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6 livros para ler no inverno

Anteontem, 21 de junho, começou o Inverno no Hemisfério Sul. E, apesar do frio não ser tão rígido como nos outros países, a estação ainda é a mais fria para os brasileiros ー especialmente para quem mora nas regiões Sul e Sudeste. Pensando nisso, nada melhor do que se aquecer com um cobertor de pelinhos, um chocolate quente e bons livros. Separamos 10 livros para você ler e se sentir em um Inverno congelante, mesmo que more no calor do Nordeste.

+ Clipes gelados para comemorar a chegada do inverno

Um amor de Inverno: (2º vol As Irmãs Shakespeare), de Carrie Elks
Lançado pela Editora Verus em 2019, “Um amor de Inverno” narra o romance entre Kitty e Adam. Ela se mudou de Londres para Los Angeles, a fim de descolar um emprego no ramo do cinema, mas tudo o que conseguiu foi um serviço de babá para os filhos de um dos maiores produtores de Hollywood, o que já é um começo. Ela só não contava se apaixonar por Adam, que também está passando os dias na cabana de inverno do irmão famoso.

Sinopse: Pode estar nevando lá fora, mas, em uma cabana de madeira no meio da floresta, as coisas estão definitivamente quentes…
A estudante de cinema Kitty Shakespeare está determinada a aproveitar ao máximo seu novo emprego como babá. Pode não ser exatamente a carreira que ela esperava quando mudou de Londres para Los Angeles, mas, graças ao hábito de travar em entrevistas, esta pode ser sua última chance de impressionar um dos maiores produtores de Hollywood — se ela conseguir cuidar do filho dele direito, certamente o homem vai olhar para ela com mais atenção. Pelo lado positivo, há muita neve na casa da família nas montanhas e ela sempre adorou crianças. Mas Kitty não contava se envolver com a família problemática do chefe, nem se sentir atraída por Adam, o irmão sexy e recluso.
Adam Klein pode ser lindo, mas também é bruto e grosseiro e não está pronto para cair de quatro pela babá — não depois do ano que ele teve. Tudo o que ele quer é se enfiar em sua cabana na floresta e se esconder do irmão que destruiu sua vida. Se ao menos ele conseguisse ignorar a maneira como Kitty faz seu coração disparar…
Isso está longe de ser amor à primeira vista — mas desde quando o caminho para um final feliz digno de cinema acontece sem tropeços?

Quase Bruxa, de Rafaella Marques
O Grupo Editorial Coerência publicou “Quase Bruxa” no final de 2020.  Para quem não gosta da melação romântica dos livros gélidos, aqui vai uma dica de ouro: fantasia ー que também dá para ler no Inverno. No livro, Luna descobre que tem muito mais para viver do que apenas jogar RPG quando uma bruxa poderosa lhe impõe algumas escolhas. Agora ela precisa de coragem e determinação para sobreviver.

Sinopse: Luna era uma jovem adolescente como qualquer outra. Nos horários vagos, quando não estava na escola, passava a maior parte do tempo jogando rpg. Sua vida parecia seguir naturalmente até que recebeu uma mensagem secreta, indicando que dentro de alguns dias teria de fazer uma escolha. Como se tratava de um jogo, a garota decidiu ignorar o aviso, mas o fez sem saber que essa atitude poderia resultar em sua morte. Foi quando conheceu Damra, uma bruxa poderosa, responsável por guiá-la na jornada mais maluca de sua vida, e descobriu que seria preciso coragem para aceitar o que o destino a estava impondo: abandonar seus amigos e sua família em busca de encontrar sua verdadeira identidade.

Deixe a neve cair, de John Green, Maureen Johnson e Lauren Myracle
Lançado pelo selo Jovens Leitores da Rooco, o livro que inspirou o filme de mesmo nome pela Netflix, “Deixe a Neve Cair”, traz três contos de natal que se intercalam entre amigos e conhecidos. Na noite de natal, uma tempestade de neve acaba com os planos de várias pessoas, entre elas, Jubileu, Stuart, Tobin, JP, Duke e Addie. Cada um com seu conflito e todos com o mesmo destino: a Waffle House, a única lanchonete aberta da cidade.

Sinopse: Na noite de natal, uma tempestade inesperada de neve transforma uma pequena cidade num refúgio romântico inusitado, do tipo que vê apenas em filmes. Bem, mais ou menos. Porque ficar presa à noite dentro de um trem retido pela nevasca no meio do nada, correr com amigos como frio congelado até um lanchonete mais próximo ou lidar sozinha com uma tristeza pela perda de namorado ideal não é causado por momentos românticos para quem espera encontrar o verdadeiro amor. Mas os autores mais vendidos de John Green, Maureen Johnson e Lauren Myracle revelam uma magia surpreendente de Natal, três hilários e encantadores contos de amor, interligados, com romances, aventuras e beijos de tirar o fôlego. Quando o trem deve levar o Jubileu para uma neve na Flórida, ela decide se aventurar do lado de fora. Por sorte, encontra uma lanchonete aberta: uma Waffle House, onde conhece Stuart, um rapaz que ainda não se recuperou totalmente de um coração partido. Enquanto isso, Tobin e seus amigos, JP e Duke, estão curtindo a vida de Natal escondida em casa, assistindo uma maratona de James Bond. Mas, apesar da nevasca, os três decidem enfrentar a noite fria e seguem para a Waffle House da cidade – ou assim eles pensam … Já na vida de Addie parece miserável desde o término do seu namoro. Agora, um dia depois de Natal, ela precisa provar que não é egoísta – e fará tudo para cumprir uma promessa, mesmo que isso signifique matar o passado. Os jovens desses contos têm mais em comum que apenas uma nevasca que isola na cidade. E como nada acontece do jeito que eles planejaram, restaura a pergunta: que magia do Natal vai apresentar-los com o milagre ou o que eles querem?

Gaia: a roda da vida, de Telma Brites Alves
Contando com três livros, a série Gaia, lançada pelo Grupo Editorial Coerência, conta a história da jovem Gaia que perdeu os pais muito cedo e foi obrigada a se mudar para uma cidade pequena da Alemanha. Enquanto é desafiada pela adolescência e descobre o amor em Jaison, ela desencadeia antigas histórias do passado de sua família e se vê entre deuses e monstros mitológicos.

Sinopse: Após perder os pais, Gaia Gottesstein é obrigada a abandonar a América para viver em uma cidadezinha da Alemanha. Lá, a jovem lida com os habituais dilemas da adolescência enquanto se adapta à nova rotina em um cenário paradisíaco e aparentemente inofensivo, mas que pode enconder segredos. Ao tentar revelá-los, Gaia descobre antigas histórias relacionadas ao passado de sua família e se vê entre deuses e monstros, que saltam das páginas dos livros de mitologia para influenciar diretamente sua vida. É então que ela passa a contar com a ajuda de Jaison, um rapaz de personalidade forte e de passado difícil, sem saber se esse amor será capaz de mantê-la forte o bastante para aplacar a fúria do Olimpo.

E toda verdade será revelada, de Sandro Sabag
E que tal uma não-ficção? Se você é curioso e quer desvendar alguns dos segredos do universo neste Inverno, então “E toda verdade será revelada”, é para você. O livro lançado pelo Grupo Editorial Coerência aborda conhecimentos sobre o mundo e os acontecimentos que trouxeram a humanidade até os dias atuais. Com descobertas sobre religião, filosofia e espiritualidade, o livro de Sandro Sabag promete tirar os leitores de suas bolhas.

Sinopse: Você acredita que Deus está separado de nós?
E toda verdade será revelada aborda conhecimentos sobre o mundo, assim como os acontecimentos que trouxeram a humanidade até os dias de hoje. Através da máscara da religião, o autor desvenda quem é Deus, mostrando a verdadeira dimensão do céu e do inferno e desconstruindo os mitos criados acerca da existência do Senhor. Embaixo da terra se escondem cidades que guardam os segredos do mundo: guerras e sofrimentos. Mas, como o Grande Mestre disse uma vez, “Nada ficará encoberto, pois toda verdade será revelada”.

Os noivos do Inverno, de Christelle Dabos
O vencedor do Grand Prix de I’Imaginaire e primeiro volume da série best-seller “A passa-espelhos”, “Os noivos de inverno” narra a história de Ophélie. Por baixo da aparência mal cuidada, a menina esconde poderes super legais: ela pode ler o passado dos objetos e atravessar espelhos. Mas tudo muda quando ela é prometida em casamento com um herdeiro de outro clã. Agora Ophélie precisará deixar tudo que conhece para se mudar, mas tudo pode ruir.

Sinopse: Honesta e cabeça-dura, Ophélie não se importa com as aparências. Mas, por baixo de seus óculos de aros largos e cachecol desgastado, a garota esconde poderes únicos: ela pode ler o passado dos objetos e atravessar espelhos. A vida tranquila que leva em Anima se transforma quando Ophélie é prometida em casamento a Thorn, herdeiro de um distante e poderoso clã.
Agora, ela terá que deixar para trás tudo o que conhece e seguir seu noivo até Cidade Celeste, a capital flutuante de uma gelada arca conhecida como Polo. Ali, o perigo espreita em cada esquina, e não se pode confiar em ninguém. Sem se dar conta, Ophélie torna-se um peão em um jogo político mortal, capaz de mudar tudo para sempre.

Resenhas

Resenha: O vermelho mais vibrante, Mithiele Rodrigues

Sinopse: Red não é uma garota normal, já passou por muita coisa nessa vida e simplesmente não lhe restou ninguém. Hian é um irlandês que conseguiu ganhar status e fama, mas tudo lhe parece falso, até encontrar Red, mas a mulher não quer toda atenção do mundo para si. Será que o amor é capaz de vencer todas as barreiras ou seria isso apenas uma fantasia da ficção?

A temporada de romances clichês está aberta e o romance da vez é O vermelho mais vibrante da escritora Mithiele Rodrigues.

O vermelho mais vibrante começa com uma reflexão a respeito dos amores dos contos de fadas, será se eles realmente podem se encaixar na vida real? É tão fácil assim encontrar uma pessoa na sua vida que te faça crer que aquela é a pessoa certa? Como saber pelo simples encontro que são perfeitos um para o outro?

“Na vida real há os empecilhos, e as pessoas que são muito ruins. Não do tipo de bruxas das histórias, mas algo pior. Pessoas que fazem de tudo para acabar com o romance dos protagonistas. Mas será que na vida real eles ficam juntos?”

E é justamente isso que acontece na história de Redherine Backer e Hian Foley, um encontro por acaso foi o bastante para o romance deles começar e ainda a certeza de que não importa os acontecimentos, o destino sempre os uniria novamente.

“Se eu já acreditava em destino, agora passo a amá-lo.”

Redherine divide seu tempo numa rotina cansativa como médica em um hospital que seus pais trabalhavam antes de falecerem ainda quando Red era criança, sempre foi muito próxima da avó e carrega as marcas de um abuso cometido pelo tio. Inclusive esse fantasma do passado volta para assombrar a vida de Red e quase que tudo acaba em tragédia.

“Certos hábitos nunca mudam, certas vontades nunca passam.”

Já Hian estrela as telas da TV como ator, convivendo com muitas pessoas que agem por interesse e benefício próprio, como se não existisse de fato um mundo real, fosse somente encenação.

Paralelas a história principal de Red e Hian, a narrativa realça as relações humanas como um todo, amorosas e também de amizade, a falta de empatia diante das diferenças, o preconceito que os casais homossexuais passam, o abuso infantil, as questões de confiança.

“Cada pessoa tem o direito da escolha. Em vez de criticar essas pessoas, as conheça. Seja amigo de uma pessoa homo, são apenas pessoas, uma escolha não muda a essência de ninguém.”

Fiquei com medo de terminar o livro e não ser o final que eu imaginei para os dois, porque um casal que enfrenta meses separados e voltam com o mesmo amor do passado merece o melhor.

Resenhas

Resenha: Um cara chamado John, A. N. Smith

Sinopse: Eva Müller é uma mulher decidida, altiva, ótima leitora de comportamentos humanos e, por isto, muitas vezes arrogante e odiada. Conselheira de moda, personal stylish (e as vezes conselheira amorosa) ela é bela, desejada, desconfiada e vem enfrentando problemas em se relacionar com outras pessoas; e maiores problemas ainda em ter um relacionamento sério com alguém. Mas para ela, isto nem é um problema de verdade. Completamente absorvida pelo trabalho, ela vem levando a vida como se não houvesse mais nada além disto. Com um passado cheio de dores familiares e emocionais ela estava decidida a não se relacionar amorosamente com mais ninguém. A não ser que fosse uma coisa de uma noite, apenas. Até que isto começa a dar errado também. Mas quando sua melhor amiga de infância Halley, muda-se para morar com ela, este cenário está prestes a mudar. Halley começa a perceber um comportamento extremamente arredio e problemático em Eva e, por sua vez, determinada a descobrir o que aconteceu e a mudar isto, faz com que Eva perceba um novo cara que parece estar interessado nela: John Backer. Halley, então, começa a provocar Eva a sair com John, até o ponto de ambas estabelecem uma aposta: Eva tem que provar que John é só mais um cara como todos os outros, enquanto Halley quer provar que talvez ele seja ideal para ela. Mas será que Eva consegue ganhar a aposta sem se envolver ou sem se machucar no percurso?

Um cara chamado John é um romance escrito por A. N. Smith. Confesso que não sou fã de romances, porém o título chamou minha atenção. E lá fui eu ver quem era esse cara chamado John. Podia ser qualquer cara: o homem ideal, o ex, um doido que nutria uma paixão platônica.

Fiquei surpresa logo no início porque é uma leitura divertida, o típico livro que você lê várias páginas sem vê. Parece que a autora estava contando a minha vida amorosa, ou melhor, a minha falida vida amorosa. Mas nada disso é importante então voltemos a história.

Narrada por Eva Müller, uma mulher decidida, boa na leitura de comportamentos e altiva, escondia atrás da sua arrogância uma mulher frágil, que havia se decepcionado muito no passado. Ela costumava fugir dos lugares onde as pessoas a havia feito sofrer, assim foi na sua cidade natal, Porto Rico, quando seus pais se separaram e também em Nova York, quando se relacionou com Peter sem saber que era casado e com filhos. Até se mudar para Paris, onde trabalhava como conselheira de moda numa agência.

Foi nessa agência que conheceu John Backer por influência da sua amiga de infância Halley que percebeu que ele deixava todos os dias uma caneca de café quentinho na mesa de Eva. Aqui já percebemos que O cara chamado John se encaixa no “homem ideal”. Porém Eva está tão bloqueada emocionante que só conseguia pensar em John como igual aos outros homens. Se você pensa como Eva meu conselho é curar suas feridas do passado, se perdoar e perdoar quem te feriu.

“-Não se perdoa as pessoas porque elas merecem perdão. Geralmente quem tem que receber o perdão são aqueles mais miseráveis, os mais desgraçados, os imperdoáveis.”

Eva fez até uma aposta com a amiga para provar que aquele homem não valia nada. Evidentemente, contrariando suas estatísticas sobre amor, ela se apaixonou por John, o mesmo ficou muito bravo ao saber da aposta. Mas nada como o tempo, para curar as feridas e os mal-entendidos que ocorreram durante a trama, para um final feliz.

Esperaria de um romance como esse uma eventual e nada realista história de amor. Porém o que se observa no livro é uma história de amor da vida real. Um livro que aborda o perdão, o medo e a cura das feridas como proposta de recomeço, construindo um amor leve e livre, a vida segue o percurso natural e acontece aquilo que deve acontecer. Porque quando o amor é para acontecer, não tem nada que atrapalha.

Livros, Resenhas

Resenha: Quem mexeu no meu queijo?, Spencer Johnson

Sinopse: “É uma parábola que revela verdades profundas sobre mudança. Dois ratinhos e dois homenzinhos vivem em um labirinto em busca de queijo – uma metáfora para o que se deseja ter na vida: seja um bom emprego, um relacionamento amoroso, dinheiro, saúde ou paz espiritual. Um deles é bem-sucedido e escreve o que aprendeu com sua experiência nos muros do labirinto. As palavras rabiscadas nas paredes ensinam a lidar com a mudança para viver com menos estresse a alcançar mais sucesso no trabalho e na vida pessoal. Quem mexeu no meu Queijo? é uma leitura rápida mas suas ideias permanecerão por toda a vida.”

Quem mexeu no meu queijo? foi escrito por Spencer Johnson, de leitura rápida e perspectiva atual. Todos nós, em algum momento da vida, tivemos medo da mudança, daquilo que não conhecíamos. Imagina que você tem uma casa arrumada e um belo dia a encontra bagunçada. Está preparado para a mudança? Quem mexeu no meu queijo? te ajudará a refletir sobre, garanto que será uma leitura muito proveitosa!

Esta é uma história de mudança que acontece em um Labirinto, onde quatro personagens, dois ratinhos, Sniff e Scurry, e dois duendes, Hem e Haw, procuram por Queijo, para alimentá-los e fazê-los felizes. Durante dias, cada dupla com seu próprio método, corre pelo Labirinto até que em certo momento encontram o tipo de Queijo que precisam no Posto C.

A partir disso tanto os ratinhos quanto os duendes mantiveram uma rotina de todos os dias ir ao Posto C. Os ratinhos permaneceram acordando cedo todos os dias, corriam pelo labirinto e quando chegavam ao seu destino, vistoriavam a quantidade de Queijo. Já o duendes, acordavam um pouco mais tarde, pois haviam encontrado o Queijo e sabiam como ir até lá, portanto, não precisavam se preocupar mais.

Até que um dia quando chagaram ao Posto C, depararam-se com a seguinte situação: o estoque de Queijo havia acabado. O que fazer naquela situação?

Sniff e Scurry vistoriavam o estoque diariamente, sabiam que aquilo aconteceria, como estavam preparados para a mudança, buscaram por outro estoque de Queijo.

Contudo, isso não aconteceu com Hem e Haw, pois pensavam que o Queijo nunca acabaria, sentindo mais dificuldade em agir diante da mudança encontrada. No primeiro momento eles passaram pela fase de negação, esperavam que o Queijo ressurgisse, depois um deles, Haw, pela fase da aceitação e logo decidiu sair da zona de conforto e procurar novamente seu Queijo. Mesmo insistindo, Hem não saiu do lugar.

O interessante dessa parábola é que Sniff, Scurry e Haw, que não tiverem medo de se arriscar novamente pelo Labirinto encontraram um “Novo Queijo”. O Queijo é a metáfora para o que queremos na vida, seja passar na faculdade, um emprego, uma casa maior, um relacionamento, o reconhecimento, paz de espírito ou qualquer outro desejo. O “Labirinto”, por sua vez, é onde depositamos nossa energia ou que estamos.

A mudança sempre existirá, às vezes dá medo de encará-la, porém o melhor a se fazer é se adaptar. Não podemos deixar nosso “queijo” mofar ou perder o sabor.

Algumas frases motivacionais deixadas na parede do Labirinto pelos duendes ajudarão a compreender a mudança como necessidade e o porquê Quem mexeu no meu queijo? é um livro para levar por toda a vida.

“Quanto mais importante seu Queijo é para você menos você deseja abrir mão dele.”

“O que você faria se não tivesse medo?”

“Cheire o Queijo com frequência para saber quando está ficando velho.”

“Quanto mais rápido você se esquece do velho Queijo mais rápido encontra um novo.”

“Aprecie a mudança sinta o gosto da aventura e do novo Queijo.”

“Esteja preparado para mudar rapidamente muitas vezes continuam mexendo no Queijo.”

A releitura do livro, agora com mentalidade diferente, me fez encontrar novamente algo novo e útil, posso afirmar que a mudança é a responsável por isso.

Livros

Heroína: todo mundo precisa de ajuda

Heroína (substantivo feminino):

  1. Mulher de grande coragem, dotada de sentimentos nobres e sublimes.
  2. Droga apiode, com propriedades analgésicas e narcóticas e que causa elevada dependência química.

O lançamento da escritora Nana Lees reúne as duas definições de heroína em um enredo profundo sobre dores, lutas e saúde mental. A partir dos narradores personagens, os leitores de Heroína são apresentados a um internato de elite onde jovens considerados rebeldes fingem que recebem educação, enquanto, na verdade, aprendem todos os esquemas do mundo adulto.

Os grandes personagens narradores dessa história são Helen e Otávio. Ela é filha de um grande líder da indústria bélica… ele é herdeiro de um legado imenso da indústria de narcóticos. O ponto alto da trama é quando Helen, vítima de ansiedade e com princípio de depressão, toma a iniciativa de ajudar uma pessoa muito querida – a rotina de aparências começa a desmoronar quando se enrosca com Otávio, amigo de infância.

“A despeito do fato de nos conhecermos desde que eu tinha uns cinco anos, talvez menos, nós conversávamos pouco. O mais comum eram nossos olhares, um jeito cúmplice de dialogar em meio ao caos que nos rodeava e ao qual não poderíamos combater sozinhos. […] Mas tudo mudou anos depois, quando a vida começou a ficar mais pesada e segredos se tornaram comuns. Desde então, Otávio seguiu um caminho diferente do meu nesse aspecto, tornando-se um oposto, enquanto eu me fechava cada vez mais.Por mais que os problemas familiares tivessem nos separado, nos transformado, os anos que se passaram não cortaram aquele elo criado a duras penas lá na infância.” (Heróina, pág. 13)

Preocupada em revelar a personalidade única de cada personagem, Nana detalha as descrições físicas e emocionais de cada um. O foco é sempre nos problemas psicológicos que assolam o mundo, mas que a maioria ignora.

Viciada em mangás, Nana Lees criou em Heroína um novo mundo para expressar suas próprias ideias – sempre com um lado reflexivo e um tanto bem humorado.

Livros, Resenhas

Resenha: Verity, Colleen Hoover

O amor é capaz de superar a pior das verdades? Verity Crawford é a autora best-seller por trás de uma série de sucesso. Ela está no auge de sua carreira, aclamada pela crítica e pelo público, no entanto, um súbito e terrível acidente acaba interrompendo suas atividades, deixando-a sem condições de concluir a história… E é nessa complexa circunstância que surge Lowen Ashleigh, uma escritora à beira da falência convidada a escrever, sob um pseudônimo, os três livros restantes da já consolidada série. Para que consiga entender melhor o processo criativo de Verity com relação aos livros publicados e, ainda, tentar descobrir seus possíveis planos para os próximos, Lowen decide passar alguns dias na casa dos Crawford, imersa no caótico escritório de Verity – e, lá, encontra uma espécie de autobiografia onde a escritora narra os fatos acontecidos desde o dia em que conhece Jeremy, seu marido, até os instantes imediatamente anteriores a seu acidente – incluindo sua perspectiva sobre as tragédias ocorridas às filhas do casal. Quanto mais o tempo passa, mais Lowen se percebe envolvida em uma confusa rede de mentiras e segredos, e, lentamente, adquire sua própria posição no jogo psicológico que rodeia aquela casa. Emocional e fisicamente atraída por Jeremy, ela precisa decidir: expor uma versão que nem ele conhece sobre a própria esposa ou manter o sigilo dos escritos de Verity?
“Distintamente sinistro, com um verdadeiro toque de [Colleen] Hoover. Estive esperando um thriller como esse por anos.” – Tarryn Fisher, coautora da série Nunca Jamais

Diferente das outras obras de Colleen Hoover, ela traz Verity como um suspense que realmente te prende do começo ao fim.

Já digo de inicio que Colleen Hoover é minha escritora preferida de todos os tempos e essa obra devorei em 3 horas. Na minha opinião, por ter escolhido esse gênero e o modo como narrou a estória foi sua obra mais distinta.

O livro é dividido entre duas protagonistas, por um lado temos Verity Crawford, que é quem rouba a cena e dá o nome ao livro. Verity é mostrada através do manuscrito da sua dita autobiografia, através de comentários do seu marido Jeremy, através dos olhos de Lowen e o que ela pensa da autora depois de tudo que leu… Ainda assim, Verity é uma personagem que vai te instigar do início ao fim.

Por outro lado temos Lowen Ashleigh, uma escritora de romances de suspense que vive em Nova Iork mas que é o completo oposto da cidade, é quieta e na dela, quase não sai de casa, não dá entrevistas e não gosta de visibilidade.

A vida das duas protagonistas se cruzam no momento que Jeremy, marido de Verity, procura Lowen para que a mesma termine como Co-Autora a série de livros de sua esposa, que sofreu um grave acidente.

Lowen é convidada a ir a casa de Jeremy e Verity para trabalhar no escritorio da escritora, para entender seus manuscritos e começar a dar vida aos próximos três livros da série, e é ai que ela acha a então “biografia” de Verity Crawford.

A estória é narrada em primeira pessoa por Lowen e há os capítulos da autobiografia de Verity, narrados por ela. A narrativa deste livro é de uma inteligência e ousadia que poucos autores possuem.

E aqui é onde isso fica real. As entranhas da minha autobiografia. Esse é o ponto em que outros autores melhorariam suas imagens, em vez de se lançarem em uma máquina de raio-x.

Mas não há luz para onde estamos indo. Este é seu último aviso.
Escuridão à frente.

Quanto mais tempo Lowen passa na casa dos Crawford mais ela e Jeremy vão se aproximando, e é ai que coisas estranhas começam a acontecer.

Passei a maior parte da minha vida não confiando em mim durante o sono. Agora estou começando a não confiar em mim mesmo quando estou acordada.

Verity é uma obra que possui cenas muito gráficas e incômodas, principalmente no que se refere a assuntos relacionados à maternidade. É de revirar o estômago algumas cenas e igual a Lowen eu também tinha que parar de ler o livro e respirar um pouco. Esse é um daqueles livros que quanto menos a gente souber, melhor.

Diversas vezes me arrepiei e pensava em como um ser humano poderia agir de tal maneira, a presença de Verity traz calafrio, suas palavras não são necessárias, tudo o que ela queria dizer está escrito em sua autobiografia, e são essas as partes mais perturbadoras da estória.

Tanto como Verity é a alma do livro, Lowen também é uma personagem muito complexa, ela sofre de sonambulismo e diversas vezes questiona sua própria sanidade. E digo que nós, leitores, também questionamos sua sanidade quando aqueles acontecimentos misteriosos apareciam. Será que eram só na cabeça de Lowen? Ou ela estava sendo sugestionada pela biografia de Verity?

Mas quem assiste as vezes Investigação Discovery sabe muito bem que poderia ser verdade o que Lowen via.

Também há outro personagem que é raro e traz uma desconfiança, Jeremy Crawford. Ele é aquele tipo de personagem bom demais para ser verdade… Pai amoroso, marido paciente. se por um lado eu queria confortá-lo por tudo o que ele já havia sofrido, por outro eu queria confrontá-lo. Teria ele algo a ver com o acidente de Verity? Sua devoção à esposa é culpa ou amor incondicional?

A obra apresenta Crew, de 5 anos, filho de Jeremy e Verity que conversa com a mãe… mas a mãe não fala… então será que ele só imagina que está conversando com ela? Ele é bem assustador as vezes.

E fica em aberto a enfermeira de Verity que logo de cara não gosta de Lowen, mas essa foi uma personagem que não consegui interpretar.

Somos capazes de separar a realidade da ficção de tal forma que parece que vivemos em dois mundos, mas nunca os dois mundos ao mesmo tempo…

Se disser qualquer coisa a mais entra em spoilers então eu fico por aqui com vocês.

Eu realmente ainda não sei o que pensar desse livro, o final ainda tá na minha cabeça assim como todo o resto da história, ela conseguiu jogar direitinho comigo, acabei não chegando a uma conclusão sobre o que eu acho que realmente aconteceu, mas gostaria de pensar que uma pessoa não possa fazer tantas maldades.

Insano, dúbio, intenso, frio, impiedoso, arrebatador. Verity mostra um outro lado da criatividade de Colleen Hoover, como todos os livros dela, esse também me deixou com uma ressaca literária.

Acredito que muita gente abandone a história, pela forma que ela conduz e descreve alguns temas e situações, que são difíceis de digerir realmente, mas a minha dica é que não abandone, por mais que seja impactante, porque o final vai te surpreender.

Livros, Resenhas

Resenha: Ricardo & Vânia, Chico Felitti

Conheci Ricardo & Vânia há algum tempo, por intermédio da minha amiga Stephanie. Na época, por algum motivo, entramos no assunto do livro, Ricardo – antes conhecido como Fofão, personagem caricato da Rua Augusta. Eu não sabia da repercussão da sua matéria no Buzzfeed, não sabia sequer de sua história. Mas já tinha o visto em uma das minhas passagens por São Paulo, a trabalho.

Não sendo de São Paulo, quando o vi, eu achei curioso mas não sabia que era uma figura tão caricata da cidade, que era tão conhecido por todos. Li a matéria do Buzzfeed durante alguns dias, era extensa e eu aproveitava os intervalos no meu trabalho para entender aquela história. Sentia um misto de querer saber tudo com ler com cuidado pra não acabar logo e não apreciar da forma correta. Sequer sabia sobre o jornalista que a escrevera também.

Tempo depois, Stephanie virou amiga do autor e me indicou o livro variadas vezes. Numa dessas indicações, resolvi comprar o e-book e jogar no Kindle, pra ver quando eu teria tempo de ler. Acabei na mesma semana.

Ricardo & Vânia conta a história do Fofão, apelido ofensivo que ganhara e quase virou seu nome, mas felizmente não virou e esse livro traduz perfeitamente o porquê e o porquê de nós, jornalistas, temos que cumprir nosso papel social. Seu nome é Ricardo Correa da Silva. Circulava pela rua Augusta há 20 anos, anônimo por muitos (exceto pelo apelido), onde panfletava, pedia esmola e às vezes, assustava algumas pessoas com o seu jeito, para não dizer aparência.

O que a gente não sabia, ao ver aquela figura, é que Ricardo foi um cabeleireiro disputado nos anos 70 e 80, mas que sua história foi ao céus ao mesmo tempo em que atingiu o inferno. Frequentador do underground, esquizofrênico, drag queen, artista de rua e muitas outras coisas, Ricardo chegou do interior e viveu sua vida no auge, por muito tempo, atendendo famosas e a elite paulistana.

Sua história, sobretudo a sua relação com o silicone que injetava na face, é curiosa. Ele tinha a obsessão pela fama, ao mesmo tempo em que sua doença o fazia acreditar que já era muito famoso (o que não deixa de ser uma verdade) e Chico consegue ir fundo na sua história e trazer de volta sua identidade, que há muito havia sido esquecida, inclusive pela família.

Nessa investigação, ficamos boquiabertos com as descobertas ao mesmo tempo em que sentimos raiva e gratidão. Pelo menos eu. Raiva pelo descaso. Ricardo esteve no meio de gente influente e terminou sem ninguém ao seu lado. Ele era indomável, nisso podemos concordar, mas ainda sim abre o parêntese da reflexão por todo o descaso em que passou em vida. Lhe fora negado seu nome, sua identidade, seu status como ser humano. Ricardo, chamado de Fofão, sequer era um ser humano para as pessoas que passavam ao seu lado.

Gratidão pela reportagem de Felitti. Por ir tão fundo e devolver a identidade a Ricardo, por recusar veementemente a chama-lo de Fofão e ir ao infinito para descobrir seu nome. Todos tem um nome e tem direito a ele. Gratidão por não transformar sua história em um espetáculo que faria todos se divertirem às custas de alguém que não está ouvindo a mesma música. E sequer teve uma mão amiga que perguntou se queria que trocassem o som.

Perguntamos onde ele aprendeu a falar línguas. “Eu já corrigi erros de tradução da Bíblia antiga. Quando a Bíblia era transmitida através de mantras.”

Nessa investigação, também conhecemos Vânia, que um dia se chamou Vagner e foi o grande amor da vida de Ricardo. Vânia foi o amor da vida, não para a vida. Ela seguiu em frente, foi morar na Europa e reconstruiu sua vida de incontáveis maneiras. Ela é o contraste e isso que torna tudo tão especial.

Acompanhamos os últimos dias de Ricardo em vida e o recomeço de Vânia, cuja história poderia ser coadjuvante com a história de Ricardo, mas o acaso é algo que não conseguimos prever.

Ricardo & Vânia tem histórias que beiram a fantasia. É incrível reviver tantas memórias, de pessoas comuns, de forma que você para alguns minutos para digerir e imaginar como aquilo pode realmente ter acontecido na vida real, porque a gente só vê em filmes. A escrita de Felitti é leve e te leva na viagem na busca da identidade, junto com ele e sua mãe, personagem presente nas páginas.

É uma leitura que, se ainda não é, deveria ser obrigatória nos cursos de Jornalismo por aí. Não li na faculdade, mas sinto que se tivesse lido, minha visão e relação com as fontes seria outra.

Atrás de cada fonte, há uma pessoa. Atrás de cada pessoa, há uma história, há amores, há desencontros, há acasos. E se é uma pessoa, se é uma história… ela vale a pena ser contada.

Atualizações

BECO NA BIENAL: ESPECIAL A.J. FINN #18

Tenho a sensação de que dentro de você, em algum lugar, há algo de que ninguém conhece.

A.J. Finn

 

Através das adversidades, para as estrelas.

A.J. Finn

 

Minha querida menina, você não pode continuar batendo sua cabeça contra a realidade e dizendo que ela não está lá.

A.J. Finn

 

 

Hey Becudos! Preparados para mais um especial para a cobertura de um dos eventos mais esperados do ano? A 25ª Bienal Internacional do Livro!

No nosso espaço de hoje, temos A. J. Finn. Para quem não sabe, esse não é o seu nome verdadeiro, você acredita? Sim, A. J. Finn é na verdade um pseudônimo para Daniel Mallory. Formado na Oxford University, foi crítico literário do Los Angeles Times, The Washington Post e The Times Literary Suplemment.

“A mulher na Janela “ foi seu livro de reconhecimento internacional ao ser conhecido em trinta e seis países. Foi tanto sucesso que a Fox – empresa de comunicação em massa – pagou a batela de um milhão de dólares para tornar o livro em longametragem.

A história da inspiração para escrever este livro tão promissor, que próprio o autor o chama de “A janela indiscreta de Alfred Hitchcock para o século 21”, é que ainda deitado em seu apartamento em Nova Iorque assistindo várias vezes o filme “Janela Indiscreta”, ele repentinamente olha de sua janela e vê sua vizinha acendendo a luz de sua casa. Em um momento perfeito, a personagem James Stewart diz: “Não espione seu vizinho porque alguma coisa muito ruim pode acontecer”, a fala/frase estava perfeita para aquela situação.  Esse foi o nascimento de Anna Fox, esse foi o início de “A mulher na Janela”.

O autor reconhece que o fato de ter trabalho na edição de livros facilitou e muito o seu oficio de escritor. A obra se apresenta ao leitor com capítulos curtos, mas com uma narrativa surpreendente e ao leitor atento causa fruição. É o desejo do escritor criar um livro assim, segundo ele:

 

 “A leitura é a melhor forma de aprendizagem e o que me ajudou a escrever essa história foi ter vivido como um leitor” – A.J. Finn

 

Um jogo rápido para curiosidades sobre o autor:

a] Apesar de ter nascido e estar morando em Nova Iorque, Finn morou dez anos em Londres e em ambos trabalhou na edição de livros

b] Ao ser diagnosticado com depressão, Finn parou de trabalhar como crítico literário e passou seis semanas aproveitando a vida e fazendo tudo que ele quisesse.

c] A sua luta contra a doença durou 15 anos

d] Foi influenciado a escrever depois de ter lido “A Garota Exemplar” – Gillian Flyn

e] Agatha Christie e Sherlock Holmes eram leituras de cabeceira da juventude de Finn

intrínseca
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Resenha: Simon vs a agenda Homo Sapiens

“Embora essa coisa toda de sair do armário no fundo não me assuste. Acho que não. É uma caixa gigantesca cheia de constrangimento, e não vou fingir que anseio por esse dia. Mas provavelmente não seria o fim do mundo. Não para mim.”

Simon tem 16 anos e é gay, mas ninguém sabe disso. Embora tenha amigos muito próximos e uma família bastante única, ele escolheu não sofrer os dramas de “sair do armário” ainda. Em Simon vs a agenda Homo Sapiens, somos apresentados à  vida  desse personagem carismático, que troca e-mails  secretos com Blue – um menino cuja identidade ele desconhece e para quem também omite a sua.

“Você não acha que todo mundo devia ter que sair do armário? Por que o comum é ser hétero? Todo mundo devia ter que declarar o que é; devia ser uma coisa bem constrangedora, não importa se você é hétero, gay, bi ou sei lá o que.”

O ponto chave do livro é a confiança e os diálogos estabelecidos entre Blue e Simon, dois garotos gays, estudantes da mesma escola e que não se conhecem pessoalmente, mas sabem tudo sobre os pensamentos e sentimentos um do outro.  A história, escrita por Becky Albertalli, autora do best seller Os 27 Crushes de Molly,  traz assuntos extremamente relevantes como primeiro amor, descoberta da sexualidade e racismo, mas sempre mantendo certo tom de leveza e graça. Os personagens são muito bem construídos, fazendo com que nos afeiçoemos pelas suas particularidades e Simon narra tudo de forma a nos entreter e fazer-nos articular com seus  questionamentos adolescentes.

“É mesmo irritante que hétero (e branco, diga-se de passagem) seja o normal e as pessoas que precisam pensar sobre sua identidade sejam só aquelas que não se encaixam nesse molde”.

O relacionamento desenvolvido com Blue traz a dose certa de romance (e fofura) necessária ao livro. Todo o envolvimento dos dois é baseado nas conversas que eles têm pela internet – sem saber as características físicas ou,  até, sem saber qualquer coisa da personalidade que pudesse revelar a identidade de ambos.  O livro é um Young Adult que cativa o leitor. A adaptação para cinema está para ser lançada (22/03) sob o título de Com amor, Simon, o que fez com que os livros ganhassem uma capa e nome relacionados ao filme. Então, corra para ler essa história e se apaixonar por Simon e Blue.

Atualizações, Livros, Resenhas

Resenha: Outlander: A Libélula no Âmbar, Diana Gabaldon

Sinopse: Claire Randall guardou um segredo por vinte anos. Ao voltar para as majestosas Terras Altas da Escócia, envoltas em brumas e mistério, está disposta a revelar à sua filha Brianna a surpreendente história do seu nascimento. É chegada a hora de contar a verdade sobre um antigo círculo de pedras, sobre um amor que transcende as fronteiras do tempo… e sobre o guerreiro escocês que a levou da segurança do século XX para os perigos do século XVIII. O legado de sangue e desejo que envolve Brianna finalmente vem à tona quando Claire relembra a sua jornada em uma corte parisiense cheia de intrigas e conflitos, correndo contra o tempo para evitar o destino trágico da revolta dos escoceses. Com tudo o que conhece sobre o futuro, será que ela conseguirá salvar a vida de James Fraser e da criança que carrega no ventre?

 

A Libélula No Âmbar é o segundo livro da série Outlander, escrita por Diana Gabaldon (e traduzida por Geni Hirata),  lançado pela editora Saída de Emergência Brasil; e, continua a história de amor que resiste e atravessa o tempo de Claire & Jamie FraserE digamos que nesse livro o tempo realmente coloca  o amor dos dois à prova, já que Claire está de volta à sua linha temporal correta, no século XX, enquanto Jamie continua no século XVIII.

E é assim que Diana Gabaldon inicia o seu livro, pegando o leitor de surpresa, com Claire, já nos seus 40 anos, e em 1968. Além de uma filha ruiva de 20 anos, chamada Brianna, que foi criada por Frank RandallNão sabemos como ou o porquê Claire voltou para o seu tempo, e é nessa obscuridade que Diana Gabaldon nos deixa por alguns capítulos. No início de a Libélula no Âmbar, Claire está viúva de Frank e ela e sua filha Brianna, para se afastar das memórias e do luto nos EUA, viajam para a Escócia. Claire está determinada a saber o que aconteceu com Jamie, e se ele realmente morreu na Revolução de 45. E em meio à memórias boas e dolorosas das Terras Altas, Claire também está determinada a contar para sua filha sobre Jamie, que é seu verdadeiro pai.

Na Escócia elas ficam hospedadas com Roger MacKenzie, filho adotivo do Reverendo Reginald Wakefield (que Claire conheceu com Frank no início de A Viajante do Tempo), e historiador que sabe sobre tudo o que aconteceu na Revolução de 45 — e que será futuro interesse amoroso de Brianna, além de outro mistério com o seus ancestrais. Em meio à buscas historiográficas, brumas, mistérios e lembranças, a narrativa volta para o século XVIII, onde Claire e Jamie fugiram da Escócia para a França, com o plano de impedir que Charles Stuart organize a Revolução de 1945 para retomar o trono escocês.

Na França, o casal deve fazer amizades influentes na corte francesa, participar de bailes luxuosos, e tramar traições políticas. Um dia normal e tranquilo na vida dos Fraser! Vários eventos acontecem na vida do casal — alguns bem trágicos — que levam a separação do casal, com Claire voltando grávida de Jamie para 1945; e, Jamie em 1745, tendo que lutar na revolta dos escoceses que estava fadada ao fracasso.

Eu tenho uma relação complicada com a Diana Gabaldon. Eu, como muitas pessoas, conheceu a sua obra através da série Outlander da Starz, e após o término da primeira temporada fui correndo ler o primeiro livro da série, A Viajante do Tempo, e me apaixonei ainda mais pela história de amor entre Claire e Jamie, e pela prosa de Diana, que consegue unir fantasia e fatos históricos como ninguém. Porém, tinha algumas ressalvas, ressalvas essas que ficaram mais acentuadas na leitura deste e do terceiro livro (apesar de estar fazendo a resenha só do segundo livro, já li as partes 1 e 2 de O Resgate no Mar).

A Libélula no Âmbar é um livro lento, que começa fora da ordem cronológica, e o leitor deve ser paciente para que a história comece a engrenar (o que me fez pausar a leitura por muito tempo), e com alguns desenvolvimentos de tramas e personagens um pouco discutíveis. Porém, longe de mim dizer que foi uma leitura ruim: Diana Gabaldon continua a me envolver com a sua história e com os seus personagens, e em vários momentos ela consegue esmagar o coração do leitor em mil pedacinhos (eu sei que o meu foi).

“— Eu vou encontrar você. — ele sussurrou em meu ouvido. — Eu prometo. Mesmo que eu tenha de suportar duzentos anos de purgatório, duzentos anos sem você — então essa é a minha punição, que eu mereci por meus crimes. Porque eu menti, matei, roubei; trai e quebrei confiança. Mas tem uma coisa que deverá estar na balança. Quando eu estiver na frente de Deus, eu terei uma coisa para dizer, para pegar contra todo o resto. — sua voz caiu. — Deus, você me deu uma mulher rara, e Deus! Eu a amei da maneira certa.”

ATENÇÃO ALGUNS SPOILERS ABAIXO

O meu primeiro grande problema durante a leitura de A Libélula no Âmbar foi a trama arrastada. Diana é um autora minuciosa em sua escrita, ela realmente gosta de detalhar e ela dá muita importância para detalhes: seja descrições de lugares e personagens, sejam tramas paralelas à principal. Bom, isso não é realmente um problema, e inclusive gosto quando os escritores trabalham cada detalhe da história que será importante para o futuro da trama. Isso significa que ele tem total controle sobre a história que quer contar, e isso é bom! Envolvendo o leitor aos poucos, e tramas que não são inicialmente importantes, quando o leitor menos espera se tornam de suma importância para o arco principal. Esse aspecto foi bem trabalhado em A Viajante do Tempo, que apesar de também ser extenso e cheio de detalhes e tramas paralelas, não foi (tão) arrastado quanto o seu sucessor.

Muitas tramas e personagens paralelos principalmente na França que no fim só serviram para encher a barriga do livro, o que é uma pena, pois muitos pareceram bem interessantes. Outros a narrativa fez parecer que seriam mais importantes do que  realmente foram (estou olhando pra você Conde de St. Germain!).

Outro ponto que é o que mais me incomodou (e piora no terceiro livro) foi o estupro como recurso narrativo para personagens femininas. Em A Viajante do Tempo, quando Claire viaja no tempo e vai parar em 1745,  logo quando pisa os seus pés naquele tempo, sofre uma tentativa de estupro de Jack Randall. Ao longo do primeiro livro, a personagem sofre outras tentativas de estupro. Você pode argumentar que como ela estava no século XVIII isso era algo “esperado” de se acontecer. Violência sexual era algo muito comum naquela época (não preciso nem falar que ainda é, não é?!), e nada acontecia com os agressores, pois era toda uma cultura patriarcal e misógina, onde a mulher não tinha nenhum direito, e eram vistas como meros ornamentos e reprodutoras…

Pois bem, eu concordo que como a história se passa no século XVIII seria “inevitável” a autora abordar esse assunto (apesar de que na maioria das vezes, acho esse recurso problemático e preguiçoso, mas enfim).  No entanto, quando se aborda um tema tão problemático, traumatizante e atual como o estupro, Diana como uma escritora do século XXI deveria abordar esse tema com mais delicadeza e mais impacto na vida das personagens femininas. Ela soube abordar o assunto quando se tratou de Jamie. O arco do estupro de Jamie e o seu trauma foi um dos mais cruéis, sofridos, e bem escritos da literatura atual. Diana soube lidar com o trauma que o Jamie passou de uma forma fantástica, afinal o personagem sofreu uma das piores violências que um ser humano pode sofrer: a de ter o seu corpo violado de tal forma, como se você fosse menos que um ser humano. Uma violência que uma vez sofrida afeta todo o seu psicológico e vários aspectos de sua vida, e para seguir em frente é difícil e doloroso.

O arco de Jamie não foi gratuito, e isso moldou o personagem em um nível psicológico muito alto e profundamente (e que ficará com ele, inclusive, nos próximos livros). E não foi algo de supetão que ele logo superou e seguiu em frente. Foram capítulos com Jamie lidando com o seu trauma. O mesmo não ocorre com suas personagens femininas. Claire não foi estuprada (pelo menos até o terceiro livro), mas ela sofreu inúmeras tentativas de estupro, ao longo do primeiro livro e no segundo (em uma cena em que a personagem estava grávida, inclusive), e em nenhum momento foi tratado com a seriedade e com o trauma necessários. Claire é uma personagem feminina que podemos caracterizar como personagem feminina forte, com características complexas, decidida, independente, etc. Mas, isso não quer dizer que ao sofrer repetidas tentativas de estupro ela simplesmente seguiria em frente, como se nada tivesse acontecido. Ninguém seguiria. Ao abordar um assunto tão sério como a violência sexual é necessário tirar um tempo para trabalhá-lo de forma apropriada e com calma. Não pode ser jogado como se fosse algo banal, ou “mais um perigo que Claire deve passar para Jamie vir salvá-la”. E isso para qualquer violência ou trauma. Por exemplo quando ocorre a morte de um personagem, o peso do luto deve ser trabalhado nos outros personagens. Assim o leitor cria empatia por aquela história, se tornando mais crível.

E a Claire não é a única personagem feminina de Diana Gabaldon a ter o estupro como recurso narrativo. Mary Hawkins é uma personagem que é introduzida nesse segundo livro, e em um ataque em que Claire (grávida) também sofre, Mary é estuprada. A partir de então pouco se desenvolve de seu trauma, só que obviamente a menina ainda está em choque e sofrendo, enquanto os personagens ao seu redor ficam com pena, mas ao mesmo tempo acham que ela já está irritando e que ela deve “engolir o choro e superar”. E no fim a menina ainda tem que se casar com Jack Randall… Mas o que esperar, se a autora não aborda isso corretamente nem com a sua personagem principal, e ainda tem umas declarações beeeem problemáticas e de culpabilização da vítima?! 

Mas como eu disse, a leitura de A Libélula no Âmbar não foi ruim, e inclusive me emocionei em vários momentos. Quero destacar o capítulo doloroso em que Claire sofre um aborto espontâneo da primeira filha do casal. É um capítulo doloroso e belamente escrito. O capítulo posterior com ela e Jamie tendo que lidar com essa perda é muito doloroso. Chorei muito e sofri com os dois. A cena de despedida de Claire e Jamie também foi uma das mais belas, emocionantes e tristes que a Diana já escreveu, e quebrou o meu coração em todos os pedaços possíveis! E no final, aquele fio de esperança quando Claire descobre que Jamie sobreviveu e que ela pode voltar para o passado!

Se você é fã da série Outlander e nunca leu os livros, fica aqui a minha dica para a leitura e para você conhecer a versão literária dos seus personagens preferidos e a escrita envolvente (apesar das minhas ressalvas) de Diana Gabaldon.

Os próximos livros são  O Resgate no Mar Partes 1 e 2, e eles também terão resenha aqui no Beco Literário, fiquem ligados!