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Resenha: Um Holograma Para o Rei

Um Holograma Para o Rei é um livro do roteirista Dave Eggers lançado em 2012 chegou há cerca de um ano no Brasil pela Companhia das Letras, talvez por conta do filme que estreia em 14 de julho de 2016, estrelado por Tom Hanks e pelo prestígio alcançado por Eggers com seus lançamentos anteriores como “O Círculo” e  “Os Monstros“.

A história conta a vida de Alan Clay, um americano que vendia bicicletas em seus tempos áureos, mas que por decisões erradas, levou o negócio da família às ruínas e para manter seu estilo de vida, passa a ser uma espécie de representante comercial de uma empresa de tecnologia. A grande oportunidade que tem para sair das dívidas está em conseguir vender alguns produtos da empresa para um rei na Arábia Saudita, e ele junto de alguns jovens, vai até a futura “nova Dubai” para conseguir fechar o negócio. A grande questão é: o rei nunca aparece.

Tudo se une e faz sentido a partir de então: o homem está no meio do deserto, em uma cidade quase fantasma e percebe que sua vida É um grande deserto. Sem certezas, sem fundações, sem ter do que se orgulhar e vivendo apenas de memórias de um passado distante. Em “Um Holograma Para O Rei” nada acontece. Não existem reviravoltas e nem uma trama consistente para seguir, nada além de entrar no psicológico de Alan e conhecer suas vidas e percalços. Apesar desta vastidão, nos levanta alguns questionamentos interessantes, sobre decisões que tomamos o medo de se arriscar e fazer o que quer, e o desenvolvimento dos países emergentes, além de nos mostrar um pouquinho da cultura árabe.

Alguns personagens secundários são rapidamente introduzidos, e acredito que o ponto mais interessante seja a vida de um motorista que se torna amigo de Alan e mostra a ele um pouco de sua vida e da cultura árabe. Ele inclusive tem um affair com uma jovem moça e entra em fuga após ser ameaçado de morte pelo marido dela, e acaba colocando seu novo amigo nessa escapada.

Já tradicional da escrita de Eggers, este lançamento não foge a narrativa questionável e detalhamentos excessivos em tiradas sem importância. Talvez o vazio do personagem principal prejudique a leitura no decorrer de tudo, pois se nota uma falta de objetivo nisso tudo. Ao chegar ao final, meu maior medo foi passar a me identificar com Alan em alguma parte da minha vida, e acredite, não é algo que desejo para ninguém.

Por curiosidade, segue o trailer do filme que será lançado aqui no Brasil em julho:

https://www.youtube.com/watch?v=rX3CC6OLFUg

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Resenha: Até O Dia Em Que O Cão Morreu

Até o Dia Em Que O Cão Morreu é quase uma biografia do autor Daniel Galera (Barba Ensopada de Sangue) pelas semelhanças entre o protagonista e quem o escreve. O personagem principal sem nome não tem sua identidade revelada em nenhum momento da história, o que torna toda tudo mais interessante, pois você passa a imagina-lo como qualquer pessoa do seu cotidiano (ou no meu caso, como Daniel).

O rapaz que trabalha como freelancer como tradutor e intérprete de russo, vivendo de uns bicos aqui e ali. Vive do dinheiro dos pais que o ajudam no final do mês pois não tem trabalho fixo e não vê necessidade de ter um, já que sempre conta com esse impulso quando necessário. A descrição do apartamento em que ele vive já nos remete a vida de uma pessoa triste e solitária, pois ele vive sem móveis, com um colchão no chão e está ok com isso.

Somos levados e guiados por uma vida básica, sem muitos acontecimentos, até o dia em que ele encontra com um cão na rua, que passa a acompanha-lo até seu apartamento diariamente. Em nenhum momento ele toma a atitude de adotar o cão. Ele trata a relação dos dois como “se quiser vir, venha”. Nessa idas e vindas com o cão, em uma balada ele conhece uma jovem modelo chamada Marcela. Rapidamente eles entram em sintonia, e ambos começam a se apaixonar, porém ele enfatiza que não quer relacionamento sério e isso os faz arrastar essa situação até o dia em que, por obra do destino, são obrigados a se separar.

O sexo sem cerimonia, a interação dos personagens, os diálogos que não são indicados por pontos e travessões são um chamariz e diferencial que torna tudo mais simples, assim como tudo que permeia a história, transforma a leitura em algo agradável, de modo que o desejo é terminar aquilo de uma tacada só. É uma obra madura e convidativa. A parte mais triste é começar a se identificar em alguns pontos, pois a realidade está tão crua e direta que dá um calafrio só de se imaginar tendo aquela vida.

Falar deste livro é um pouco difícil, pois são apenas 104 páginas, e caso eu entre em maiores detalhes, acabarei estragando a experiência de muita gente, por isso, apenas digo que é uma leitura extremamente prazerosa, detalhada – como já é característico de Daniel Galera – e pautada em nos mostrar o quanto uma vida aparentemente vazia tem suas cores e fatos marcantes. Após a leitura, eu recomendo também o filme Cão Sem Dono, que é inspirado neste livro e tem a incrível atriz Taina Müller interpretando Marcela.

Livros, Resenhas

Resenha: A garota no trem, Paula Hawkins

Um thriller psicológico que vai mudar para sempre a maneira como você observa a vida das pessoas ao seu redor.

Todas as manhãs Rachel pega o trem das 8h04 de Ashbury para Londres. O arrastar trepidante pelos trilhos faz parte de sua rotina. O percurso, que ela conhece de cor, é um hipnotizante passeio de galpões, caixas d’água, pontes e aconchegantes casas. Em determinado trecho, o trem para no sinal vermelho. E é de lá que Rachel observa diariamente a casa de número 15. Obcecada com seus belos habitantes – a quem chama de Jess e Janson –, Rachel é capaz de descrever o que imagina ser a vida perfeita do jovem casal. Até testemunhar uma cena chocante, segundos antes de o trem dar um solavanco e seguir viagem. Poucos dias depois, ela descobre que Jess – na verdade Megan – está desaparecida. Sem conseguir se manter alheia à situação, ela vai à polícia e conta o que viu. E acaba não só participando diretamente do desenrolar dos acontecimentos, mas também da vida de todos os envolvidos.

Uma narrativa extremamente inteligente e repleta de reviravoltas. A garota no trem é um thriller digno de Hitchcock a ser compulsivamente devorado.

Na linha de thrillers psicológicos, a história criada por Paula Hawkins é uma daquelas que você não consegue desgrudar um minuto. Original, viciante e surpreendente.

A narrativa gira em torno do ponto de vista das personagens principais, em primeira pessoa, Rachel, Anna e Megan mostram aos poucos a trama. Por serem mulheres diferentes, a princípio não entendemos como suas histórias se conectam, mas a medida que os fatos se desenrolam, você consegue identificar o que as une. Tudo parece um quebra cabeça que só será esclarecido no final.

De vazio, eu entendo. Começo a achar que não há nada a se fazer para preenchê-lo. Foi o que percebi com as sessões de terapia: os buracos na sua vida são permanentes. É preciso crescer ao redor deles, como raízes de árvore ao redor do concreto; você se molda a partir das lacunas.

Rachel, a protagonista, está passando por um momento difícil da sua vida. Após uma traição, seguida de um divórcio, ela fica perdida e sua vida sai do eixo. Sem emprego, alcoólatra e morando na casa de uma amiga, ela vive entre as lembranças do passado, sua autodepreciação e seu vício.

Todo dia ela faz o mesmo caminho, pega o trem das 8h04 e, na volta, pega o trem das 17h56. No caminho, ela fantasia sobre a vida de uma casal que vive em uma das casas na margem da linha férrea. Porém, um dia enquanto ela observava a casa, ela vê algo diferente, algo que pode explicar os fatos que sucederam. O sumiço de Megan, a mulher que morava naquela casa, a mulher que ela observava. Envolvida emocionalmente, Rachel decide investigar o desaparecimento. E é a partir desse exato ponto, que a história se desenvolve.

Eles formam um par, uma dupla. São felizes, está na cara. São o que eu era. São como Tom e eu éramos, há cinco anos. São o que eu perdi, são tudo o que eu quero ser.

A narrativa é forte, o que se tornou claro na escrita de Hawkins, a capacidade de impactar e nos envolver com os personagens me surpreendeu. O jeito que ela usa para ultrapassar o tempo, achei bem singular e deu um “ar’ bem diferente a trama. As personagens femininas principalmente, enfrentam  situações complicadas e conflitos a todo momento.

Então, se você gosta de um bom thriller como eu, super recomendo A Garota no Trem. E pra melhorar, o filme irá ser lançado em Setembro, da uma conferida no trailer por aqui.

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Resenha: Barba Ensopada de Sangue

Complexidade pode definir bem Barba Ensopada de Sangue, de Daniel Galera. É um livro de leitura agradável, porém trabalhosa. Conta à história de um professor de educação física, que ao visitar seu pai, é informado que o mesmo pretende se matar nos próximos dias, e faz um pedido: que após isso, ele sacrifique sua companheira de anos, a cachorra Beta. No meio desta confissão, o pai conta as aventuras do avô do rapaz no balneário de Garopaba, que acabou sendo “assassinado” pela população local anos atrás. E é aí que começa nossa jornada: com uma pulga atrás da olheira, o jovem resolve se mudar para a cidade com o objetivo de saber mais sobre o avo.

Após a morte de seu pai, o pedido que lhe foi feito não é realizado, e a cachorra Beta se torna a leal escudeira do professor, e nos aproximamos dela e seu atual dono. A forma como ela passa a acompanha-lo em todos os locais e a preocupação que um tem pelo outro, os laços criados de forma tão rápida nos atraí com muita facilidade.

O livro não é investigativo, e o a vida do personagem principal é tão bem contada, com ricos detalhes durante toda a trama, que em determinado momento esquecemos do plot inicial e somos imergidos no seu cotidiano. Seus jeitos, manias, forma de relacionar. Tudo rico em detalhes – ah, os detalhes! São muitos – e até por isso torna “Barba Ensopada de Sangue” um pouco cansativo a certo ponto. Com alguns paralelos dispensáveis, bastante coisa poderia ser resumida em algumas páginas, mas a intenção do autor foi justamente nos mergulhar no universo que ele criou e no fim, você consegue pensar “esse mergulho tão profundo em tudo que foi contato foi necessário”.

Não é uma narrativa que você mata em cinco dias ou duas semanas. Acredito que para ser prazeroso, ela deve ser consumido aos poucos, um pouquinho por dia. Eu demorei cerca de um mês e acho que foi o tempo ideal para absorver tudo. Daniel Galera é um dos mais promissores autores de nossa geração. Nascido em São Paulo, mas gaúcho de tudo tem outros títulos muito elogiados publicados, como “Mãos de Cavalo” e “Até o dia em que o cão morreu”. Barba é seu último lançamento, feito pela Companhia das Letras, em 2012 e não posso esperar pelo próximo. Leitura recomendada e com aviso: vão querer mais.

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Resenha: Dias Perfeitos

Viradas marcantes, ritmo eletrizante e choques atrás de choques. Talvez essa pequena frase defina o que virá a sua cabeça após ler o intrigante romance Dias Perfeitos, de Raphael Montes.

Todos os elementos para um romance clássico estão logo ali no começo: Téo, um estudante de medicina jovem, bonito e responsável; Clarice, a garota descolada fascinada por cinema que está escrevendo o roteiro de um longa; o destino os colocando contra suas vontades em uma festa. Tudo ótimo, certo? Errado.

Após uma breve apresentação que demonstra personagens comuns, Dias Perfeitos nos joga várias reviravoltas de uma só vez e só confirma aquela frase que ouvimos desde pequenos: “as aparências enganam.”. Clarice desperta um amor doentio e psíquico em Téo, que após ver suas tentativas de aproximação não darem certo, o faz tomar medidas drásticas para ter a amada consigo, e com isso eu digo: dopar, sequestrar e trancafia-la. Eles embarcam em uma jornada por praias paradisíacas, chalés, viagens de carro pela costa carioca, mas tudo de um jeito bem alternado ao convencional.

Apesar de parecer tudo meio estranho e sem noção, é interessante o fato de que como todas as ações do personagem principal fazem sentido na sua cabeça, o que pode te deixar um pouco perturbado, de fato. O final é bem diferente do esperado, já que tudo caminha em uma direção e mais um plow-twist vem e faz isso mudar.

Ideal para aquele final de semana que você não tem muitos compromissos e quer se agarrar em uma história que vai ficar na sua cabeça e não te deixar em paz até acabar, afinal, essa já é uma característica do autor, que com seu livro anterior, Suicidas, também soube criar ganchos e uma história que não deixa o leitor escapar em nenhum momento. Ambos são bem parecidos em base, com a exceção de que Dias Perfeitos nos leva por um romance para contar sua (macabra) história.

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Resenha: Aos 7 e aos 40, João Anzanello Carrascoza

Primeiro romance de João Anzanello Carrascoza, que já escreveu diversas publicações infantis, Aos 7 e aos 40 é um livro dividido em duas partes: uma que mostra o personagem aos 7 e outras 40 anos de idade, e alterna os capítulos entre isso. Sem seguir uma reta ou ordem para isso, o livro não especifica seu personagem principal, de modo que pode ser a narrativa do autor como de um tio, primo ou até de nosso pai de tão próximo que ele fica de nós após terminar a leitura.

O livro graficamente já é diferente. O papel se divide em dois tons: um verde mais claro e acinzentado, de modo que o texto sempre se alterna entre as cores do papel na troca de capítulos, e nas partes do personagem adulto ocorrem umas quebras de texto interessantes, que dão um quê poético ao que está sendo narrado, totalmente oposto da parte em que ele é uma criança.

As histórias de criança são uma base para as histórias adultas, são como se fossem dois lados. São paralelas, mas é notável o quanto o adulto se reflete na criança e o contrário. É como se uma decepção na infância estivesse preparando terreno para algo parecido ou até pior que estivesse por vir. São fatos corriqueiros, que acontecem o tempo todo conosco, com nossa família, amigos. É uma biografia linear e muito particular, ao menos na parte adulta.

É uma leitura rápida, porém de extrema sensibilidade, que nos faz viajar pelas nossas memórias e acaba se juntando ao personagem do livro. Despretensioso, traz de volta uma nostalgia pelas alegrias pequenas e simples de serem conquistadas.

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Resenha: Espada de vidro, Victoria Aveyard

Neste segundo livro, Mare Barrow, Cal, Farley, Shade e seus companheiros se lançam em uma busca incansável pelos Sanguenovos, pessoas que são prateadas e vermelhas. O objetivo do grupo é reunir o máximo de sangue novos possível e tirar o rei Maven do trono.

Muito mais do que em A rainha vermelha, o segundo livro provoca uma montanha russa de emoções no leitor. Uma característica muito forte da escrita de Victoria Aveyard é fazer as personagens se movimentarem o tempo todo. O cansaço, sofrimento, angústia, dor, desconfiança e muitos outros sentimentos que as personagens viveram eu consegui sentir na mesma intensidade. O livro te faz sentir conectado às personagens durante toda a narrativa. É impossível ler um prateado sendo sufocado e não sentir um par de mãos gigante envolvendo seu pescoço. Espada de vidro é um livro que tem o objetivo claro de provocar sensações em quem estiver lendo, um trabalho muito bem feito.

Um dos pontos mais importantes desse segundo livro foi eliminar aquela velha ideia de heróis e vilões. Na trama, todos têm chances de serem bons ou ruins, depende unicamente da situação e do que eles são capazes. Mare é uma verdadeira confusão na narrativa. Aqui, vemos a protagonista se transformar radicalmente e entrar em conflito com quem era e quem está se tornando. Todos os acontecimentos do livro giram em torno dela, é ela quem toma as decisões. Ela salva ou mata. O processo de finalmente assumir a posição de liderança obriga a garota elétrica a se transformar em uma pessoa que passa por cima de todos e pouco a pouco se torna um mártir.

O clima de tensão do livro é inteiro baseado em correr ou ser pego. Por diversas vezes o grupo precisa ser ágil, fazer o que tem que ser feito e ir embora o mais rápido possível. Não há tempo para pensar, a narrativa é bem clara quanto a isso, é necessário agir puramente pelo instinto de sobrevivência. Nesse jogo de pega – pega, infelizmente alguns personagens queridos vão ficando ao longo do caminho, e mais uma vez Mare tem que aprender a lidar com os sentimentos de tristeza sem ser afetada por eles.

Dentro de toda a narrativa sem descanso e corrida, destaco as aparições de Maven. Apesar de estar presente em poucas passagens, todas as cenas em que o rei aparece me fizeram estremecer e ter calafrios. Espero que no próximo livro (e devido ao final isso tem muitas chances de acontecer)  ele seja mais explorado e  que possamos ver finalmente o que ele é capaz de fazer. Quando se trata de Mare, assim como seu irmão, Maven têm sentimentos conflituosos. O livro insinua o tempo todo que Maven não teria coragem de eliminá-la totalmente, o que torna a narrativa ainda mais interessante e intensa.

Espada de Vidro oferece ao leitor tudo o que ele precisa para ficar chocado e curioso para o próximo livro. Com um final esmagador e surpreendente, a única pergunta que fica na vem na boca com um gosto amargo é:  E agora?

E você? Já leu A Rainha Vermelha ou  Espada de Vidro? Conta pra gente a sua opinião aqui nos comentários! Eu já estou completamente ansiosa e apavorada para a continuação!

 

Livros, Resenhas

Resenha : A vez da minha Vida, Cecelia Ahern

Certo dia, quando Lucy Silchester volta do trabalho, há um envelope de ouro no tapete. E um convite dentro dele para se encontrar com a Vida. Sua vida. Pode soar peculiar, mas Lucy leu sobre isso em uma revista. De qualquer forma, ela não pode ir ao encontro: está muito ocupada desprezando seu emprego, fugindo de seus amigos e evitando sua família. Mas a vida de Lucy não é o que parece. Algumas das escolhas que fez — e histórias que contou — também não são o que parecem. Desde o momento em que ela conhece o homem que se apresenta como sua vida, suas meias-verdades são reveladas totalmente — a não ser que ela aprenda a dizer a verdade sobre o que realmente importa. Lucy Silchester tem um compromisso com sua vida — e ela terá de cumpri-lo.

O que você faria se tivesse um encontro marcado com a sua vida? Você ficaria satisfeito? Orgulhoso das suas atitudes e do que conquistou? Como você acha que sua vida seria?

Procurando uma história leve pra ler, me deparei com esse livro. Ele foi lançado já tem algum tempinho mas vindo de Cecelia Ahern (autora do best-seller “P.S. Eu te Amo”), acreditei que podia esperar algo bom e estava certa. Depois que comecei não consegui parar. O livro tem uma leitura leve, descontraída e te faz refletir muito sobre a sua própria Vida.

A-vez-da-minha-vida-nacional

Por ser  de uma família bem sucedida e bastante tradicional, Lucy Silchester sempre se preocupou com que os outros iriam pensar ou falar dela, e por isso fez de tudo para que sua vida parecesse perfeita. Depois de um término de relacionamento conturbado e dos acontecimentos seguintes, ela começa a se distanciar de tudo e de todos, e aos poucos sua vida se torna uma rotina sem fim.

Se aproximando dos 30 anos, com a vida completamente estagnada, presa em um emprego que não gosta, evitando o máximo de contato com os amigos e sua própria família, isso sem contar com sua vida amorosa que está uma bagunça. A vida de Lucy está construída em cima de mentiras, que ela conta para todos acreditarem que está bem (até ela mesma tenta se convencer disso).

Até o dia, que ela é intimada pela sua Vida a um encontro. Relutante, ela começa a ignorar os convites que chegam, recusando um após o outro. Mas sua Vida é insistente, até o ponto que ela cede e resolve se encontrar com ela. E o encontro não é nada como o esperado, sua vida é um homenzinho feio, mal-humorado (que personifica exatamente como a vida de de Lucy está), com a missão de ajudá-la a consertar aos poucos sua vida.

“Logo você terá que parar de mentir para os outros, o que será mais difícil do que você pensa, aliás, e, então, vai começar a aprender a verdade sobre si mesma, o que também será mais difícil do que você pensa.”

Posso dizer que o livro excedeu minhas expectativas. Sua narrativa é clara e bem humorada, cheia de momentos divertidos e personagens complexos, que acabamos por nos identificar. Lucy, somos todos nós em vários momentos. A Vida está em outro patamar, ela é quem realmente sofre as consequências das atitudes da personagem principal. Todo seu estado, desde a sua aparência até o seu humor são reflexos das decisões de Lucy. Os personagem que fazem parte da história também são excepcionais e igualmente envolventes. O livro é original, seu ponto de vista, sua personificação da Vida tornou tudo mais real e reflexivo. Não dá pra não torcer por Lucy e se apaixonar pela Vida dela (o homenzinho realmente me cativou).

“Como você acha que a vida acontece? Uma série de coincidências e ocorrências tem que acontecer de alguma forma. Todas as nossas vidas se chocam e se batem de frente e você acha que não nenhuma razão e rima para isso?”.

 

Enfim, o livro é daqueles que você devora em um piscar de olhos e traz inúmeras reflexões. Super recomendo!

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Resenha: A rainha vermelha, Victoria Aveyard

“Uma sociedade dividida pelo sangue. 
  Um jogo definido pelo poder.”

Quando ouvi falar de “A rainha vermelha” confesso que tive um certo preconceito. Na minha concepção era apenas mais uma narrativa que se passava em um mundo distópico que seria igual a todas as outras que estamos tão acostumados.

Que bom que me enganei.

Mais do que uma distopia, o livro traz uma luta interna (e externa) da personagem principal tentando se adaptar a um novo mundo e não sucumbir a ele. Apesar de ser considerada vermelha (classe baixa), Mare possui habilidades dos prateados (realeza) e vive conflitos por não se encaixar mais em nenhum dos dois mundos. Como um bom romance, o livro traz um triângulo amoroso entre Mare e dois irmãos, que são prateados.

Entre conflitos familiares e uma tentativa de fuga, a vida de Mare vira do avesso quando ela precisa se posicionar e escolher um lado e lidar com um inimigo inesperado. A história traz brigas de poder entre reis e rainhas, rixas familiares e muita ação. Embora seja uma história de ficção, o foco principal faz uma crítica à sociedade que preza o dinheiro e o poder utilizados de forma egoísta e opressora.

Ainda que uma história cheia de conflitos e que não pára um segundo, a narrativa flui leve e fácil, é difícil deixar o livro mesmo que por um momento. O que eu senti de diferente neste livro, e que eu sinto muito falta em algumas distopias, é a construção de Mare. Ela não é uma “menina boa” cheia de ótimas intenções querendo ajudar seu povo tentando controlar o dano que vai causar. Mare até age assim em um primeiro momento, mas ela quer vingança, quer ter certeza de que aquela situação será finalizada. Custe o que custar.

Neste primeiro livro da série, que é dividida em quatro livros (até agora apenas divulgados A rainha vermelha e A espada de vidro), o clima é o velho conhecido presente no primeiro volume das outras séries de livros. Somos apresentados a todas as personagens, o ambiente e bagagem que cada um traz. Diferentemente de algumas outras narrativas, A rainha vermelha já deixa claro a que cada personagem veio e qual o seu papel na trama. Não é preciso explicações ou mesmo dar satisfações, as personagens agem puramente pelo que foram ensinadas na sociedade que habitam. Como uma boa história de briga de poder, o livro traz uma revolução por parte dos menos favorecidos que querem e irão lutar contra o sistema imposto.

Em suma, A rainha vermelha vem para causar sensações extremamente divergentes e principalmente de revolta. Há pequenos problemas na escrita como a repetição de uma ideia muitas vezes ou a demora na descrição de uma cena, mas são problemas de uma autora inexperiente em seu primeiro livro que não atrapalham de forma alguma a leitura de um livro que cumpre bem a função de te deixar com gostinho de quero mais.

A edição do livro, trazido ao Brasil pela Editora Seguinte, está impecável, digna de se ter na estante. E claro que se você gostou, nós queremos te ajudar! Que tal comprar o livro usando o Méliuz? Com ele você recebe de volta uma porcentagem do valor gasto em sua compra e ainda pode aproveitar os cupons de desconto para pagar menos e quem sabe garantir também o segundo livro, que foi lançado recentemente. Dá uma olhadinha nas livrarias disponíveis clicando aqui.

Nós já estamos preparando a resenha dele também, afinal ler aquele PDF mal diagramado pelo celular ninguém merece né? affs! Se você já leu, deixa sua opinião aí nos comentários para que possamos conversar! (=

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RESENHA: CAIXA DE PÁSSAROS, JOSH MALERMAN

Romance de estreia de Josh Malerman, Caixa de Pássaros é um thriller psicológico tenso e aterrorizante, que explora a essência do medo. Uma história que vai deixar o leitor completamente sem fôlego mesmo depois de terminar de ler.

“Basta uma olhadela para desencadear um impulso violento e incontrolável que acabará em suicídio. Ninguém é imune e ninguém sabe o que provoca essa reação nas pessoas. Cinco anos depois do surto ter começado, restaram poucos sobreviventes, entre eles Malorie e dois filhos pequenos. Ela sonha em fugir para um local onde a família possa ficar em segurança, mas a viagem que tem pela frente é assustadora: uma decisão errada e eles morrerão.”

Caixa de Pássaros pra mim, foi uma experiência e tanto! Tenho contado nos dedos os livros desse gênero que realmente me aterrorizaram. Ele não é apenas mais um livro de terror, ele traz a mística dele mais o suspense, com uma grande carga psicológica. É um livro agonizante do começo ao fim. Para quem gosta de tensão e sustos, esse é o livro certo.

“Em um mundo de recursos escassos, olhos vendados e um terror persistente, encarar os próprios medos é apenas o início da viagem.”

Acompanhamos a história da Malorie em um mundo (pré) e pós-apocalíptico, do momento que ela descobre sua gravidez em meio as ocorrências de acontecimentos estranhos, até quando ela resolve sair da casa onde está com seus filhos, à procura de um lugar melhor. A história é contada em dois tempos: no passado (no início dos acontecimentos obscuros) e no presente. Os capítulos são alternados, até se encontrarem na narrativa final.

Como pode esperar que alguém sonhe em chegar às estrelas se não a permite erguer a cabeça e olhar para elas?

 

Tudo começa quando pessoas começam a cometer suicídios extremamente violentos e aparentemente sem motivo, geralmente antecedidos de ataques à pessoas próximas. O caos se instaura a medida que as noticias se viralizam pelos meios de comunicação mundiais. Nada foi poupado, ninguém sabe como começou, nem o que causara essas mortes. Várias teorias foram inventadas mas nenhuma provada,  as pessoas acabam acreditando que algum tipo de visão levava elas a se matarem. A ideia de algo tão maligno e imperceptível, causou o medo e a histeria globalizada. Assim, o mundo virou escuridão. O pânico foi tomando conta e nada mais era seguro, tudo poderia ser o gatilho para aquele fim horrível. A insegurança virou instinto, e sair de casa, do seu lugar “seguro”, não era mais uma opção. O único meio de comunicação que restou era o telefone fixo, ninguém queria arriscar sair de casa. No presente, o dilema é sobreviver, a escassez atinge, o que eles devem fazer? O mundo ainda é um lugar perigoso, mas não existe alternativa, se ficarem eles vão morrer. A decisão é partir, a audição é a chave, mas nunca, nunca abra os olhos!

caixa

 

Não consegui desgrudar por um minuto desse livro, um misto de curiosidade, desespero e medo (muito medo). A narrativa nos coloca na perspectiva do personagem, você se sente protagonizando a história. O fato das pessoas não saberem o que, quando, quem deve temer, torna tudo mais sombrio e a situação muito mais tensa. Além da fome, da incerteza, das mentes “vazias”. O medo se torna o personagem principal. Um livro que abusa do pavor do desconhecido, tocando lá no fundo dos seus mais terríveis medos. Foi uma experiência totalmente sensorial e claustrofóbica. Algumas cenas são tão angustiantes que você não sabe se lê ou corre pra se esconder. O clima pesado e deprimido dá um ar melancólico, que se encaixa perfeitamente na trama.

Posso dizer que esse é um livro que veio pra marcar o gênero e conquistou o seu lugar.

 

Você ja leu? Quer ler? Conta pra gente o que achou!