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Resenha: Jogos Vorazes, Suzanne Collins

Após o fim da América do Norte, uma nova nação chamada Panem surge. Formada por doze distritos, é comandada com mão de ferro pela Capital. Uma das formas com que demonstram seu poder sobre o resto do carente país é com Jogos Vorazes, uma competição anual transmitida ao vivo pela televisão, em que um garoto e uma garota de doze a dezoito anos de cada distrito são selecionados e obrigados a lutar até a morte! Para evitar que sua irmã seja a mais nova vítima do programa, Katniss se oferece para participar em seu lugar. Vinda do empobrecido distrito 12, ela sabe como sobreviver em um ambiente hostil. Peeta, um garoto que ajudou sua família no passado, também foi selecionado. Caso vença, terá fama e fortuna. Se perder, morre. Mas para ganhar a competição, será preciso muito mais do que habilidade. Até onde Katniss estará disposta a ir para ser vitoriosa nos Jogos Vorazes?

Jogos Vorazes foi meu passaporte de entrada no mundo dos distópicos e, a primeira série que me apaixonei e indiquei para os meus amigos, já que eles sempre me indicavam antes, as outras. Li quando o primeiro filme estava passando no pay-per-view, eu já havia o assistido antes, no cinema, mas fiquei meio “o que foi isso?” já que não entendi a história de primeira, só no filme.

Bom, o livro conta a história da nação de Panem, que surgiu após o fim da América do Norte, e é dividida em doze distritos (treze, no passado, conforme descobrimos depois), todos comandados pela Capital.

Devido a uma rebelião do passado, a Capital demonstra seu poder sobre o resto do país, que é gradualmente carente, isto é, o distrito 1 é o mais rico e o 12, o mais pobre, realizando anualmente, os Jogos Vorazes, um reality show transmitido para todo o país, onde, cada distrito envia um casal de adolescentes ou crianças, que são obrigados a lutar até que apenas um, de todo o rol de participantes, sobreviva.

Katniss Everdeen é uma garota que vive no distrito 12, com a mãe, emocionalmente instável em alguns momentos devido a morte recente do marido, e com sua irmã mais nova, Prim, que se inscreverá pela primeira vez nos Jogos Vorazes, e obviamente, está nervosa com a possibilidade de morrer em uma arena caso seja escolhida.

Katniss, sustenta a família como pode, ultrapassando os limites do distrito para caçar com seu melhor amigo Gale, e faz o que pode, vendendo o que consegue no mercado negro para comprar os utensílios que precisa.

É então, que chega o Dia da Colheita, que é quando são escolhidos os participantes que serão enviados para os Jogos Vorazes e, no que parece ser um golpe extremamente rápido, Prim é escolhida, e sua irmã, sem conseguir raciocinar direito, se voluntaria para ir em seu lugar. Katniss irá para a arena com Peeta Mellark, um garoto que é filho do dono da padaria do distrito, que é consequentemente pouco mais afortunado que Katniss, na medida do possível.

É neste contexto que se desenvolvem os clímax múltiplos que o livro apresenta a cada página, incluindo a estadia de Katniss com Peeta na Capital, os treinamentos com os outros tributos, de outros distritos, e a amizade cultivada dentro da arena entre os dois tributos do distrito 12, que passa a ser considerada um ato de rebelião contra a Capital no final dos Jogos, e seu posterior romance ensaiado para as telas da Capital.

Jogos Vorazes é, para mim, um livro clássico, de um gênero que sou apaixonado e indico para qualquer um, tanto livro, quanto filme. Eu particularmente, gostei da adaptação, na íntegra, incluindo a escolha do elenco, que para mim, não poderia ter sido melhor, é um livro com grandes ensinamentos, para aqueles que sabem como aproveitá-los.

     

Crítica: Jogos Vorazes - A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes (2023)
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Críticas de Cinema, Filmes

Crítica: Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes (2023)

Passando pelos cartazes de próximas estreias, e sentindo o cheiro de pipoca ao ver o display da mais nova adaptação da franquia Jogos Vorazes eu quase senti que tinha voltado para 2015 – quase.

A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes conta a história de um jovem presidente Snow antes de tornar-se o governador de Panem e posteriormente o vilão da 1ª franquia, título que a autora Suzane Collins faz o leitor questionar muitas vezes durante o livro prequel, que se pauta em teorias como a de Hobbes e Rousseau para discutir tudo o que levou o protagonista a ser quem ele é.

+ Resenha: A cantiga dos pássaros e das serpentes, Suzanne Collins

Para humanizar um personagem como Snow (Tom Blyth), Suzane Collins precisou de 576 páginas, concluindo a saga com o maior livro entre os 3 e deixando muito pano pra manga para uma adaptação muito fiel. Não foi isso que aconteceu de totalidade nos 157 minutos de A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes.

Fazer um estudo de personagem seria insustentável numa franquia como Jogos Vorazes, visto que muitas questões circunstanciais atravessam demais personagens da mesma forma que o protagonista, mas o diretor  Francis Lawrence (Em chamas, A Esperança I e A Esperança II) flertou por este caminho quando deu a Snow o maior tempo de ponto de vista, o que cumpre seu papel no objetivo de dar elementos para o público enxergá-lo de outra forma mas tropeça quando deixa Lucy Gray (Rachel Zegler) de lado.

O filme foi separado em partes como nos capítulos do livro e todas foram utilizadas para expor os motivos pelos quais Snow mente e manipula para levar sua família de volta à elite de Panem, rico em detalhes que mostram a realidade com a qual a família Snow lidava e a dificuldade que Corialanus tinha para manter o padrão frente à seus colegas mais abastados. Dentro do universo deste personagem existem alguns que servem como forças motrizes para levar o protagonista ao limite do bom e do ruim. O mesmo não pode ser dito sobre Lucy Gray, artista, nômade, tributo e vitoriosa do distrito 12.

Lucy Gray – assim como Snow – Forjou-se de maneira que pudesse sobreviver ao ambiente em que estivesse, com as armas que tinha à disposição. No caso dela, o entretenimento. O filme apresenta Lucy como se ela fosse uma peculiaridade que caiu no colo de Snow por azar e que ambos caíram de amores por terem se conectado de forma imediata mas a verdade é que ambos estavam tentando ganhar seus próprios jogos. Antes de Snow, Lucy já era um espetáculo nato e usar isso à seu favor foi reflexo, assim como flertar com Snow. Mas a relação ambígua dos dois fica confusa por causa da velocidade com a qual o longa mostra os acontecimentos, sem dar o tempo que levou para o desenvolvimento da parceria entre ambos no livro e deixando tudo muito romântico para quem não leu o prequel.

Diferente dos primeiros filmes, este falta com a frieza e a solidez das imagens do distrito 12, bem como investe pouco nos diálogos, que são muito mais fortes no livro de Collins do que na adaptação. Ocorrência que não se vê nos outros 4 longas.

Mas desacelerar a adaptação significaria fazer um filme com mais de 2 horas e chuto que, depois de separar A Esperança em 2 filmes, Lawrence tenha decidido por acomodar tudo num só. Talvez porque não estamos mais em 2015 – quando era viável estender a presença da franquia no imaginário do público por mais 1 ano numa época em que distopias estavam faturando barbaramente mas fato é que: 8 anos depois, Jogos Vorazes ainda é espetacular.

O filme usa os protagonistas para passear do “homem nasce naturalmente mau e precisa de um Estado absoluto para ditar regras” para o “homem nasce naturalmente bom, mas a sociedade o corrompe” enquanto tira o fôlego do espectador ao transcrever a violência com a qual Suzane Collins termina seus capítulos para as imagens. É brutal e é intimamente humano no que tange às guerras mundiais que estamos presenciando, como assistimos à morte de crianças e escolhemos “times” ao invés de lembrar quem é o verdadeiro inimigo.

É preciso elogiar o elenco, destacando Tom Blyth, Viola Davis, Peter Dinklage e Rachel Zegler, que confesso ter me emocionado na cena com as serpentes e quando recitou “The Hanging Tree”, música que viria a ser o hino e o estopim da revolução que causa a 2ª guerra de Panem. Cancelamentos a parte, quem diria que escalar uma atriz que também é cantora faria diferença, né?

Parecendo ter poucas saídas criativas dentro de uma franquia muito consolidada, Lawrence entrega o que os fãs querem e parece trabalhar melhor na metade do filme para o fim, ainda incitando fome de mais um jogo voraz.

Resenha: Finalmente 15, Galera Record
Beco Literário
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Resenha: Finalmente 15, Galera Record

A editora mais jovem do Grupo Editorial Record está completando 15 anos – de muitas histórias e publicações memoráveis. A idade de debutar é um marco na vida de todo adolescente e não poderia ser diferente no caso do selo editorial. Em comemoração ao aniversário, os principais nomes da literatura jovem nacional se encontram em Finalmente 15, antologia emocionante e cheia de representatividade.

+ Maior selo jovem do Brasil celebra debutância com lançamento de antologia

Finalmente 15 é uma antologia com 15 autores com histórias em que nós conhecemos os sonhos, os crushes, os dramas, as descobertas e as reviravoltas de se fazer quinze anos, tudo isso pela imaginação da nova geração de autores que estão definindo tendências no gênero YA nacional.

São leituras rápidas e leves, que nos transportam diretamente para nossa adolescência, fazendo-nos lembrar de como tudo era mais fácil (pelo menos vendo agora, quase 15 anos depois…). É um livro gostoso e muito fofo (vou repetir isso muitas vezes ao longo do texto, se acostume e não me jugue).

A edição está linda, com uma arte de capa e uma diagramação impecáveis com grandes nomes da literatura jovem que sabem muito bem como mexer (ou dilacerar) os nossos coraçõezinhos. O lançamento está previsto para 9 de outubro e a pré-venda já está rolando na Amazon (links no final do psot). Agora, vou comentar um pouquinho sobre cada um dos contos, falando o que gostei e o que eu não gostei:

Um príncipe para chamar de meu, Felipe Cabral

O livro começa com o conto mais fofo do mundo. Nele, conhecemos a história dos irmãos Leonardo e Leonora, os Léos. Chegou o dia da tão sonhada festa de debutante e Léo precisa sair do armário para sua irmã e para sua família, enquanto tenta chegar no seu crush supremo do colégio. É uma história leve, que nos faz ter esperanças de um mundo melhor.

Minha irmã deixava qualquer Evelyn Hugo no chinelo.

Meu amor, de novo e outra vez, Karine Ribeiro

O segundo conto da antologia fala sobre o dia do fim do mundo, quando Lu está na festa de 15 anos de sua melhor amiga, e por quem nutre uma paixão secreta, Érica e o mundo acaba. Mas, em vez de morrer, ela volta um ano no passado e precisa refazer toda a sua vida até a festa de 15 anos, quando tudo acontece de novo. Érica vai e volta no tempo até aprender a ser fiel aos seus sentimentos. Queria ter lido algo assim com 15 anos.

Antes da peça festa, Olívia Pilar

Sabe o frio na barriga do primeiro flerte LGBTQIAP+ que a gente sente? Quando a gente se sente vivo pela primeira vez? Esse conto é sobre isso, quando Gabriela espera para fazer um teste para uma peça teatral e conhece Zuri, por quem nutre uma paixão adolescente avassaladora. Senti o friozinho na barriga daqui enquanto eu lia, que delícia.

O diário da princesa, Ray Tavares

Gente, que conto bom! Sério, nunca li nada parecido. Malu é filha de um príncipe do Brasil. De verdade. Uma daquelas pessoas que sonham em trazer a monarquia de volta mas sequer são capazes de reconhecer paternidades. Ela vai atrás dele, atrás dos seus direitos e, no final, surpreende todos nós com um pensamento crítico afiado que me fez respirar bem aliviado.

A sorte dos bons encontros, Vinicius Grossos

Vinicius gosta de massacrar o coração da gente, né? Aqui, ao contrário dos protagonistas humanos que tem ou estão fazendo 15 anos, quem tem 15 anos é Lady, a cachorrinha. Me arrancou lágrimas verdadeiras e me deixou muito feliz de, pelo menos por alguns minutos, entrar dentro da cabeça dos nossos amigos de quatro patas.

Rebobine, Maria Freitas

Também conseguiu me arrancar lágrimas quando eu menos esperava. Bernardo está saindo do velório do avô quando recebe uma fita antiga de uma desconhecida. Ao rebobinar, ele tem a oportunidade de viajar no tempo para conhecer o avô durante a adolescência. Tem uma pitada meio De volta para o futuro que me agradou bastante.

“A gente sempre acha que vai ter tempo”, ele continuou seu desabafo. “É. Mas tempo é uma coisa que a gente nunca tem.”

Esqueceram de nós, Lola Salgado

Vitor vai para uma viagem escolar enquanto conversa com um crush do Twitter. Lá, ele é esquecido pela escola junto com Rafael, seu crush supremo, sem sinal de celular e sem perspectiva de resgate. Mas, Rafael é muita areia pro caminhãozinho de Vitor, não? Só preciso dizer: FOFOOOOOOOOOS!

Tinham estudado juntos quase a vida inteira e não dava para ignorar o afeto construído por anos. Assim como não dava para evitar que esse mesmo afeto diminuísse cada vez mais.

O futuro que nunca foi nosso, Pedro Rhuas

O conto do Pedro foi um grande balde de água fria para mim. A primeira parte cria uma expectativa linda de um romance entre dois garotos de 15 anos que moram longe e amam Percy Jackson. Talvez, pela identificação, eu tenha criado muitas expectativas para a parte dois, que se passa 15 anos depois… e então veio o balde de água fria. Talvez seja pra gente aprender a cuidar mais das nossas expectativas.

Mas tudo que restava dele era o vazio, o coração desenhado a lápis no apoio branco da carteira do colégio, usando, para disfarçar, o nome dos nossos personagens no RPG de Percy Jackson. Ele, Alexander, filho de Atena. Eu, Jack, filho de Hefesto.

Menina moça, Stefano Volp

Essa é uma história com uma temática mais pesada, mas necessária. A protagonista engravida aos 15 anos, sofre um aborto espontâneo no colégio e agora precisa lutar para reconstruir sua honra, que foi tirada pelos amigos por tantos julgamentos. No fundo, ela só queria ser uma debutante normal. Esse tema deveria ser mais abordado em histórias.

Deixe a chuva cair, Juan Jullian

Eu estava tenso enquanto lia o conto do Juan porque sei que ele gosta de massacrar nosso coração. Tive taaaaanto medo pelo Salaminho! Mas é uma história sobre as coisas não saírem como o planejado mas, que ainda sim, podem ser mágicas. Lorrayne e Camila são lindas juntas (ainda mais com o Salaminho que espero que viva muito tempo com elas).

Eu no seu lugar, Clara Alves

Preciso dizer que eu adorei a escrita da Clara Alves! Já entrevistei uma vez mas ainda não tinha tido a oportunidade de ler nada dela. E esse conto foi cativante, ainda com música da Demi Lovato. Conta a história de Maiara e Camy, que até então, não tem nada em comum e trocam de corpo no dia da festa de 15 anos de Maiara. Tem uma vibe meio Como eu era antes de você? que me agradou muito.

Mas não dá pra ser feliz se preocupando tanto com a vida dos outros. Eu não sou feliz assim. Mas quero ser.

Eu e o meu robô, Giu Domingues

Me deu um pouco de medo, mas eu amei! Mira, a protagonista, conhece o Alex, uma inteligência artificial que pode fazer tudo o que ela não pode: passar na prova de matemática, ajudar qual resposta dar para a crush no WhatsApp… Até que ela sai de controle para tomar o mundo real. O mais engraçado do conto é que, lendo hoje, me parece bem verossímil.

Onde vivem as serpentes, Arthur Malvavisco

Confesso que entre todos os contos, esse foi um dos que menos gostei. Não entendi muito bem a história, a narrativa e achei confuso. Não prendeu minha atenção e acabei não chegando ao final, porque não curto muito histórias pós-apocalípticas que envolvem outros planetas e galáxias.

LIN – Uma história do C.O.N.E, Glau Kenp

Ainda na mesma linha do anterior, esse fala de uma sociedade em que os filhos são criados pelos pais com o melhor da genética. Tem uma pitada de ciência futurística e por isso, é construído de uma forma que nos deixa chocados e nos faz querer entender o que está acontecendo. Me pegou porque lembra Jogos Vorazes, que eu amo.

15, Elayne Baeta

Tinha que ter um enemies-to-lovers pra encerrar a antologia, né? É uma história leve sobre descobrir quem a gente ama e sobre estar preparado para dar o primeiro beijo – e respeitar o tempo de quem não está. Não tem uma conclusão muito forte como os outros contos, mas dá uma alegriazinha de ler.

Livros, Resenhas

Resenha: A cantiga dos pássaros e das serpentes, Suzanne Collins

Lançado na última sexta-feira (19) pela Editora Rocco, A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes é o mais novo livro da tão conhecida autora de Jogos Vorazes, de Suzanne Collins. Ambientado mais de 60 anos antes dos eventos ocorridos em sua famosa trilogia, Collins nos leva agora, por 576 páginas, algo bem diferente dos seus livros anteriores que eram mais curtos, a conhecer o passado tortuoso daquele que viria se tornar o tirano e genocida Presidente Snow. Dessa vez, ela nos leva a conhecer a vida na Capital e como os Jogos Vorazes funcionavam nos primeiros anos após os Dias Sombrios, mais precisamente como foi a 10° edição do Jogos, onde o jovem Snow é escolhido como mentor de um dia tributos.

Bem longe da vida cheia de luxos de Coriolanus Snow vista por Katniss em Jogos Vorazes, vemos A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes ser iniciado com um jovem Snow que outrora fora muito rico, mas que agora leva uma vida de pobreza tendo que se alimentar apenas de repolho e preocupado por não ter uma roupa decente para o dia da Colheita. Depois da perda total da fortuna investida pelo pai em armamentos no Distrito 13 nos anos pré-guerra, tudo na vida de Coriolanus, da porta para fora de casa, é uma farsa para que as pessoas não descubram a decadência em que se encontra a família Snow. Sua maior ambição se torna, portanto, reconquistar tudo aquilo que eles perderam, tendo até um lema de família que o motiva a acreditar ser melhor que todos:

“Snow cai como a neve, sempre por cima de tudo”

Ao receber a notícia de que na edição dos Jogos Vorazes daquele ano os jovens da Academia onde Snow estuda, na Capital, serão responsáveis pela mentoria dos Tributos, ele percebe ali uma oportunidade de tentar reconquistar todo o poder e prestígio que uma dia sua família teve.

Diferente do espetáculo que os Jogos são quando Katniss participa, Suzanne Collins nos mostra agora algo bem mais brutal. Nada de transportes confortáveis, apartamentos luxuosos ou um prêmio para o Tributo vitorioso existe ali, há somente um jogo cheio de sofrimento e brutalidade que nem mesmo a Capital gosta de assistir. E é exatamente por isso que os jovens da Capital recebem o trabalho de, como mentores, tornar tudo aquilo em um programa mais atrativo para toda Panem.

Por ser um dos melhores alunos da Academia, Coriolanus já está preparado para ser escolhido como mentor para algum dos melhores distritos e com isso poder conquistar sua glória como o responsável por aquele que sairá como vitorioso dos jogos. No entanto, ele vê seus planos serem totalmente frustrados ao descobrir que será o responsável pela mentoria da garota vinda como tributo do Distrito 12, o qual ele acredita ser o pior entre todos os distritos. Mas as coisas não serão totalmente como Snow espera.

Ao iniciar a Colheita no 12, Lucy Gray, a garota sorteada para representar o distrito, causa um grande tumulto ao jogar uma cobra dentro da roupa da filha do prefeito. Além disso, a garota consegue ainda pegar o microfone e cantar uma canção, algo que impressiona a todos. É nesse momento que Snow percebe que nem tudo está perdido para ele, pois ainda há a esperança de, mesmo que ela não saia como vitoriosa dos jogos, transformar a garota em algo muito maior e poder aproveitar disso para garantir sucesso e alcançar prestígio na sua caminhada pelo poder.

Se eu tivesse que definir rodo esse livro em uma só palavra, ela seria “Escolhas”. Tudo que acontece na história nos leva refletir sobre as escolhas tomadas por Snow, principalmente as más. Em A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, Suzanne Collins nos leva a conhecer a mente de alguém ambicioso e sem nenhum escrúpulo para conquistar o que quer, tudo em sua vida é baseado em uma forma de fazer com que a sorte esteja sempre a seu favor e mesmo as coisas boas que ele faz são sempre feitas pensadas no proveito que ele pode tirar daquilo.

Quando o anúncio sobre a história do livro ser sobre o jovem Coriolanus, muitas pessoas ficaram preocupadas com a forma que a autora poderia retratar isso, visto que ela correria o risco de tentar justificar, de alguma forma, todos os atos terríveis cometidos por ele durante sua vida toda ou até mesmo tentar criar uma empatia no leitor para com a vida do jovem Snow.

No entanto, Suzanne Collins conseguiu criar uma história muito consistente que nos mostra que apesar de ter feito coisas boas, ter vivido momentos agradáveis e ter tido sempre a oportunidade de escolher fazer o bem, Coriolanus sempre fez somente aquilo que lhe trouxesse benefícios e poder. Em todos os momentos nós vemos que ele sempre foi uma pessoa fria e calculista e mesmo com as pessoas de quem gostava sua relação era sempre entremeada pela ideia de obter vantagens com aquilo.

Seu preconceito com os distritos também sempre esteve presente em sua vida. A ideia de que todas as pessoas que viviam fora da Capital eram selvagens é constantemente debatida em sua cabeça, com seus colegas de classe e com a terrível Dra. Ghaul, a idealizadora chefe dos Jogos. Em vários momentos podemos vê-lo se questionando sobre o estado de natureza das pessoas e acreditando plenamente na necessidade de se ter um poder soberano exercido pela Capital para evitar o caos e a guerra em Panem.

” – O que aconteceu na arena? Aquilo é a humanidade despida. Os tributos. E você também. Como a civilização desaparece rapidamente. Todas as suas boas maneiras, a educação, a formação da família, tudo de que você se orgulha, arrancado num piscar de olhos, revelando o que você realmente é.

[…]

Quem são os seres humanos? Pois quem somos determina o tipo de governo de que precisamos.”

Outro ponto importante a se destacar no livro é a música e toda a sua simbologia. Por Lucy Gray ser uma cantora no seu distrito, vemos em vários momentos ela apresentando canções que representam coisas muito importantes para o momento que está vivendo, nos levando a conhecer também a história de algumas das  canções anteriormente apresentadas na trilogia Jogos Vorazes.

A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes se desenvolve de forma fluída assim como os livros anteriores e a leitura corre muito bem, no entanto, como nem tudo é totalmente perfeito, acredito que o único erro de Suzanne Collins foram as 576 páginas que o livro possui. A história, apesar de muito bem escrita, alcança seu ápice em 50% do livro nos fazendo enxergar um final muito claro ali e tudo o que vem depois disso parece ser um livro novo. Essa quebra no ritmo da leitura acaba causando uma certa estranheza e a impressão que fica é que a intenção da autora era publicar dois livros, mas tudo acabou sendo compilado em apenas um.

Tendo em vista tudo isso, a leitura de A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes pode se tornar uma surpresa muito boa para quem o lê. Collins nos envolve em uma trama muito bem escrita sobre disputas por poder e estado de natureza tornando o livro uma agradável aula sobre política. E não precisa se assustar ao ler isso, porque tudo é muito bem inserido e você se vê imerso em questionamentos que talvez nunca houvesse pensado sobre.

Para finalizar, deixo como indicação para aqueles que quiserem ouvir as músicas cantadas por Lucy Gray no livro, ou para quem já quiser escutar antes da leitura, três versões de canções do livro  que a cantora Maiah Wynne gravou e postou em seu canal no YouTube (elas estão listadas abaixo por ordem de aparição na história):

Resenhas

Resenha: A Quinta Onda, Rick Yancey

Admito que só peguei esse livro pra ler, por causa do lançamento do filme essa semana. E ainda bem que fiz isso. Comecei o livro com baixas expectativas, mas ao longo das descobertas e sufocos passados pelos personagens, fui me apegando cada vez mais a Cassie e seu irmão Sammy. Os personagens são bem caracterizados e a história é tão envolvente que em certas partes, parar a leitura é algo fora de cogitação.

Bom, uma das coisas que o livro começa ensinando, é que devemos esquecer tudo que achamos que sabemos sobre alienígenas. O mundo foi tomado pelo ”os outros” (que é como Cassie chama os alienígenas), em uma série de ondas. Na primeira onda, um pulso eletromagnético tira a eletricidade do planeta, já causando um grande estrago. Na segunda onda, ocorreram desastres como tsunamis, deslizamentos e etc. Na terceira onda, um vírus devastador toma conta, já dizimando mais da metade da população. A quarta onda foi a mais perigosa, pois seu objetivo era destruir a humanidade por dentro. Já não havia mais confiança entre os sobreviventes, quem era humano e quem não era? Os próprios humanos estavam se matando, porque tudo chegou ao ponto de, ou se mata, ou morre.

“Regra número um; não confie em ninguém. O que leva à regra número dois: a única forma de ficar viva o máximo de tempo possível é ficar sozinha o máximo de tempo possível.”

O livro não é narrado só pela Cassie, o que deixa a coisa mais interessante, pois com isso, temos várias perspectivas das visões de outros personagens, mais cenários e isso ajuda o leitor a ficar com aquela dúvida sobre o que realmente está acontecendo e em quem confiar. De um lado da história, temos Cassie com o seu objetivo principal, que é encontrar seu irmão e durante essa jornada, não perder a humanidade dentro de si. Do outro lado temos Zumbi, ou como Cassie o chamava, Ben Parrish. O galã do ensino médio, por quem Cassie era completamente apaixonada, mas que no máximo, trocaram duas frases por anos. Algo bem explícito, é o amadurecimento dos personagens, em base de alguns flashbacks no início do livro, principalmente do Zumbi, que se tornou o melhor personagem da história, na minha opinião (sorry Cassie).

“Sabe quando, às vezes, você diz a si mesmo que tem escolha, mas na verdade essa escolha não existe? O simples fato de existirem alternativas não significa que elas se apliquem a você.” Pág. 83

Ao longo do livro, alguns personagens aparecem(não vou falar, porque se não, seria spoiler) deixando a historia cada vez mais intrigante e misteriosa. Chega numa parte do livro, que você pode ficar meio perdidinho, mas NÃO abandone, porque o desandar desse livro distópico com uma pegada de ficção cientifica é fantástico! Bom, gostei bastante do livro, o autor conseguiu mesclar um romance gostosinho de ler com bastante ação e garanto que quem curte essas distopias tipo ”Jogos Vorazes”, ”Divergente”, ”A Hospedeira” e etc, vai curtir ”A Quinta Onda” também! Provavelmente irei ler a continuação da trilogia, ”O Mar Infinito”, e quando terminar faço resenha para vocês também.

“Deus não chama o preparados, filho. Deus prepara os que chama. E você foi chamado” Pág. 111

 

PS: Já lançou o filme também! Se você ficou curioso pra saber, se o filme é tão bom quanto o livro, dá uma passadinha na crítica que já fizemos aqui no blog: https://becoliterario.com/critica-de-cinema-a-quinta-onda-2016/

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Resenha: Fúria Vermelha, Pierce Brown

Em um futuro não tão distante, o homem já colonizou Marte e vive no planeta em uma sociedade definida por castas. Darrow é um dos jovens que vivem na base dessa pirâmide social, escavando túneis subterrâneos a mando do governo, sem ver a luz do sol. Até o dia que percebe que o mundo em que vive é uma mentira, e decide desvendar o que há por trás daquele sistema opressor. Tomado pela vingança e com a ajuda de rebeldes, Darrow vai para a superfície e se infiltra para descobrir a verdade.

O que dizer sobre esse livro que acabei de terminar e já considero tanto? Apenas F E N O M E N A L.

Eu sei que já estamos enjoados de distopias, porque o mercado está se afogando de livros e livros desse gênero, mas sou obrigada a admitir a qualidade deste aqui, que mistura um mundo distópico, com sci-fi e aquele toque perfeito de guerras e estratégias como um jogo de War (adorava esse jogo, hahaha).

Darrow é um Mergulhador-do-Inferno, uma das funções mais perigosas e de prestígio entre os Vermelhos (classe mais baixa), e o que o torna extremamente habilidoso mesmo com a pouquíssima idade de 16 anos. É um bom menino, que perdeu o pai muito cedo, mas quando se casou com Eo, sua melhor amiga, foi como se uma parte do seu coração tivesse sido refeito.

E ele é um personagem diferente do que estamos acostumados em distopias, porque dentro das mais famosas o incômodo pela sociedade injusta está sempre presente nos protagonistas, mas Darrow realmente acredita ser parte importante e necessária da sociedade, possuindo aquela certa inocência, e tudo que ele quer é trabalhar duro pra prover o melhor pra família dele, sendo seu desejo mais ambicioso o de poder ver a luz do sol, já que trabalha no subsolo desde que nasceu.

 

Tudo que possuo é minha família e eu mesmo. Tudo o mais pertence à Sociedade. Sem eles, estaríamos na Terra moribunda como o restante da humanidade. 

Mas como se espera que aconteça, uma tragédia muda sua vida e o obriga a mudar suas perspectivas e questionar a justiça e a realidade que até então ele confiava e acreditava. Mas, essa é a única parte previsível do livro, o resto é uma montanha-russa de emoções.

As cores da Sociedade são uma parte interessante, porque é como são divididos e toda a sua composição está baseada nessa cor. Desde os cabelos até os olhos seguem o padrão da cor a que pertencem. Para se ter ideia da extensão em que se encaixam nas suas respectivas classes, a sua estrutura vai de mais resistente (Vermelhos) a mais delicada (Rosas) e inclusive indestrutível (Ouros). Tudo é uma prova do quão baixo ou quão alto você se encontra na hierarquia, não é uma questão precisa de sorte.

Admito que, como o autor tem que ambientar o universo para que possamos compreendê-lo, a leitura é lenta a princípio, mas a construção do mundo é necessária para o desenvolver da história, e, depois de uma certa parte já não é possível parar de ler.

O livro aborda os temas de forma adulta, a violência, a sede de vingança e a realidade do universo não são amenizadas, o que  é uma coisa boa, porque dessa forma é possível se apegar aos personagens e a suas respectivas realidades (afinal, como disse Augustus Waters, “a dor deve ser sentida”, hahaha).

Todos os personagens são muito bem contextualizados e intrigantes, o autor consegue te trazer os sentimentos de raiva e ao mesmo tempo compaixão em diversos casos, e uma das coisas que me agradou é que Darrow, mesmo tendo todos os motivos para ser puramente cruel, ainda mantém a justiça e a compaixão como algo a se considerar.

 

Fui forjado nos intestinos deste mundo duro. Afiado pelo ódio. Fortificado pelo amor. 

Essencialmente o livro é uma obra-prima do autor Pierce Brown. É diferente de todos as distopias que tinha lido, apesar de haver leves semelhanças com Jogos Vorazes, é algo único.

E lembra que no início falei das guerras e jogos de estratégia que esse livro tem parecido com War, não quero dar spoilers, então aqui fica apenas o gostinho a mais: existe um instituto onde todas essas estratégias são colocadas a prova (e que instituto é esse? acho que terão que ler…muahaha).

O segundo livro Golden Son deve chegar ao Brasil pela Editora Globo Livros no segundo semestre desse ano, e o terceiro Morning Star está para ser lançado nos EUA. E os direitos cinematográficos já foram vendidos para o diretor de Guerra Mundial Z, então podemos esperar um grande filme chegando por aí (ebaaa!).

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Resenha: A Esperança, Suzanne Collins

Depois de sobreviver duas vezes à crueldade de uma arena projetada para destruí-la, Katniss acreditava que não precisaria mais lutar. Mas as regras do jogo mudaram: com a chegada dos rebeldes do lendário Distrito 13, enfim é possível organizar uma resistência. Começou a revolução. A coragem de Katniss nos jogos fez nascer a esperança em um país disposto a fazer de tudo para se livrar da opressão. E agora, contra a própria vontade, ela precisa assumir seu lugar como símbolo da causa rebelde. Ela precisa virar o Tordo. O sucesso da revolução dependerá de Katniss aceitar ou não essa responsabilidade. Será que vale a pena colocar sua família em risco novamente? Será que as vidas de Peeta e Gale serão os tributos exigidos nessa nova guerra?

Lutar vorazmente nos jogos, lutar psicologicamente na guerra.

A esperança é o terceiro e último livro da trilogia Jogos Vorazes. Katniss Everdeen se ofereceu como tributo para salvar sua irmã dos Jogos Vorazes, foi para a arena, desafiou a Capitale finalmente, saiu como vitoriosa, mas devido ao seu ato de desafio, foi obrigada a voltar para a arena onde lutou bravamente, explodiu, e descobriu que o distrito 12 não existe mais. E agora ela está no distrito 13 e Panem está a beira de uma guerra, e Katniss é o principal símbolo dos rebeldes, mas será que ela conseguirá sobreviver ao temível e sádico Snow?

Ao meu ver, “A Esperança” foi o livro que mais tratou sobre a politica, e mostrou o porque do medo das pessoas sobre a guerra. Somos levados a ver que o sistema de Panem é como um castelo de cartas, um sopro e tudo desmorona. Todos temiam o governo por causa dos Jogos Vorazes, no entanto, a bravura de Katniss durante sua presença na arena, mostrou que qualquer pessoa pode sim ir contra a autoridade do governo. Temos uma grande carga psicológica nesse livro, na visão de Katniss vemos o que a guerra faz com a pessoa e com a população. Durante o decorrer da história podemos ver a evolução psicológica da protagonista sobre ser o principal simbolo da guerra. O grande ponto negativo do livro foi a leitura arrastada e de uma certa maneira cansativa durante boa parte do mesmo, eu particularmente, esperava que tivéssemos grandes batalhas, afinal, estavam em uma guerra, porém ficou focado só na parte teórica das coisas, temos a visão prática da guerra só depois de longas 300 páginas. Porém apesar deste lado negativo, temos que mostrar o grande lado positivo da coisa. Suzanne Collins conseguiu magistralmente fazer uma critica social sobre a nossa sociedade atual, e mostrou que não devemos nós deixar ser oprimidos, e que um livro infanto-juvenil pode ser usado como uma forma de acabar com a alienação e abrir os olhos de muitos adolescentes por ai. Não foi um dos melhores finais de saga, mas cumpriu o objetivo inicial, dito anteriormente.

Resenhas

Resenha: Em Chamas, Suzanne Collins

Depois da improvável e inusitada vitória de Katniss Everdeen e Peeta Mellark nos últimos Jogos Vorazes, algo parece ter mudado para sempre em Panem. Aqui e ali, distúrbios e agitações dão sinais de que uma revolta é iminente. Katniss e Peeta, representantes do paupérrimo Distrito 12, não apenas venceram os Jogos, mas ridicularizaram o governo e conseguiram fazer todos – incluindo o próprio Peeta – acreditarem que são um casal apaixonado. A confusão na cabeça de Katniss não é menor do que a das ruas. Em meio ao turbilhão, ela pensa cada vez mais em seu melhor amigo, o jovem caçador Gale, mas é obrigada a fingir que o romance com Peeta é real. Já o governo parece especialmente preocupado com a influência que os dois adolescentes vitoriosos – transformados em verdadeiros ídolos nacionais – podem ter na população. Por isso, existem planos especiais para mantê-los sob controle, mesmo que isso signifique forçá-los a lutar novamente.

Em Chamas é de longe o meu livro preferido da saga, em todos os aspectos. Depois que li o primeiro, devorei este em apenas um dia, sem conseguir parar para respirar.

Katniss Everdeen, após ameaçar todo um sistema que vem se sustentando por anos juntamente com Peeta Mellark ao ganharem os Jogos Vorazes (os jogos só podem ter um vencedor) passa a lidar com uma mudança profunda tanto em sua vida, quanto na vida das pessoas que a rodeiam.

Ao ir para a arena no lugar da irmã Primrose Everdeen, esperava que ao vencer, sua vida voltaria a pacata normalidade de sempre, fato que não aconteceu nem no mínimo grau. Um dia, quando volta de uma caçada com o melhor amigo Gale para sua nova casa, na Aldeia dos Vitoriosos, onde também moram Haymitch Abernathy e Peeta Mellark, se depara com um visitante um tanto inesperado e inusitado: Presidente Snow.

O figurão, totalmente temido e respeitado, mantém uma conversa de igual para igual com a garota, já que seu ato de desafio, ao prometer se matar juntamente com Peeta na arena, foi adotado por uma grande massa populacional de outros distritos, que agora acham que podem se rebelar contra o sistema. Snow não acredita no romance entre a garota em chamas e o garoto do pão, e pede que, durante a Turnê da Vitória, evento que está próximo de acontecer onde os tributos vitoriosos visitam todos os outros distritos para salutar os moradores, ela o convença do seu romancezinho barato e tente acalmar no máximo as rebeliões que estão tomando rumos não favoráveis para a Capital.

– Convença a mim. – Ele joga o guardanapo e pega o livro. Não estou olhando para ele quando se dirige à porta, então estremeço quando sussurra em meu ouvido:
– A propósito, estou sabendo do beijo. – Em seguida, a porta se fecha atrás dele.

Dito e feito. Katniss se mostra uma bela atriz ao fingir seu romance com Peeta, mostrando-se apaixonada perante as câmeras, e se afastando quando estão sozinhos. No entanto, a garota não é indiferente ao garoto: ela está apenas dividida entre o padeiro, e seu “primo” Gale.

O pedido de desculpas dele me pega de surpresa. É verdade que Peeta se afastou de mim depois que confessei que o meu amor por ele durante os Jogos era apenas uma encenação. Mas não cobro isso dele. Na arena, desempenhei o papel romântico em todos os sentidos. Havia momentos em que eu francamente não sabia o que sentia por ele. E, na verdade, ainda não sei.

Entre muitas dificuldades e contratempos, juntos eles conseguem sobreviver a todas as tempestades que a turnê apresenta, e passam a ser mais próximos, cientes que agora, poderão ter uma vida um tanto calma em suas casas do Distrito 12, mas é claro, estão enganados. É ano do Massacre Quartenário, uma edição especial dos Jogos Vorazes, cujos tributos serão escolhidos entre o rol de vencedores vivos. Katniss, sendo a única mulher viva a ganhar no 12, voltará para a arena.

Totalmente atordoada, a garota sente leves momentos de loucura, e a narrativa que Collins cultiva neste trecho (e em todo o livro) contribui totalmente para que você sinta no seu íntimo, assim como a personagem sente, inclusive as náuseas, e parece transportá-lo a um universo paralelo onde você está dentro da cena, compartilhando tudo com aqueles que a vivem.

O Distrito 12 tem apenas três vitoriosos vivos para serem escolhidos. Dois do sexo masculino. Um do sexo feminino…
Vou voltar para Arena.

É então que tudo acontece novamente, no entanto, agora possuem aliados dentro da arena, que são cruciais para a sobrevivência das personagens e sua evolução fisicamente e emocionalmente. Esta parte do livro, é a melhor ao meu ver, já que apresenta ação atrás de ação, além de mostrar o íntimo da nossa narradora heroína, que a autora teve a maestria de escrever de maneira impecável, quebrando toda e qualquer barreira que possa existir na cabeça do leitor.

É o tipo de livro que faltam palavras para expressar tamanha perfeição, e é recomendável para qualquer pessoa, e qualquer idade, portanto, se você já assistiu aos filmes, ou se interessou pela história, leia e se entregue para o enredo, que você não se decepcionará.

A adaptação cinematográfica não me decepcionou também, foi extremamente fiel e extraordinária, mas é apenas a ponta do iceberg deste maravilhoso mundo distópico de Suzanne Collins. Leia a crítica sobre o filme, clicando aqui. É o tipo de livro que avaliar com cinco estrelas não parece justo, portanto, deixo a avaliação para cada um de vocês, após a leitura, e entenderão o meu ponto de vista.

Resenhas

Resenha: Divergente, Veronica Roth

Numa Chicago futurista, a sociedade se divide em cinco facções – Abnegação, Amizade, Audácia, Franqueza e Erudição – e não pertencer a nenhuma facção é como ser invisível. Beatrice cresceu na Abnegação, mas o teste de aptidão por que passam todos os jovens aos 16 anos, numa grande cerimônia de iniciação que determina a que grupo querem se unir para passar o resto de suas vidas, revela que ela é, na verdade, uma divergente, não respondendo às simulações conforme o previsto.
A jovem deve então decidir entre ficar com sua família ou ser quem ela realmente é.E acaba fazendo uma escolha que surpreende a todos, inclusive a ela mesma, e que terá desdobramentos sobre sua vida, seu coração e até mesmo sobre a sociedade supostamente ideal em que vive.

Lembro de quando estava na livraria do shopping, há algum tempo, e vi este livro na prateleira, em inglês, o único da loja e bem velho, inclusive, mas comprei assim mesmo e li em alguns dias, a história era fascinante. Um tempo depois, anunciaram que fariam um filme, e eu claro, gostei, apesar do receio. Tenho um carinho especial por essa trilogia, porque foi uma das únicas que eu descobri e acompanhei desde o comecinho, quando não existiam páginas sobre, fã clubes ou nada assim.

O livro distópico conta a história de uma Chicago futurista, onde toda a população está dividida em cinco facções: a Audácia, a Abnegação, a Franqueza, a Amizade e a Erudição. Existem também, aqueles que são sem facção, os invisíveis do sistema.

Há décadas nossos antepassados perceberam que a culpa por um mundo em guerra não poderia ser atribuída à ideologia política, à crença religiosa, à raça ou ao nacionalismo. Eles concluíram, no entanto, que a culpa estava na personalidade humana, na inclinação humana para o mal, seja qual for sua forma. Dividiram-se em facções que procuravam erradicar essas qualidades que acreditavam ser responsáveis pela desordem no mundo.

Se você pertence a uma facção, você deve seguir uma regra: facção antes de sangue. Você nasce na mesma facção que seus pais, e quando atinge dezesseis anos, você faz um teste de aptidão, que revela qual lugar é o melhor para você, no entanto, você não precisa necessariamente seguir o resultado do teste, já que são secretos.

O livro conta a história de Beatrice Prior, nascida na Abnegação, assim como seu irmão, Caleb. Chegou a época de ambos fazerem o teste de aptidão, e ela ainda não sabe onde pertence e espera que o teste mostre algum resultado que possa ajudá-la.

Escolher a Abnegação exigiria uma grande demonstração de altruísmo da minha parte, e escolher a Audácia exigiria uma grande demonstração de coragem, e talvez apenas a escolha entre uma das duas facções já seja uma comprovação de onde eu pertenço. Amanhã, essas duas qualidades se enfrentarão dentro de mim, e apenas uma poderá vencer.

O teste de aptidão consiste em uma simulação com várias situações, porém, quando Beatrice faz o teste, este mostra resultados inconclusivos, ou seja, a garota tem mais de uma aptidão. Ela é o que eles chamam de Divergente, não pode ser controlada, e por isso, deve ser exterminada.

Meu coração bate tão forte que o peito dói, e não consigo gritar ou respirar, mas ao mesmo tempo sinto tudo, cada veia e cada fibra, cada osso e cada nervo, todos vivos e alertas em meu corpo, como se tivessem recebido uma carga elétrica. Eu sou pura adrenalina.

É nesse momento que começam os clímax múltiplos que a narrativa de Roth possui, com uma aventura diferente e inesperada a cada página virada, que vai se afunilando conforme o livro vai chegando ao fim, e deixa o leitor arrancando os cabelos para ter a continuação da história de Tris em sua nova facção, e a dúvida iminente que nos acompanha em cada capítulo, será que Tris vai sobreviver?

Os olhos do meu pai queimam os meus com uma expressão e acusação. A princípio, ao sentir um calor atras dos meus olhos penso que ele descobriu uma maneira de atear fogo em mim, de me punir pelo que fiz, mas não. A verdade é que estou quase chorando.

É de longe, minha saga preferida, não só pelos motivos que eu falei lá em cima, mas também pela complexidade de fatos que a autora conseguiu desencadear e explicar sem deixar nada a desejar. Só espero que o filme siga os mesmos padrões de Jogos Vorazes no quesito fidelidade ao enredo, porque uma saga como esta tem tudo para ser um grande sucesso de bilheteria, assim como os livros foram sucesso de venda.

A edição em português dele, que eu tive a oportunidade de ver, é totalmente linda, com uma qualidade incomparável na capa, que dá vontade de segurar o livro e nunca mais soltar, capaz de despertar emoções indecifráveis. Está na minha lista de releitura neste natal, e recomendo a todos que tiverem a oportunidade de comprar, é uma história muito boa.

Beco Literário celebra uma década de paixão pela leitura, cultura e histórias
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Beco Literário celebra uma década de paixão pela leitura, cultura e histórias

Dez anos de paixão pela leitura, cultura e entretenimento; dez anos de resenhas inspiradoras, artigos sobre filmes e séries, histórias autorais cativantes e muito mais. É com grande alegria que Gabu Camacho e a equipe do Beco Literário comemoram uma década desde o lançamento do Beco Literário.

+ Relembre: Um ano de Beco Literário!

Fundado em 10 de dezembro de 2013, o Beco Literário, apesar do nome, transcende os limites literários e se estende por uma ampla gama de tópicos relacionados à cultura e ao entretenimento. O blog, criado por Gabu Camacho, escritor e jornalista de 26 anos, oferece aos leitores um universo de histórias onde palavras ganham vida de muitas formas e com muitas vertentes.

Gabu Camacho, criador do Beco Literário, expressa sua gratidão pela jornada de uma década: “Comecei o blog como uma forma de compartilhar minhas paixões e perspectivas com o mundo, de encontrar meu lugar no mundo. Ao longo desses dez anos, expandimos nosso escopo para abranger uma variedade de tópicos, sempre mantendo a narrativa como nosso fio condutor.”

Sobre o Beco Literário

O Beco Literário surgiu em 2011, sob o nome de Ink Nightmare, no Tumblr. Naquela época, o blog criado por Gabu Camacho tinha como objetivo principal compartilhar suas leituras, discutir livros e antecipar spoilers de obras ainda não lançadas no Brasil. O blog ganhou destaque com as adaptações cinematográficas de séries populares como Harry Potter, Crepúsculo, Jogos Vorazes e obras de John Green.

Com o passar do tempo, o blog cresceu e, em dezembro de 2013, transformou-se oficialmente no Beco Literário. Mantendo os objetivos iniciais, agora contava com uma equipe dedicada a compartilhar resenhas, resumos e outros conteúdos relacionados ao vasto mundo da literatura.

Ao longo dos anos, o Beco se tornou um espaço cada vez mais plural, refletindo as mudanças de gostos e interesses de seu público-alvo, composto principalmente por jovens adultos entre 18 e 28 anos. A literatura continuava a ser uma paixão central, mas também passou a ser abordada em seu contexto mais amplo. O blog começou a explorar tópicos que iam além das páginas dos livros, incluindo cinema, televisão, viagens, comportamento, celebridades, cultura e muito mais. A missão permaneceu a mesma: comunicar e enriquecer a cultura entre o público jovem.

Em 2020, após os desafios de uma pandemia inesperada, o Beco Literário passou por mais uma transformação. O blog se reinventou mais uma vez, oferecendo o melhor conteúdo da internet para aqueles que sempre buscam mais (assim como nós), mantendo uma abordagem mais pessoal e humanizada, sem perder sua essência literária.

Ao longo dos anos, o Beco Literário tem evoluído e crescido, adaptando-se às mudanças e necessidades de seus leitores. Gabu Camacho e sua equipe continuam comprometidos em proporcionar uma experiência enriquecedora e envolvente para todos aqueles que compartilham a paixão pela leitura, cultura e entretenimento.