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Resenha: Procura-se um namorado, Alexis Hall

Quando recebi o livro “Procura-se um namorado” do pessoal da Companhia das Letras, logo me apaixonei pela capa e pela sinopse da contracapa. Me lembrou muito meu queridinho “Vermelho, branco e sangue azul“, então, já tratei de logo passar na frente de todas as leituras. Eu sou cadelinha de qualquer enemies-to-lovers ainda mais se for YA, ainda mais se for LGBTQIAP+.

Luc O’Donnell, infelizmente, é um cara famoso. Quer dizer, mais ou menos. Sendo filho de duas estrelas do rock, ele é uma das subcelebridades preferidas dos tabloides. E agora que seu pai está voltando aos holofotes, ele se tornou o centro das atenções, o que significa que uma foto comprometedora pode – e vai – estragar tudo.

Mas Luc tem um plano: para limpar sua imagem, ele só precisa de um namorado normal e bonzinho, e Oliver Blackwood é as duas coisas, além de advogado, vegetariano e basicamente alérgico a qualquer tipo de escândalo. O único problema é que, tirando o fato de ambos serem gays e solteiros e precisarem de acompanhantes para um evento, Luc e Oliver não têm nada em comum.

É por isso que eles estabelecem um namoro falso, até quando for necessário. Mas o perigo de namorar de mentira é que se parece muito com namorar de verdade. E, quando sentimentos verdadeiros começam a surgir, eles precisam descobrir como fazer dar certo – não para as câmeras, mas para si mesmos.

Em “Procura-se um namorado” conhecemos Luc O’Donnell, um cara de 28 anos, que é filho de famosos. Sim, ele é a subcelebridade preferida dos tabloides britânicos, quase como que se sentissem um prazer em cima de sua desgraça. As coisas só pioram quando seu pai está de volta aos holofotes, mais polêmico que nunca e seu ex-namorado vendeu todas as suas histórias traumáticas para a imprensa. Em outras palavras, Luc não tem ninguém e não faz questão de ter.

+ Livros para orgulhar-se de ser LGBTQIAP+

No entanto, ele trabalha em uma instituição social que protege os escaravelhos, chamada de CACA. E, apesar de não ligar para (quase) nada, ele é o responsável por arrecadar doações para que a empresa funcione e com sua má reputação na mídia, as pessoas estão culpando-o por pararem de doar. É então que ele arruma um plano: vai arrumar um namorado falso para limpar sua imagem, afinal, ninguém gosta de gays promíscuos, mas todo mundo ama um gay heteronormativo, né?

É nesse enrosco que ele chega em Oliver Blackwood, advogado criminalista, com quem já teve um “caso” no passado. A diferença é que eles não tem nada em comum, exceto pelo fato de serem gays, mas ambos precisam de uma forcinha no âmbito ter e manter um relacionamento, nenhum deles é bom nisso. Foi nesse ponto que meu sofrimento começou.

No início, achei a leitura arrastada, até um pouquinho chata, demorando para se desenvolver. No entanto, depois percebi que essa é uma estratégia perversa da autora que nos dá todo o romance que a gente quer, mas em doses homeopáticas. Luc e Oliver começam a se envolver cada vez mais no “namoro de mentira”, até que nada mais é de mentira, só que Luc não confia em mais ninguém e Oliver acha que tem muitos problemas. Em bom português, eles só conseguem estragar tudo página após página e a gente fica ali, nervoso, querendo ler só mais um capítulo.

Posso dizer com toda certeza do mundo que “Procura-se um namorado”, minha última leitura de 2021, me deixou bitolado. Eu não fiz nada até terminar o livro. Eu fui para a academia lendo, eu parei de viver para viver a história de Luc e Oliver, porque, apesar do início cansativo, o livro se desenvolve maravilhosamente bem. Então, se você começar e sentir que está chato, persevere mais um pouquinho. Vai valer a pena.

Eu chorei, eu ri, eu torci… Eu queria viver em uma espécie de Big Brother em que eu pudesse acompanhar Oliver e Luc o dia todo. Os personagens são reais e isso transparece nas páginas, tirando o fato de que, os dois precisavam muito de uma terapia mas o amor maravilhosamente curou tudo (e a gente sabe que não é bem assim na vida real, mas a licença poética está de bom tamanho para mim aqui).

No final, conhecemos um lado mais humano de Luc e Oliver que me fez enxergar os dois na minha frente, quase como se saltassem da página do livro, ao mesmo tempo em que me senti Luc, que me senti Oliver… Indescritível. Apesar de todos os pesares, ganhou cinco estrelinhas e um lugar mais que especial no meu coração.

E ah, antes que eu me esqueça: em Agosto sai a continuação de “Procura-se um namorado”, ao que tudo indica, vai chamar “Procura-se um marido”. Só digo que se vier casamento, podem preparar minha lápide porque aqui jaz uma cadelinha de Oliver e Luc.

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Resenha: contando estrelas cadentes, Gabu Camacho

A resenha de contando estrelas cadentes é um pouco diferente porque ele foi o livro do mês escolhido para discussão e debate no Beco Club, grupo de leitores VIPs do Beco Literário, e foi produzida por todos que participaram. Dessa forma, ela será apresentada aqui em forma de diálogo, com a devida assinatura de cada um dos Becudos que participaram.

Minhas primeiras impressões:

De início, foi aquele impacto o fato de não encontrar a grafia das letras maiúsculas.
Causou estranhamento, inquietação. Uma total quebra de paradigmas.
A nota do autor… Nossa!
Uma marquinha pessoal e especial para qualquer leitor. Proporcionou uma proximidade que chega a dar aquela sensação de estarmos frente a frente com o autor.
Quanto ao fator da interpretação, ela é realmente uma simbiose com nossos sentimentos.
Nunca temos a mesma percepção ao lermos a mesma obra em momentos diferentes, seja ela ficção ou não.
A leitura é permeada para além do que está escrito. A leitura é reflexo se quem somos e de como estamos.
Em tão poucas páginas já consegui emanar tantas emoções.
Essa leitura promete. – Wilderlane Oliveira

simmm, eu tbm levei um choque pelas letras maiúsculas. a nota foi muito intimista, mas também abrangente. quando fala sobre escrever pra ser lido e sentido. parei no “diga não aos canudos. por mim. pelas tartarugas.” e foi tão bonito, um crescimento e uma auto descoberta talvez. – Jessica

Eu também senti essa questão das letras e isso mostrou para mim que preciso me abrir mais as coisas. Eu achava que estava aberta, mas preciso ir além. A cada parte eu senti em suas palavras os momentos impressos ali.
Eu comecei a leitura mais cedo, em uma situação não muito boa, logo comecei a chorar, mesmo essa situação sendo completamente diferente do livro, suas palavras se encaixaram como uma luva. Agora em casa, li novamente e parece que vi polaróides, vi o hotel, vivenciei tudo como em um curta metragem ( poderia rolar um né😍) e até veio em mente outra playlist além da playlist. É um livro que entendo que posso ler em várias situações e em cada uma ele me dirá algo diferente, talvez como um tarot, mas sem precisar abrir nenhum baralho. – Talita

Comecei a ler e já deu para encontrar alguns poetas famosos no seu estilo de escrita até Clarice Lispector. Até onde li você já encanta na escrita e mostra uma maturidade nós textos. No máximo até amanhã termino estou com muitas leituras, mas está lindo.👋🏻👋🏻 – Sylvia Rainho

Eu amei aquela parte de “a sensibilidade de um livro lgbt dificilmente é captada por um não-lgbt”. Senti na pele mesmo sério. – Deivid Esterferson

Eu amei todas as músicas que você colocou no livro. Cada uma se encaixa perfeitamente na leitura, nos momentos. Um dos que mais me tocaram foi o [seis] desvio. Já passei por coisas parecidas na vida, por ser diferente, me identifiquei com cada palavra dessa parte. A vida realmente não é fácil, e gente percebe que quem mais amamos nos machucam mais. Me identifiquei muito com esse livro e com você também, ele me tocou e me comoveu muito. Não sou lgbt ( eu acho ) mas uma boa parte da minha vida eu fiquei sem saber realmente quem eu era, e às vezes tenho essa duvida até hoje. Estou passando pela fase mais difícil do ser humano, que é as adolescência. E não é fácil vc passar por ela sozinho e sem saber verdadeiramente quem você é, eu sei bem q n é. Eu amei esse livro com cada gotinha de sangue do meu corpo! Não pare de escrever nunca, vc é incrível, quero ler mais livros seus! Vc é uma pessoa linda por dentro e por fora, incrível pelo oq já passou e se tornou hoje. – Julia Lopes

O que dizer desse livro??
Eu amei…vou ler e reler e ler novamente kkk
Amei a mistura de elementos, a música, o horóscopo(escorpiano tem mesmo inimigo mesmo sem intenção), a paixão da Bella e o Edward…
O poema 6 com certeza é o preferido, me identifiquei com a história do nariz(Não com o desvio de septo kkk) Mas acostumei a não respirar direito por causa do nariz entupido, e NÃO devemos nunca nos acostumar com as coisas ruins.
Diga não aos canudos.por mim.pelas tartarugas. Se só tivesse essa frase no livro ele já me conquistaria kkk aí aparece UM BOM CORAÇÃO SEMPRE SERIA SUFICIENTE PARA A PESSOA CERTA é minha frase preferida da vida agora .
E quem nunca teve atritos com os pais?? Até seu pai e sua mãe que são as pessoas que mais te amam no mundo, vão te fazer chorar… vão mesmo…as vezes um tapa dói menos do que certas palavras.
É um livro que mexe muito com as emoções, faz lembrar a infância, a adolescência, a fase adulta, nossos erros, acertos…
Eu amei – Denise

Teve poemas que foi como se você estivesse falando sabe, de tão vivida que a experiência foi, também estranhei o fato de não contar letra maiúscula, achei bem massa a proposta, confesso que no começo deu uma certa aflição😂😂, porém ao decorrer da leitura tudo fluiu de forma fantástica. A playlist casou completamente com os poemas e o poema do desvio do septo foi o que mais mexeu sabe. Pq nós temos essa tendência de nós acostumarmos com o que temos, mesmo sendo algo ruim para nós e eu ia passei por situações assim de me conformar com algo não muito bom. – Cledja Ferreira

Sigo degustando cada poema. Paulatinamente. Indo e vindo.

Como estou me encontrando nessas palavras…

A queda.

E quem não passou por ela?
A questão não é o cair.
É o que fazer com ela.
Se não experimentamos, não vivemos.
E vivendo podemos tropeçar e cai em alguns momentos.

Aguenta coração! – Wilderlane Oliveira

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Resenha: O Pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupéry
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Resenha: O Pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupéry

Publicado pela primeira vez em 1942 nos Estados Unidos e, três anos mais tarde, na França, O pequeno príncipe tornou-se obra de apelo universal, um clássico moderno traduzido para mais de oitenta idiomas. Suas páginas abrigam valiosas lições sobre a solidão, a amizade, o tempo, a vida e a morte, compartilhadas conosco por meio do pequeno habitante do asteroide B 612. Apesar de escrito e narrado por um adulto, O pequeno príncipe se dirige, desde suas primeiras linhas, às crianças. É, na verdade, uma ode à infância, uma delicada viagem a esse planeta que aos poucos abandonamos, vivendo em prol das nossas vaidades, vícios, obrigações, números e demais coisas “sérias e importantes”. Deixe-se conquistar pela fábula atemporal de Antoine de Saint-Exupéry e acompanhe o pequeno príncipe em sua jornada rumo ao nosso planeta. Lembre-se apenas de fechar um pouco os olhos e abrir bem o coração. Pois o essencial, como nos têm ensinado o pequeno príncipe e sua amiga raposa, por mais de setenta anos, é invisível aos olhos.

A resenha de O Pequeno Príncipe é um pouco diferente porque foi o livro do mês escolhido para discussão e debate no Beco Club, grupo de leitores VIPs do Beco Literário, e foi produzida por todos que participaram. Dessa forma, ela será apresentada aqui em forma de diálogo, com a devida assinatura de cada um dos Becudos que participaram.

O Pequeno Príncipe é um sonho, um livro que te mostra o quanto é importante você aproveitar e levar para sua vida os sonhos, a magia e tudo o que gosta de fazer, isto é sua habilidade ou dom e não deixar morrer por causa da vida toda. Além do amor às pequenas coisas, afinal tu és responsável por tudo aquilo que cativas. Esse livro já é um velho amigo, li na infância, passei para duas turmas que dei aula e até estimulei as minhas filhas a ler. Sonhos assim nunca devem acabar. — Sylvia Rainho

O livro retrata pra mim a valorização das pequenas coisas. Eu já tinha lido esse livro na infância e assisti também ao filme (que me encantou igual o livro). É um livro que vou dar para os meus filhos lêem. E me deu vontade de assistir o filme novamente. — Michelly da Costa

O livro é encantador, li pela primeira vez quando criança, depois disto li ele várias vezes, no entanto, ele nos dá uma lição de vida encantadora, nos ensina a se contentar com o pouco e valorizar as amizades. — Kallinny Almeida

Eu li na época de escola, eu amei tanto… lembro sempre da lição de dedicarmos tempo às coisas que realmente importam na vida. — Gabu Camacho

E também a respeito de lembrarmos sempre de ser em alguns momentos como um criança. A gente passa muito tempo querendo ser o forte ou maduro e esquece que se formos levar tudo a sério a vida perde a graça. Já queria ler há algum tempo, mas nunca tive coragem de comprar e ler. Seguindo o livro do mês, me vi “obrigado” a ler para compartilhar o que achei. Bom, de início o livro parece uma loucura: um príncipe que viaja planetas diferentes, que ama uma rosa e fala com animais. Um personagem infantil que a todo momento incentiva um terráqueo a jamais se esquecer de ser criança (que levou o autor a dedicar o livro ao seu amigo enquanto criança). Além disso, traz outros ensinamentos ao longo do livro, como quando ele se apresenta ao rei e lhe pede para ver o pôr do sol, sob o pretexto de que o rei manda em tudo e a resposta do rei é interessante. Ele diz: “É preciso exigir de cada um o que cada um pode pode dar”. Outro, quando a raposa lhe ensina que podemos ter diversas pessoas ao nosso redor, mas nenhuma será igual àquela que temos laços, pois são eles que diferenciam umas de outras. E, nesse livro também consta uma frase bem conhecida: o essencial é invisível aos olhos. — Pedro Henrique Domingos

O Pequeno Príncipe, é um livro infantil, mas ao meu ver é um livro feito para as crianças que estão dentro de nós, que infelizmente na maioria das vezes a deixamos escondidas e esquecidas dentro do peito, sem esperança. Este livro atemporal, que mesmo tendo sido escrito por volta de 1943, é sempre muito atual em suas questões, que desde cedo falava sobre responsabilidade afetiva, esperança, vaidade, ganância, entre outras coisas que passam desapercebidas aos olhos adultos, seja por falta de tempo ou egoísmo.  O livro nós mostra que por muitas vezes, nós adultos nós fechamos em uma bolha egoísta, exigindo demais dos outros e não se doando com reciprocidade. Este é meu livro favorito desde criança e a cada vez que eu o leio, tenho a leve impressão de que acabou de ser escrito, pois é sempre muito atual. Saint-Exupéry, foi sábio e habilidoso em cada palavra, todas foram colocadas de forma com que tocasse a maioria das pessoas que lêem o livro, nem que fosse por um instante e com isso eu aprendi que sim, o essencial é sempre invisível aos olhos humanos, perdemos tanto tempo preocupados com o material e esquecemos do que está dentro. — May Esteves

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Resenha: Vermelho, branco e sangue azul, Casey McQuiston
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Resenha: Vermelho, branco e sangue azul, Casey McQuiston

Vermelho, branco e sangue azul é um livro complicado para eu falar sobre porque talvez seja o livro que eu mais gostei na vida desde que li História é tudo o que me deixou, do Adam Silvera. Estou só o caco depois que acabei essa leitura e vou tentar ser sério durante a resenha. Mas para isso, fiz uma coisa que nunca fiz antes e coloquei uma música para você ouvir enquanto lê. Fará a diferença, te garanto.

Bom, Vermelho, branco e sangue azul conta a história de Alex Claremont-Diaz, filho da presidenta dos Estados Unidos, que se tornou o queridinho da mídia norte-americana. Ele é bonito, carismático, leva jeito para a política e quer seguir os passos dos pais (o pai também faz parte da política). Sua família é então convidada para o casamento real de Philip, príncipe britânico, e na festa, Alex precisa lidar com Henry, irmão mais novo de Philip e o queridinho do mundo todo. Sim, sua versão britânica que ele não suporta, ainda mais com as constantes comparações da mídia.

É fato que eles não se dão bem desde o primeiro encontro e não seria diferente no casamento. Após uma série de provocações, os dois acabam caindo em cima do bolo caríssimo da festa e indo parar na capa de todos os tabloides do mundo, quase acabando com a relação diplomática entre Estados Unidos e Inglaterra. A assessoria de imprensa de ambos os lados arquiteta um plano que eles precisam se passar por melhores amigos durante um final de semana. Visitando hospitais de caridade, dando entrevistas, sendo vistos juntos por aí… E vão, trocando farpas em qualquer oportunidade, mas fingindo aquele sorriso perante as câmeras, até que um falso ataque terrorista no hospital em que estão faz os dois ficarem confinados juntos em um armário de vassouras. E aí começa a conversa de verdade entre os dois e depois, a troca de números com a volta de Alex aos Estados Unidos.

Eles começam a conversar pelo celular, cada vez com mais frequência. Eles se aproximam e, durante uma festa na Casa Branca apenas para pessoas influentes e famosas, Henry beija Alex e foge. Alex fica confuso, porque nunca tinha pensado na possibilidade de ser bissexual antes. E começa sua jornada de autodescoberta, enquanto descobre maneiras de voltar a falar com Henry.

Sim, seu idiota arrogante da porra, eu quero você há tanto tempo que não vou permitir que me provoque por mais nenhum segundo.

É nesse ponto, gente, que a vaca do leitor vai para o brejo e você não consegue mais largar o livro. O romance dos dois é, primeiramente, baseado no despertar sexual e na vontade louca de transar um com o outro sem qualquer sentimento, pelo menos no ponto de vista de Alex. Mas com o tempo, vemos esse sentimento nascer e se solidificar cada vez mais, de forma que Alex e Henry estão terrivelmente apaixonados um pelo o outro. Mas quais as chances disso dar certo? Alex está no meio da campanha presidencial de reeleição da mãe e Henry é o príncipe da Inglaterra, com todos os protocolos e coisas do gênero. Mas o bicho pega quando uma foto dos dois se beijando no banco de trás do carro vaza. E a assessoria de imprensa quer encobrir.

pqp, diz um dos comentários, se peguem de uma vez, vai.

Mas eles não. Eles querem fazer história e estão dispostos a enfrentar o mundo para ficarem juntos, porque sabem, com mil por cento de certeza, que é para sempre. Vermelho, branco e sangue azul é sofrido, me tirou lágrimas, me tirou sorrisos e tirou a minha alma várias vezes. É uma leitura leve, que flui de maneira muito rápida, apesar dos capítulos serem extensos (algo que pessoalmente não gosto, mas não me incomodou em nada nesse livro). Ganhou em disparada como o meu livro preferido, e agora eu me sinto triste por ter terminado e mais triste ainda por não ter uma continuação. E por saber que os personagens não existem de verdade.

Você é um pé na curva sensível e delicada do saco que é minha vida.

É uma leitura interessante para vermos como o poder midiático influencia a vida das pessoas e como somos facilmente manipuláveis pelo Jornalismo e pelas coisas que querem que saibamos. Também, nos mostra que existem coisas na vida que valem a pena lutar. Eu amei cada segundo que passei imerso nessa leitura e quero ler outras e outras vezes. As cenas de sexo são sutis e bem escritas, dando aquele ar sexy para a história que não beira a vulgaridade (apesar de muitas horas eu quase implorar para tê-la). O final é feliz, e apesar de também odiar finais felizes, Vermelho, branco e sangue azul me fez amar cada letra, cada página e cada segundo que minha cabeça ficava louca por Alex Claremont-Diaz e Príncipe Henry de Gales. Quero mais e quero que eles sejam reais, agora.

Obrigado pelo livro, Editora Seguinte, e obrigado pela oportunidade de estar no mundo limitado de 300 páginas de Alex e Henry. Agora me levem para o mundo deles de verdade.

Dia da Consciência Negra: 4 livros escritos por pessoas negras
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Dia da Consciência Negra: 4 livros escritos por pessoas negras

O Dia da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro, impulsiona reflexões e debates importantes sobre racismo, inclusão, desigualdade e os papéis ocupados pelos negros no Brasil. Mesmo após mais de 130 anos desde a assinatura da lei que instituiu o fim da escravidão, a presença de pessoas de cor em posições de poder ainda é tímida. A mesma escassez é percebida na prática de leitura de livros escritos por pessoas negras.

Pensando nisso, o 12min, aplicativo que condensa os pontos mais importantes de livros de não-ficção em pequenas resenhas de áudio e texto, preparou uma lista de obras escritas por negros para serem apreciadas todos os períodos do ano:

– Minha História, de Michelle Obama

Uma das mulheres mais importantes do século XXI, Michelle Obama, a ex-primeira-dama dos Estados Unidos já vendeu mais de 10 milhões de exemplares no mundo da obra que narra algumas das experiências que ela viveu. No livro, Michelle conta como lidou com a mídia, ajudou a criar uma política inclusiva e se consolidou como relevante figura na política americana enquanto acompanhava o crescimento e o amadurecimento das filhas.

– Quem tem Medo do Feminismo Negro?, de Djamilla Ribeiro

Djamilla Ribeiro é uma das 100 mulheres mais inspiradoras e influentes de todo o mundo em 2019, de acordo com lista da BBC. Boa parte de seu reconhecimento vem justamente do conteúdo abordado neste livro, que reúne uma seleção de artigos publicados pela autora e um ensaio autobiográfico, em que ela conta um pouco da sua infância e adolescência. A poderosa obra discute a representatividade negra e aborda diferentes retratos das mulheres e da discriminação racial no Brasil.

– Hackeando Tudo, de Raiam Santos

Criar hábitos e construir uma rotina produtiva pode fazer a diferença para se chegar ao sucesso pessoal e profissional. É isso que o autor Raiam Santos apresenta no livro Hackeando Tudo, em que dá dicas simples com exemplos claros para conseguir aplicar no dia a dia, que vão desde tomar banho gelado a arrumar a cama quando acordar. Para escrever a obra, o escritor leu diversas biografias estudando os costumes de algumas das pessoas mais bem-sucedidas da atualidade.

– Na Minha Pele, Lázaro Ramos

O Brasil é um dos países mais diversos do mundo, mas até hoje a nação sofre com os danos causados pela escravidão e genocídio da população negra. Para abordar esse tema, o renomado ator, cineasta, apresentador e escritor Lázaro Ramos conta sua história de exceção para sugerir uma reflexão sobre o racismo. É um convite para repensar o quanto a nação está perdendo por causa do preconceito.
Indicados ao Grammy 2020
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Grammy: Confira os principais indicados deste ano

O Grammy, uma das maiores premiações da indústria musical do mundo, revelou hoje, 20, os indicados para concorrer aos prêmios de sua 62ª edição. Em 2020, a apresentação da premiação ficará por conta de Alicia Keys, que coincidentemente (ou não!) ficou responsável pela apresentação deste ano também e foi muito elogiada pela mídia e pelo público.

As surpresas não param por aí. Lizzo foi a recordista em indicações, concorrendo a oito prêmios. Billie Eilish e Lil Nas X ficaram logo atrás e disputam com seis cada um. Ambos estão na lista de Melhor Artista Revelação. Nomes tradicionais como Beyoncé, Lady Gaga, Taylor Swift, Ariana Grande e Lana Del Rey também aparecem em algumas das categorias.

Confira aqui os indicados nas principais categorias do Grammy:

Música do ano:

“Always Remember Us This Way” – Lady Gaga
“Bad Guy” – Billie EIish
“Bring My Flowers Now” – Tanya Tucker
“Hard Place” – H.E.R
“Lover” – Taylor Swift
“Norman F***ing Rockwell” – Lana Del Rey
“Someone You Loved” – Lewis Capaldi
“Truth Hurts” – Lizzo

Gravação do ano

“Hey, Ma” – Bon Iver
“Bad Guy” – Billie EIiish
“7 Rings” – Ariana Grande
“Hard Place” – H.E.R
“Talk” – Khalid
“Old Town Road” – Lil Nas X
“Truth Hurts” – Lizzo
“Sunflower” – Post Malone & Swae Lee

Álbum do ano

“I, I” – Boniver
“Norman F***ing Rockwell” – Lana Del Rey
“When We all Fall Asleep, Where Do We Go” – Billie Eilish
“Thank U, Next” – Ariana Grande
“I Used to Know Her” – H.E.R
“7” – Lil Nas X
“Cuz I Love You)” – Lizzo
“Father on the Bride” – Vampire Weekend

Melhor Artista Revelação

Black Pumas
Billie Eilish
Lil Nas X
Lizzo
Maggie Rogers
Rosalía
Tank and the Bankas
Yola

Melhor álbum pop vocal

The Lion King: The Gift – Beyoncé
When We All Fall Asleep, Where Do We Go? – Billie Eilish
Thank U, Next – Ariana Grande
No. 6 Collaborations Project – Ed Sheeran
Lover – Taylor Swift

Melhor Performance de pop solo

“Spirit” – Beyoncé
“Bad Guy” – Billie Eilish
“7 Rings” – Ariana Grande
“Truth Hurts” – Lizzo
“You Need to Calm Down” – Taylor Swift

Melhor performance de duo/grupo pop

“Boyfriend” – Ariana Grande & Social House
“Sucker” – Jonas Brothers
“Old Town Road” – Lil Nas X featuring Billy Ray Cyrus
“Sunflower” – Post Malone & Swae Lee
“Señorita” – Shawn Mendes & Camila Cabello

Melhor videoclipe

We’ve Got to Try – The Chemical Brothers
This Land – Gary Clark Jr.
Cellophane – FKA Twigs
Old Town Road – Lil Nas X feat. Billy Ray Cyrus
Glad He’s Gone – Tove Lo

Melhor filme musical

Homecoming – Beyoncé
Remember My Name – David Crosby
Birth of the Cool – Miles Davis
Shangri-La – Vários artistas
Anima – Thom Yorke

Você pode ver a lista completa no site oficial do Grammy, clicando aqui. Lembrando que a premiação acontece no dia 26 de janeiro, com cobertura completa do Beco Literário.

Capa do livro O Conto da Aia
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RESENHA: O CONTO DA AIA, DE MARGARET ATWOOD

Sinopse: O romance distópico O conto da aia, de Margaret Atwood, se passa num futuro muito próximo e tem como cenário uma república onde não existem mais jornais, revistas, livros nem filmes. As universidades foram extintas. Também já não há advogados, porque ninguém tem direito a defesa. Os cidadãos considerados criminosos são fuzilados e pendurados mortos no Muro, em praça pública, para servir de exemplo enquanto seus corpos apodrecem à vista de todos. Para merecer esse destino, não é preciso fazer muita coisa – basta, por exemplo, cantar qualquer canção que contenha palavras proibidas pelo regime, como “liberdade”. Nesse Estado teocrático e totalitário, as mulheres são as vítimas preferenciais, anuladas por uma opressão sem precedentes. O nome dessa república é Gilead, mas já foi Estados Unidos da América. Uma das obras mais importantes da premiada escritora canadense, conhecida por seu ativismo político, ambiental e em prol das causas femininas, O conto da aia foi escrito em 1985 e inspirou a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original), produzida pelo canal de streaming Hulu em 2017.

 O Conto da Aia mostra a vida na República de Gilead, anteriormente o território dos EUA, após o país sofrer uma revolução teocrática e ser governado por radicais cristãos. Regidos por interpretações exageradas do Velho Testamento, os novos governantes excluem as mulheres da vida em sociedade e as dividem em castas funcionais: as Marthas, são pelos serviços domésticos; as Esposas, administradoras do lar; as Aias, como reprodutoras; e as Tias, senhoras que educam as mulheres para a servidão e submissão.

Em Gilead, sem direito a opinar, de se expressarem ou mesmo de serem alfabetizadas, as mulheres estão no nível mais baixo da sociedade. Além disso, através das informações que são passadas pela protagonista, sabemos que Gilead está passando por conflitos contra outras nações – e que alguma radiação trouxe infertilidade ao país. Sendo essa a razão de algumas mulheres, saudáveis e ainda férteis, serem tomadas como aias.

Contra-capa-conto-da-aia

Imersa nesse contexto, Offred é uma aia que vai nos contando sua rotina na casa do Comandante, tendo ali a estrita função de lhe dar um filho. Entre lembranças do seu passado com seu marido e filha e sua realidade no presente, cheia de horrores, Offred vai tecendo sua narrativa que, conforme a autora brinca com hipérboles, guarda semelhanças com a realidade do século XXI.

Publicado em 1985, o livro tem inspirações visíveis na Revolução Islâmica que ocorreu no Oriente Médio, em meados do século passado – tornando o Irã uma república islâmica teocrática, pautada pelo radicalismo, e retirando quase totalmente a liberdade feminina no Afeganistão. Ao parafrasear esse contexto para uma versão cristã de dominação, Atwood subverte alguns dos princípios ocidentais e nos releva até que ponto o radicalismo religioso pode levar a sociedade.

Nesse sentido, o maior trunfo do O Conto da Aia é seu flerte com a realidade. Seguindo a tradição do gênero distópico, que se apropria de hipérboles sociais para criar um cenário impactante ao leitor, por um lado o livro nos apresenta uma situação que beira ao absurdo – já que nossa própria narrativa ocidental tem caminhado em uma direção contrária a esse estado radicalista. Afinal, na maior parte dos países da Europa e América, as politicas costumam ser pautadas pela liberdade de credo, de sexualidade e maior autonomia feminina.

Contudo, a obra ainda permanece relevante, pois o objetivo da ficção cientifica é nos alertar dos perigos de nossas próprias intolerâncias e preconceitos. O propósito da obra não é simplesmente retratar a realidade do mundo, mais apresentar uma perspectiva de futuro assombrosa – propondo uma reflexão profunda do que nos levaria até tal ponto como sociedade, e possibilitando que tomemos um outro rumo.
Ao apresentar uma realidade onde o patriarcado e o radicalismo triunfão em pleno ocidente, Atwood nos direciona para o extremo oposto – nos deixando receosos e desejosos pela liberdade.

Contudo, também não se pode negar que toda a violência contra a mulher revelada, sem censuras, dentro da história são uma maximização do que ocorre nas vielas e becos de muitas cidades brasileiras e ao redor do mundo. A violência e opressão sofridas por Offred e todas as aias, ainda que não aconteça em escala governamental, é uma analogia ao que ocorre em muitos lares e relacionamentos abusivos – onde os homens ainda persistem em subjugar ao mulheres, simplesmente por serem aquilo que são. Impondo-lhes uma realidade de terror e escravidão social.

interior do livro o conto da aia

O Conto da Aia não deve ser lido de forma leviana, nem é um mero entretenimento. Sua mensagem poderosa deve ser absorvida e refletida, para que possamos cada vez mais nos distanciar da sociedade de Gillead, e avançar para uma mais libertária, igual e digna.

Vale ressaltar também o poder da escrita de Atwood, que possuí uma enorme superioridade em relação a alguns dos romances dessa mesma temática. No Canadá, o livro de Atwood é considerado um clássico na literatura nacional, sendo estudado em escolas e universidades, não apenas por seu conteúdo impactante, mas também pela sua força literária.

Baseada na obra, a série The Handmaid’s Tale estreiou em 2016, pelo serviço de streaming Hulu, e já venceu 8 Emmys e 2 Globos de Ouro. Atualmente, a série está em sua 3º temporada e pode ser acompanhada pelo Globoplay

O livro pode ser encontrado nas maiores livrarias do país, e também pode ser adquirido em lojas online como a Amazon, Americanas, Livrarias Cultura, Submarino ou por qualquer outra de sua preferência.

Sobre a Autora: Escritora canadense que atua como romancista, poetisa, contista, ensaísta e crítica literária. Reconhecida por inúmeros prêmios literários internacionais de grande importância. Recebeu a Ordem do Canadá, a mais alta distinção em seu país. Em 2001, foi incluída na calçada da fama canadense e muitos dos seus poemas foram inspirações para contos de fada europeus. Desde 1976, é membro fundadora de uma organização não governamental que atua em apoio da comunidade de escritores canadenses ou que residem no país. Desde 1976, é membro fundador do Writers’ Trust of Canada, uma organização não governamental que atua em apoio à comunidade de escritores canadenses ou que residem no país. Suas obras são conhecidas por mesclarem uma veia irônica e lúdica com sua aguçada perspicácia para questões contemporâneas – como as relações de gênero e o meio ambiente.

Ficha Técnica:
Capa comum: 368 páginas
Editora: Rocco; Edição: 1 (7 de junho de 2017)
Idioma: Português
Autora: Margaret Atwood
Tradução: Ana Deiró
ISBN-10: 8532520669
ISBN-13: 978-8532520661
Dimensões do produto: 20,8 x 14,2 x 2,4 cm
Peso de envio: 363 g

Margaret Atwood com seu livro

Colunas

Canal: Me poupe, por Nathalia Arcuri – Beconomize #01

Já acompanho o canal Me poupe! da Nathalia Arcuri há muitos anos e há pelo menos um, li seu livro com mesmo nome, que promete várias regras para sair das dívidas. Na época, eu estava bem endividado e segui a risca algumas de suas dicas. Consegui negociar, sair das dívidas e fazer minha reserva de emergência. Meses depois, quase tive que sair da faculdade por falta de pagamento e, com as mesmas dicas consegui aumentar a minha renda e estou a 15 dias da formatura.

A própria Nathalia me chamou pra contar essa história em um dos seus eventos e foi nele que tive esse estalo. Se isso acontece comigo, também deve acontecer com vários estudantes ao redor do Brasil. Nisso, resolvi fazer uma resenha em partes do livro, em vídeo, contando as minhas experiências e como apliquei em cada capítulo. Dá uma olhada no primeiro episódio:

O quadro novo, intitulado de Beconomize é herdeiro de umas das atrações mais antigas do Beco Literário, em que escolhíamos livros em promoção todas as semanas para vocês. Quem é Becudo das antigas deve se lembrar. Paramos de fazer aqui no site, mas reativei no canal e quero te ajudar a economizar não só nos livros, mas em outros aspectos da vida também. Claro que não sou nenhuma Nathalia Arcuri, mas se eu conseguir te fazer entender como eu fiz, já é uma grande vitória.

Se você gostou, não esquece se se inscrever no nosso canal clicando aqui, e deixar aquele comentário pra me ajudar a saber o que você achou. Os melhores comentários vão aparecer no final dos vídeos daqui em diante.

Anti-heróis: Envie sua história ~trágica~ de amor pra gente!
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Anti-heróis: Envie sua história ~trágica~ de amor pra gente!

Todo mundo tem uma história trágica de amor. Aquele romance que tinha tudo para dar certo e não deu. Aquele romance que deu certo por muito tempo e algo trágico separou. Alguém, que mesmo com o passar do tempo e das circunstâncias ainda faz seu coração bater mais forte. Nós queremos ouvir a sua história e publicar aqui, no Beco Literário na nossa nova seção: anti-heróis.

Baseado no álbum novo do Jão, Anti-herói, que conta a história de um amor que devastou e foi embora, nós vamos ouvir a sua história e reescrevê-la aqui no Beco Literário para que possa ser eternizada e ressignificada, afinal todo mundo tem o seu the one that got away. 

Para estrear em grande estilo, trouxemos a história de Mathias*, que viveu um romance no auge dos seus 18 anos e veio ao fim logo em seguida.

O anjo de Black Butter

Eu estava no primeiro ano de faculdade, tinha 17 anos e tinha começado a morar sozinho. Era tudo muito novo pra mim, manja? Nisso vieram as festas, os amigos de pinga e os encontros do Tinder. Acho que isso durou um ano, mais ou menos. Fiz 18 e comecei a me abrir para algo mais sério, talvez.

Num desses encontros de Tinder conheci o Jonathan.

Ele era lindo como anjo, mas no sentido sem sexo. Lembrava um pouco o anjo do anime “Black Butter”. No primeiro encontro depois de comer um puta lanche gigantesco e falarmos sobre carros voadores, ele me disse que já gostava de mim e me beijou.

Era um manteiga derretida. Mas ele nem tentou me conquistar, eu acho.

Foi a primeira vez que tudo foi muito orgânico pra mim. Embora ele fosse impulsivo, não lembro de ter feito nada que não fosse coerente ou eu não quisesse que tivesse acontecido. E a cada saída uma surpresa nova, um causo novo. Como o dia em que ele dormiu em casa e durante a noite caiu da cama, rolou para debaixo dela e sem acordar. Ou no dia que eu consegui queimar macarrão, fui fritar hambúrguer e também queimei. No final, pedimos comida fora. E nisso, conversávamos sobre dividirmos as contas, viajarmos para o Peru e coisas bem jovens e românticas como “cor de parede” e “sofá cama”.

Ele foi muita luz na minha vida.

E nisso me dei conta que no decorrer da nossa história, nenhum dos dois tinha pedido o outro em namoro. Nem que tínhamos falado de família. E eu, num intuito de formalizar e agradar, o pedi. Ele disse sim, mas depois do entusiamo veio uma expressão tão triste. E eunão consigo tirar essa expressão da minha cabeça um dia se quer.

Pedi para que ele me explicasse, quase implorei, mas ele desviava toda vez. Deixei para lá e esperei ele ficar mais à vontade para contar. Alguns dias depois ele me contou sobre sua família e que esse tipo de coisa deveria ficar entre nós pois nunca aceitariam tal situação. Eu nunca fui otimista, sou um ferrenho pessimista.

Mas com ele… Eu tentava ver cor no mundo.

Disse que as coisas, com o tempo se resolveriam e que um dia poderíamos por pra jogo essa situação. Só que o que pra mim estava parcialmente resolvido. Pra ele não estava. Teve algumas crises de ansiedade, começou a ficar muito inseguro e ao mesmo tempo que me abraçava, tentava me afastar.

Começou a responder minhas mensagens com um intervalo cada vez maior. Não queria vir me ver. Um dia, deixou de falar comigo. Não respondia mais minhas mensagens (embora eu seja uma pessoa que insiste pouco para ter atenção de alguém).

Tudo isso aconteceu num intervalo de 6 meses, de outubro de 2016 até março de 2017.

No final de maio eu descobri através de um post de um amigo em comum no Facebook que ele tinha se matado em Abril.

Ele foi a melhor coisa que podia ter acontecido na minha vida.

Ele foi a pior coisa que podia ter acontecido na minha vida.

Mas eu estraguei tudo, né.

Para enviar sua história, acesse nossa página de contato clicando aqui, ou envie para [email protected]. Ao enviar sua história, você concorda em tê-la publicada no Beco Literário com os nomes devidamente mudados, dentro da seção Anti-heróis.

* Os nomes foram mudados para manter a identidade dos entrevistados preservada.

Crítica: As Panteras (Charlie's Angels, 2019)
Críticas de Cinema, Filmes

Crítica: As Panteras (Charlie’s Angels, 2019)

Estamos vivendo um boom de continuações e remakes dos filmes e séries que amamos. Devo confessar que não sou grande entusiasta do formato mas nunca dispenso a oportunidade de ver filmes com mulheres que dão socos e pontapés. E foi assim que eu fui parar na cabine do novo “As Panteras”, escrito e dirigido por Elizabeth Banks.

Se você tem por volta dos 20 e poucos anos e quase ou nenhum interesse pelo universo dos anos 70/80 que que seus pais provavelmente viveram (e amaram), saiba que As Panteras (Charlie’s Angels) nasceu no formato de série de televisão nos anos 70 com todo o girl power e hair goals que se poderia ter. Lá pelos anos 2000, a franquia foi adaptada para a conhecida versão com Drew Barrymore, Cameron Diaz e Lucy Liu.

O Girl Power vende. Nós sabemos e Hollywood também – ainda mais após movimentos como o Me Too. Então, não é a toa todo o barulho que o filme vem trazendo ao se apresentar como feminista. De fato temos mudanças positivas da versão dos anos 2000 – e é impossível não comparar o atual com esta versão – tal qual saímos da hipersexualização das personagens e acrescentamos mulheres que podem hackear e manjam muito de tecnologia – papéis geralmente desempenhados por homens até pouco tempo (mas estamos virando esse jogo através de filmes e séries, alô Sense 8 e Oito Mulheres e Um Segredo).

Ainda no universo feminino, presenciamos nossas “anjas” passarem por situações como macho palestrinha levando crédito pelo que a mulher fez, assédio no trabalho e o homem chato que caga regra do que a mulher deveria fazer ou como eu chamo tudo isso: mais um dia na vida da mulher.

Porém, por mais que o filme tente, acaba encaixando suas protagonistas em caixinhas dos clichês. Sabina (Kristen Stewart) é a clássica menina que era problema durante a adolescência, ama curtir a vida adoidado e não tem filtro na hora de falar. Elena (Naomi Scott) é a que cai de paraquedas, inocente e querendo mostrar serviço e Jane (Ella Balinska) é a típica fortona que não chora e “não precisa de ninguém”. Mas a química entre o trio é visível e faz toda a diferença durante o longa.

Aqui vale elogiar a face comediante que conhecemos de Kristen Stewart. Torcer o nariz para os filmes da atriz com base em Crepúsculo é golpe baixo em 2019. A atriz se entregou em vários papéis diferentes – de filmes mais independentes como Para Sempre Alice até trabalhos com o diretor francês Oliver Assayas, no qual foi premiada com o César por Personal Shopper. A personagem de Stewart é carismática e traz leveza para o filme.

Outro ponto positivo é a boa fotografia do filme mas o que realmente chama a atenção é a trilha sonora com um compilado de vozes femininas. A trilha ficou na responsabilidade de ninguém menos que Ariana Grande, que arrasou nas escolhas. Entre a seleção, está a música “tema” do filme “Don’t Call me Angel” com participação da própria ao lado de Miley Cyrus e Lana Del Rey, passando por um remix de “Bad Girl” de Donna Summer e o original “Pantera” de Anitta, que abre o filme numa cena de um Rio de Janeiro fake.

Vale lembrar que o filme tem cena pós-créditos e vale pela espera.

As Panteras é uma feliz surpresa – ainda mais naqueles dias que a gente só quer ver um filme com ritmo e ir para casa sem pensar muito. No mais, elas que lutem.