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Leonardo Emmanuel

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Resenha: Os Supremos, Mark Millar & Bryan Hitch

“Homem-Aranha e Duende Verde. Os X-Men e Magneto. Estranhos seres com incríveis poderes surgiram para desafiar a ordem estabelecida, e os cidadãos comuns estão estupefatos e apavorados. A solução do governo: um pequeno, porém letal esquadrão conhecido como Os Supremos, criado para nos proteger das crescentes ameaças à humanidade!”

Os Supremos aborda a formação de um grupo de heróis designados para proteger a terra de grandes ameaças, se passando no universo ultimate em uma versão que inclusive serviu de inspiração para o primeiro o filme “Os vingadores”. As grandes batalhas enfrentadas pelos Supremos nos permite ver como eles são necessários para a sociedade, tanto os heróis quanto a SHIELD arriscam sua vida para salvar todo o planeta.

Escrito por Mark Millar e desenhado por Bryan Hitch. O roteiro é muito bem trabalhado, mostrando a formação e todos os desafios que os Supremos enfrentam para se tornar uma grande equipe. A arte de Hitch é muito bem traçada com belos contornos e detalhes muito bem trabalhados.

Nesta HQ podemos ver o Capitão América combatendo os nazistas na década de 40 e salvando a todos com a sua demonstração de altruísmo, desaparecendo por um longo período de tempo e reaparecendo décadas mais tarde. Os heróis estão sendo recrutados um por um para formarem um grupo capaz de proteger a terra de grandes ameaças, Os Supremos, e agora com o reaparecimento de Steve Rogers, Nick Fury encontra o líder perfeito para a equipe que já contava com Vespa, Homem Formiga e Homem de Ferro.

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Não demora muito para que eles se vejam obrigados a entrar em ação quando Bruce Banner inesperadamente transforma-se no Hulk, mergulhando Nova York no caos, diante do perigo até mesmo Thor, que havia inicialmente se recusado a integrar a equipe, resolve ajudar, entretanto, mesmo após uma luta intensa foram incapazes de parar o Hulk. A única que consegue deter o “Golias Esmeralda” é a Vespa, entrando em sua cabeça e ferroando a parte de seu cérebro que o torna um monstro destrutivo.

Após toda a devastação deixada pelo Hulk, vemos os efeitos causados na população e vários dos problemas pessoais de cada herói e suas desavenças, mas logo tudo isso deixa de importar, pois uma grande ameaça se aproxima e eles vão precisar de todos unidos para detê-la. Os Chitauri são uma raça alienígena que estava escondida entre os humanos há muitas décadas e falharam inúmeras vezes em seus intentos, mas agora que seus objetivos não são mais os mesmos, eles não precisam mais se esconder, agora não apenas a raça humana está em perigo, e os Supremos precisam impedi-los a qualquer custo pois o futuro de todo o planeta dependerá disso.

Uma história épica e bastante recomendada para qualquer amante dos quadrinhos, a atenção dada aos detalhes durante a HQ faz com que a leitura seja agradável e dinâmica, detalhes como Bruce Banner lembrando-se com culpa dos momentos em que o Hulk destruía e matava tudo o que via pela frente, machucados sofridos inconscientemente refletindo-se em seu corpo. Temos brigas domésticas acerto de contas e arrependimentos, os heróis estão mais humanos do que nunca e isso torna a HQ algo bem além do que uma simples história sobre super-heróis.

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Resenha: Pinguim – Dor e Preconceito, Gregg Hurwitz & Szymon Kudranski

“Nesta incrível nova minissérie do famoso escritor de romances Gregg Hurwitz e do artista em ascensão Szymon Kudranski (Spawn), o doloroso e sombrio passado de um dos inimigos mais diabólicos do Batman é examinado. Pinguim – Dor e Preconceito mostra desde o nascimento de Oswald Cobblepot até sua transformação em um grande adversário do Cruzado Encapuzado.”

Contando a historia de um dos maiores vilões do homem morcego, Pinguim – Dor e Preconceito retrata a mentalidade de Oswald Cobblepot de forma direta e crua, o Pinguim como é conhecido, cresceu sofrendo abusos de seus irmãos e de seu pai, pois sua aparência o tornava alvo de piadas, sua mãe era a única à aceita-lo, tornando-se seu porto seguro e por isso ele a amava acima de qualquer coisa.

O roteiro de Hurwitz facilita ao leitor enxergar e compreender quem é a pessoa por trás do vilão, um homem marcado pelo preconceito e marginalizado pela sociedade, tornando-se, sobretudo vingativo com aqueles que o fizeram mal. Os traços de Kudranski são sombrios e extremamente contrastantes, contribuindo para a atmosfera “dark” da HQ e como é de costume, ver Gotham de dia é um feito raro.

Nessa HQ o Pinguim já é um gangster famoso e violento e enquanto progredimos na historia vemos eventuais “flashbacks” de seu passado. Conhecido e temido por muitos, Oswald está em um de seus clubes cuidando de seus negócios, quando esbarra em um cliente, que o ataca verbalmente e, percebendo a quem estava destratando logo recua e pede perdão avidamente, ao que o Pinguim responde que está tudo bem e que ele não precisa se preocupar, entretanto ao dar as costas o vilão fala para seus capangas trazerem o rapaz mais tarde, afinal Oswald Cobblepot jamais perdoa.

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Em outro lugar da cidade de Gotham, os subordinados do Pinguim põem seus capuzes para entrar em ação, o alvo é um colar com uma grande rubi, o “ovo de dragão”, que está no pescoço da famosa filantropa Babs Chantell. Ao abordarem sua limusine os bandidos imediatamente atiram nos seguranças, matando-os, em seguida caminham em direção da apavorada senhora, mas o cordão do colar recusa-se a romper fazendo com que um dos capangas tenha uma ideia radical, decapitar a vitima.

De volta ao seu clube ele recebe o colar e imediatamente se dirige aos aposentos em que sua mãe se encontra. A mãe de Oswald está em uma cadeira de rodas, velha e debilitada, não esboça reações, o Pinguim cuida dela minuciosamente, pinta suas unhas, dá os seus remédios e a presenteia com uma joia ensanguentada.

De volta ao escritório e aos negócios, o vilão se depara com o rapaz no qual esbarrara anteriormente, assustado, o moço pergunta se será machucado, mas o Pinguim nega, não iria machuca-lo fisicamente, faria pior. Lentamente Oswald começa a explicar ao rapaz no que ele transformou o seu mundo, ele o havia destruído sem ao menos toca-lo, a morte provavelmente seria um castigo mais brando.

Uma HQ sombria e violenta que retrata as noites de Gotham nas mãos de vilões como o Pinguim. Latrocínios, assassinatos, sequestros e chacinas são apenas algumas das coisas que estão na lista do vilão, que jamais ataca seu inimigo, mas sim todos ao seu redor e principalmente todos que ele ama, demonstrando sempre sua natureza profundamente covarde. Quem for merecedor será tratado como um rei e quem não for será destruído pelos motivos mais fúteis possíveis, o Pinguim é um vilão perigoso, vingativo, paciente e com um grande complexo de inferioridade, se você rir de sua aparência se prepare para ver aqueles que lhe importam morrer.

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Resenha: Demolidor – Diabo da Guarda, Kevin Smith & Joe Quesada

Depois de ficar cego devido um terrível acidente quando garoto, Matt Murdock descobriu que seus sentidos haviam sido ampliados a níveis extraordinários. De dia, Matt é sócio em um escritório de advocacia, mas a noite ele patrulha as ruas da cidade como Demolidor, o Homem Sem Medo. Quando um misterioso bebê surge em sua porta, o herói cego vê-se frente a um desafio mortal, que levará suas habilidades de super-herói e sua fé até os limites mais extremos.

O foco de “Diabo da Guarda” está nas crenças religiosas de Matt Murdock, tendo uma criação católica o Demolidor normalmente procura perdão pelos seus atos na hora de combater crimes na Cozinha do Inferno (Hell’s Kitchen, bairro de Nova York), mas dessa vez é diferente, sua crença está sendo testada e levada aos limites. As escolhas morais que Murdock será obrigado a fazer irão obrigá-lo a questionar seus ideais e sua própria sanidade.

Além do realismo da narrativa, uma das influências mais duradouras deixada por Frank Miller foi o uso da religião dentro do contexto das histórias, há uma relação muito forte do personagem com o catolicismo e os ideais de pecado, penitência e redenção. Mas também é marcante na HQ a audácia de Kevin Smith e Joe Quesada, que criaram uma história inovadora, moderna e mais sombria e madura, eles foram a um território que nem mesmo o próprio Frank Miller estava preparado para ir. Os traços de Quesada são vivos e dinâmicos, o que capta a atenção do leitor de imediato, enquanto Kevin Smith foi capaz de trazer o Demolidor de volta aos holofotes, descrevendo bem o que o “Homem Sem Medo” sente e como interpreta o mundo a sua volta.

Matt Murdock, que estava em um confessionário ouve dois batimentos cardíacos rápidos e assustados, um dos batimentos é de um bebê e outro o de uma jovem, ele tenta alcançá-los, pois percebe que estão sendo perseguidos, mas falha quando é obrigado a confrontar dois homens em um carro. Mais tarde já em seu escritório de advocacia ele sente os batimentos mais uma vez, e instintivamente corre atrás, mas ao abrir a porta de seu escritório lá estão a garota e o bebê.

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A garota explica sua história e, por segurança, deixa sob a guarda de Matthew um bebê que supostamente irá se tornar o salvador da humanidade quando crescer, a garota vai embora às pressas e foge do local, o herói abismado com o que acaba de acontecer pede ajuda a sua ex-namorada, Natasha Romanoff (Viúva Negra), para servir de babá até ele descobrir quem estava atrás do bebê e da garota.

Mais tarde ele recebe outra visita, dessa vez de um senhor chamado Nicholas Macabes, que tenta convencer Matt de que o bebê na verdade não é o salvador, pelo contrário, é o anticristo e deve ser entregue a ele para ser destruído, o herói recusa imediatamente, pois sente que não pode confiar nele, então Nicholas dá um ultimato: dois dias para que ele decida, vindo buscar a criança independente da sua decisão. Antes de sair o homem alerta Matt que tragédias cairão sob sua vida enquanto ele estiver com o bebê, por fim ele se despede com um aperto de mão, deixando uma pequena cruz na palma de Matt.

No telhado de um prédio, pensativo e sem saber o que fazer, o herói é tomado por um pensamento sombrio, acreditando que a criança pode ser de fato o anticristo, Matt pega-a dos braços de Natasha e vai até a beirada do telhado com ela erguida sob a cabeça, prestes a tomar uma decisão: jogá-la. A viúva negra percebe sua intenção e salva o bebê antes que o herói cometa uma loucura e imediatamente confronta Matt, querendo saber o motivo dessa atitude, ele explica toda a história, mas ela acha ridículo que a criança seja uma espécie de profeta ou anticristo, decidindo levar a criança em segurança enquanto Matt põe seus pensamentos no lugar.

A partir daí as tragédias profetizadas por Macabes começam a acontecer na vida do Demolidor, enquanto ele está em casa descansando e imaginando o que fazer para resolver todos os seus problemas, alguém bate a sua porta e ao abri-la ele se vê diante de Karen Page, ex-namorada que ele não via há seis meses. Assustada e com a maquiagem borrada por conta das lágrimas, ela começa a desabafar aos prantos: “Matt, eu tenho AIDS”, e isso é só o começo.

Demolidor – Diabo da Guarda é um HQ sombrio, com mais realismo que as outras histórias da Marvel, a religião é algo presente e afeta diretamente as decisões e o rumo das coisas, Demolidor não só se encontra perdido e sem saber o que fazer nessa história, ele se perde de sua crença, e por vários momentos se vê em uma encruzilhada. O roteiro feito por Kevin Smith faz jus ao legado deixado por Frank Miller, Demolidor nunca esteve tão vivo. Em cenas emocionantes e dramáticas nós vemos o herói sofrido que é Matt Murdock, com tantos problemas pessoais quanto profissionais e as decisões difíceis que ele tem que tomar, e o quanto ele está disposto a perder para salvar a todos e a si mesmo.

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Resenha: Mercenário – Anatomia de um Assassino, Daniel Way & Steve Dillon

 Um dos mais perigosos vilões do Universo Marvel está preso em uma cadeia de segurança máxima. É preciso interrogá-lo para descobrir o paradeiro de um material radiativo roubado. O agente especial Baldry vai encarar este desafio. Uma HQ bem divertida, violenta e instigante. Conheça o passado do Mercenário, desde sua perturbada infância até seu encontro com o Demolidor, Rei do Crime, Justiceiro e Elektra.

O passado do Mercenário sempre foi envolvido por mistério, mas o roteirista Daniel Way soube ligar vários pontos para explicar sua infância, tudo que lhe ocorreu é explicado de uma forma em que o leitor é surpreendido a cada reviravolta, seus motivos e também seu lado psicopático, que é cada vez mais evidente no decorrer da história. Apesar de tudo, Mercenário abraçou esse seu lado de uma maneira como poucos vilões o fazem, ele de fato se diverte ao matar e torturar seus inimigos e vítimas, fazendo com que ele seja um vilão imprevisível e extremamente perigoso.

A arte feita por Steve Dillon é detalhada, com leves mudanças de contrastes, seus traços são suaves e precisos, demonstrando com precisão o quão incríveis e mortíferas são as habilidades do Mercenário, que consegue desarmar uma granada com um mero palito de dente e utilizar objetos cotidianos como armas mortais.

O Mercenário está preso, mas deixou uma surpresa para o governo, plutônio escondido em três lugares diferentes, pondo em risco milhares de vidas inocentes. A fim de evitar uma tragédia, dois agentes especiais são enviados para tentar arrancar informações do prisioneiro, o agente Baldry e o agente Holskins entram no complexo de segurança máxima com o objetivo de interrogar e conseguir informações estratégicas do Mercenário, que está algemado e privado de qualquer objeto que possa utilizar como arma, pois suas habilidades o permitem atirar qualquer objeto com precisão e força fatais.

O interrogatório começa com o agente Baldry abordando a infância do vilão, esperando ser capaz de desestabilizar o seu psicológico e frustrá-lo até o ponto de cometer um deslize vazando as informações necessárias. Mercenário revela ter um irmão mais velho e que na infância ambos sofriam com um pai alcoólatra e abusivo, que batia na mulher e nos próprios filhos, revelando que seu irmão mais velho chegou ao limite de atear fogo na própria casa numa tentativa de matar o próprio pai.

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Depois de tornar-se órfão, Mercenário passou por várias famílias até ser adotado definitivamente pelos Wilkersons, uma família maravilhosa, tão boa que é evidente o efeito negativo que isso trás ao vilão pois o pensamento de antagonizar essa bondade é visto em suas feições enquanto participa de bons momentos familiares. Demonstrando talento em jogar objetos, ele participa da liga amadora de baseball e após três jogos é convocado para a liga profissional, em seu primeiro jogo em casa, com seu pai adotivo presente na arquibancada, ele demonstra pela primeira vez sua capacidade de matar.

Na última bola do jogo, Mercenário decide abandonar a partida porque, em suas palavras, “perdeu o tesão”, assim ele pede para ser substituído, mas o treinador o convence a jogar a última bola, ele aceita, decidindo que assim pode se “divertir” um pouco. Ao invés de lançar a bola para eliminar o batedor, ele a joga em sua cabeça “eliminando-o” de sua existência, provocando uma verdadeira comoção na plateia chocada, depois disso Mercenário é expulso da liga e levado para a CIA para trabalhar como um assassino.

Mercenário – Anatomia de um assassino nos mostra em profundidade parte da origem do principal vilão do Demolidor, o fato de ele se divertir matando seus inimigos demonstra que ele não teme a morte, ele não só se diverte matando, mas o que mais lhe traz satisfação são os meios que utiliza para matar, qualquer coisa é uma arma em sua mão, isso fica bastante evidente nessa HQ, um personagem sarcástico, imprevisível, calculista e extremamente perigoso. Uma leitura recomendada para quem gosta de vilões que abraçam seus destinos, e tiram prazer nisso, O Mercenário, como o próprio nome já diz, faz qualquer coisa pela quantia certa e realmente não há nada que ele não possa fazer.

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Resenha: Guerras Secretas, Jim Shooter, Mike Zeck & Bob Layton

“Raptados por uma entidade incrivelmente poderosa conhecida como Beyonder, os maiores heróis e vilões da terra são forçados a lutar entre si num planeta chamado Mundo Bélico. O prêmio aos vencedores será poder além da imaginação. Aos perdedores, restará apenas a morte certa.”

Uma saga épica lançada pela Marvel em 1984, a HQ fez tanto sucesso que algumas de suas edições chegaram a vender milhões de exemplares, algo nunca alcançado por nenhum quadrinho desde 1940. A HQ foi também a primeira a ter múltiplos personagens famosos reunidos, um ambicioso feito com grandes riscos, mas com um resultado além das expectativas.

Guerras Secretas foi inicialmente elaborada como ferramenta de marketing para uma linha de brinquedos, mas graças ao incrível roteiro de Jim Shooter e a brilhante arte de Mike Zeck e Bob Layton, ela se tornou algo bem maior. Muitas editoras tentaram alcançar o mesmo feito na época, lançando vários crossovers, mas nenhuma se igualou a Guerras Secretas.

A HQ trouxe mudanças para o universo Marvel, como o traje simbiótico do Homem-Aranha e foi considerado um marco no mundo dos quadrinhos, abrindo as portas para inúmeros crossovers feitos ao longo dos anos, como “Guerra Civil”, “Dinastia M” e “O Cerco”, hoje eles são uma tradição anual e costumam ser os mais vendidos e mais aguardados.

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A história começa com todos os personagens já transportados através de dois construtos enormes, estruturas colossais que lembram naves, um levando os heróis e outro os vilões. Apesar de estarem espantados e alarmados, ambas as equipes começam a estudar a situação. No lado dos heróis, Reed Richards (Sr. Fantástico) começa imediatamente a acalmar o seu grupo, do outro lado, Victor Von Doom (Dr. Destino) faz o mesmo. Momentos após serem transportados eles presenciam algo incrível, bem em sua frente uma galáxia inteira é destruída como exemplo do poder de Beyonder, logo em seguida um imenso mundo é criado a partir de pedaços de outros mundos, deixando a todos perplexos, menos Galactus, o devorador de mundos. Após presenciarem tais acontecimentos uma luz forte surge no universo, uma poderosa voz ecoa nas mentes de todos:

“Eu sou do além! Destruam seus inimigos e todos os seus desejos serão realizados! Posso concretizar seus sonhos sejam quais forem!”

A voz misteriosa vem de um ser chamado Beyonder, logo reconhecido por Galactus, que imediatamente voa em direção a luz com a intenção de acabar com os planos de Beyonder, mas é repelido como uma mosca. Todos presenciam o poderoso Galactus ser jogado no planeta como um inseto e logo percebem que terão que lutar em uma guerra onde eles não sabem quem é o verdadeiro inimigo.

Guerras Secretas acabou se tornando uma grande épico no mundo das HQs, servindo de exemplo de como se deve fazer um crossover. Uma HQ repleta de ação, a cada capítulo uma surpresa e um novo desafio, vemos vilões ajudando heróis e heróis ajudando vilões, vemos o preconceito com os mutantes X-Men e como eles lidam com isso. Vemos sofrimento, drama e um tornado de emoções jogadas em uma única HQ.

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Resenha: Capuz Vermelho – Dias Perdidos, Judd Winick, Pablo Raimondi & Jeremy Haun

“‘Capuz Vermelho –  Dias Perdidos’ conta a história de Jason Todd, que outrora havia sido Robin, o ajudante do Batman morto cruelmente pelo Coringa. Todd foi atingido por vários golpes de pé de cabra, queimado e soterrado por uma explosão, mas eventos misteriosos ressuscitam o ‘menino prodígio'”.

Escrito por Judd Winick, vemos uma narrativa bem elaborada que demonstra a transição de um vilão em busca de vingança para anti-herói. A arte é mesclada entre dois artistas que têm uma leve similaridade entre seus traços, porém, Haun consegue captar a atenção do leitor de uma forma mais dinâmica, sua arte é mais detalhada e com cenas mais impactantes, aparentando fluir mais naturalmente.

Tudo começa quando Jason Todd acorda misteriosamente em seu túmulo e foge sem nenhuma lembrança de seu passado, passando alguns anos vagando com amnésia até ser encontrado por Talia al Ghul, filha de Ras al Ghul. Jason estava praticamente em estado vegetativo, a única coisa que lhe sobrara era seu instinto e seu reflexo, seu corpo reagia a ataques, mas não esboçava qualquer outra reação. Com o tempo seus músculos começam a se fortalecer e ele vai se tornando mais rápido e poderoso, mas sua mente continua quebrada e sem memória. Talia acaba se afeiçoando a Todd e, buscando ajudá-lo, aproveita o momento em que Ras al Ghul se banha no poço de Lázaro, uma fonte capaz de regenerar ferimentos e doenças graves e de até mesmo reviver e rejuvenescer. Surpreendendo-o, Talia joga Jason na fonte, fazendo com que ele recupere toda sua memória e finalmente tenha capacidade de buscar vingança contra o Coringa, o responsável pela sua morte, e contra Batman, por poupar a vida do Coringa.

warrggrgrrhldimage4Após recuperar sua memória, Jason é guiado por Talia e parte em uma jornada ao redor do mundo para aprender, evoluir e enfim se vingar. Recebendo treinamento em várias artes marciais, armas brancas, explosivos e armas de fogo, ele se torna uma verdadeira máquina de matar. Quando seus tutores se revelam criminosos impiedosos, estupradores, traficantes e assassinos cruéis, Jason sente a necessidade de reagir, eliminando-os juntamente com seus cúmplices, deixando um rastro de corpos por onde passa. Esse acontecimento foi um divisor de águas, a partir daí Todd demonstra um novo senso de justiça, distorcido por acontecimentos e experiências traumáticas, Robin combatia o mal de uma forma não letal, porém sua piedade morreu com ele, agora retornará a Gotham em busca de vingança, cada vez mais próximo de se tornar o Capuz Vermelho.

Cada página lida é uma etapa da evolução de Jason até se tornar um anti-herói, sua sede por vingança e seu novo senso de justiça o farão trilhar um caminho solitário, deixando corpos de criminosos por onde passa. Essa HQ retrata a ressuscitação de um personagem e uma rara ocasião: quando o feito causa o efeito desejado, pois Jason Todd não tão adorado em sua época como o Robin, torna-se um personagem mais interessante e intenso. Uma ótima leitura e um roteiro que não perde o foco em nenhum momento, todos os momentos que Todd vivencia o levarão ao seu destino.

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Resenha: Caveira Vermelha Encarnado, Greg Pak & Mirko Colak

Em 1923 quando a República de Weimar mergulha no caos e o Partido Nazista ascende ao poder na Alemanha, um órfão chamado Johann Schmidt atinge a maturidade. O jovem que vai se tornar o Caveira Vermelha luta para sobreviver – e triunfar – num mundo mergulhado no colapso econômico, crise política e violência implacável, até ganhar a afeição de um lojista amigável e sua filha. No entanto, conseguirá um garoto que abraçou a brutal supremacia do poder evitar seu terrível destino?

Caveira Vermelha Encarnado é uma HQ que aborda a infância de Johann Schmidt, uma infância delinquente com chances de redenção sempre ignoradas. Infelizmente não vemos o momento em que sua aparência se transforma através de uma máscara de caveira vermelha dada a Schmidt pelo próprio Hitler, mas tudo que constrói o psicológico e a frieza do personagem estão presentes na história.

Escrito por Greg Pak e desenhado por Mirko Colak, temos uma grande combinação de talentos, Mirko trabalha muito bem com contraste e sombras, conseguindo emitir a tensão através de sua arte, Greg Pak não deixa pontas soltas, entrelaçando fatos históricos à história do personagem com perfeição, cada capítulo remete a um momento sociopolítico importante na Alemanha.

Em 1923, Johann Schmidt e seu amigo Deiter moram em um lar para crianças rebeldes, administrado por um mal humorado simpatizante do partido nazista. Quando um cachorro surge no lar fugindo da carrocinha, Deiter demonstra seu lado bondoso, escondendo-o, Schmidt repreende seu amigo, mas mantém-se quieto para não chamar atenção, seria a sensibilidade uma das faces de Johann? Possivelmente, mas seu lado frio logo a sobrepõe. Quando acontece o Putsch Bierhalle, a tentativa de golpe do Partido Nazista juntamente com seu líder Adolf Hitler, Johann corre para ver a marcha, deparando-se com a polícia alvejando vários membros do Partido Nazista, e consegue pôr as mãos em uma pistola que foi derrubada por um dos atingidos, apontando-a para o malvado administrador do lar, que consegue desarmá-lo, obrigando Schmidt a fugir escondendo-se na multidão, avistando a carrocinha que sempre passa em frente ao lar, ele entra nela desesperado para despistar o administrador. O motorista reconhecendo o garoto fica surpreso ao vê-lo e, mais ainda, ao ouvir o seu pedido: “Ensine-me a matar”.

No canil acontecem vários episódios traumáticos na vida de Johann, o administrador do canil mata um cachorro na frente dele e o pede para fazer o mesmo com um filhotinho, mas ele se nega, então o perverso administrador joga o pequeno cãozinho em uma gaiola cheia de cães raivosos que atacam o filhote impiedosamente. Schimdt, em um ato desesperado, entra lá para tentar salvar o filhote, lutando com os cachorros maiores até matá-los, mas já era tarde demais, o filhote já estava desfalecido em suas mãos, por mais que tentasse salvá-lo. Com suas últimas forças, o filhote o morde antes de morrer. Esse acontecimento marca uma mudança profunda na natureza do personagem, a bondade que restava em seu coração se esvai, dando lugar à frieza e à indiferença com a vida.

A HQ é um ótimo exemplo de como deve ser construído o passado de um vilão, explicando como se formam alguns traços de sua personalidade através da sua infância traumática e do seu passado sofrido. Também nos é apresentada com clareza a ascensão de Johann Schmidt ao Partido Nazista, se tornando a mão direita de Adolf Hitler. Essa é uma leitura muito recomendada para quem gosta de ir a fundo na história dos personagens. Porém, sentimos falta de referências ao universo Marvel e seus personagens, como o Barão Zemo e o Barão Wolfgang von Strucker, este, um dos líderes fundadores da Hidra, uma organização subversiva cuja ambição é a dominação global.

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Resenha: Marvels, Kurt Busiek & Alex Ross

Numa cidade onde um homem em chamas caminha pelas ruas, justiceiros em fantasias coloridas sobem pelas paredes e alienígenas de pele prateada vindos de outro mundo trazem o presságio de uma destruição mundial, descubra como é ser um homem comum testemunhando o nascimento do Universo Marvel. Retorne aos primórdios da Era dos Heróis e mergulhe em um mundo repleto de MARAVILHAS.

Marvels aborda várias historias já conhecidas pelo público, porém o que mais se diferencia nessa HQ é a arte e a forma de contar as histórias que se passam do ponto de vista de um fotógrafo, Phil Sheldon, um homem comum, sem poderes ou habilidades.

Escrita por Kurt Busiek e desenhada por Alex Ross é, diga-se de passagem, um trabalho que beira a perfeição, de longe uma das melhores artes já feitas em HQs. Alex Ross trabalha com hiper-realismo, algo incomum em HQs, mas com um resultado incrível.

A historia toda se passa em Nova York, começando em 1939, Phil o fotógrafo jornalístico, quer cobrir a segunda guerra mundial, que é onde supostamente a ação está, mas logo com o surgimento de seres poderosos como o Tocha Humana e Namor ele desiste, afinal ambos estavam apavorando a população, e por serem intrigantes, captam a atenção de Phil. Durante os eventos em NY também vemos jornais com manchetes sobre o Capitão América e Bucky Barnes destruindo os Nazistas na Europa e um dos acontecimentos mais importantes dessa etapa se desenrola durante a batalha entre Namor e o Tocha Humana. Enquanto se confrontam, Phil Sheldon decide se aproximar o máximo possível para fotografar a batalha frenética, então o Tocha humana empurra Namor em uma parede de tijolos logo acima de Phil, que é atingido no olho e passa o resto da HQ com um tapa olho, o que lembra o nosso estimado Nick Fury. Também temos várias referencias a outros heróis durante a HQ, uma em especial é a de Danny Ketch, o terceiro Motoqueiro Fantasma, ainda garoto e simples entregador de jornais que um dia irá se tornar uma caveira em chamas que trará agonia às almas perversas.

Com o passar das décadas vemos a população temerosa e raivosa com o surgimento dos mutantes, então temos cenas do povo caçando mutantes com medo de serem atacados pelos “Homo Superior”, os problemas pessoais de Sheldon também surgem dando mais humanidade ao personagem, além de presenciarmos fatos memoráveis, como a invasão de Galactus, o casamento de Reed Richards e Susan Storm e o famoso fim de Gwen Stacy pelas mãos do Duende Verde.

Marvels é com certeza uma das melhores HQs da Marvel, não só pela qualidade artística e literária, mas pela visão do autor, que conseguiu com sucesso desenvolver um novo ponto de vista nas histórias da Marvel. Em uma única linha de tempo vemos Phil Sheldon casar, envelhecer e ter suas filhas ao mesmo tempo em que o mundo é constantemente ameaçado e constantemente salvo pelas “maravilhas”, como diria o próprio Phil Sheldon.