje, é autora best-seller número 1 do New York Times com mais de trinta livros de fantasia para jovens adultos e crianças. Seus livros já foram traduzidos para 32 idiomas e adaptados para o cinema e TV. Hoje, ela vive com o marido e o filho em uma casa que tem uma biblioteca secreta.

Meu horário com a Holly era 15h, no hotel em que ela estava hospedada, no Rio de Janeiro. Cheguei trinta minutos antes do combinado, correndo e esbaforido com medo de não encontrar a portaria, de não me deixarem subir, de algo dar errado (enfim, o ansioso, né?). Deu tudo certo. Cheguei, subi até a sala em que iríamos nos encontrar e esperei alguns minutos. Holly me chama para entrar e me convida para sentar ao seu lado, em uma mesa preta. Estou tremendo.

Faço uma breve apresentação do Beco Literário, conto nossa história e falo de forma enrolada que Beco Literário, em inglês, significa Literally Alley. Penso em porque não escolhi um nome mais fácil porque minha língua trava e minha boca fica seca. Começo conversando, descontraindo o momento, mais por mim que por ela. Na sala, estamos eu e ela na mesa, o Patrik tirando fotos na outra ponta e duas assessoras da Holly no cantinho. Agora vai.

Você pode ouvir a entrevista original, em inglês, acima

Beco Literário: Os livros de “As Crônicas de Spiderwick” completam 20 anos de publicação este ano… (risos) Como você se sente sendo parte da infância de tanta gente? Quer dizer, a gente era criança quando leu pela primeira vez. Eu (Gabu) tinha uns doze anos e agora tenho 26…

Holly Black: É muito especial, mas também muito estranho. Para mim não parece que faz tudo isso de tempo… parece que faz bem menos (risos). Mas, eu aprecio demais quem me acompanha deste então porque eu faço muitas coisas diferentes e uma das coisas mais interessantes sobre isso e que acontece muito comigo é estar em uma sessão de autógrafos e alguém percebe que fui eu que escrevi Spiderwick e eles estão lá por outros livros e dizem “então foi você?” ou o caminho inverso, quando falo que escrevi Spiderwick e as pessoas dizem “você escreveu aquilo?”. Ser a mesma pessoa (que escreveu Spiderwick e O Príncipe Cruel) tem sido uma surpresa em quase toda sessão de autógrafos que eu faço (risos).

BL: Não sei se você já teve a oportunidade de ver o Brasil desde que chegou, mas tem algo aqui que te inspira mais? O que você gostou mais daqui?

Holly: Bom, eu nunca tinha estado aqui, é a minha primeira vez. Eu tive a oportunidade de ver o Rio de Janeiro de helicóptero e é incrível e ver a forma como a floresta avança sobre as pedras e as montanhas… (suspiro). Para mim, parecia musgo e quando eu percebi que de fato eram árvores, uau. Aquelas paisagens vão ficar comigo por muito tempo. O Rio tem uma vista incrível e você se sente em um lugar folclórico.

BL: Sempre quis te perguntar essa aqui (risos). Como o processo de escrita em parceria funciona para você? Você escreveu Magisterium com a Cassie, Spiderwick com o Tony… Quero dizer: você escreve um capítulo, a outra pessoa lê e você escreve o resto… Como funciona?

Holly: Escrever em conjunto funciona de formas diferentes com cada pessoa. Quando eu estava trabalhando com o Tony em Spiderwick, a gente sentava e falava sobre a história. Eu escrevia e ele desenhava. Eu mandava para ele o que eu escrevi, ele me mandava o que desenhou e nós conversávamos em cima disso. Às vezes, ele me mandava um desenho que ele fez, alguma sugestão e falava ‘você pode colocar isso no livro?’, eu respondia ‘ondeeee?’ e ele ‘que tal aqui?’ (risos). Já com a Cassie, a gente escreveu tudo no computador de uma só de nós. E nós passávamos o computador de lá pra cá. Eu escrevia aproximadamente 500 palavras, ela lia e fazia as considerações dela e então, escrevia mais 500 palavras e eu lia e fazia minhas considerações. Não teve nada que nenhuma de nós não tenha feito em conjunto. E isso tudo aconteceu porque todos esses livros foram escritos em apenas um ponto de vista, então tínhamos que ter a mesma voz. Foi muito divertido para mim, eu me permiti fazer muitas brincadeiras que não teria feito normalmente porque eu pensava que se não funcionasse, a Cassie poderia arrumar ou tirar. Eu achei bastante libertador e a Cassie segue perfeitamente o outline (planejamento de acontecimentos de um livro) e eu não sigo… (risos). Então foi maravilhoso porque ela dizia ‘isso precisa acontecer, está no planejamento que precisamos seguir’ e eu respondia ‘então tá, se você diz, vamos seguir o planejamento’ (risos). Mas, eu acho que muito do que a gente pensa sobre escrever em colaboração é sobre o nervosismo do processo, porque nós vamos “bater cabeças” e isso realmente acontece, mas também é a melhor parte da colaboração porque quando você bate cabeça, você encontra uma terceira opção para seguir o caminho, o que uma ou outra pessoa sozinha não conseguiria fazer e você consegue em conjunto. Esse é o tipo de coisa que você não tem quando escreve sozinho. E é isso que eu realmente amo sobre colaborações.

BL: Que conselho você daria para nós escritores que queremos escrever um livro em colaboração?

Holly: Se você vai colaborar, meu conselho para você é: sempre tenha um projeto, que seja o seu projeto, sozinho. Porque você só consegue se regenerar dessa forma. Porque assim você tem algo que você pode tomar todas as decisões por conta própria e dizer é meu, veio da minha cabeça.

BL: Uau! Maravilhosa. (risos em conjunto). Tem uma pergunta que sempre faço para todos os autores – o que você sempre quis responder mas ninguém nunca te perguntou?

Holly: Uau! Essa é difícil mesmo. (risos). A pergunta que eu sempre quis responder é uma que ninguém quer saber a resposta, que seria ‘me conta sobre seus gatos’ (risos) ou ‘me fale sobre sua coleção de planners’. Eu queria muito que me perguntassem sobre isso mas ninguém quer saber… Mas, ‘me conta sobre seus gatos’ é meu top um (risos).

BL: Então… me conta sobre seus gatos?

Holly: Eu tenho um gato sem pelos que se chama Quasit e as pessoas gostam dele de vez em quando. Ele é um adolescente na minha casa, mas é bem amoroso e já aprontou bastante… Eu posto muitas fotos dele. Eu só postei dois vídeos no TikTok na minha vida e ele está em um deles subindo no meu pescoço (risos), porque ele é um garoto estranho. Não vou falar mais sobre meus gatos (risos).

BL: Tenho mais uma pergunta – O que nós podemos esperar para “O Trono do Prisioneiro (The Prisioner’s Throne)”? A sequência de “O Herdeiro Roubado”?

Holly: (suspiro) Ele começa imediatamente após ‘O Herdeiro Roubado’ e nele, nós voltamos para Elfham… (risos misteriosos).

Momentos da entrevista do Beco Literário com a Holly Black

Beco Literário

Com o fim da entrevista, agradeço Holly Black mais uma vez pelo seu tempo e pela oportunidade de nos conhecermos. Agora revelo a ela que na verdade sou um grande fã, mas que tinha que manter o profissionalismo. Ela pergunta meu nome e eu, sem saber falar Gabu em inglês naquela hora, respondo Gabriel. Ela assina meus dois livros com capricho, tira uma foto comigo e ainda grava um video para o Beco Literário, pedindo para eu repetir devagar Beco Literário. É, eu devia mesmo ter escolhido um nome mais fácil.

Por fim, agradeço também a Rô Tavares, da Galera Record e toda sua equipe, pela oportunidade, chance e por todos os arranjos para que esse encontro acontecesse e pela paciência de me explicar (com fotos!) como chegar no hotel. O Gabu de 26 ficou realizado por entrevistar a Holly para o Beco Literário, mas o Gabriel de 12 que sonhava em ser escritor ficou em êxtase por realizar um grande sonho.

Resultado de exame internacional sobre leitura escancara o problema de interpretação de texto no Brasil
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Colunas, Livros

Resultado de exame internacional sobre leitura escancara o problema de interpretação de texto no Brasil

Os resultados do exame Pirls (Progress in International Reading Literacy Study), estudo que busca medir habilidades de leitura de alunos do 4º ano do ensino fundamental foram divulgados nesta semana. A estreia do Brasil ficou marcada na 39ª posição no ranking entre 43 nações.

A análise é feita a partir de uma prova aplicada para estudantes das redes pública e privada, com questões dissertativas. Devido a pandemia e as restrições das aulas, 400 mil estudantes dos 43 países participantes foram avaliados em datas diferentes entre outubro de 2020 a julho de 2022. No Brasil, a prova foi realizada no fim de 2021.

As habilidades mais básicas de leitura do Brasil são preocupantes, como indicado pelo ranking. Com o avanço tecnológico e a entrada do digital nas casas durante a pandemia, o hábito de leitura foi deixado de lado. “A leitura é de suma importância não somente para a localização de informações explícitas e implícitas em um texto ou identificação de um tema”, afirma Luana Machado, professora de séries iniciais do Colégio Adventista da Praia Grande. “É também imprescindível para a formação do cidadão com senso crítico para formar um ser pensante capaz de ter sucesso em sua vida pedagógica, social e moral”, acrescenta.

Na prática, o resultado mostra que os alunos brasileiros estão preparados para ler textos simples e encontrar ideias explícitas. Em comparação aos países do top 5 – Singapura, Hong Kong, Rússia, Inglaterra e Finlândia– que obtiveram resultados em níveis mais avançados, os alunos conseguiram não só interpretar as emoções dos personagens, mas também avaliar o estilo do autor e interpretar os textos de uma forma mais elaborada.

Pensando em como manter o hábito de leitura e interpretação de texto presentes na rotina dos estudantes, a professora Luana realiza o projeto Ler é Uma Aventura, presente na grade escolar do Colégio Adventista. Semanalmente, os alunos vão à sala de leitura da escola, onde os livros já estão separados por segmento, escolhem a obra da semana e levam para casa junto com uma ficha de leitura, que deve ser preenchida e entregue na próxima semana. Nesses momentos também acontecem rodas de leitura com toda a turma e a professora.

“O aluno, ao ser apresentado ao projeto de leitura, pode vivenciar as experiências mais fantásticas como ter acesso a diferentes autores, com diferentes pensamentos, linguagens e o contato com os gêneros textuais que é importantíssimo desde a infância”, aponta Luana. “Eles adoram. Toda semana eles escolhem um livro e levam para casa. Alguns até relatam que chamam os pais para participarem da leitura e isso é maravilhoso”, finaliza.

Minhas considerações sobre você, luto
Autorais, Livros

Minhas considerações sobre você, luto

Hoje faz cinco meses. Por mais que insistam em dizer que minha vó se foi no dia 12/12, para mim, a partida aconteceu no dia 11. No interminável dia onze que também foi o último dia que estivemos juntos. O dia doze nunca existiu. Só existiu um dia onze que durou 48 horas ininterruptas e que depois se tornou dia treze, o número do azar, como dizem por aí. No fundo, eu sempre soube que seria você o primeiro luto a vir. Desde criança, eu soube que você seria a primeira a ir embora, vó. Nunca falei para ninguém das intermináveis noites em que eu chorava sozinho, convulsivamente, com a possibilidade desse dia chegar. Mas o sol brilhava lindo no dia seguinte porque o dia ainda não tinha chego. Porque você estava lá, me dando bom dia com suco de laranja.

+ Esqueci como respira

Até que o dia chegou. De mansinho. Quando eu menos imaginava, quando eu menos esperava. Quando eu sequer pensava que você viria, luto insensível e que chega sem avisar. Não dá nem um spoiler. A gente bebeu, conversou o dia todo, demos risada, nos divertimos… E na madrugada você se foi, sem sequer me dar um toque. Podia ser uma coisa breve. Podia ser algo do tipo olha, aproveita, viu? Amanhã não estou mais aqui.

Escute ouvindo nossa música preferida, “Meu mundo caiu”, de Maysa, que mais parece uma premonição desse dia horroroso

De fato, eu aproveitei mesmo sem aviso. Não sei explicar o que existia dentro de mim naquele dia onze que me fez aproveitar tanto a sua presença, vó. Talvez tenha sido o mesmo sentimento que me fez chorar por noites a fio com a possibilidade que me trouxe um sutil alerta de que agora seria de verdade. Inconsciente, eu não devo ter percebido. Mas que bom que é o inconsciente que guia nossa vida, né? Porque o luto só vem e entra sem bater, derrubando tudo o que tem pelo caminho.

Quando cheguei em casa nesse mesmo fatídico dia, dormi. Ressaca. A gente tinha bebido muito juntos, vó. Eu nem sei se já bebi essa quantidade na vida. Mas você gostava e assim foi. Acordei de madrugada com um mal estar horrível, tomei meu banho e voltei pra cama. Tudo inconsciente, afinal, esse mal estar só podia ser a ressaca, né? Coloquei A Diarista pra passar na TV, a série que a gente gostava de ver juntos e que, até hoje, vinte anos depois, continuava sendo minha série de conforto.

Cinco minutos depois, a ligação veio. Você tinha partido uma hora atrás. Como assim, morreu? Eu gritei. Não tem como morrer assim. Ninguém morre do nada, sem dar a chance da tecnologia médica intervir, fazer alguma coisa, reanimar. Não é pra isso que serve aqueles choques que dão no coração? Aquele monte de máquinas que ficam apitando e fazendo você ficar vivo, mesmo que de forma mecânica? Como assim morreu sem sequer passar pelo hospital antes, dar algum aviso, algum sintoma? Não, não pode ser.

Mãe, só me fala para onde preciso ir que chego em 20 minutos. Vem para o IML, ela disse. IML, kkkkk. Esse é o lugar para onde levam pessoas que a gente tem certeza que estão mortas. Se minha avó passou mal, ela deve estar no hospital primeiro. Ninguém vai pro IML tão rápido assim. O corpo nem esfriou ainda, como vai pro IML, pensei, mas fui.

É, luto maldito. Você me esperava lá. Era o IML mesmo e o corpo da minha vó em uma maca que parecia um barquinho. Um barco que conduzia sua existência para longe da minha existência. Sua bochecha estava corada. Ainda era você, Vokinha. Só estava dormindo. Ainda estava envolta naquela manta que muitas vezes dividimos para assistir A Diarista. Para de brincadeira, vó. 

Não era brincadeira e eu sabia. Inconscientemente de novo, todas aquelas noites de choro agora eram um dia interminável. Pra mim, ainda o dia onze. Para o resto do mundo, era a segunda-feira doze. A segunda-feira doze para mim se tornou mais temível que qualquer sexta-feira treze.

Chegou o velório. O caixão abriu. Não era você ali, vó. E você, luto, fazia questão de me espancar essa realidade de que, quem estava deitada ali, era uma boneca de cera que sequer parecia minha vó de aparência. O que vocês tinham feito com ela? Por que ela não estava se decompondo como um cadáver normal? Por que ela parecia uma boneca encerada, maquiada, com as bocas costuradas e os olhos colados? Um ser humano se decompõe quando morre. Não vira um boneco inchado e irreconhecível.

Mas, apesar de ser irreconhecível, o inconsciente estava em conluio com você, maldito luto. E me fez perceber que, sim, era o que restou de você. Um pedaço inanimado de carne com produtos químicos que retardavam a decomposição, mas que ainda sim ia pro trato digestivo de vermes, bactérias, minhocas ou seja lá o que que vive embaixo da terra.

A pior parte veio depois. Aquele bando de familiar que eu sei que falava mal de você, vó, indo perto do seu caixão prestar as últimas homenagens. Estão aliviados agora que ela morreu, né? Bando de hipócrita falso, maldito. Era o que eu queria falar. Era o que eu não parava de pensar, com ódio, com raiva. Estão felizes em ver ela assim? Morta? Né? Acabou! Veio ter a prova de que esse foi realmente o fim, né, sua galinha desgraçada? Mas a norma social me fazia ficar ali, no cantinho, com os pensamentos pra mim. Observando, contendo minha raiva, chorando, ficando ao lado do caixão com esse fantasma maldito do luto do lado.

Sei que em determinada hora, acho que foi quando o caixão abriu, eu dissociei, como se meu cérebro quisesse me acordar do pesadelo dizendo esse é só mais um sonho daqueles, ACORDA AGORA, vai dar bom dia para sua vó e tomar suco de laranja com ela. Mas não era mais um sonho daqueles e meu cérebro compartilhava comigo a frustração de não conseguir acordar, de não conseguir fugir daquele dia onze interminável, nem tampouco daquela segunda-feira doze maldita. Alguém me abraçou, segurou meus braços e me tirou de estar debruçado ali do caixão. Eu queria gritar para que me deixassem ali. Eu não queria ser salvo, eu não queria ser tirado dali, pelo amor de Deus, me deixa ficar aqui, me deixa tentar dissociar até que eu acorde, até que eu consiga sair desse pesadelo. Eu já saí outras vezes, eu já manipulei meu sonho outras vezes, vou conseguir de novo. Me deixa aqui. Mais alguns minutos e eu consigo. Sempre demorou, mas eu sempre consegui. Me deixa, me deixa, me solta, para de me afastar desse pedaço de carne em decomposição que horas atrás era minha vó que estava abraçada comigo, bebendo e comendo bolo de chocolate. Me deixa, caralho. Me solta. Eu não consegui dizer nada e fui só levado. Eu sequer consegui pensar tudo isso assim, em palavras.

Ali, eu era um amontoado de sentimentos que nunca me ensinaram a sentir debruçado em um amontoado de carne em decomposição que outrora fora minha avó.

O resto do dia transcorreu com eu fugindo dos seus abraços, luto. Cada pessoa que vinha me abraçar desejando força, paz do senhor ou força no meu coração me faziam sentir a bile na garganta. Sim, quase vomitei na cara de cada pessoa que, com mais boa vontade que tivesse, vinha me desejar seus sentimentos ou forças. Eu não queria seus sentimentos, já estou repleto dos meus. Guarde o seu para você e me deixa aqui, definhar até quem sabe morrer junto. Não quero saber de deus, de jesus que habita meu peito, de nada disso. Se existisse de fato um outro plano, a gente já saberia. Acabou aqui. Minha vó morreu. Seu cérebro simplesmente decidiu que era hora de parar, os órgãos pararam junto e agora resolveram que não deveriam mais funcionar e sim, comê-la de dentro pra fora até que nada mais se reste.

Não tem lado de lá. Parem de me abraçar. O único abraço que eu quero ter agora é o único que não posso ter. Seu abraço nojento só me lembra desse maldito luto, desse maldito fantasma, dessa maldita sombra que vai me acompanhar pro resto dos meus dias para me lembrar que minha vó não vai ver eu terminar uma nova faculdade, que ela não vai estar no meu casamento, na festa de um ano do meu filho e nem vai conhecer minha primeira casa própria. Não vai. Nem do plano de lá porque simplesmente isso não existe. É fábula para consolar quem fica. Nós. Os vivos com um fantasma pesado e insuportável do luto.

E você sabe que é maldoso, querido luto. Mais maldoso que a própria morte. Você faz aquele primo meu que eu não falo há anos, que eu amava falar mal com a minha vó, esquecer nossas diferenças ao lado do caixão e vir me abraçar desejando força e pêsames. Para o caralho com seus sentimentos. Você não sabe o que estou sentindo porque no segundo seguinte, você está fora da capela, ABRAÇANDO A SUA VÓ, VIVA, ALI, DO SEU LADO, CONVERSANDO. Eu sei que você pensa: coitado do Gabriel, ele não pode mais fazer isso, mas, que bom que eu posso. Antes ele do que eu. Antes a vó dele do que a minha.

Eu sei que você pensou isso. Eu mesmo já pensei isso em outros velórios: que pena, perdeu a pessoa. Mas que bom que eu não perdi ninguém e posso ir embora desse pesadelo de energia densa para o abraço daqueles que eu amo.

Até que eu não pude ir embora mais.

E todo dia pra mim é o mesmo dia. A maldita segunda-feira 12. Ou a maldita noite de domingo, dia 11.