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Emanuel Antunes

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The Epic Battle (ESPECIAL) – Loucos do mundo, uni-vos!

O Ministério da saúde adverte: Se você seguir esse caminho não poderá voltar. É simples, duas escolhas são dadas, ou você é, ou não é, claro demais para qualquer pessoa. Mas nós sabemos que você tem sérios problemas, seja lá psíquicos ou não, mas você tem problemas isto está evidente. Se você não tivesse contratempos em seu íntimo não seguiria esse caminho, não seria o que é.

Era manhã, ou noite, não lembro, mas naquele dia decidi disponibilizar o tempo que pudesse e não pudesse, depositar minhas energias, minhas verdades e inverdades, colocar tudo, mas exatamente tudo em folhas e mais folhas. Faz muito tempo, faz sim, nesse período já conheci muitos iguais, melhores, piores, mas parecidos comigo. Eles tem manias, essa espécie parece ser inquieta, acorda em horas exatas, ou não, eles são irregulares demais, temos vícios, como xícaras e mais xícaras de café ou simplesmente  uma lata de coca-cola para agitar as coisas, nos dar ânimo. Falando em animar a atmosfera, temos diversos guias, diversos faróis, eles variam muito, partem da música para o cinema, ficamos vidrados ali, escutando a mais bela sinfonia ou beijando a tela em uma cena sangrenta, uma cena mais real que qualquer realidade.

Somos os mais estranhos que você um dia sonhou em conhecer.

Sabe seu andar? Nós vemos milhões de coisas ali. Sabe aquele cachorro que cruza a BR sem motivo algum? Nós vemos uma alma aventureira, um ser querendo ser testado. Você já viu um pardal? Claro que viu, quem não viu não viveu, pois então, nós entranhamos naquele pássaro, voamos com ele, observamos o que ninguém deseja notar. Somos estranhos, eu falei. Ainda em nossos vícios, vou retratar mais alguns, como andar para qualquer lugar com um livro ou com um bloco de notas, mas acredite, sempre esquecemos a caneta. Mas pode ser proposital, é como se o amor de sua vida sempre tivesse uma caneta, e você, claro, pediria a maldita bendita caneta à essa pessoa.

Sonhamos muito. Mas muito.

Passamos horas e horas analisando as situações, podemos trocar de opiniões diversas vezes, mas quando chegamos à uma conclusão, pois bem, essa será a maior e melhor de todas. Podemos ser calados demais, ou os mais extrovertidos. Somos estranhos.

É ter uma missão, sim, ninguém deposita obrigações sobre nós, porque quem tem esse papel somos nós mesmos. Queremos ser o novo Victor Hugo, queremos entrar para o panteão da literatura, queremos ao menos marcar uma pessoa, que seja, uma só e estamos satisfeitos. Criamos mundos, traçamos retas, quando amamos, amamos melhor que qualquer um, quando determinamos metas, as atingimos, nem que seja a última coisa que façamos na vida.

Tenha medo, tenha pavor de um escritor. Ele te rasgará por inteiro, trucidará suas teorias, investigará cada traço de sua medíocre existência, ele a transformará na mais bela história ou no terror de qualquer leitor. Não é uma escolha, menti no começo de tudo isso para que você se sentisse mais a vontade, somos assim, oferecemos as mais confortantes situações e após deixarmos todos acomodados, derrubamos a casa, encendíamos, acabamos com toda paz. Não, não é uma escolha, você pode não sentir nada agora sobre isso, pode não ter vontade alguma de escrever, mas isso despertará do nada, produzirá singulares sensações, as gratificantes e solitárias sensações.

Escrever é perigoso e a todo aquele que se entrega às palavras, ao mundo, só tenho uma coisa a dizer no dia de hoje: Ao trabalho, moças e rapazes!

(Feliz dia Nacional do Escritor!)

Atualizações

Crônica: Augusta, que saudade

Augusta, graças a deus,
Graças a deus,
Entre você e a angélica
Eu encontrei a consolação
Que veio olhar por mim
E me deu a mão.
Augusta, que saudade,
Você era vaidosa,
Que saudade,
E gastava o meu dinheiro,
Que saudade,
Com roupas importadas
E outras bobagens.

Augusta, Angélica e Consolação – Tom Zé

Linda como nunca, só pude corresponder seu olhar. Movida por um passado catastrófico, tal moça não conhecera o amor verdadeiro, a vida em si, sua real importância. Augusta vivia em uma bolha, e em sua bolha esquecera de que deveria prosseguir. A aula continuava, e seus olhos se voltaram para a professora. Não, ela não prestava atenção nas palavras ditas pela mulher esquelética, na verdade ninguém ali dava a importância necessária para o momento, todos, imersos em pensamentos, ou apenas falando o que não deviam em redes sociais. Mas Augusta era diferente, ela instigava pelo olhar, instigava qualquer ser humano. Concentrada em um ponto fixo na parede, entre o J e o K, a garota mirava algo que ninguém via, só seus olhos, olhos de fotografia, visionários, eles nunca estiveram aqui. Não nesse cubículo, eles vêm o futuro, e para Augusta o futuro não é palpável, é apenas um amontoado de dúvidas e esforços.

Encaro suas curvas, mesmo sob a farda desfavorável, suas curvas provocavam, a calcinha azul claro visível por entre a calça e a camisa, concentre-se nos olhos, idiota, nos olhos, mas era quase impossível. Olho para a minha frente, Carol pressiona a cabeça contra a parede, ali eu sei o que se está pensando, era de costume, sempre nas aulas tediosas, Carol pensar em sexo, admito, ela nunca fora tão inteligente quanto estava sendo naquele momento. Concentrar-se na metodologia de um professor era difícil, mas visualizar cenas eróticas frente a tais professores é coisa de gênio. Chuto sua banca, ela faz um sinal com a mão esquerda, como quem diz: “Espera, estou perto de um orgasmo.” E ela estava, em algum universo paralelo, mas estava. Olho para trás e vejo Matheus, concentrado em sua conversa com Letícia, ou era Laura, tanto faz, as duas estavam no mesmo recinto, as duas se encaravam, as duas já passaram a mão no mesmo senhor que com todo seu disfarce escondia o celular sob a bolsa. Ao lado de Matheus, na outra fila estava Jê, cochilava, ai está, alguém que arrumou um serviço melhor do que Carol, dormir, realmente, seria melhor do que trepada imaginária. Seu pescoço beijava o ombro direito, Jê só acordaria no momento em que o intervalo começasse, ou quando Fernando, sentado a sua frente, lhe tocasse na perna direita para mostrar alguma pornografia no celular. E a frente de Fernando estava ela, Augusta, em seu lugar típico.

Por instantes pensei em entrar na brincadeira de Diane, e ali, imaginar eroticamente a garota. Seu corpo esguio, branco, sendo observado por uma lâmpada que refletisse toda sua beleza. Seus movimentos calculados, demonstrando as ancas desenhadas por algum Michelangelo ou Sanzio. Enquanto suspirava entre esculturas Renascentistas e uma Augusta nua, a mesma, ali, sentada uma cadeira após a mim, enfiou a mão no nariz vagarosamente, retirou algum resíduo e caçou na sala algum espectador de seu feito. Sem encontrar visualizadores, passou a mesma mão na calça e voltou a olhar para o nada. Provavelmente seus problemas não lhe cercavam mais, ou não haviam cercado, era pura imaginação minha. Na realidade, enquanto procurava significados para o silêncio de Augusta, ela deveria está ali, preocupada como iria retirar a meleca que lhe incomodara as duas aulas anteriores, agora com a intrusa expulsa do nariz, Mariane descansaria, até o tema: “Rochas Metamórficas” sumir do quadro e chegar a hora de comer seu biscoito com gosto de alpiste.

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The Epic Battle: Eu não sou daqui

Eu não sou daqui
Eu não tenho amor
Eu sou da Bahia
De são salvador

Marinheiro Só – Caetano Veloso

Vou lhe dar muitas justificativas para essa frase. “Eu não sou daqui”. Garanto, você, que vive nos livros, já desatinou diversas vezes, perdeu o controle do tempo e espaço e se viu em outro mundo, em outro ambiente, em uma sociedade muito diferente desta. Meu feed vive atormentado por essa febre, de querer viver em algo que há muito passara. Vídeos dos anos 60, 70, 80, textos de escritores que nem sonhavam em avistar o século XXI, tudo isso compartilhado por adolescentes, em uma faixa de dezessete, dezoito anos, afirmo com toda convicção sobre os dados pois faço parte deles. Olhamos para o passado saudosamente, avistamos os grandes festivais que esse país já proporcionou boquiabertos, vemos Charles Aznavour fazer o que nenhum cantor faz nos dias de hoje sobre um palco. Será mesmo, que com todos esses costumes que nos rodeiam de décadas passadas, será que com nosso ideal já difundido e muitas vezes batido, ainda permanecemos nesse trecho de tempo? Será que não somos diferentes? Melhores? Piores?

Vou tentar pegar um recorte de tempo. 1967, 1968, por ai, surgia o Tropicalismo, uma junção de tudo que era passado para ser modelo de um futuro que pessoas e mais pessoas idealizavam ser perfeito. Mas que curioso, esses somos nós neste exato momento, nos perdemos imaginando como seria se ainda tivéssemos uma Elis ou se fossemos os primeiros da fila para assistir “The Sound of Music” enquanto tentamos transformar esse presente em passado e o passado, junto ao presente, em futuro. Brincamos de modificar a cronologia, nossa cronologia mental, transformando tradicional e clássico em atual, moderno em desnecessário, antigo em novo e novo em mais um. Certo, existem as exceções, ainda toleramos algo aqui ou ali, mas eu digo, não somos daqui. Não somos dessa parte do tempo que vê Elsa, nós ainda assistimos Mulan, não, não escutamos sertanejo universitário, ou funk, acordamos todos os dias ouvindo Novos Baianos ou Beatles. Acabou chorare, ficou tudo lindo, cantarolamos horas e horas. Não lemos Meyer, imagina, nós somos discípulos assíduos de Hugo, o Victor de France. Somos o diferente, o novo, o diferencial no meio da multidão.

Nos achamos melhores que eles, não nos achamos? Claro que sim. Deixa eu contar outra história.

Eu não curto essa coisa toda de ficar ouvindo cantor que já morreu bem antes que eu nascesse, não, aquele ritmo de Elvis misturado com Nina seja lá quem for não me agrada, como alguém consegue ouvir aquilo? Me diz! Prefiro ler meu feed horas e horas do que me enfurnar nesses livros rebuscados. Um Jogos Vorazes aqui, um Divergente ali, esses são bons, tem ação, romance, sangue. Nada desse lenga lenga de oitocentas páginas. Faça-me o favor, eu tenho mais o que fazer. Coisa de velho, sério, coisa de antiquado metido a sabichão. Nós é que vivemos, que temos olhos para o futuro. Não me sinto parte desse grupo fanáticos por poeira e preto/branco, eles que morram junto com seus artistas. De overdose, pois me parece bem comum. Não, não sou daqui, sou de muito além. Sou melhor? Pior?

Uma crônica melhor que essa. Vem comigo.

Conheço um cara, amigo meu, lê de tudo, porque como ele sempre diz: “Tudo é literatura”. Mas ele também já me disse, nem tudo que é literatura realmente é bom, mas se é ruim não deixa necessarimente de ser literatura. Alguém trabalhou naquilo, muito ou pouco, não se sabe, mas ali está, pronto para ser avaliado. O mesmo ele fala da música, antiga, nova, tanta coisa boa já foi feita, mas também cada absurdo já fomos obrigados a ouvir. E os filmes, ah, os filmes, ele tem dia que se perde na netflix, não sabe se termina aquele de 40 ou se vê um lançamento. Ser acrônico, ele dizia, seria tão mais fácil. Mas ele não gostava de tudo isso, de ter que gostar de tal coisa ou não gostar, ele queria ver de tudo, ouvir de tudo, no final, concluiu que nunca se encaixaria nesses polos, não, ele mesmo me disse: “Eu não sou daqui”.

Você, é de onde? Aposto que não seria de onde estou, pois você não sabe, ou sabe? Não, você olha para o chão e não se encontra, tate-a as paredes, mas paredes não existem. Procura uma reta, um segmento, uma lasca de passado ou futuro, pois tem que se prender a algo, tem que ser por ser, ter porque todos tem, se você não tiver, quem serás no meio de tantos e tantos. Tu procura ser uma parcela de cada, preencher as lacunas, para no final, ser melhor que todos, pois possuis as qualidades de cada, um leviatã intelectual, uma remontagem das divisões, mas te garanto, quando chegar no fim do túnel e achar que uma longa estrada te espera, veras, é um beco sem saída. E no momento de deixar que o grito de touchdown corra desenfreado, você irá parar, pensar e dizer: “Porra, eu não sou daqui.”

 

 

Resenhas

Resenha: Marina, Carlos Ruiz Zafón

Julguei o livro pela capa, sim. E como julguei. Lá estava “Marina”, me encarando por horas enquanto eu dava voltas na livraria, não tinha certeza sobre qual livro levar, e que sorte dera, só assim pude entrar em contato com uma obra-prima. Zafón despeja todo um talento surreal em quase duzentas páginas, atira ao leitor o melhor de si, como profissional e como ser humano. É traumatizante, da melhor forma, ler a história de Oscar Dari, ou de German, ou da perfeição cujo nome é Marina.

O cenário é uma Barcelona pós-guerra. A Europa, mesmo devastada por um dos maiores conflitos já vistos em séculos, se não o maior, consegue ser retratada com todo fulgor e beleza. Oscar é um garoto incomum, tem como habito percorrer as ruas de sua cidade nas diversas escapadelas do Internato. Em uma dessas esbarra com o casarão que mudará totalmente o roteiro de sua vida. A curiosidade, como definira muito bem Carlos Zafón em diversos trechos, provoca no homem instintos diversos, o leva para situações nunca pensadas. Assim, Oscar é posto em desafio ao invadir uma mansão que acreditara está abandonada, nesta desventura ele rouba, mesmo sem desejar, um relógio que encontrara no lugar e é afugentado por um homem que surgira assim como o remorso pareceu horas depois. Em um conflito interno, Oscar decide voltar ao local e devolver o relógio ao seu verdadeiro dono. Assim embarca em histórias alheias, faz com que Marina e seu pai debrucem sobre sua janela e fiscalizem sua alma jovem e sem propósitos. O garoto não seria o mesmo.

… Aprendi que é possível viver de esperanças e nada mais. (Pág. 182)

O inicio da história apresentasse sombrio, cria-se um plano de fundo macabro para todas as ocasiões, ficamos sempre na defensiva, a espera de um homem encapuzado ou até mesmo uma mulher, com medo que de uma hora para outras os personagens sejam expurgados para páginas desconhecidas, até seu terceiro quarto de livro, “Marina” é  duvidoso. O talento singular de Zafón mistura os sentimentos que nunca imaginei estarem juntos, medo e apreço, segurança e instabilidade, tudo isso ao mesmo tempo, traçando em cada linha um rastro de sangue, um rastro de ódio que originou a história, não de Marina, ou de Oscar, mas de algo bem maior. Revela-se, quando menos esperamos, uma teia totalmente gigantesca, que embarca não somente os jovens, mas toda uma Barcelona cercada por segredos e intrigas. O ser humano posto em prova exala as piores reações, isso não foge dos faróis do autor, ele faz questão de evidenciar tais atitudes. Com o simbolismo de uma borboleta, com o realismo de tal borboleta, o livro torna-se uma ícone do gênero. De qual gênero, na verdade? Não sabemos, ou melhor, não conseguimos estabelecer um espectro nas linhas de tipos para Marina, é uma reunião dos melhores gêneros em um só lugar, trata-se de mistério, drama, horror, aventura, um emaranhado de histórias e histórias, unificadas de um modo eletrizante.

O desfecho é digno de um Victor Hugo, por desventura do destino o livro é pequeno, tem 189 páginas, é o único ponto em que podemos disparar xingamentos a Zafón. Se Marina tivesse ao menos mais duzentas páginas… só mais isso. Mas o autor sabe o que faz, sabe quando deve encerrar sua obra. A Suma de Letras nos oferece o livro com o melhor papel para leitura que já vi, a capa, como já destaquei no primeiro paragrafo, engana, de diversas modos, em momentos ela parece sombria, em outros, algo romantesco. Toda a obra tem essas inverdades, não sabemos o que está para ocorrer na página seguinte, é inquietante. Para quem procura uma breve mas marcante leitura, eis Marina, a musa de um Zafón ou um Oscar. A Marília de seu Dirceu, trágica, mas esplendorosa.

Ninguém entende nada da vida enquanto não entender a morte. – acrescentou Marina.

Críticas de Cinema

Crítica de Cinema: Black Swan (2010)

Eis o nosso especial de Cinema. O Beco Literário começa, com Cisne Negro, uma sequência de críticas sobre filmes que já estrearam há alguns tempo. Traremos, durante Julho e Agosto, uma crítica por semana, filmes independentes ou não, aclamados pela crítica ou não, o que basta é ser enquadrado neste perfil, onde centenas de pessoas já assistiram e admiraram, ou não. Iniciaremos com uma produção atual comparada às que virão. O indicado ao Oscar em diversas categorias, Cisne Negro é avassalador. Você verá porque.

A história mira Nina Sayers (Natalie Portman) como alvo. Bailarina desde da infância, a garota enfrenta a crise dos vinte anos, ignorada por muitos, parabenizada por alguns, Nina vive nesta turbulência mental onde é preciso ser e apenas ser, independente do que ocorra. A companhia de dança em que Nina atua está para se despedir de sua maior estrela Beth MacIntyre (Brilhantemente interpretada por ninguém menos que Winona Ryder) e paira no ar a apreensão de quem será sua substituta. Junto à este anúncio, de que uma nova estrela surgiria, vem a declaração do presidente da Instituição, Thomas Leroy (Vincent Cassel), de que em alguns meses um dos espetáculos mais conhecidos do mundo ganharia remontagem na Academia. Assim, com a pressão colocada sobre si, e por si só, Nina visa ser a Rainha centenária em “O Lago dos Cisnes”.

O filme tem uma roupagem peculiar para a época, vemos diversos outros similares a esse agora, demonstrando assim que “O Lago dos Cisnes” abriu portas. Se formos comparar, não enredos, mas gêneros, teremos Birdman, ganhador do Oscar de melhor filme neste ano, como primo mais que próximo de Black Swan. Lá está o protagonista, hora homem, hora bicho indomesticável, hora razão, hora loucura. Você pode conferir nossa crítica sobre o filme clicando aqui. As semelhanças aparecem aos montes entre as duas produções, e tudo nos deixa entender que em 2010 Black Swan não levou seu Oscar de melhor filme pois não deixou sua face simpatizar com a Academia, pois os dois, em uma corrida, ficam emparelhados.

O filme engata a partir dos quarenta minutos, toda uma introdução é necessária para que o telespectador entre no clima do show, da coxia, do terror e da beleza que o Teatro pode oferecer. Nina sabe muito bem onde está, quando está e o que deve fazer, mas é provado que quem mais certeza tem, mais erros comete. A garota enfrenta em casa uma Mãe frustada e possessiva. A mulher não pudera ter o que sempre desejou, não pudera subir nos palcos e lá ficar, Nina era sua esperança de sucesso, de ser o que não fora. E ela caminhava para isso, caminhava para ser a estrela que ofuscaria Beth, a super nova incapaz de cessar.

Nina consegue o papel principal, atuará ao som de uma Orquestra faminta, aos olhares de centenas, ali, prestes a lhe apunhalar. A obsessão em ser tudo ao mesmo tempo toma conta da garota. Ela não era mais Nina, não, ela era um ideal. Ao seu redor, só se enxerga intrigas, é assim que ela convive, desconfiando de tudo e de todos. A atuação de Natalie é algo imprescindível, o rosto do Cisne está ali, nas expressões de Natalie, nas não expressões da mesma, é algo angustiante e ao mesmo tempo prazeroso, ver o talento, poder tocar naquela habilidade clara. Portman é o absurdo da beleza teatral, não fora atoa que levara uma estatueta para casa em 2011.

Tudo no filme funciona. A trilha sonora é ensurdecedor, a música medonha do Lago dos Cisnes invade nossas mentes, produz um efeito que poucas trilhas conseguem, assemelhando sua profundidade à uma Interestellar ou igualmente fantástica como a de Lord of the Rings. O pulsar de Nina é capturado em cada canção. A fotografia começa falha, mas se recupera com o passar das cenas, seu ápice é alcançado na dança final,quando o as mudanças de cenário, entre palco e bastidores, nos tira o fôlego. A direção de Darren Aronofsky assemelhasse ao que já foi falado sobre trilha e fotografia, seu talento para com o roteiro de Mark Heyman, Andres Heinz e John McLaughlin é eletrizante, cada cena, cada momento capturado, cada ânsia, tem as mãos de Darren.

Há mais de cinquenta anos um senhor chamado Alfred Hitchcock abalou o mundo com um filme chamado “Psycho”. A história não era dele, não, era inspirada em um livro que o mesmo retirou das livrarias assim que entro em contato, mas Hitchcock fez o que ninguém teve coragem alguma de fazer. Alfred nos presenteou com Norman e sua Mother. Anos depois um mistério bem mais inquietante surgiu, anos depois algo tão bom quanto Psicose brota do seio do cinema, desnorteante, é assim que podemos definir Black Swan. A verdade é muito curta para se contar, por isso, em quase duas horas de filme nos contentemos com as diversas manobras que uma mente, uma simples mente, pode provocar. Nos conduza, Nina, falamos ao começarmos à assistir. Ela nos leva para o mais profundo Hades, ela nos faz bailar sem nem levantar da cadeira, do inferno ao céu. Do breu à luz. Do início ao fim. Até a perfeição.

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The Epic Battle: Um continente chamado Brasil

Não é saudosismo não. Acompanha isso comigo, Beatriz Sarlo, escritora Argentina, estava na Festa Literária Internacional de Paraty e deu esta declaração: “Todos rezam para que seja um país bem-sucedido, porque todos serão bem-sucedidos  junto com ele.” Beatriz declarou isso e devemos tomar esta frase e muitas outras com diversos olhares. O olhar político, literário, musical, social. Olhar de brasileiro, não de pessimista. Olhar realista, não de remorso.

Livros, vamos falar de livro. Existe uma nascente, inegável, sim, inegável, que vomita a todo instante escritores e mais escritores em nosso país. Não falo que todos tem o mesmo proposito ou ideal, longe disso. É um turbilhão de motivos e propostas, é uma multidão de mãos levantadas, as desocupadas, pois as que escrevem entram em ritmo frenético, em um transe psicodélico, onde obras e mais obras são produzidas. Acreditem, quando se deseja ver, se vê. Por anos fechei os olhos para a literatura nacional, descartei as diversas manifestações de Amados e Machados, mas tudo tem sua hora e aqui estou, para protestar contra você que motiva-se ao gritar: Nem Machados nem Amados mais existem. Ah, meu amigo, como eles existem. É um jovem ali, enfurnado na livraria, procurando um resquício de silêncio para a construção de um mundo lotado de vozes. É uma mulher que alterna os horários, aproveita o momento em que os filhos dormem para embarcar em uma batalha cruel entre cansaço e obrigação. Obrigação com si e com seu ideal. É pau, é pedra, é o fim do caminho. É um autor ali e aqui procurando espaços que não são ofertados por editoras. Editoras que valorizam o internacional. O badalado. Que antiquado falar badalado, não? Mais antiquado é idolatrar Europas, e matar, mas matar impiedosamente o Brasil. Ah, o Brazil tá matando o Brasil. Já falamos em diversos momentos aqui, equilibremos essa paixão desenfreada por tudo que vem e não pelo que vai, saibamos observar os diversos horizontes. Porque não? Clássico, novo, ruim, bom, tudo isso existe em qualquer que seja o país.  Foco, continuemos no foco. Este paragrafo está ficando imenso, se minha antiga professora de redação mirasse isso eu já estaria morto. Mas prossigamos. O que Beatriz falou não foge da realidade, temos o peso de uma América, irei repetir: Não é saudosismo. O furor que um dia pode embalar Argentina, Chile, Uruguai, surge aqui, no centro de uma tabuleiro gigantesco. Beatriz também falara em outros momentos do evento que os críticos literários não serviam para nada. Nem os amadores, mas veja só. Aqui estamos, Beatriz, errando e acertando como você.

Não, não é saudosismo. Eu falo de Maria Bethânia, Chico Buarque, Gal, Gil, Gonzaga, filho e pai, Elis, Zé, o Tom e o Ramalho, Novos e velhos Baianos, Fafá, Rei Reginaldo, Cartola, ah, o sol nascerá, Renato, mais brasileiro que nunca, Ney, Rico e Milionário, Elba, Fagner, Alceu, tu vens, tu vens, com Cícero, Vanguart, a mais bela e mais bonita Banda de toda a cidade, Noite Ilustrada, Benito, Bendito, salve Marisa, Jovelina, mas me dá meu boné, porque Clementina tem hora, Nara tem hora, Zeca tem hora, Caetano, esse tem mais que isso, tem Tom, tem Vinicius, é um canto de Ossanha intimidador, como os olhos de Maysa, como a bruta e gigantesca música brasileira. Me diga, você que ama projetar o Brasil como o orifício do mundo, tem certeza que não estamos mais acima? Tem total certeza que seus xingamentos não passam de desejo de saber ser o Brasil? O Brasil que não consegue ser alcançado pela corrupção, pelos erros, pelos desleixos? O Brasil que representa a felicidade e a fome, a esperança e o medo, a guerra e a paz, o passado e o presente, tem certeza que você não deseja ser isso? Eu vejo, meus amigos, uma tremenda falta de ótica,  um temor pelo próximo, que não morde ao ser tocado.

Não, não é saudosismo.

É fato.

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SORTEIO: Concorra à série Cormoran Strike.

Em comemoração ao dia 15 de Julho (Há 4 anos Harry Potter e as Relíquias da Morte – Part 2 chegava aos cinemas do mundo inteiro) a página The Epic Battle e o site Beco Literário em parceria com a Editora Rocco sortearão os dois livros da série Cormoran Strike (O Chamado do Cuco e O Bicho-da-Seda)  do autor Robert Galbraith (J.K. Rowling). Para concorrer aos livros, clique aqui e siga as instruções.

 

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The Epic Battle: Sobre a escrita. E sobre a música. E sobre esta coluna.

Já estamos aqui faz meses. Em meu mapa mental começamos com um debate sobre feminismo, partimos para direitos humanos e aqui estamos, relacionando ficção com realidade semana após semana. Mas desejo dar uma roupagem nova para a “The Epic Battle”, preservar é claro todo esse sistema de redes mas colocar algo a mais (Se tiver dicas, comente, por Merlin, comente), mas isso está errado, eu deveria está falando da escrita, ou da música. Enfim, vamos ao início.

Nossa parceira “Suma de Letras” trouxe as livrarias nacionais no início desse mês mais um sucesso de Stephen King. “Sobre a escrita” é um relato aprofundado do maior autor de suspense da atualidade. Temos uma resenha aqui no Beco, para ler o que nossa escritora Thaís Pizzinatto achou, clique aqui. Não vamos nos aprofundar no conteúdo do livro, na verdade só precisaremos discutir sobre sua proposta. Você, o leitor, pode ter duas interpretações sobre esse tema. Sobre a escrita, sobre a produção literária que a tantos afeta. Se ti for aquele leitor que vive para conhecer e construir histórias, sua visão será mais ampla, lotada de experiências e pensamento. Se você for apenas e não menos importante, um leitor e só, verá a escrita como algo distante mas ao mesmo tempo próximo demais. Quem nunca leu um parágrafo tão bem escrito que chegou a pensar: “Puta que pariu, como um ser humano consegue produzir isso, como consegue ligar uma palavra a outra sem indícios de soltura?” Ou foi surpreendido por um livro que nem merecia ser publicado e disparou: “Essa pessoa deveria ter morrido antes de escrever isso.” As críticas e mais críticas que elaboramos mentalmente se destinam na maioria das vezes para a bendita ou maldita escrita.

King sempre defendeu que o escritor deve ficar longe de distrações no momento de escrever, mas vejamos, essa é a opinião de Stephen, que mesmo sendo um dos mais premiados escritores deste planeta, pode não surtir efeito em diversos autores por ai. Vejamos J.K. Rowling, escrevia em um café, com todo o barulho do mundo sobre suas folhas amontoadas de palavras que um dia formariam um império literário. O processo da escrita varia muito de pessoa, ou seja, se você for um escritor assíduo ou daqueles (como eu) que escreve uma página por semana, deixe um relato abaixo, se desejar é claro. Vou passar minha experiência, espero que não lhe pareça enfadonha. Todo um enredo se forma em minha mente no momento da escrita, necessito alternar eventos quando caio sobre o papel. Primeiro, o torrent está lá, são e salvo baixando um episódio, um filme, o que seja, pois tempo é sagrado quando se precisa maratonar séries. Nesse intervalo de um episódio baixado, lá vamos nós para a produção. Isso, com toda certeza não ocorre com King, ou com você que entra em estado de pânico ao ouvir se quer um ruído no momento de escrever.

Entre tantos, um problema incomoda qualquer escritor. Sobre o que escrever? Isso ocorreu quase agora, no momento que pensava sobre o tema que teríamos para debater hoje (Nesse debate que na verdade é um monólogo, mas deveria ser uma discussão, porque não é? Não me pergunte.) e “Sobre a Escrita” me espancava da prateleira, gritando o tema, sendo o tema. No mais, aqui está um breve relato da escrita no Beco, caso você também tenha um, compartilhe conosco. Vamos para a música.

Sinceramente? Não sei porque a música está ali, mas convenhamos, o que seria do escritor sem a boa música como fundo. O que faríamos quando a inspiração não vem sem um Chico Buarque ou uma Maria Bethânia? Pois bem, a música é essencial no processo de escrita, a música, assim como a literatura, é matéria necessária em todas as ocasiões. Ocupa um lugar vago nessa coluna, mas prometo, voltaremos à ela em outra semana, ou outro mês, mas voltaremos, não podemos ficar sem falar sobre quem quer que seja, cantor, estilo ou movimento.

A coluna. Encerraremos com a coluna, que estava ali, no começo, mas não deveria. A “The Epic Battle” surgiu com esse nome por conta da Batalha de Hogwarts, um nome que abrange tantas e tantas outras guerras literárias, mas também por conta da página “The Epic Battle”, essa mesma está em parceria com o Beco nesse mês que bate na porta. Julho reserva uma data especial para os fãs de Harry Potter, há quatro anos o último filme do trio bruxo chegava aos cinemas, mais precisamente em 15 de Julho. Em comemoração à esta data, a The Epic Battle e o Beco Literário em parceria com a Editora Rocco, sortearão a Série “Cormoran Strike”. Os dois livros: “O Chamado do Cuco” e “O Bicho-da-Seda”. Para participar, acesse uma das páginas a partir do dia 1 e conheça o regulamento (Ou fiquem atentos ao site, postaremos todos os detalhes).

Chegamos ao fim de mais uma The Epic Battle e farei um pedido desta vez. Apareçam! Estamos aceitando sugestões de temas para a coluna de semana que vem, sendo assim, opine, estamos aqui para falar o que der e vier. E ainda sobre aquela comum situação de turbilhão de ideais, fiquemos com esse quote de Victor Hugo em “Os Miseráveis”.

“Há um grande tumulto; tudo fala em nós , exceto nossa boca. As realidades da alma não deixam de ser realidades por não serem visíveis e palpáveis.” 

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Bombshell ganhará musical na Broadway

Após o evento beneficente realizado no dia 8 de Junho com a presença de todo o elenco da série “Smash”, um anúncio foi dado e as esperanças dos fãs podem se tornar realidade. Hoje, Robert Greenblatt, presidente NBC Entertainment e Jimmy Horowitz, presidente da Universal Pictures, anunciaram que depois do que fora o sucesso do evento iniciou-se uma produção de “Bombshell” (Musical que nascera na série televisiva como plano de fundo) para os palcos.

“Bombshell foi escrito para servir Smash,  agora que show vai ter a chance de estar em seus próprios domínios.” disse Greenblatt. Os sucessos de músicas como Let me be your Star ou Don’t forget me deixam a produção ainda mais pesada.

O musical derivado da série conta a história de Marilyn Monroe. Já fora confirmado que Steven Spielberg está envolvido na produção que levará Bombshell para à Broadway, assim como fora diretor executivo de Smash. Também fora anunciado que o escritor será apresentado em breve. Resta a todos os Smashers aguardarem mais notícias e quem sabe até uma volta relâmpago da série para a tv.

Só ouço “Broadway, Here I come” ecoando para todos os lados…

Fonte: Broadway World

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Continuação de "O Bicho-da-Seda" ganha capa.

 

O terceiro livro da série Cormoran Strike ganhou sua capa esta semana. Intitulado “Carrer of Evil” (Carreira do Mal) o livro será lançado nesse segundo semestre no Reino Unido e nos EUA, já no Brasil tem data certa, no mês de novembro a editora Rocco que também publicara “O Chamado do Cuco” e O “Bicho-da-Seda” fara o lançamento com direito a uma pré-venda bem, mas bem, pré. É costume da editora colocar o livro à venda a partir de Agosto. Confira a capa britânica e a sinopse do livro abaixo.

“O livro, escrito por J.K. Rowling sob pseudônimo, irá continuar a história do detetive Cormoran Strike e sua assistente Robin Ellacot onde veremos Cormoran recebendo um pacote misterioso contendo a perna decepada de uma mulher.
Cormoran acredita que tem quatro pessoas de seu passado possa ser responsável por isso, e sabe que qualquer um deles tem a capacidade de sustentar a inexplicável brutalidade.
Quando a polícia foca em um suspeito que Cormoran acredita qie não seja o autor, ele e Robin saem em busca com suas próprias mãos, e se aprofundam na parte sombria dos outros três homens.

Little Brown diz: “Um amigável e inteligente mistério com inesperáveis reviravoltas a cada canto, e também uma história emocionante de um homem e um mulher através de suas vidas pessoais e profissionais.”

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