Resenhas

Resenha: Caveira Vermelha Encarnado, Greg Pak & Mirko Colak

Em 1923 quando a República de Weimar mergulha no caos e o Partido Nazista ascende ao poder na Alemanha, um órfão chamado Johann Schmidt atinge a maturidade. O jovem que vai se tornar o Caveira Vermelha luta para sobreviver – e triunfar – num mundo mergulhado no colapso econômico, crise política e violência implacável, até ganhar a afeição de um lojista amigável e sua filha. No entanto, conseguirá um garoto que abraçou a brutal supremacia do poder evitar seu terrível destino?

Caveira Vermelha Encarnado é uma HQ que aborda a infância de Johann Schmidt, uma infância delinquente com chances de redenção sempre ignoradas. Infelizmente não vemos o momento em que sua aparência se transforma através de uma máscara de caveira vermelha dada a Schmidt pelo próprio Hitler, mas tudo que constrói o psicológico e a frieza do personagem estão presentes na história.

Escrito por Greg Pak e desenhado por Mirko Colak, temos uma grande combinação de talentos, Mirko trabalha muito bem com contraste e sombras, conseguindo emitir a tensão através de sua arte, Greg Pak não deixa pontas soltas, entrelaçando fatos históricos à história do personagem com perfeição, cada capítulo remete a um momento sociopolítico importante na Alemanha.

Em 1923, Johann Schmidt e seu amigo Deiter moram em um lar para crianças rebeldes, administrado por um mal humorado simpatizante do partido nazista. Quando um cachorro surge no lar fugindo da carrocinha, Deiter demonstra seu lado bondoso, escondendo-o, Schmidt repreende seu amigo, mas mantém-se quieto para não chamar atenção, seria a sensibilidade uma das faces de Johann? Possivelmente, mas seu lado frio logo a sobrepõe. Quando acontece o Putsch Bierhalle, a tentativa de golpe do Partido Nazista juntamente com seu líder Adolf Hitler, Johann corre para ver a marcha, deparando-se com a polícia alvejando vários membros do Partido Nazista, e consegue pôr as mãos em uma pistola que foi derrubada por um dos atingidos, apontando-a para o malvado administrador do lar, que consegue desarmá-lo, obrigando Schmidt a fugir escondendo-se na multidão, avistando a carrocinha que sempre passa em frente ao lar, ele entra nela desesperado para despistar o administrador. O motorista reconhecendo o garoto fica surpreso ao vê-lo e, mais ainda, ao ouvir o seu pedido: “Ensine-me a matar”.

No canil acontecem vários episódios traumáticos na vida de Johann, o administrador do canil mata um cachorro na frente dele e o pede para fazer o mesmo com um filhotinho, mas ele se nega, então o perverso administrador joga o pequeno cãozinho em uma gaiola cheia de cães raivosos que atacam o filhote impiedosamente. Schimdt, em um ato desesperado, entra lá para tentar salvar o filhote, lutando com os cachorros maiores até matá-los, mas já era tarde demais, o filhote já estava desfalecido em suas mãos, por mais que tentasse salvá-lo. Com suas últimas forças, o filhote o morde antes de morrer. Esse acontecimento marca uma mudança profunda na natureza do personagem, a bondade que restava em seu coração se esvai, dando lugar à frieza e à indiferença com a vida.

A HQ é um ótimo exemplo de como deve ser construído o passado de um vilão, explicando como se formam alguns traços de sua personalidade através da sua infância traumática e do seu passado sofrido. Também nos é apresentada com clareza a ascensão de Johann Schmidt ao Partido Nazista, se tornando a mão direita de Adolf Hitler. Essa é uma leitura muito recomendada para quem gosta de ir a fundo na história dos personagens. Porém, sentimos falta de referências ao universo Marvel e seus personagens, como o Barão Zemo e o Barão Wolfgang von Strucker, este, um dos líderes fundadores da Hidra, uma organização subversiva cuja ambição é a dominação global.

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