Tags

crítica de cinema

Críticas de Cinema, Filmes

Crítica: Marvin (2018)

Martin Clement, nascido Marvin Bijou, escapou. Ele escapou de uma pequena aldeia no campo. Ele escapou de sua família, da tirania de seu pai e da renúncia de sua mãe. Ele escapou da intolerância, da rejeição e do bullying que sofreu por ser apontado como “diferente”. Contra todas as probabilidades, ele encontrou aliados.

Primeiro, Madeleine Clement, a diretora do ensino médio que o apresentou ao teatro e cujo nome ele adotará mais tarde como símbolo de sua salvação. Em seguida, Abel Pinto, seu mentor e modelo, que irá encorajá-lo a contar sua história no palco. Finalmente, Isabelle Huppert irá ajudá-lo a produzir seu show e trazê-lo para a vida. Marvin/Martin arriscará tudo para criar esse show que representa muito mais do que sucesso: é o caminho para a reinvenção.

Marvin (Marvin ou La Belle Éducation), da diretora Anne Fontaine (Agnus Dei e Coco antes de Chanel), é um filme francês que chega hoje aos cinemas. Estrelado por Finnegan Oldfield, sua principal missão é chocar. Há um tema específico, mas, ao mesmo tempo, não há. É um filme sobre tudo e todos, expondo a hipocrisia humana e essa necessidade quase visceral que temos de estabelecer um padrão e permanecer nesse padrão, não importa o que aconteça. E eu não estou só falando sobre a homossexualidade de Marvin. Este não é nem de longe o choque da história.

Em uma aldeia no interior da França, um menino frágil comparado aos outros de sua idade sofre bullying na escola. Ele é perseguido e assediado porque decidiram que ele era diferente. Quando este menino chega em casa, ele encontra uma mãe que não queria muito estar ali e ser mãe, mas teve que ser para cumprir o que era esperado dela. Ele encontra um pai infeliz e insatisfeito. Ele encontra um irmão mais velho que pensa igual àqueles garotos que o perseguem na escola. Ele está sozinho. Durante quase todas as cenas do filme, vemos Marvin sozinho. Ou melhor, não totalmente sozinho, mas acompanhado de sua tristeza, sofrimento e incompreensão. Cenas silenciosas onde a dor nos olhos do pequeno Marvin diz tudo.

O filme começa com Marvin, agora chamado Martin Clement, como um ator de sucesso com uma peça de sucesso, aparecendo em vários programas de televisão, lançando um livro, enfim, ele chegou lá. Porém, com o decorrer das cenas, alguns flashbacks começam a aparecer, mostrando tudo o que ele passou para “chegar lá”. Definiram quem ele era antes que ele mesmo soubesse e decidisse o que ser. Estigmatizaram, julgaram, perseguiram… E ele estava sempre sozinho.

Até que a diretora do colégio, notando essa solidão, o indicou para o grupo de teatro da escola. E foi no teatro que Marvin encontrou sua válvula de escape, externando tudo o que estava guardado em seu interior por tanto tempo. Encenando seus pais, seu irmão, suas impressões de cada cena que ele havia presenciado. Aliás, a tão famosa peça de teatro que leva Marvin ao estrelato, a qual foi escrita, estrelada e dirigida por ele, nada mais é do que o retrato de sua família e sua vida, dotada de comentários e impressões pessoais, os quais, na época, ele não pôde expressar e, agora, usa o palco e sua arte para colocar para fora quem ele é.

Marvin é um filme intenso devido à sua verdade. Uma verdade nua e crua que choca e incomoda, assim como a maioria das verdades fazem. Quantos Marvins estão por aí vivendo a mesma coisa? Quantas crianças são perseguidas e humilhadas por não se encaixarem em determinado padrão social que definiram para elas? Quem definiu? Por quê? Quem tem a autoridade de definir como a vida de outra pessoa deve ser?

Por mais que o tema principal da história seja um garoto descobrindo sua sexualidade, Marvin vai muito além. Ele nos faz questionar sobre nós mesmos. Somos quem realmente gostaríamos de ser ou o que disseram que deveríamos ser? Somos como a mãe de Marvin que exercia um papel que não a deixava feliz, mas, nascida mulher, era o que “tinha para hoje”? Ou somos como aquela diretora que foi sensível o bastante para notar o sofrimento de um aluno no meio de tantos outros? Enxergamos os Marvins ou fingimos que eles não estão ali em pró do padrão maior? Assista ao filme, encare os olhos de Marvin e responda para si mesmo.

Crítica: O Abutre (Nightcrawler, 2014)
Crítica: O Abutre (Nightcrawler, 2014)
Críticas de Cinema, Filmes

Crítica: O Abutre (Nightcrawler, 2014)

Cenas fortes em jornais em horários totalmente inapropriados. Falta de respeito com o telespectador e com as vítimas. Falta de humanidade desse tal jornalismo sensacionalista. Essas são algumas críticas do filme “O abutre” estrelado por Jake Gyllenhaal, ator que eu nunca consigo ter certeza se atua bem ou não, a cada filme tenho uma opinião diferente. Nesse, vejo até que a atuação dele foi boa, ele conseguiu entrar no papel de um personagem com estilo meio sociopata sem sentimentos, ou seria ele que transparece um estilo blasé que fica parecendo ser do personagem? Fico quase sempre com esse mesmo questionamento, como em “Os suspeitos”, que conta com atuação incrível de Hugh Jackman, que contrasta absurdamente com a de Jake.

Voltando ao filme, fiquei presa nele do início ao fim. Ele trata a questão da falta de respeito, da falta de humanidade, da ganância e da vontade de ultrapassar seus próprios limites como profissional de uma forma maravilhosa. Fica claro como muitas pessoas do meio jornalístico não se importam em como conseguir manter uma audiência, contanto que a mantenham. Eles buscam a tragédia, e são até capazes de criá-la, tudo para continuarem em seus empregos, e talvez por algo mais que se desenvolve dentro deles. Eles criam pânico desnecessário aumentando histórias, acrescentando mais crueldade e violência aos fatos reais, tudo para que a população fique alarmada e se mantenha ligada ao jornal 24 horas por dia.

A cada ação do protagonista eu ficava mais indignada, não conseguia acreditar naquilo, mas o jornalismo sensacionalista está aí diariamente jogando na nossa cara como a vítima é desrespeitada em seu momento de sofrimento e o telespectador dentro da sua própria casa.

Por mais impressionante que pareça, há leis sobre esse assunto. Imagens fortes só podem ser mostradas com aviso prévio para o espectador e, mesmo assim, nem tudo pode ser mostrado, mas, ninguém é punido por uma criança ser exposta a esse tipo de imagem recorrentemente às seis da tarde porque sua mãe precisa trabalhar e acaba não prestando tanta atenção ao que seu filho assiste na televisão.

Um filme que me fez pensar muito, que leva várias ações ao extremo. Fiquei um pouco insatisfeita com a falta de contextualização dos acontecimentos anteriores na vida dos personagens. Porém, a crítica foi feita de forma muito boa o que faz com que o filme valha muito a pena, levantando questionamentos: até onde o jornalismo deve ir para que a informação chegue até nós? Essa ainda é a prioridade deles afinal de contas?

Crítica: A Máquina
Crítica: A Máquina
Críticas de Cinema, Filmes

Crítica: A Máquina (O Amor é o Combustível, 2006)

A máquina é um filme brasileiro de 2006, dirigido por João Falcão, e baseado em livro de Adriana Falcão e em peça teatral do próprio diretor.

O enredo é todo alegórico e fantasioso e faz críticas aos formatos dos filmes de cinema. A história toda é narrada pelo personagem do Paulo Autran. O roteiro é baseado em livro de Adriana Falcão e em peça teatral de João Falcão. O filme foi produzido por Diler Trindade; a trilha sonora tem canções de DJ Dolores, Chico Buarque e Robertinho do Recife; a fotografia é de Walter Carvalho; o desenho de produção é de Marcus Figueiroa; a direção de arte é de Marcos Pedroso; os figurinos são de Kika Lopes; e a edição é de Natara Ney.

A primeira vez em que assisti à Maquina, foi durante uma aula de Leitura Crítica de Mídia. Com áudio ruim, o sotaque das personagens ficou inteligível e eu pensei mano, que filme é esse? Deve ser mais um daqueles que professor passa e é péssimo. Eu não poderia estar mais enganado.

Tinha que fazer um relatório, e fui assistir mais uma vez. Acabei assistindo duas, e mais uma vez no dia seguinte. Que filme, amigos, que filme! A trama principal começa com Antônio, o filho do tempo, narrando uma história que acontece na pacata cidade de Nordestina, perdida no sertão e tão pequena que nem aparece no mapa. Sem recursos, todo mundo espera pelo dia em que vai deixar a cidade, que não tem recursos porque todos saem. Faz sentido pra você?

Talvez não, mas para Karina, jovem sonhadora, faz o maior sentido. Com o desejo de ser atriz, conta os dias para o aniversário de 18 anos, quando finalmente será livre para deixar Nordestina. Enquanto isso, ensaia todos os dias com Antônio, que faz dela cinema para seus olhos com direito a repetição e todo o resto.

Com uma crítica ferrenha a televisão e a alienação, mostra o quanto as pessoas são reféns daquilo que veem. Em Nordestina, por exemplo, tinha até pessoas dispostas a ensinar “como falar carioquês”. Também passa um pouco pela sociedade do espetáculo, em que tudo o que vale, é a aparência e como isso pode trazer mais audiência.

Karina quer sair da cidade, mas Antônio tem medo de perder sua amada, e por isso, sai de Nordestina e promete conseguir o mundo para Karina, de forma que Nordestina fique conhecida. Naquela atmosfera de “De Volta Para o Futuro”, o rapaz viaja no tempo e ainda consegue trazer reconhecimento para a sua cidade.

É difícil comentar a história do filme, o tempo é um assunto complicado de tratar, mas que foi feito com maestria no longa, mostrando um romance que não se pauta somente naquele vai e vem de dramas e pessoas de fora tentando estragar o casal principal com um triângulo amoroso, muito pelo contrário, o amor é o combustível dessa história, e o tempo é o personagem coadjuvante. Sério, se você ainda não viu, só vai e depois volta aqui para a gente comentar, combinado?

E para finalizar a crítica, vou deixar essa versão de “Dia Branco”, feita pela banda The Sconhecidos, do filme, e que eu não consigo parar de ouvir um minuto sequer.

Fonte: divulgação
Críticas de Cinema, Filmes

Crítica: O filme da minha vida (2017)

Antes, eu só via o início e o fim dos filmes. O início, para conhecer a história; e o fim, gostava de assistir porque o fim é sempre bonito.

Assim se inicia O Filme da Minha Vida, longa brasileiro que estreou nos cinemas em 3 de agosto. Primeira adaptação dos parceiros Selton Mello e Marcelo Vindicatto, o filme é baseado na obra Um Pai de Cinema, do chileno Antonio Skármeta (o qual faz uma participação especial em cena que se passa no bordel).

Terceiro longa do Selton-diretor, o filme conta com a participação de um time que já trabalhou com ele em O Palhaço (2011) e, por isso mesmo, foi escolhido minuciosamente pelo diretor: Vania Catani na produção; Claudio Amaral Peixoto na direção de arte; figurino de Kika Lopes; e, a maravilhosa trilha musical de Plínio Profeta. Além de Walter Carvalho na direção de fotografia, o qual já havia trabalho com o Selton-ator em Lavoura Arcaica (2001).

A história principal é apresentada logo de cara, com narração do personagem principal Tony Terranova (Johnny Massaro). Filho de pai francês e mãe brasileira, Tony vai estudar na cidade grande “para ser alguém na vida” e, quando volta formado como professor, seu pai Nicolas (Vincent Cassel) sobe no mesmo trem para voltar para a França.

Fonte: Globofilmes

Saí do cinema aérea, como na cena em que Tony flutua ao admirar as irmãs Madeira, Luna (Bruna Linzmeyer) e Petra (Beatriz Arantes). Eu tinha acabado de assistir a um drama, por que estava tão feliz?

A explicação veio pela trilha sonora que não saiu da minha cabeça, cheguei em casa cantando “Coração de papel”, sucesso de Sérgio Reis na década de 60.

Filmado na serra gaúcha, a obra traz uma atmosfera de saudosismo, seja pela já mencionada trilha sonora (que inclui “I Put Spell On You”; “Errei, Sim”; “Hier Encore”; “Comme d’habitude” e “Voilà”), seja pela fotografia ferrugem de Walter ou pela cuidadosa direção de arte de Claudio.

Além dos já mencionados elementos técnicos, são vários elementos narrativos que reverenciam o passado: as brincadeiras das crianças no colégio, os primeiros amores, a descoberta do sexo, o cinema em preto e branco, os cartazes da antiga Vera Cruz, a viagem de trem.

À saudade, vem se juntar a ausência. Depois da partida do pai, encontramos Tony em um estado de profunda melancolia. Não consegue trilhar seu próprio caminho, nem desenvolver uma relação amorosa com sua melhor amiga Luna. A figura paterna não está mais presente, porém, deixa uma sombra da qual Tony não consegue se libertar. Tony não vive, apenas espera. Olha para as fotografias na parede que congelam o passado à que ele tanto se apega. Sonha com o pai, lembra-se de sua infância, olha para a antiga moto de Nicolas e mal consegue encará-la: “Nas costas da memória sigo revirando as suas lembranças”.

Assim como Tony, a primeira metade do filme é arrastada, lenta, guiada pelo sonho. Em certo momento, Luna diz à sua irmã Petra que quando ela foi embora de casa, o tempo para Luna parou. O mesmo acontece para Tony, a imagem do relógio parado é a sua vida, contudo, ela pode ser consertada, e o ponteiro voltar a girar.

Depois de escrever uma carta ao pai, Tony chega à conclusão de que “é hora de encontrar o mundo” e, neste ponto, a narrativa ganha ritmo mais acelerado. Seguindo os conselhos do amigo Paco (Selton Mello) de que “cara feia não bota ninguém pra frente” e “toca os teus caminhos, guri”; Tony pode agora desenvolver sua paixão por Luna, permitir-se ser feliz, caminhar. E é exatamente quando se decide seguir para o futuro, que o passado enfim se resolve.

ATENÇÃO: O TRECHO ABAIXO CONTÉM SPOILERS

No alto do cinema, na sala de projeção, enquanto Tony e Luna assistem a O Rio Vermelho (1948, de Howard Hawks), o projecionista ouve com atenção a uma fala do filme: “toda vez você olhará para trás, esperando me ver, mas a única vez que você não olhar, eu estarei lá”. O projecionista se revela sendo Nicolas, que decide voltar à vida do filho.

O diálogo com a linguagem cinematográfica também é estabelecido, seja no título do filme (“o filme da minha vida” seria O Rio Vermelho ou a própria história de Tony cheia de reviravoltas?), nas idas à sessão, nos cartazes, no projetor ou nos rolos de película.

Interessante notar que a obra chama atenção a todo o momento para si, para a importância de não se perder uma palavra, um detalhe, porque “o meio é tão importante como o final”. Parece dizer em cada cena “para, olha, escuta. Tudo tem seu tempo, espera”.

Do ponto de vista do roteiro, tal atenção fica evidente nas frases que se encaixam perfeitamente (e explicam) a história dos personagens. Até mesmo a frase original do filme O Rio Vermelho (“toda vez que você olhar para trás, espere me ver, porque uma vez você se virará e eu estarei lá”) acaba por ser modificada para se encaixar melhor à narrativa.

Com relação à direção, Selton opta por se utilizar, em boa parte do filme, de planos próximos dos personagens, mostrando a importância de suas expressões e sentimentos.

Fonte: making of

Após o reaparecimento de Nicolas, Selton consegue amarrar perfeitamente toda a tensão construída até aquele momento. Tudo é explicado. O sobressalto de Paco ao ouvir Tony falar das belezas de Petra; o sumiço da moça; o não recebimento de nenhuma carta do pai; a grande atenção dada ao fato de Tony querer ir ao cinema; a insistência de Paco em fazer com que Tony esqueça o pai; o interesse daquele pela mãe deste; a menção de Tony ao fato de que não precisa de luvas de boxe, pois nunca bateu em ninguém.

A interpretação de Johnny Massaro consegue mostrar a trajetória do herói durante a narrativa: de garoto melancólico vivendo à sombra do pai, a senhor de seu próprio destino. O arco dos personagens Paco e Nicolas também se desenvolve e conseguimos ver nitidamente sua transformação.

Os trilhos e o trem são, na verdade, o maior signo e metáfora dentro da obra. Rolando Boldrin interpreta o maquinista Giuseppe, personagem criado especialmente para ele e que não está presente no livro de Skármeta. Boldrin é uma figura mítica dentro da obra, assim como Caronte carrega as almas dos recém-mortos, Giuseppe é aquele que leva os corpos dos vivos aos seus destinos, “para resolver seus problemas”.

Fonte: Globofilmes

O único pecado da obra talvez resida justamente na transparência de seu campo metafórico, com frases explicativas e filosóficas colocadas durante todo o filme, o que acaba por trazer seu significado “mastigado” demais ao espectador. Um bom enigma é aquele que não se deixa revelar tão facilmente e que, por isso mesmo, faz com que sua descoberta seja mais satisfatória.

O primeiro e um dos últimos planos do filme mostram o mesmo enquadramento: a linha de trem à esquerda, uma estrada de chão à direita. No início, um trem passa enquanto a estrada permanece vazia, é Tony que trilhará seu caminho para descobrir seu lugar no mundo.

No fim, o mesmo trem passa novamente, levando a mãe de Tonny, Sofia (Ondina Clais), única personagem que não é desenvolvida durante a narrativa, enquanto Tony e Luna seguem de moto pela estrada da direita.

É a vez de Sofia ser levada pelo trem para seu destino, para que sua trajetória se desenvolva, enquanto Tony, que já passou simbólica e literalmente por esse percurso, corre livre e satisfeito seu próprio caminho.

 

*Agradecimento especial à Beatriz Abrucez pela revisão do texto

Filmes

Crítica de Cinema: Esquadrão suicida (2016)

Esquadrão suicida era um dos filmes mais esperados desse ano. Eu como boa fã doida da DC e leitora dos quadrinhos não aguentava mais de ansiedade para finalmente ver o filme. Por causa dos trailers e da escolhas dos atores, a expectativa era muito alta.

O filme se passa depois da morte de um grande super herói  (se você ainda não viu Batman versos Superman ta na hora!), Amanda Waller é uma agente do governo que decide recrutar os vilões mais poderosos para montar uma força tarefa que deve servir ao presidente e à Casa Branca. A proposta apresentada aos fãs veio recheada de rostos conhecidos, aventura e um toque de insanidade misturada com muita ação. Tem como dar errado?

Tem sim.

Uma das maiores especulações sobre o filme era o papel de Jared Leto. Durante as gravações nós pudemos acompanhar relatos sobre o ator/cantor pregando peças nos sets de filmagens com os outros atores e membros da produção. Talvez toda essa brincadeira tenha distraído Jared Leto da sua verdadeira obrigação. Se eu fosse analisar o filme como uma música eu diria que ele estava fora do tom. O filme todo traz uma grande harmonia e conexão que Jared Leto não conseguiu acompanhar, a sensação para quem assiste é que ele está tentando demais. Para mim, o coringa é o um dos melhores vilões no universo da DC e como é uma receita de bolo: ele precisa ser assustador, maníaco e destemido. Jared Leto cumpriu totalmente a função de mostrar o lado doentio do vilão, mas mesmo assim tudo parecia muito forçado e artificial. Assim como o ator, Cara de Delevingne não me convenceu em nenhum minuto  na pele de “Magia”. A atriz (ainda com pouca experiência) foi uma escolha arriscado para um papel que é o ponto central do enredo e infelizmente  ela foi ofuscada.

Eu não vou te matar, eu vou apenas te machucar. Bastante.

Por outro lado, Margot Robbie é um show a parte. Eu não conhecia nenhum outro trabalho da atriz e estava extremamente preocupada com a escolha dela como uma das personagens mais complicadas dos quadrinhos. Nunca fui tão feliz de ser surpreendida. A atriz se entrega totalmente à personagem e temos 2h de uma deliciosa performance, era como se ela tivesse nascido para interpretar o papel. Arlequina é louca, desequilibrada, rude e má na medida certa. A personagem foi abordada brilhantemente em cada mera detalhe da sua personalidade. Todas as cenas dividas com o Coringa foram salvas por Margot.

O filme ainda conta com Will Smith (ótimo como sempre)  sendo um ponto importantíssimo de base para o desenvolvimento da trama. A atriz Karen Fukuhara, que interpretou a personagem Katana, foi um das gratas surpresas, para mim é como se tivessem tirado a personagem dos quadrinhos e criado em laboratório. As semelhanças físicas e comportamentais eram incríveis e impressionantes.

A produção acertou em vários aspectos como a trilha sonora (apenas maravilhosa), fotografia e figurino. Tudo foi pensado e analisado com muito cuidado para entregar o filme aos fãs. Apesar de altos e baixos, Esquadrão suicida é um filme que vale muito a pena e nos deixa com uma enorme vontade de ver mais e eu mal posso esperar para poder comprar o dvd.

P.S: Um filme solo para Arlequina pelo amor de Deus !
P.S ²: tem cena extra depois dos primeiros créditos !