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Entenda como o seu relacionamento pode impactar sua saúde
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Entenda como o seu relacionamento pode impactar sua saúde

Estar em um relacionamento pode trazer uma série de benefícios para a vida de uma pessoa. As relações, quando saudáveis, ajudam na construção da autoestima, conexão emocional, empatia e criatividade, além, é claro, de proporcionar alegria e outros sentimentos benéficos para a saúde.

As relações sadias também impactam positivamente na comunicação, uma vez que se entende que o vínculo afetivo proporciona espaços para diálogo, opiniões, expressão de emoções e negociações para resolver possíveis problemas do dia a dia de um casal.

“Em um relacionamento saudável, busca-se uma série de potencialidades, como o respeito, confiança, autonomia, carinho, atenção e liberdade. É importante destacar que esses elementos não excluem a ocorrência de conflitos ou discussões. No entanto, quando tais situações surgem, existem conversas com o intuito de solucionar os problemas da melhor forma possível”, afirma Ligia Kaori Matsumoto, psicóloga do Hospital Dia M’Boi Mirim I, gerenciado pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.

De fato, relacionar-se proporciona vantagens tanto no âmbito mental quanto físico. Isso ocorre porque as conexões amorosas também liberam diferentes hormônios no corpo, como ocitocina, vasopressina e endorfina, que promovem sensações de bem-estar e ajudam a combater o estresse.

As trocas saudáveis entre parceiros contribuem ainda para a imunidade do organismo e para a saúde do coração, podendo ajudar a aumentar a expectativa de vida e reduzir as chances de desenvolver depressão, por exemplo.

Relações tóxicas e seus impactos negativos:

Por outro lado, estar envolvido em um relacionamento com níveis de toxicidade pode ter consequências extremamente negativas na vida de uma pessoa, pois nesse tipo de vínculo são comuns comportamentos abusivos, falta de respeito, manipulação e controle excessivo.

De acordo com a psicóloga, qualquer pessoa pode ser vítima de uma relação abusiva e muitas vezes nem perceber. “Um bom termômetro que pode indicar que algo não está bem é que a qualidade de uma relação não pode ser avaliada pelos momentos de exceção, mas sim pela rotina”, enfatiza.

A profissional explica ainda que esses abusos podem ocorrer de forma verbal, física, emocional e sexual. Portanto, alguns sinais não devem ser normalizados, mas sim vistos como indícios de que algo está errado.

“É preciso estar atento quando surgem humilhações, mesmo que sejam disfarçadas de ‘brincadeiras’. Outro alerta é quando ocorre o afastamento de amigos e familiares por solicitação de uma das partes do relacionamento. Além disso, também requer atenção quando são impostas mudanças no comportamento, insinuando que trarão benefícios para o bem-estar ou aparência, e quando há atitudes de superproteção que desvalorizam a vítima e retiram sua autonomia e poder de decisão”, relata Ligia.

Nesse tipo de relação a autoestima acaba sendo prejudicada devido às frequentes críticas e desvalorização. A confiança e o respeito são substituídos por desconfiança e ciúmes excessivos. Já a criatividade e a alegria são reprimidas pela negatividade e pelo estresse emocional. A comunicação também é afetada, já que não há espaço para o diálogo, tornando-se comum as manipulações e os jogos de poder.

A exposição prolongada a um relacionamento tóxico também pode aumentar o risco de desenvolver doenças mentais, como ansiedade e depressão, além de causar sintomas físicos como insônia, dores de cabeça, distúrbios alimentares e mal-estar.

Em síntese, enquanto um relacionamento saudável pode ter impactos bastante positivos na vida de uma pessoa, o relacionamento tóxico acaba por ter efeitos destrutivos. Por essa razão, é de extrema importância buscar apoio emocional em pessoas de confiança e, se necessário, contar com a ajuda profissional.

Desistência no BBB reacende debate sobre saúde mental em realities
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Desistência no BBB reacende debate sobre saúde mental em realities

A recente desistência do participante Tiago Abravanel do reality show Big Brother Brasil voltou a trazer à tona um debate que já havia ficado evidente na edição passada do programa quando Lucas Penteado também optou por não continuar na disputa pelo prêmio e Karol Conká protagonizou ataques contra outros participantes.

+ Big Brother: Como George Orwell influenciou o reality show

Assim como o interesse da população em acompanhar a vida de desconhecidos em competições televisivas, o debate sobre o impacto dos realities na saúde mental de seus participantes não é algo exclusivo do nosso país. Pelo mundo, mais de 40 estrelas de uma variedade deste estilo de programa foram encontradas mortas por suicídio ou overdose, levando a uma conversa maior em torno de os efeitos mentais de aparecer em tais séries e se a produção precisa oferecer um maior suporte pós-show.

Desde os primórdios dos reality shows, produtores e terapeutas têm utilizado testes de inteligência emocional para selecionar concorrentes com base em uma variedade de fatores que influenciam as personalidades que estão procurando. Embora as avaliações sejam adaptadas para o que o programa busca (enquanto shows como o Big Brother buscam pessoas com habilidades sociais e interpessoais, outros programas, às vezes, exigem resistência física e gerenciamento de estresse), algo que temos em comum nas avaliações psicológicas é uma triagem da saúde mental já que a produção quer garantir que a pessoa não seja agressiva, não tenha problemas reais de dependência e não coloque sua própria vida em risco. Basicamente, garantir que não exista nenhum tipo de personalidade limítrofe.

De acordo com o professor de hipnose clínica especializado em traumas e fobias, Guilherme Alves, embora os testes sejam validados, é impossível garantir que o comportamento durante as gravações seja similar ao do momento em que foram analisados. “Muitos traumas estão suprimidos e não são evidentes até que um gatilho elicie-os. No caso mencionado do participante Tiago Abravanel é perceptível uma mágoa relacionada à um abandono por parte da família. Diversas vezes houve menção à um distanciamento por parte de suas irmãs e de seu avô, Sílvio Santos. O fato de se sentir excluído na última prova por seu aliado no confinamento combinado ao fato de acreditar que estaria entre os emparedados da semana pode ser o suficiente para trazer à tona todo sentimento causado por questões traumáticas no passado.” explica o professor.

E embora o que esteja sendo exibido pareça ser a parte mais difícil do processo, a readaptação ao mundo externo pode ser ainda pior. “A grande maioria dos realities possui uma competente equipe médica e psicológica para auxiliar seus participantes mas, qualquer que seja o estresse mental que os competidores enfrentam durante o show, o verdadeiro trabalho começa quando as câmeras são desligadas e eles se preparam para reentrar em suas vidas anteriores — enquanto enfrentam as pressões das mídias sociais, críticas públicas, a fama recém-descoberta bem como o abrupto fim da mesma fama meses depois.” relata o professor Guilherme Alves.

Felizmente, a alta audiência de parte destes programas presta serviço à população ao discutir temas mais sensíveis quando estes se tornam parte da narrativa. No Big Brother Brasil, questões de bullying, preconceito, racismo e transfobia já deixaram o ambiente de confinamento para serem debatidas pelo apresentador e informar seu público. Nos Estados Unidos, a última edição do reality de sobrevivência Survivor teve foco no racismo, impulsionado pelas manifestações Black Lives Matter, e trouxe o tema para discussão de maneira impactante e ao mesmo tempo sensível.

Livro fala sobre os motivos e consequências da traição
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Livro fala sobre os motivos e consequências da traição

Trair o(a) parceiro(a) em um relacionamento amoroso é um assunto difícil de se abordar. Cheio de espinhos, preconceitos, julgamentos. Por isso, a Matrix Editora resolveu encarar o desafio de frente e lançou o livro-caixinha® Vamos falar sobre traição (R$ 43,00). São 100 perguntas elaboradas pelas psicólogas Denise Miranda de Figueiredo e Marina Simas de Lima que levam a uma reflexão importante.

+ Manual: Você sabe identificar um boy lixo?

As perguntas foram elaboradas com o intuito de ajudar os casais a encarar a traição, compreender a dor que isso causa e buscar formas de trilhar novos caminhos, com o intuito de restabelecer a confiança e o equilíbrio nas relações.

Alguns exemplos:

– Separações fruto de traições trazem consequências diferentes de outros motivos que levam à separação?

– Você diria que quem trai é o vilão e quem é traído é a vítima? Comente.

– Você acha que a insatisfação na relação leva à traição?

– Na sua visão, por que as pessoas traem seus parceiros?

Sobre as autoras de Vamos falar sobre traição:

Denise Miranda de Figueiredo

Doutora em em Psicologia Clínica – PUC/SP, Pós Doutorando — UNIFESP, mestre em Psicologia Social – PUC/SP, especialista em Psicodrama e Sociodrama, especialista em Terapia de Casal e Família. Cofundadora do Instituto do Casal.

Marina Simas de Lima

Doutoranda pela UNiFESP e mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP; especialista pelo CRP em psicologia clínica em psicologia organizacional; especialista em sexualidade humana Faculdade de Medicina da USP e especialista em terapia de casal e família pela PUC-SP. Certificada internacionalmente em práticas colaborativas e dialógicas Instituto Galveston e Houston e Instituto Taos e formanda em EMDR — Dessensibilização e reprocessamento por meio do movimento ocular para Associação Internacional de EMDR.

Resenha: Talvez você deva conversar com alguém, Lori Gottlieb, o livro preferido de todos os tempos
Livros, Resenhas

Resenha: Talvez você deva conversar com alguém, Lori Gottlieb

Vou iniciar essa resenha dizendo que ela vai ser complicada de escrever. Talvez você deva conversar com alguém é um livro complexo, emocional e feito para ser sentido e por isso, nesse texto, quero me atentar mais a descrever o que ele me fez sentir, as feridas que ele abriu e menos a história, porque na verdade, ela não é tão relevante assim para o bom andamento. O que conta é a história que ele cria com a gente.

+ As melhores frases de “Talvez você deva conversar com alguém”

Talvez você deva conversar com alguém é um livro que fala de Lori, a escritora. Ela é terapeuta. Logo de início, começamos a conhecer alguns de seus pacientes pela ótica dela e o que ela sente enquanto está os atendendo. Para quem faz terapia, é como ver o outro lado da moeda. Vemos Lori tentando compreender o que o paciente está falando, tentando ter empatia, tentando separar e afastar aquilo que é seu e o que não é… Um grande trabalho, que requer muita concentração. Ao mesmo tempo, Lori também é paciente de outro terapeuta, o Wendell. E nesse ponto, conhecemos as questões que ela tem e que ela trabalha em sua análise.

O livro permeia por mais de quatrocentas páginas dessa forma. Lori vendo seus pacientes semanalmente, com suas idas e vindas, e indo para Wendell, tratar suas próprias questões. Para quem é adepto da análise, Talvez você deva conversar com alguém é um prato cheio. Enquanto Lori ouve seus pacientes, nós nos encontramos nele e nas intervenções que ela dá. Eles parecem um pouco nossos pacientes também (ou talvez só me pareça isso porque sou psicanalista), ao mesmo tempo em que nos sentimos um pouco eles, um pouco elas. Será que é por isso que o subtítulo consta “uma terapeuta, a terapeuta dela e a vida de todos nós”? Provavelmente sim. É um livro que mais parece um espelho.

+ As 100 primeiras páginas de Talvez você deva conversar com alguém

Dividido em quatro partes, vamos avançando. Vemos pacientes melhorarem, evoluírem, regredirem, viverem, morrerem, desistirem da terapia, começarem um processo analítico… Ao mesmo tempo em que vemos Lori como o ser humano além da analista. Vemos ela colocando de lado seus próprios sentimentos para ajudar a desatar os nós dos seus pacientes, enquanto vemos ela desatando seus nós com seu terapeuta depois. É um livro que, entre frase e outra, nos traz uma avalanche de autorreflexão e autoconhecimento. Essa é a terceira postagem que faço dele aqui no Beco, já fiz outras duas só de frases. Eu tenho certeza que grifei quase o livro todo e ainda levei algumas passagens para a minha terapia.

Em Talvez você deva conversar com alguém, sentimos a necessidade de conversar e de nos salientar como seres humanos enquanto seres relacionais. Nós sentimos vontade de conversar com alguém. De falar, de escutar e de ouvir e ser ouvido. É um livro que vai ressoar de formas diferentes em cada pessoa, tratando de assuntos como compulsão à repetição, traumas, morte, vida, luto, luto em vida, mudanças… Como Wendell diz em uma passagem, a tendência da vida é de mudar e a nossa é de resistir a mudança. Eu daria todo o céu de estrelas para esse livro porque cinco não são suficientes.

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A gente enfrenta nossos gatilhos pelo amor
Autorais, Livros

A gente enfrenta nossos gatilhos pelo amor

Saí da minha analista hoje parecendo que eu posso enfrentar o mundo. Eu até diria que ela me deu uma surra, mas não quero relacionar coisas boas com agressão. Diria então que ela chegou e despejou um caminhão de luz solar sobre mim. “Você tem muitos gatilhos, eu sei. Todos temos. Muitos sintomas. E a gente continua enfrentando todos esses gatilhos e todos esses sintomas na gente porque a gente ama. Pelo amor”, ela disse. Claro que eu rebati. Eu não o amo.

Sim, eu amo. E o amor nos força a olhar para um espelho. Ele nos força a chegar e ver no outro tudo aquilo que temos dentro da gente. Por isso incomoda tanto. Porque a gente não quer que o outro seja assim mas, ao acusar, nós relevamos aquilo que temos de mais importante em nós mesmos. Sim, a gente enfrenta os nossos gatilhos por amor. A gente enfrenta tudo aquilo que incomoda, que tira o sono e nos faz chorar em nome desse sentimento. Amor.

+ Depressão ou só tristeza?

Calma, não estou falando de aguentar tudo em nome do amor. Isso é discurso de abuso. Estou falando de detectar os nossos gatilhos inconscientes, aqueles que nos causam sintomas horríveis e não sabemos o porquê… Nós detectamos sua presença, sabemos que ele está ali, sabemos que ele nunca mais vai embora. E a partir disso, conscientemente, temos que dar um passo pra trás e lidar com ele. Sim, isso é igual não se desesperar com uma criança porque nós somos os adultos da situação. O gatilho é infantil. É você. É sua criança interior.

Quando sua criança interior grita, você pode se sentir impelido a gritar de volta. No calor do momento, sim, você pode até gritar. Mas, se você parar, der dois passos para trás e respirar, você não vai gritar. Você vai se organizar. Você vai escolher. Esses dois minutos entre o estímulo e a resposta é o nosso poder de escolha. Vamos escolher deixar nossa criança agir, com todos seus traumas e gatilhos (dos quais o outro não tem culpa) ou vamos acolher o que a criança sente, editar e mudar a nossa narrativa?

Em terapia, editamos histórias. Pegamos tudo aquilo que aconteceu com a gente e mudamos a forma com a qual reagimos a isso no presente. Temos a tendência a continuar encenando todo o nosso passado, de forma inconsciente, no nosso presente. Quando aprendemos a editar, percebemos o quão excitante é poder ter o poder de escolha. É poder mudar o caminho, é poder dizer “quero fazer diferente agora”, quero ter a chance de escolher como vou reagir.

No fim das contas, quanto mais acolhemos nossa vulnerabilidade e todos os nossos sentimentos, menos medo nós sentimos. Mas mesmo assim, o medo é importante. Ele dispara o gatilho, e quando você sabe lidar com o disparo, você se acolhe, põe as cartas na mesa, sai de cena e escolhe como agir.

Você escolhe agir diferente por aqueles que ama. Aquilo que vemos no outro e nos dá ódio, é aquilo que temos de mais profundo dentro da gente mesmo e não queremos admitir. Por isso, enfrentamos os sintomas dia após dia…

Quem cuida de quem cuida?
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Quem cuida de quem cuida?

Quando recebemos um diagnóstico médico difícil na família, pode parecer um pouco contraditório ter que parar e olhar para as suas próprias limitações, não apenas para as do ente adoentado. Segundo Cláudia Barroso, psicanalista à frente do Bem me Care há mais de 10 anos, e que já atendeu inúmeras famílias nessa situação, é preciso desenvolver um novo olhar sobre a doença, o paciente e sobre si mesmo para um melhor enfrentamento das mudanças que virão.

“Uma família abalada por um diagnóstico médico difícil necessita de ajuda para cuidar não apenas de quem está adoecido, mas para entender a saúde emocional de todos os envolvidos, como estão os vínculos diante do diagnóstico que estão enfrentando e como os papéis estão organizados”, explica Cláudia. Muitas vezes, a doença pega todos de surpresa e não há muito tempo para esse processo dentro da dinâmica familiar.

+ O tédio faz parte das relações saudáveis
+ Processo de luto é ainda mais difícil na pandemia

Cláudia lembra: “é natural que o foco seja quem tem a doença ou a nova condição. Mas receber o diagnóstico e fazer os ajustes necessários pode ser um processo muito doloroso, que se assemelha a um processo de luto”. Aquela pessoa já não pode mais desempenhar todos os papéis que antes lhe cabiam, e talvez precise de cuidados extensivos e com certa urgência, o que toma tempo e interfere no funcionamento emocional de todos.

“Entretanto”, enfatiza a psicanalista, “quanto mais rápido fizermos essa análise e resolvermos não apenas as questões burocráticas, mas as emocionais envolvidas, mais fácil será a adaptação”. Existem casos bem específicos, em que é preciso preparar os membros da família para todos os tipos de mudança, da rotina da casa à da empresa, por exemplo.

“Quem cuida pode adoecer também. Pode desenvolver culpa, angústia, ansiedade”, explica Cláudia, “e é uma realidade que precisa ser observada, mesmo ainda sendo um tabu”. Quem cuida precisa ser cuidado, também. E, muitas vezes, esse processo é esquecido em meio a tantas obrigações com quem está doente.

O Bem me Care desmistifica o fato de que só o familiar adoentado precisa de cuidados. As sessões, que funcionam de forma emergencial, são realizadas em grupo com os familiares, amigos e pessoas próximas que têm suas vidas modificadas pela situação. “É nesse ambiente acolhedor e no qual não há julgamentos que todos podem colocar suas dúvidas, incertezas, fragilidades, e encontrar uma forma de, juntos, desenvolver um novo olhar sobre a situação”, finaliza a especialista.

processo de luto
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Setembro Amarelo continua em pauta: processo de luto é ainda mais difícil na pandemia

Mais de 700 mil pessoas decidiram tirar a própria vida em 2019, número superior ao de mortes por HIV, malária, câncer de mama e homicídio, de acordo com o último levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, foram registrados 12.895 casos em 2020, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Para os sobreviventes enlutados, termo criado por especialistas para se referir a quem enfrenta o suicídio de um parente ou amigo, o sentimento de perda foi agravado durante a pandemia, diante das restrições impostas para evitar a propagação do vírus.

+ A Covid e a impossibilidade de viver o luto

No atual cenário, o processo de luto tem sido ainda mais difícil, como explica a psicóloga Luciene Bandeira, cofundadora da Psicologia Viva, maior empresa digital de saúde mental da América Latina e integrante do Grupo Conexa. “Isso acontece, principalmente por causa de dois aspectos: distanciamento social e velórios limitados a poucas horas de duração e ao máximo de 10 pessoas presentes. Dessa forma, quem está enfrentando essa situação acaba se isolando e sente que faltou uma homenagem e despedida mais simbólicas ao ente querido”, ressalta.

Ela apresenta quatro especificidades que os sobreviventes enlutados enfrentam e que os diferenciam em relação à dor que envolve outros tipos de morte: sentimento de culpa, procura por justificação, estigma social e abandono. Esses fatores podem causar depressão, desenvolvimento de transtornos mentais, queda de produtividade, dependência química e desinteresse em sua própria vida.

Diante disso, Luciene destaca a importância da posvenção – cuidados e intervenções aos sobreviventes enlutados. Trata-se de uma forma de identificar e valorizar aspectos de proteção que possuam maior influência sobre os indivíduos, como senso de responsabilidade com a família; laços sociais bem estabelecidos com parentes e amigos; estar empregado; ter crianças em casa; capacidade de adaptação positiva; além de acesso a serviços e cuidados de saúde mental.

Esse último ponto, por sinal, tem crescido consideravelmente nos últimos dois anos. Por recomendação do Conselho Federal de Psicologia (CFP), as terapias presenciais passaram a acontecer na modalidade on-line, durante a Covid-19, visando à segurança de pacientes e psicólogos. A medida contribuiu para que mais pessoas se sentissem à vontade para procurar ajuda profissional, acredita Luciene. “Percebemos que os pacientes têm se sentido mais seguros e confortáveis em expressarem suas emoções, estando no ambiente doméstico. Eles não ficam expostos aos riscos de contaminação e também têm mais flexibilidade de horários”, completa.

Luciene acrescenta que o luto é um processo individual e não tem tempo específico de duração, pois cada um reage de maneira diferente e sua resolução envolve ressignificações em relação à perda, aceitação da condição e adaptação ao novo contexto. Para lidar com a ausência do ser que partiu, além da terapia, ela sugere algumas dicas, como buscar grupos de apoio organizados por profissionais e/ou pessoas que vivenciaram o luto; realizar rituais de despedida ou homenagens que acalmem o coração, caso a pessoa se sinta confortável para isso; participar de projetos de voluntariado; escrever conteúdos que possam contribuir com outras pessoas na mesma situação; compartilhar os sentimentos, entre outras.

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Saúde mental deve estar entre as prioridades de 2021, alertam especialistas

Em tempos de pandemia, falar sobre saúde mental ganhou um sentido de urgência. Isolamento, perda de entes queridos, medo do futuro, tudo isso passou a fazer parte da vida das pessoas nos últimos meses, ampliando a necessidade de debater ações em prol do tema.

Segundo um estudo publicado na revista científica Psychiatry Research sobre os impactos da Covid-19 na saúde mental da população mundial, a incidência de ansiedade e de depressão foi, respectivamente, quatro e três vezes mais frequente quando comparada aos dados levantados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nos últimos anos.

A psicóloga Natália Reis Morandi, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, alerta para os efeitos deste aumento em médio e longo prazo.

“Alterações na qualidade do sono e da alimentação, bem como a perda de interesse nas atividades cotidianas, além da dificuldade para lidar com problemas do dia a dia e tomar decisões, estão entre os sinais mais relatados entre os pacientes”, destaca.

A especialista ressalta que sintomas como estes podem evoluir para problemas mais graves e tendem a aumentar quando a pessoa deixa de procurar ajuda profissional.

Natália explica que a mudança nos hábitos sociais pode afetar a forma como as pessoas se organizam no dia a dia e os efeitos disso são devastadores quando não há um acompanhamento.

“A saúde mental pode gerar danos sérios à saúde de maneira geral, como doenças cardíacas, alterações na pressão arterial e problemas digestivos, por exemplo, impactando a qualidade de vida das pessoas”, alerta.

Janeiro Branco

Ampliar a discussão e conscientizar a população sobre a importância de cuidar da saúde mental é de extrema relevância no cenário atual em que vivemos.

Pensando nisso, a Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo participa da campanha Janeiro Branco iluminando suas fachadas durante todo o mês, além de reforçar sua comunicação interna e externa para alertar a todos sobre os devidos cuidados.

A campanha é uma forma de trazer informação à população, além de divulgar dicas de prevenção com o objetivo de mostrar que a saúde mental deve ser levada a sério.

A Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo oferece atendimento com especialistas em saúde mental nas suas três Unidades (Santana, Pompeia e Ipiranga), permitindo que o paciente realize as consultas e os exames necessários em um único local.

Durante a campanha, a Instituição fará divulgações voltadas para seus colaboradores, através dos seus canais internos. Já o público geral poderá conferir informações sobre prevenção, diagnóstico e formas de tratamento nas redes sociais do Hospital.