Você quer um livro feliz? Um livro com finais românticos, sobre cura e contos de fadas? Então minha dica inicial é: procure outro livro.
“Como eu era antes de você” conta a história de Louisa Clarck, uma garçonete de 26 anos, que mora com os pais e namora o mesmo cara há sete anos, e está acomodada na vida. Acomodada em tudo: em seu emprego que não tem futuro, mas ela gosta de conversar com os clientes, e é cômodo. Em seu relacionamento, que não faz seu coração bater mais forte, que não se identifica mais pela pessoa que se apaixonou, mas é cômodo. Em viver em um quarto apertado numa casa cheia, por que é cômodo. Tudo muda quando o café que Louisa trabalha é fechado, e ela tem que procurar outro emprego. Depois de muitas buscas e tentativas, ela percebe que não está qualificada para fazer nada e sua única habilidade se resume a: saber lidar com pessoas.
Pela necessidade de ajudar financeiramente sua família, Louisa se vê obrigada a aceitar o último emprego que o Centro de desempregados tem como opção: ser cuidadora de um tetraplégico por seis meses, e é essa a motivação de Louisa “são apenas seis meses”.
Ao chegar na mansão onde vai trabalhar, Louisa (e nós) conhecemos Will (e é ai queridos amigos leitores, que seu coração começa a doer um pouquinho). Will era um advogado respeitado e disputado em Londres, que passava seu tempo livre em viagens longas para praticar esportes radicais com sua namorada. Após sofrer um acidente, Will se vê preso a uma cadeira de rodas, e se torna uma pessoa amarga, infeliz e mal humorada.
O primeiro (e o segundo, e o terceiro…) contato de Louisa e Will não são nada amigáveis. Enquanto Louisa se esforça para ajudar ao máximo, Will sempre lhe dá cortadas, e diz que sua presença não é necessária ali. Louisa permanece no emprego, onde convive mais com Nathan (enfermeiro que cuida de Will) do que com o próprio Will. E é graças a insistência da mãe de Will que Louisa permanece no emprego e passa a conviver diariamente com ele e a respondê-lo da mesma maneira que ele : grossa e sarcástica. E então, aos poucos, eles começam a sua relação de amizade (e é ai, amigo leitor, que seu coração começa a doer mais um pouquinho).
Acredito totalmente na veracidade do livro: não é possível que duas pessoas que convivam 12 horas diariamente não criem nenhum tipo de laço. Acredito totalmente que um jovem na sua plena idade de diversão e curtição se torne uma pessoa insuportavelmente grossa e reclusa depois de um acidente. Acredito totalmente em jovens que deixam sua vida ir passando pela comodidade, pela falta de motivação de fazer algo a mais. Quando você percebe isso também, percebe como tudo pode ser verdade, como Will e Lou se parecem com pessoas que convivemos… é um problema: você já não consegue largar o livro.
Louisa e Will começam a fazer atividades juntos como assistir filmes, ou passear no ponto turístico da cidade, e Will começa a se abrir para Louisa, e não consegue entender como uma jovem tão inteligente se contenta em trabalhar em um Café. Em um desses momentos de ligação entre os dois, vemos a visita da ex-namorada de Will, que o olha visivelmente com pena e veio lhe contar que estava noiva e Will apenas lhe dá os parabéns, mas conseguimos sentir – graças a escrita impecável de Jojo – o que ele está passando de verdade (e nessas horas amigo, nosso coração doi mais).
A cada hora que passa com Will, Louisa aprende mais. Aprende como uma pessoa consegue ser inteligente, e engraçada, e generosa mesmo estando numa situação terrível. Ela percebe como Will lhe dá mais atenção que seu namorado, Patrick, que só quer saber de trabalho e academia. Como Will lembra de detalhes que ela lhe contou há muito tempo, como Will pergunta sobre a sua família, e como eles criaram uma linda amizade. E todos os dias que tem até o fim do seu emprego (6 meses) Louisa passa planejando uma atividade nova e feliz, para fazer com que Will se senta vivo novamente. Enquanto isso, Will mostra a Louisa a sua própria capacidade de fazer coisas novas e experimentar novos ambientes, saindo da sua zona de conforto e desejando o melhor para si mesma.
“Como eu era antes de você” me deixou com a maior ressaca literária que já passei. Me apeguei a Lou, pela sua personalidade cativante e que gosta de conversar e animar as pessoas, me apeguei a Will por ser tão rabugento e engraçado, por resmungar pelos cantos e ainda assim fazer você querer ele sempre por perto e me apeguei até a Nathan, personagem terciário que nem sei por que eu gosto dele, apenas gosto. E dar adeus a esses personagens foi muito difícil.
Este não é um livro feliz, mas é um livro lindo. Se você quer ler para se distrair, ou para ver finais felizes, eu não aconselho a leitura. Mas o que posso dizer é que “Como eu era antes de você” me ensinou inúmeras lições (sobre preconceito, sobre ambição, sobre generosidade e sobre como podemos ajudar uns aos outros em todas essas passagens difíceis que sofremos na vida). Terminei a leitura em lágrimas, mas transformada. “Como eu era antes de você” ganha 5 estrelinhas no controle Rafa Donadone de qualidade, e posso dizer que é quase uma terapia, que custa apenas 29,90 na livraria mais próxima de você!
P.S. “Como eu era antes de você” já teve seus direitos autorais comprados pela MGM e vai virar filme o/
Leia nossa resenha sobre a continuação do livro, “Depois de você”, clicando aqui