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Resenha: Caro Dr Freud, Gilson Iannini (Org.)
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Resenha: Caro Dr Freud, Gilson Iannini (Org.)

Caro Dr Freud é um livro que me foi indicado por um perfil de psicanalistas que sigo nas redes sociais. Desde que terminei a formação, me interesso pela temática da sexualidade humana e esse livro, cai como uma luva de reflexões, ensinamentos e comentários sobre o assunto, todos baseados no que Freud disse em uma carta, escrita no século passado, mas que poderia facilmente ser dos dias de hoje.

+ Resenha: Além do princípio de prazer, Sigmund Freud

Vamos contextualizar: Sigmund Freud é o pai da psicanálise e certa vez, recebeu uma carta de uma mãe desesperada pelo filho ser homossexual. Ela gostaria de saber se a psicanálise poderia cura-lo. Freud, muito solícito, respondeu à mãe que a homossexualidade não era uma vantagem, mas também não era algo para se envergonhar, tampouco um vício ou uma degradação e que a psicanálise nada poderia fazer no sentido de “curar”, mas sim, no sentido de faze-lo viver uma vida mais plena.

Com isso, grandes psicanalistas da nossa atualidade, organizaram o Caro Dr Freud, um coletivo de cartas que respondem a essa carta de Freud. Alguns contam histórias pessoais, outros fingem ser a mãe, outros imaginam que na verdade, quem escreveu a carta foi o filho no lugar da mãe… Só para você ter uma ideia, os nomes do livro são ninguém mais, ninguém menos que: Acyr Maya, Adilson José Moreira, Antonio Quinet, Beatriz Santos, Berenice Bento, Carla Rodrigues, Christian Dunker, Ernâni Chaves, Fernanda Otoni Brisset, Gilson Iannini, Guacira Lopes Louro, Letícia Lanz, Lucas Charafeddine Bulamah, Marcelo Veras, Marcia Tiburi, Marco Antonio Coutinho Jorge, Marco Aurélio Máximo prado, Marcus André Vieira, Pedro Ambra, Richard Miskolci, Sarug Dagir, Serena Rodrigues, Tales Ab’Sáber e Thamy Ayouch. Nem preciso dizer que a leitura desse livro é quase uma pós-graduação, né?

Brincadeiras a parte, Caro Dr Freud nos traz histórias reais permeadas por teorias, descontentamentos, alegrias, tristezas e desejos. Mesmo para quem não é da área, vale muito a leitura, porque não é difícil. Tem passagens que são mais desafiadoras, partes que precisamos ler e reler, mas a essência de tudo o que é ensinado fica. Aprendemos teorias de como (possivelmente) a sexualidade surge, de acordo com a psicanálise, conhecemos e percebemos a luta que ainda está em alta nos dias de hoje e principalmente, as recentes alegrias da despatologização da homossexualidade e da transexualidade.

Resenha: Bruxa Natural - Guia completo, Arin Murphy-Hiscock
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Resenha: Bruxa Natural – Guia completo, Arin Murphy-Hiscock

Bruxa Natural é um livro lindo por fora. Uma edição impecável da Darkside, com uma apresentação e uma premissa que são incríveis. Desde a primeira vez que vi na livraria, senti vontade de comprar, porque eu também sigo a bruxaria natural. Quando comprei, já entendi que por ser um guia básico, possivelmente teriam muitas coisas que eu já saberia, mas eu, como bom apaixonado pelas práticas de bruxaria, não consegui deixar para trás.

+ Darklove: Conheça o selo da Darkside só para autoras

Comprei, esperei chegar e paguei caro, porque a edição é impecável. De capa dura, bem acabado, com folha boa e cores vivas. Comecei a ler, parei. Voltei, parei. Tentei de novo, parei. A leitura começou e se tornou muito arrastada pra mim. Fiquei meses para terminar de ler e conseguir avançar as quase 300 páginas. Se não me engano, são 250. O livro não é grande, mas é arrastado. As informações são incríveis, ótimas, mas o jeito que ela é passada deixa o conteúdo difícil de ser consumido.

Acabei deixando o livro sem terminar. Li até a metade, não consegui avançar e então, fui lendo apenas os tópicos que eu mais me interessava. Senti que o livro tem muitos floreios para chegar no assunto que é interessante de fato na bruxaria natural e, quando chega, deixa a desejar. Me parece que a roupagem linda da edição é para mascarar um conteúdo que não foi tão legal assim. A premissa me deixou sentindo que o livro seria um guia completo – básico, mas completo – de ervas, flores, óleos essenciais e outras magias, como diz na capa, mas ele não chega nem perto de um guia básico. Parece um informativo publicitário.

Entendo que a roupagem faz parte do marketing e é para valorizar o conteúdo. Talvez se “Bruxa Natural” não trouxesse “guia completo” no título, as expectativas do leitor pudessem ser um pouco mais alinhadas. Infelizmente, não recomendo o livro. O preço é elevado (o que é justificável, já que as edições da Darkside são impecáveis e sem defeitos), mas o conteúdo é raso. A editora fez um verdadeiro “tirar leite de pedra” e um marketing incrível pra valorizar o conteúdo dele.

Resenha: Tarô claro e simples, Josephine Ellershaw
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Resenha: Tarô claro e simples, Josephine Ellershaw

Muita gente me pede indicação de um livro para começar a aprender tarô e eu sempre indico aquele que eu também comecei a ler: Tarô claro e simples, da Josephine Ellershaw. O único motivo que me fez escolher ele, lá em meados de 2016 ou 2017, quando comecei a ler, foi que era o único que eu podia pagar no momento. Vinha um livro, vinha um baralho e não custava o valor de um rim na livraria (e de quebra, minha amiga que trabalhava lá ainda ganhava uma comissão pela venda). Comprei.

Posso dizer que devorei o livro. Como o próprio nome diz, ele ensina tarô de uma forma muito clara, simples e é um ótimo pontapé inicial para quem quer começar. Assim que terminei o livro, já arriscava algumas leituras para mim e para pessoas próximas da família.

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Tarô claro e simples é dividido em partes: tem o livro, o baralho de tarô dourado (que é lindo por sinal) e o pôster para te guiar na leitura (isso sem falar da caixa que ele vem, que tive dó de jogar fora e tenho guardada até hoje). Vou falar sobre cada uma dessas partes separadamente.

Primeiro, vamos falar do livro, a parte mais importante. Ele é dividido em seis: boas bases, onde a autora começa a explicar sua jornada com o tarô, responde dúvidas que normalmente temos, contextualizai e onde ele surgiu e como devemos nos preparar para começar a manusear o baralho. Depois, ela apresenta cada carta do tarô, em detalhes. Tem uma página para cada carta e como ela deve ser lida. A seguir, aprendemos a fazer algumas leituras simples, como responder perguntas e logo depois, ela já nos apresenta a várias formas de tiragem em profundidade. Por fim, ela vai ainda mais longe explicando combinações de cartas e ainda deixa vários gabaritos úteis para serem usados no cotidiano de leituras. Esse material, eu destaquei do livro, emplastifiquei e uso até hoje durante as minhas leituras. Engana-se quem acha que está tudo na nossa cabeça. Boa parte está, mas essas “colinhas” estratégicas sempre são bastante úteis também.

Agora, precisamos falar do baralho de tarô. A qualidade dele é impecável, tanto que ainda uso nas minhas leituras profissionais até hoje e eles tem o mínimo sinal de desgaste. Considere que leio tarô quase todos os dias, mais de uma vez por dia. Gosto das cartas terem um tamanho bom, de baralho normal, que cabem na minha mão e facilitam na hora de embaralhar. Existem alguns decks que as cartas são enormes e isso dificulta bastante.

Por fim, temos o pôster com a tiragem da cruz celta, que podemos usar para forrar a mesa e usar de gabarito. Também uso até hoje durante as minhas leituras. A qualidade é ótima e me ajuda bastante.

Recomendo bastante “Tarô claro e simples” da Josephine Ellershaw para quem deseja dar um pontapé inicial. Hoje em dia, já discordo de muitos posicionamentos do livro e da autora, mas sei que eles foram cruciais para o meu início e se hoje, consigo e tenho condições de discordar, é porque me aprofundei e comecei com ele.

Resenha: Além do princípio de prazer, Sigmund Freud
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Resenha: Além do princípio de prazer, Sigmund Freud

Além do princípio de prazer é um livro de Sigmund Freud, criador da psicanálise, que trata de um assunto que me interessa bastante, enquanto psicanalista e enquanto analisado. A compulsão pela repetição. Calma, vou explicar mais adiante nesse texto e você vai ver como ela faz bastante sentido.

De leitura curta, mas não rápida ou tampouco fácil, em Além do princípio de prazer, Freud investiga os nossos padrões inconscientes e nos mostra que tendemos a repetir comportamentos, mesmo sem perceber. Sabe aquela pessoa que só cai de relacionamento abusivo em relacionamento abusivo e dizem que tem dedo podre? Então, eis um exemplo da compulsão pela repetição. A gente repete tudo aquilo que ainda não foi elaborado conscientemente. Mas, o que a gente repete?

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A gente repete tudo. A forma como aprendemos a nos relacionar na infância. A forma como nossos pais nos criaram. A forma como reagimos aos nossos sintomas. Tudo na nossa vida é uma repetição inconsciente. Sabe aquela pessoa que você odeia? Provavelmente, ela te faz lembrar (conscientemente ou não) alguém que te fez mal, você não gosta e que te causa os mesmos sentimentos. A nossa repetição normalmente tem raízes na infância e chegam até a vida adulta. E nós continuamos a repetir, repetir, repetir…

Para Freud, precisamos traduzir em palavras tudo aquilo que encenamos e repetimos no ato, por meio do processo psicanalítico. Precisamos rastrear e compreender nossas repetições, para que elas sejam acessíveis à consciência e assim, possamos falar várias vezes, até elaborar e racionalizar o que falamos, para poder então, perlaborar, isto é, substituir um sintoma pela palavra. Claro que, nada é tão fácil quanto parece.

Um comportamento repetido por várias vezes durante uma vida é um sintoma forte. E o sintoma não vai embora, ele não desaparece. Por isso, ao tornar acessível à consciência a nossa repetição, passamos a ter ciência de que ela acontece, quando ela acontece. E nesse ponto, passamos a ter escolha: vamos repetir ou vamos tentar mudar a rota? Sim, precisamos parar, respirar e agir. Nunca de imediato. A repetição faz parte de nós como seres humanos e possivelmente sempre continuará fazendo, mesmo que ela esteja além do princípio de prazer que internalizamos.

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Resenha: Talvez você deva conversar com alguém, Lori Gottlieb, o livro preferido de todos os tempos
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Resenha: Talvez você deva conversar com alguém, Lori Gottlieb

Vou iniciar essa resenha dizendo que ela vai ser complicada de escrever. Talvez você deva conversar com alguém é um livro complexo, emocional e feito para ser sentido e por isso, nesse texto, quero me atentar mais a descrever o que ele me fez sentir, as feridas que ele abriu e menos a história, porque na verdade, ela não é tão relevante assim para o bom andamento. O que conta é a história que ele cria com a gente.

+ As melhores frases de “Talvez você deva conversar com alguém”

Talvez você deva conversar com alguém é um livro que fala de Lori, a escritora. Ela é terapeuta. Logo de início, começamos a conhecer alguns de seus pacientes pela ótica dela e o que ela sente enquanto está os atendendo. Para quem faz terapia, é como ver o outro lado da moeda. Vemos Lori tentando compreender o que o paciente está falando, tentando ter empatia, tentando separar e afastar aquilo que é seu e o que não é… Um grande trabalho, que requer muita concentração. Ao mesmo tempo, Lori também é paciente de outro terapeuta, o Wendell. E nesse ponto, conhecemos as questões que ela tem e que ela trabalha em sua análise.

O livro permeia por mais de quatrocentas páginas dessa forma. Lori vendo seus pacientes semanalmente, com suas idas e vindas, e indo para Wendell, tratar suas próprias questões. Para quem é adepto da análise, Talvez você deva conversar com alguém é um prato cheio. Enquanto Lori ouve seus pacientes, nós nos encontramos nele e nas intervenções que ela dá. Eles parecem um pouco nossos pacientes também (ou talvez só me pareça isso porque sou psicanalista), ao mesmo tempo em que nos sentimos um pouco eles, um pouco elas. Será que é por isso que o subtítulo consta “uma terapeuta, a terapeuta dela e a vida de todos nós”? Provavelmente sim. É um livro que mais parece um espelho.

+ As 100 primeiras páginas de Talvez você deva conversar com alguém

Dividido em quatro partes, vamos avançando. Vemos pacientes melhorarem, evoluírem, regredirem, viverem, morrerem, desistirem da terapia, começarem um processo analítico… Ao mesmo tempo em que vemos Lori como o ser humano além da analista. Vemos ela colocando de lado seus próprios sentimentos para ajudar a desatar os nós dos seus pacientes, enquanto vemos ela desatando seus nós com seu terapeuta depois. É um livro que, entre frase e outra, nos traz uma avalanche de autorreflexão e autoconhecimento. Essa é a terceira postagem que faço dele aqui no Beco, já fiz outras duas só de frases. Eu tenho certeza que grifei quase o livro todo e ainda levei algumas passagens para a minha terapia.

Em Talvez você deva conversar com alguém, sentimos a necessidade de conversar e de nos salientar como seres humanos enquanto seres relacionais. Nós sentimos vontade de conversar com alguém. De falar, de escutar e de ouvir e ser ouvido. É um livro que vai ressoar de formas diferentes em cada pessoa, tratando de assuntos como compulsão à repetição, traumas, morte, vida, luto, luto em vida, mudanças… Como Wendell diz em uma passagem, a tendência da vida é de mudar e a nossa é de resistir a mudança. Eu daria todo o céu de estrelas para esse livro porque cinco não são suficientes.

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Resenha: Garota em Pedaços, Kathleen Glasgow
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Resenha: Garota em Pedaços, Kathleen Glasgow

Garota em Pedaços é definitivamente um livro marcante, com uma história crua e forte, que transmite uma mensagem de como é complicado quando tudo na sua vida vai por um caminho ruim, quando as coisas boas acabam se tornando ruins. Mas, também é uma história sobre superação, amizade e admitir erros.

+ Resenha: Juntando os pedaços, Jennifer Niven

A história é sobre Charlotte, uma garota que está internada em uma clínica psiquiátrica, por sofrer com transtornos compulsivos, que a fazem se cortar. Lá, apesar de não ser o melhor lugar para se estar é um bom lugar com comida e cama quente, então ela se sente mais confortável ali do que morando na rua. Tudo parece estar se resolvendo na vida dela, pela visão de Charlotte, mas então, o dinheiro que a estava mantendo ali acaba e ela tem que sair e morar com a mãe que batia nela. No entanto, o que ela não esperava é que ao sair dali sua mãe lhe entrega uma passagem para outro lugar para morar com um antigo amigo.

A partir daí, a vida de Charlotte muda completamente. Ela vai para uma cidade desconhecida, onde tem que morar sozinha e tomar conta de si mesma. Ela encontra um trabalho e um lugar para morar, e mesmo não sendo o ideal, é um ótimo jeito de recomeçar a viver. Novas pessoas surgem em sua vida, inclusive um homem que apesar de tudo, é um alguém em quem ela encontra conforto, mas essa relação acaba iludindo a garota Charlotte e ela acaba por se encontrar em uma relação abusiva e tudo se torna muito confuso.

Este livro definitivamente não é um livro para quem tem estomago fraco e não sabe lidar com as coisas ruins que vão acontecendo. Mas, se você conseguir ler até o final vai ver que apesar de todos os desconfortos que ele pode trazer, a mensagem de superação como tudo na vida pode se resolver com paciência e pessoas boas.

Garota em Pedaços não é um livro bonito, é um livro real, forte e bom, ele traz para quem lê a vontade de ser uma pessoa melhor e não julgar ninguém antes de ouvir a história toda.

Resenha: Sobre a escrita - A arte em memórias, Stephen King
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Resenha: Sobre a escrita – A arte em memórias, Stephen King

Sobre a escrita, de Stephen King é um livro soberano. Com um pouco mais de 200 páginas, arrisco dizer que vale como uma pós-graduação na área de escrita. E posso falar com propriedade, porque sou graduado e pós-graduado. De início, achei que não seria tão bom assim, já que a primeira parte do texto, intitulada de “Currículo”, King faz um apanhado de sua vida, contando fatos que culminaram para que ele fosse o escritor bem sucedido que se tornou.

+ George R. R. Martin quer saber como Stephen King escreve tão rápido

Nesse ponto, tendemos a pensar tá, mas e daí?, mas conforme avançamos na leitura de Sobre a escrita, percebemos que sim, o currículo faz toda a diferença na carreira dele, que é um dos maiores escritores da atualidade com mais de trinta títulos publicados, tendo começado do zero. Ele começou escrevendo na lavanderia de um trailer, passou fome e muitas necessidades com a sua família, mas sempre manteve acesa a chama do seu sonho de ser escritor algo que, por experiência própria, posso afirmar que não é tão fácil assim.

Mestre ― essa é a palavra que costumam usar para se referir a Stephen King, um dos maiores escritores de ficção de todos os tempos. Sendo assim, Sobre a escrita é tanto uma autobiografia quanto uma aula de um mestre, eleita pela Time Magazine um dos 100 melhores livros de não ficção do mundo e vencedora dos prêmios Bram Stoker e Locus na categoria Melhor Não Ficção.

O livro começa com um relato íntimo e honesto das memórias e experiências de Stephen King, desde a infância até a carreira literária, passando pelos vícios em drogas e por um acidente quase fatal. Essa narrativa autobiográfica introduz com perfeição os conselhos de King sobre a profissão de escritor, já que contempla os livros e filmes que o influenciaram na juventude, seu processo criativo de transformar uma ideia em um novo livro, os acontecimentos que inspiraram seu primeiro sucesso e muito mais. Usando exemplos que vão de H. P. Lovecraft a Ernest Hemingway, de John Grisham a J. R. R. Tolkien, o autor ensina como aplicar suas ferramentas criativas para construir personagens e desenvolver tramas, construindo uma obra essencial sobre a arte de contar uma história em palavras.

Depois, na segunda parte de Sobre a escrita, começamos a falar sobre escrever de verdade e de forma profissional. Aqui, ele fala diretamente com pessoas que já são escritoras ou que desejam desesperadamente ser. Ele pede para que a escrita seja levada a sério e não somente como um hobby, se não, ela tenderá a continuar dessa forma. Ele mostra como ele fez para vender o seu primeiro livro, seus primeiros contos e receber o primeiro adiantamento do seu agente literário.

Logo em seguida, vemos uma verdadeira aula de técnica, que resumi em alguns tópicos que quero dividir com você, caro Becudo. Também, para eu não esquecer quando estiver escrevendo:

  1. Quando escrevemos, contamos a história para nós mesmos. Quando reescrevemos, devemos cortar da história tudo aquilo que não é necessário;
  2. A vida não é um suporte à arte. É o contrário;
  3. Use sempre a primeira palavra que vier a cabeça se for adequada e interessante, não invente muito;
  4. Evite a voz passiva. Ela é segura demais. Demonstra medo de não ser levado a sério;
  5. O advérbio não é seu amigo. O escritor que tem medo de não passar sua mensagem pelas ações do personagem, usa o advérbio. Se expresse bem;
  6. Nunca use advérbios com verbos dicendi;
  7. Não tente inventar muito vitaminando os verbos dicendi. O melhor é usar o “dizer”;
  8. Use a estrutura Frase-Síntese, seguida de frases descritivas e complementares;
  9. Use a linguagem fonética;
  10. Escreva todos os dias, pelo menos 2 mil palavras;
  11. Escreva o que quiser, encharque de vida, torne sua história única, acrescente seu conhecimento pessoal e intransferível do mundo;
  12. Escreva sobre trabalho + gênero que você mais ama;
  13. Histórias vindas de enredos são artificiais e duras;
  14. As situações mais interessantes para um livro começam com “e se…”;
  15. Em descrições, gere identificação mútua, não dê muitos detalhes. Ela deve começar na cabeça do escritor e terminar na do leitor;
  16. Não diga em narração ou descrição algo que você pode montar com falas.

E então, preciso dizer mais alguma coisa dessa obra prima que é Sobre a escrita? Acho que não.

Resenha: A Caminho do Verão, Sarah Dessen
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Resenha: A Caminho do Verão, Sarah Dessen

A caminho do verão é uma leitura gostosa, que deixa você preso do início ao fim. O livro trata de assuntos como briga de egos, autoconhecimento, novas descobertas e como os adultos podem ser mais complicados que os adolescentes, e como os pais devem prestar mais atenção aos seus filhos e conhecê-los de verdade.

O livro conta como um verão mudou tudo na vida de Auden, quando ela decide que vai passar o verão na casa do pai, que é recém-casado e acaba de ter uma filha, mas qualquer coisa é melhor que ficar em casa aturando o ego elevado da mãe e suas festinhas com seus alunos. No decorrer da história muita coisa acontece, como ela descobrir que o pai continua egoísta e coloca as responsabilidades importantes todas em cima da nova mulher e como a mãe só está preocupada em estar certa sempre mesmo que isso venha a fazer mal para alguém.

+ Ah, o verão…

Também é uma história que conta como uma garota solitária e com insônia encontra amigas verdadeiras, algo que ela nunca teve em sua vida, e acha em um garoto misterioso, um companheiro para suas noites sem dormir. Auden nunca teve uma infância ou adolescência como as das demais pessoas, sempre se sentiu deslocada, mas nesta cidade do litoral em vai passar o verão acaba descobrindo mais sobre si mesma, seus gostos e como ter pessoas que se importam ao seu lado é maravilhoso.

A caminho do verão é sobre uma adolescente, sobre família, sobre amizades e sobre amor. É sobre ser independente sem afastar as pessoas, é sobre ajudar sem esperar recompensas, é sobre não julgar ninguém e sempre estar aberto às coisas novas que a vida nos traz. Você vai se apaixonar por alguns personagens, odiar outros, vai querer consolar e dar apoio, vai ter aquela vontade de entrar na história e resolver tudo, mas fique tranquilo que no fim tudo se acerta, tudo se resolve e o amor, amizade e sentimentos bons fazem um final feliz.

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Resenha: Procura-se um namorado, Alexis Hall

Quando recebi o livro “Procura-se um namorado” do pessoal da Companhia das Letras, logo me apaixonei pela capa e pela sinopse da contracapa. Me lembrou muito meu queridinho “Vermelho, branco e sangue azul“, então, já tratei de logo passar na frente de todas as leituras. Eu sou cadelinha de qualquer enemies-to-lovers ainda mais se for YA, ainda mais se for LGBTQIAP+.

Luc O’Donnell, infelizmente, é um cara famoso. Quer dizer, mais ou menos. Sendo filho de duas estrelas do rock, ele é uma das subcelebridades preferidas dos tabloides. E agora que seu pai está voltando aos holofotes, ele se tornou o centro das atenções, o que significa que uma foto comprometedora pode – e vai – estragar tudo.

Mas Luc tem um plano: para limpar sua imagem, ele só precisa de um namorado normal e bonzinho, e Oliver Blackwood é as duas coisas, além de advogado, vegetariano e basicamente alérgico a qualquer tipo de escândalo. O único problema é que, tirando o fato de ambos serem gays e solteiros e precisarem de acompanhantes para um evento, Luc e Oliver não têm nada em comum.

É por isso que eles estabelecem um namoro falso, até quando for necessário. Mas o perigo de namorar de mentira é que se parece muito com namorar de verdade. E, quando sentimentos verdadeiros começam a surgir, eles precisam descobrir como fazer dar certo – não para as câmeras, mas para si mesmos.

Em “Procura-se um namorado” conhecemos Luc O’Donnell, um cara de 28 anos, que é filho de famosos. Sim, ele é a subcelebridade preferida dos tabloides britânicos, quase como que se sentissem um prazer em cima de sua desgraça. As coisas só pioram quando seu pai está de volta aos holofotes, mais polêmico que nunca e seu ex-namorado vendeu todas as suas histórias traumáticas para a imprensa. Em outras palavras, Luc não tem ninguém e não faz questão de ter.

+ Livros para orgulhar-se de ser LGBTQIAP+

No entanto, ele trabalha em uma instituição social que protege os escaravelhos, chamada de CACA. E, apesar de não ligar para (quase) nada, ele é o responsável por arrecadar doações para que a empresa funcione e com sua má reputação na mídia, as pessoas estão culpando-o por pararem de doar. É então que ele arruma um plano: vai arrumar um namorado falso para limpar sua imagem, afinal, ninguém gosta de gays promíscuos, mas todo mundo ama um gay heteronormativo, né?

É nesse enrosco que ele chega em Oliver Blackwood, advogado criminalista, com quem já teve um “caso” no passado. A diferença é que eles não tem nada em comum, exceto pelo fato de serem gays, mas ambos precisam de uma forcinha no âmbito ter e manter um relacionamento, nenhum deles é bom nisso. Foi nesse ponto que meu sofrimento começou.

No início, achei a leitura arrastada, até um pouquinho chata, demorando para se desenvolver. No entanto, depois percebi que essa é uma estratégia perversa da autora que nos dá todo o romance que a gente quer, mas em doses homeopáticas. Luc e Oliver começam a se envolver cada vez mais no “namoro de mentira”, até que nada mais é de mentira, só que Luc não confia em mais ninguém e Oliver acha que tem muitos problemas. Em bom português, eles só conseguem estragar tudo página após página e a gente fica ali, nervoso, querendo ler só mais um capítulo.

Posso dizer com toda certeza do mundo que “Procura-se um namorado”, minha última leitura de 2021, me deixou bitolado. Eu não fiz nada até terminar o livro. Eu fui para a academia lendo, eu parei de viver para viver a história de Luc e Oliver, porque, apesar do início cansativo, o livro se desenvolve maravilhosamente bem. Então, se você começar e sentir que está chato, persevere mais um pouquinho. Vai valer a pena.

Eu chorei, eu ri, eu torci… Eu queria viver em uma espécie de Big Brother em que eu pudesse acompanhar Oliver e Luc o dia todo. Os personagens são reais e isso transparece nas páginas, tirando o fato de que, os dois precisavam muito de uma terapia mas o amor maravilhosamente curou tudo (e a gente sabe que não é bem assim na vida real, mas a licença poética está de bom tamanho para mim aqui).

No final, conhecemos um lado mais humano de Luc e Oliver que me fez enxergar os dois na minha frente, quase como se saltassem da página do livro, ao mesmo tempo em que me senti Luc, que me senti Oliver… Indescritível. Apesar de todos os pesares, ganhou cinco estrelinhas e um lugar mais que especial no meu coração.

E ah, antes que eu me esqueça: em Agosto sai a continuação de “Procura-se um namorado”, ao que tudo indica, vai chamar “Procura-se um marido”. Só digo que se vier casamento, podem preparar minha lápide porque aqui jaz uma cadelinha de Oliver e Luc.

Resenha: Split, J.B. Salsbury
Livros, Resenhas

Resenha: Split, J.B. Salsbury

Split é um livro levemente estranho e fofo, esse é o sentimento que este livro deixou dentro de mim, definitivamente não é o livro mais incrível que li, mas bom o bastante para que eu insistisse em ler até o final. Estranho ao trazer os apagões de um dos personagens principais, e fofo trazendo as atitudes do mesmo.

A história é sobre a menina que tem que colocar o orgulho de lado e voltar para a cidade natal, para o pai e irmão que deixou para trás quando foi em busca dos seus sonhos. Mas, quando a carreira de Shiann desmoronou por completo e ela falha, voltar para casa para juntar dinheiro é sua melhor opção.

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Ao chegar na pequena cidade onde cresceu, nada parece ter mudado tanto, as mesmas pessoas e os mesmos lugares, ela que mal chegou, não vê a hora de juntar o dinheiro necessário e sair dali para finalmente conseguir o emprego de jornalista que ela tanto almeja. Primeiramente, Shiann resiste em trabalhar para o pai, mas como fica sem opções acaba cedendo e voltando ao seu antigo emprego, auxiliando na empresa de seu pai.

Em um determinado momento, ela conhece um dos trabalhadores do seu pai, um homem misterioso com quem ela já havia visto no café da cidade. Lucas é reservado e ninguém na cidade sabe muito sobre ele, mas o que ninguém desconfia sobre o tímido rapaz é a de que ele esconde um terrível segredo, que tem a ver com sua infância e a morte de toda a sua família.

É um livro bastante diferente, porque mostra um irreal sobre duas pessoas diferentes no mesmo corpo, e a maneira que todos os outros personagens lidam com isso é tão natural que me deixou um pouco assustada. Mas, tirando isso, é um livro bom, não um preferido definitivamente, mas é uma leitura fácil e a autora não enrolou, soube montar a história de uma maneira em que a história flui e não deixa nenhuma lacuna em aberto.

Split uma história para passar o tempo, e não aquela história por qual irão se apaixonar.