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Doutor Sono
Críticas de Cinema, Filmes

Crítica: Doutor Sono (Doctor Sleep, 2019)

Doutor Sono é uma adaptação do livro de mesmo nome de Stephen King que dá sequência a série “O Iluminado”. No geral, é um bom filme, mas não se parece com O Iluminado. São dois filmes diferentes com gêneros diferentes que em alguma hora se cruzam. Doutor Sono poderia ser facilmente uma história de origem de tudo o que acontece se quisessem seguir uma linha do tempo contínua a partir de agora. Não espere um Iluminado 2, estou avisando,

Ainda extremamente marcado pelo trauma que sofreu quando criança no Hotel Overlook, Dan Torrance lutou para encontrar o mínimo de paz. Essa paz é destruída quando ele encontra Abra, uma adolescente corajosa com um dom extrassensorial, conhecido como Brilho. Ao reconhecer instintivamente que Dan compartilha seu poder, Abra o procura, desesperada para que ele a ajude contra a impiedosa Rose Cartola e seus seguidores do grupo Verdadeiro Nó, que se alimentam do Brilho de inocentes visando a imortalidade. Ao formarem uma improvável aliança, Dan e Abra se envolvem em uma brutal batalha de vida ou morte com Rose. A inocência de Abra e a maneira destemida que ela abraça seu Brilho fazem com que Dan use seus próprios poderes como nunca, enquanto enfrenta seus medos e desperta os fantasmas do passado.

O começo do filme é parecido com o livro, apesar de não mostrar tudo, mostra o quão poderosa é Abra e o quanto a performance de Rose estará presente durante toda a trama. O enredo se baseia no quanto a paz de espírito de Dan é destruída quando ele conhece Abra e posteriormente, com o aparecimento Rose. Nesse filme, Dan se mostra um pouco mais poderoso que antes, em algumas cenas capazes de nos tirar arrepios (falando sério!).

Há algumas cenas melhoradas com relação ao livro, como por exemplo na cena do True Knot/Verdadeiro Nó, quando no livro o Dan só tem uma arma e a usa por necessidade, no filme ele está praticamente como o Rambo pra cima de todo mundo. É uma cena maravilhosa, que fez toda a sala de cinema vibrar junto com a trama. Claro que, Dan mais poderoso também contribuiu para essas cenas fortes, assim como posteriormente, quando ele vê Dick novamente sem saber que é ele mesmo. Satisfaz nossos corações ver essa evolução de personagens, mesmo o filme não tendo aquele fio que conecta com o que veio antes de forma tão poderosa.

Por fim, me resta dizer que o filme não tenta ser um Iluminado 2, definitivamente (vou repetir isso quantas vezes forem precisas). É um filme próprio, dentro do mesmo universo. Enquanto no primeiro filme vemos um Dan meio enfraquecido, sem poder falar muito sobre seus próprios poderes, agora vemos que ele não é tão poderoso quanto Abra, mas mesmo assim nunca esteve tão focado em melhorar suas habilidades como adulto, já que ele se tornou alcoólatra para escapar de tudo o que o torturou no primeiro filme.

É um filme perfeito para essa época de Halloween, apesar de ser extremamente difícil escrever uma crítica sem falar spoilers ou revelar muita opinião pessoal. Assista e vem aqui depois contar pra gente o que achou!

Bate Coração
Críticas de Cinema, Filmes

Crítica: Bate Coração (2019)

Bate Coração é o novo filme brasileiro da Downton Filmes com a Estação Luz Filmes, que estreia nos cinemas de todo o país amanhã, dia 7 de novembro. Com nomes como André Bankoff e Aramis Trindade no elenco, nós do Beco Literário fomos convidados para ver o filme em primeira mão e contar nossa opinião pra vocês!

O filme aborda algumas questões que devem ser revistas pela sociedade, e que deveriam ser tratadas com maior naturalidade. A protagonista, médica, é negra e a maior parte das personagens é travesti.

O enredo do filme começa a se basear anos atrás, quando Isadora e Cassandra faziam sucesso em boates LGBTQ+, porém, em uma das noites, Isadora tem uma oportunidade de crescimento profissional e deixa Cassandra sozinha nos palcos, muito magoada. Baseado nisso, a trama começa a se desenvolver quando Isadora e sua esposa encontram Cassandra e uma amiga durante a festa de ano novo, enquanto são vítimas de preconceito por motoqueiros.

Indignada e querendo ajudar a amiga, Isadora os espanta, mas acaba sendo atropelada. Por outro lado, Sandro, típico garanhão, está curtindo sua noite de revéillon com seu amigo em uma balada, escondido da namorada. Claro que ela descobre e vai até ele, que começa a passar mal e é levado com urgência ao hospital. Resultado? Precisa de um transplante de coração.

Isadora não resiste ao acidente e acaba morrendo, porém, seu coração é deixado para Sandro, que sobrevive por um milagre, tendo em vista que não é fácil conseguir um coração de forma tão rápida. É nesse crossover que começa o verdadeiro enrosco de toda a história do filme.

O espírito de Isadora passa a perseguir Sandro, buscando ver se ele é realmente merecedor daquele coração, que é a verdadeira razão dele estar vivo.

O antigo Sandro era pegador, levava uma vida bem agitada e após as assombrações de Isadora, ele resolve ir atrás do seu doador e, quando descobre a verdade, briga com a médica. Nisso, ele se exalta e mais uma vez passa mal, ocasião em que conhece Luiza, de apenas 11 anos, a espera de um transplante de coração. Nisso, ele percebe e cai em si com a grande sorte que teve.

Publicitário a frente de uma grande agência, realiza uma ação de doação de órgãos em prol de Luiza, que consegue e, após seu transplante, se recupera e faz o moço se apaixonar pela médica. Enquanto isso, Vera, ex-esposa de Isadora, organiza uma homenagem a ela com seu filho na mesma boate.

Com tudo em ordem, Sandro com um novo comportamento, Cassandra perdoando Isadora pelo acontecimento de anos atrás, Isadora decide que é sua hora de ir para o plano espiritual.

O filme é leve, com pitadas ácidas de humor e capaz de tirar risos e lágrimas da plateia, tudo ao mesmo tempo. Recomendo muito!

Lista de livros para vestibular
Atualizações, Livros

Vestibular: Lista definitiva de livros e análises para as provas

O vestibular é uma das épocas mais estressantes da vida de um estudante. Todas as matérias, ao mesmo tempo, em uma prova que dizem que vai definir a sua vida. Por isso, para aliviar um pouco esse fardo das suas costas, nós do Beco Literário preparamos uma lista com os principais livros divulgados para cada um dos vestibulares mais importantes do país. Alguns deles, já tem análise feita por professores de literatura postadas aqui no site. Olha só:

Livros para vestibular 2020

Universidade de Taubaté – Unitau

  • Coração, cabeça e estômago (Camilo Castelo Branco)
  • Triste Fim de Policarpo Quaresma (Lima Barreto)
  • Memorial de Aires (Machado de Assis)
  • Primeiras estórias (João Guimarães Rosa)
  • Laços de Família (Clarice Lispector)
  • Nós matamos o cão tinhoso (Luis Bernardo Honwana)
  • Hibisco roxo (Chimamanda Nzozie Adichie)
  • Poemas negros (Jorge de Lima)
  • Toda poesia (Paulo Leminski)

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP

  • Claro enigma (Carlos Drummond de Andrade)
  • Iracema (José de Alencar)
  • Mayombe (Pepetela)
  • O guardador de rebanhos (Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa)
  • Sagarana (João Guimarães Rosa)

Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC-PR

  • Estrela da vida inteira (Manuel Bandeira)
  • O Auto da compadecida (Ariano Suassuna)
  • Relato de um certo oriente (Milton Hatoum)

Universidade de São Paulo – USP/Fuvest

  • Poemas Escolhidos (Gregório de Matos)
  • Quincas Borba (Machado de Assis)
  • Claro Enigma (Carlos Drummond de Andrade)
  • Angústia (Graciliano Ramos)
  • A Relíquia (Eça de Queirós)
  • Mayombe (Pepetela)
  • Sagarana (Guimarães Rosa)
  • O Cortiço (Aluísio Azevedo)
  • Minha Vida de Menina (Helena Morley)

Associação Catarinense das Fundações Educacionais – ACAFE

  • Quarto de despejo: diário de uma favelada (Carolina Maria de Jesus)
  • Capitães da areia (Jorge Amado)
  • Melhores contos de Lygia Fagundes Telles (Editora Global)
  • Cemitério dos vivos (Lima Barreto)
  • Os milagres do cão Jerônimo (Péricles Prade)

Universidade do Estado de Santa Catarina – Udesc

  • O conto da mulher brasileira (Edla van Steen)
  • Cemitério dos Vivos (Lima Barreto)
  • Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis)
  • Melhores Poemas (Paulo Leminski)
  • Os milagres do cão Jerônimo (Péricles Prade)

Universidade Estadual Do Sudoeste Da Bahia – UESB

  • A farsa de Inês Pereira (Gil Vicente)
  • Anésia Cauaçu (Domingos Ailton)
  • A audácia dessa mulher (Ana Maria Machado)
  • Olhos d’água (Conceição Evaristo)

Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG

  • Vidas Secas (Graciliano Ramos)
  • Obra completa de Murilo Rubião
  • Vestido de noiva (Nelson Rodrigues)
  • Toda poesia (Paulo Leminski)
  • Quarto de despejo (Carolina Maria de Jesus)

Universidade Federal do Paraná – UFPR

  • O Uraguai (Basílio da Gama)
  • Últimos Cantos (Gonçalves Dias)
  • Casa de Pensão (Aluísio de Azevedo)
  • Clara dos Anjos (Lima Barreto)
  • Sagarana (Guimarães Rosa)
  • Morte e Vida Severina (João Cabral de Melo Neto)
  • Nove Noites (Bernardo Carvalho)
  • Relato de um certo oriente (Miltom Hatoum)

Universidade Estadual do Paraná – Unespar

  • Iracema (José de Alencar)
  • Lira dos 20 Anos (Álvares de Azevedo)
  • Sagarana (Guimarães Rosa)
  • Pau Brasil (Oswald de Andrade)
  • O Filho Eterno (Cristóvão Tezza)

Insituto Técnico de Aeronáutica – ITA

  • O Alienista (Machado de Assis)
  • A Hora e Vez de Augusto Matraga (Guimarães Rosa)
  • São Bernardo (Graciliano Ramos)

Universidade de Passo Fundo – UPF

  • Lucíola (José de Alencar)
  • Alguma Poesia (Carlos Drummond de Andrade)
  • O cavalo cego (Josué Guimarães)
  • Poemas da recordação e outros movimentos (Conceição Evaristo)
  • Álbum de família (Nelson Rodrigues)
  • Machado (Silviano Santiago)

Cásper Líbero

  • Quincas Borba (Machado de Assis)
  • Sagarana (Guimarães Rosa)
  • Minha Vida de Menina (Helena Morley)

Universidade Estadual de Londrina – UEL

  • A hora da estrela (Clarice Lispector)
  • Alguma poesia (Carlos Drummond de Andrade)
  • Vozes anoitecidas (Mia Couto)
  • Amor de perdição (Camilo Castelo Branco)
  • Clara dos Anjos (Lima Barreto)
  • Comédia para se ler na escola (Luis Fernando Veríssimo)
  • O demônio familiar (José de Alencar)
  • O filho eterno (Cristovão Tezza)
  • Poemas escolhidos de Gregório de Matos (Gregório de Matos)
  • Quarenta dias (Maria Valéria Rezende)
Estreias de novembro no cinema e na Netflix
Atualizações

Estreias de novembro no cinema e na Netflix

Novembro finalmente deu início a temporada de fim de ano e com ela vem MUITOS LANÇAMENTOS que estávamos morrendo de ansiedade para conhecer. Confira nossa lista com todas as estreias de novembro no cinema e na Netflix:

Estreias de novembro no cinema

07 de novembro

  • Doutor Sono
  • Parasita
  • Bate Coração
  • Link Perdido
  • Cadê você, Bernadette?
  • Meu amigo Fela
  • Ventos para a liberdade
  • O Relatório
  • Mama Colonel
  • Retablo
  • Cine São Paulo
  • Fernando
  • O Outro Lado da Memória

14 de novembro

  • As Panteras
  • Invasão ao Serviço Secreto
  • Dora e a Cidade Perdida
  • Ford vs. Ferrari
  • Diz A Ela Que Me Viu Chorar
  • A Camareira
  • Azougue Nazaré
  • Estaremos Sempre Juntos
  • Um Amante Francês
  • Adam
  • Midway – Batalha em Alto Mar
  • Medo Profundo: O Segundo Ataque
  • Fogo Contra Fogo Direção: Man

21 de novembro

  • A Vida Invisível
  • Mais que Vencedores
  • Um Dia de Chuva em Nova York
  • Bixa Travesty
  • O Reino Gelado: A Terra dos Espelhos
  • Synonymes
  • A Grande Mentira
  • A Revolução em Paris
  • PJ Harvey: Um Cão Chamado Dinheiro

28 de novembro

  • Os Parças 2
  • Uma Segunda Chance para Amar
  • Carcereiros – O Filme
  • As Golpistas
  • Duas Coroas
  • Bonnie Bears – Aventura em Miniatura
  • Liberdade É uma Grande Palavra
  • Mirante
  • A Resistência de Inga
  • Minha Irmã de Paris

Estreias de novembro na Netflix

  • Hache (01/11/2019)
  • Atypical: Temporada 3 (01/11/2019)
  • Nós Somos a Onda (01/11/2019)
  • The End of the F***ing World: Temporada 2 (05/11/2019)
  • Greenleaf: Temporada 4 (06/11/2019)
  • Grandes Momentos da Segunda Guerra em Cores (08/11/2019)
  • Brinquedos que Marcam Época: Temporada 3 (15/11/2019)
  • The Crown: Temporada 3 (17/11/2019)
  • Ninguém Tá Olhando (22/11/2019)
  • Alto Mar: Temporada 2 (22/11/2019)
  • NarcoWorld – Histórias do Tráfico (22/11/2019)
  • Feliz Natal e Tal (28/11/2019)
  • American Son (01/11/2019)
  • O Rei (01/11/2019)
  • Resgate do Coração (01/11/2019)
  • Drive (01/11/2019)
  • Comer Rezar Amar (01/11/2019)
  • Deixe a Neve Cair (08/11/2019)
  • Paradise Beach (08/11/2019)
  • Baywatch (09/11/2019)
  • Velozes e Furiosos 8 (11/11/2019)
  • Nada a Perder 2 (15/11/2019)
  • Klaus (15/11/2019)
  • Pássaro do Oriente (15/11/2019)
  • Um Passado de Presente (21/11/2019)
  • O Irlandês (27/11/2019)
  • O Natal Está no Ar (28/11/2019)
  • Arctic Dogs (29/11/2019)
  • Atlantique (29/11/2019)
Enem: livros e períodos literários que caem na prova
Livros

ENEM: autores e períodos literários que caem no exame

O ENEM não tem uma lista de livros obrigatórios, o que leva muitos estudantes a imaginar que não precisam ler nada para fazer uma boa prova. No entanto, de acordo com especialistas, a realidade é diferente: “embora a prova do ENEM não cobre livros específicos, há períodos e autores que aparecem com mais frequência”, afirma Cícero Gomes, da Evolucional, startup de educação baseada em evidências que realiza simulados modelo ENEM.

A prova do ENEM tem uma clara tendência à cobrança de autores e obras da Literatura Contemporânea e do Modernismo. “Considerando não só a aplicação principal, mas também a segunda aplicação, a prova PPL (para Pessoas Privadas de Liberdade), os exames cancelados e as provas em Libras, entre 2014 e 2018, o ENEM cobrou 63 itens de literatura contemporânea e 54 de Modernismo”, diz Cícero. “Todas as outras escolas literárias cobradas (Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Romantismo, Pré-modernismo, Barroco, Arcadismo, Classicismo, Simbolismo e Trovadorismo) somam apenas 27 itens nesses cinco anos”, completa o especialista.

E dentro das escolas literárias, existem autores preferidos pela banca elaboradora do ENEM? Ainda de acordo com análises feitas pela Evolucional, a resposta varia de acordo com o período. “Na Literatura Contemporânea, há uma variedade muito grande. Apenas alguns autores, como Chico Buarque e Luis Fernando Veríssimo, aparecem mais de uma vez nos últimos cinco anos.”, explica Cícero.

Quando se considera o Modernismo, há um grupo considerável de autores que aparecem com maior frequência. O professor Cícero Gomes traz os números: “Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Mário de Andrade e Manuel Bandeira aparecem em 27 dos 54 itens dessa escola cobrados entre 2014 e 2018”. Portanto, o estudante que conhecer a obra desses autores tem uma alta probabilidade de se sair melhor na prova.

Seria errado concluir, no entanto, que conhecer profundamente os livros e autores citados é garantia de bons resultados. A prova do ENEM é conhecida por valorizar a leitura, muito mais do que exigir a memorização de livros e escolas específicas. “Não se desespere se não conhecer algum autor ou obra citados no exame”, aconselha o especialista da Evolucional. “Leia o texto-base e, principalmente, o enunciado do item com atenção. Quase todas as questões de Linguagens do ENEM podem ser resolvidas com uma interpretação cuidadosa”.

MasterChef A Revanche
Filmes, Reviews de Séries

Review: MasterChef – A Revanche (Episódio 2)

MasterChef: A Revanche mal começou e as bombas já chegaram fortes na primeira temporada all stars do reality show culinário. Depois dos terríveis embates do primeiro episódio que eliminaram 10 cozinheiros e levaram os outros 10 para a competição em si, a primeira prova oficial da temporada veio pesada.

Divididos em dois grupos (vermelho e amarelo), os cozinheiros tiveram que preparar dois tipos de peixe (Namorado e Vermelho) para os 150 tripulantes do porta-helicópteros multipropósito Atlântico da Marinha Brasileira, o maior e mais importante navio da esquadra brasileira, que é utilizado, dentre outras coisas, para operações de ajuda humanitária.

A primeira prova em equipe da temporada não poderia começar de forma mais segregada. Os participantes tiveram 30 segundos para se dividir entre si nos grupos que cozinhariam dali em diante. Helton, que já começou insatisfeito com seu grupo, parece ter sido recusado no grupo amarelo, que se alinhou por afinidade.

Todas as provas são as mais desafiadoras do MasterChef até então, porém, essa tem um quê de revanche que não pode deixar de ser comentado. Alguns participantes, depois de suas respectivas temporadas, seguiram em frente com a carreira na gastronomia: fizeram faculdade, abriram restaurantes, cursos… Mas outros, não, e é aqui que essa mistura de amadores e profissionais começa a ficar estampada.

Thiago, o major, fica no comando da equipe amarela enquanto Fernando fica a frente da equipe vermelha, que ganha o par ou ímpar e cozinha o peixe Namorado. A avaliação dos pratos seria feita pelos tripulantes, mas os jurados avaliariam as performances individuais de cada cozinheiro.

A equipe amarela inicia a prova e transcorre por toda a sua duração de forma nebulosa, com alguns gritos e pouca organização, enquanto a vermelha, apesar de algumas dificuldades técnicas, parece ser a preferida dos chefes durante a execução dos pratos.

Porém, é no final que as coisas realmente se revelam e a equipe vermelha, atropelada, deixa de servir alguns pratos principais e tem insumos faltantes para a sobremesa. Se aproveitando da fraqueza, a equipe amarela então resolve por servir uma segunda porção de seus brownies para quem quisesse repetir. O resultado não poderia ser diferente: lavada. A equipe amarela ganha a primeira prova e sobe inteira para o mezanino.

De volta para a cozinha dos estúdios, antes da prova de eliminação, os chefes resolvem comentar as performances individuais de cada um da equipe vermelha, de forma que cada chefe salva um membro para o mezanino. Helton e Vitor B. se enfrentam em um mata-mata, na prova do Croquembouche.

Com muitas dificuldades técnicas ao longo da prova e insumos limitados pela equipe do programa, os dois participantes parecem conseguir entregar uma réplica bem fajuta do que foi apresentado como modelo, o que foi totalmente compreensível pelo tempo de prova e pelo mercado. Em uma decisão acirrada, Helton é o primeiro eliminado da temporada (e talvez o mais eliminado de todas as temporadas do MasterChef). Aparentando maior humildade nos comentários que das outras vezes, o garoto de 19 anos agradece os ensinamentos dos chefes, que o fazem prometer nunca voltar. Jacquin ainda comenta que é melhor que ele esteja fora do MasterChef que dentro, para que ele vire um cozinheiro e não um garoto propaganda.

Ao final, já com Ana Paula Padrão, ele ainda revela que começará um estágio nas próximas semanas com um renomado chefe de cozinha.

Análise Capitães da Areia, de Jorge Amado
Livros, Resenhas

Análise: Capitães da areia, Jorge Amado

O livro “Capitães da areia” é um dos grandes sucessos do autor Jorge Amado. O romance que se passa na cidade de Salvador, conta a história de um grupo de meninos de rua. Esses meninos praticam pequenos furtos e roubam, além de assustar os moradores da cidade. Jorge Amado utiliza o livro para mostrar a realidade que leva esses meninos a cometerem os crimes.

Logo no início, o livro mostra uma série de reportagem sobre os meninos. Eles são conhecidos como “Capitães da areia”, e a história se direciona para mostrar a vida individual deles. O chefe do grupo é Pedro Bala, um menino que é filho de um grevista e segue a risca a ideologia do pai. Além de Pedro, outros integrantes vão sendo apresentados ao longo da narrativa. Em nenhum momento o autor tenta justificar os roubos, apenas apresenta ao leitor que o meio e a condição de vida dos meninos influencia diretamente suas decisões.

Um dos personagens é O professor, um menino que sabia ler e passava as noites lendo. Gato é outro personagem que compõe a trupe. No livro, ele é descrito como muito bonito e vaidoso, e isso faz com os outros meninos do bando se sintam ameaçados por ele. Durante a história, Gato se apaixona por uma prostituta e passa a se relacionar com ela. Outro personagem de destaque é Sem pernas, por ser manco, ele era utilizado como distração para a gangue praticar os roubos. A única menina do grupo é Dora, que sofre por ser mulher e órfã.

Em certo momento da narrativa, Pedro Bala e Dora acabam sendo presos por tomarem a culpa pelo bando todo. Após os Capitães da areia libertarem Pedro, encontram Dora em um orfanato quase morta. Dora passa alguns dias com os meninos e morre, o que é uma situação chave no roteiro. A partir da morte dela, os meninos passam a trilhar caminhos diferentes e traçar seu futuro.

Por ter um narrador onisciente (aquele que sabe de tudo), a leitura flui facilmente. A escrita do autor te envolve rapidamente e te faz agarrar na história desde o primeiro capítulo. A temática do romance é o descaso social, que é mostrado com clareza ao longo da história. O assunto é abordado por meio de falas das personagens ou comentários do narrador. Além disso, outro ponto também muito citado é ausência da presença materna, no capítulo “Família”. O menino Sem pernas entrava em casas ricas, dizia que era órfão e pedia um lugar para morar. Depois que se instalava, ele chamava os Capitães da areia para cometerem furtos. Neste capítulo, no entanto, o personagem conhece pessoas que o acolhem como verdadeiro filho e fica balançado. No fim, Sem pernas decide ser leal ao grupo e comete o roubo.

O livro é tão pedido em provas e vestibulares porque tem uma temática atemporal. Os problemas decorrentes na narrativa, infelizmente, estão presentes na nossa sociedade até hoje. Jorge Amado consegue nesta obra nos fazer refletir sobre nossa própria realidade. É impossível ler “Capitães da areia” e não sentir empatia, compaixão e tristeza. É necessário pensar sobre o mundo, e mais do que isso, tentar lutar sobre o que o destino nos impõe.

Os pobres não tinham nada. O padre José Pedro dizia que os pobres um dia iriam para o reino dos céus, onde Deus seria igual para todos. Mas a razão de jovem Pedro Bala não achava justiça naquilo. No reino do céu seriam iguais. Mas já tinham sido desiguais na terra, a balança pendia sempre para um lado. (Capitães da areia, p.94)

SEJAMOS TODOS FEMINISTAS, CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE
Livros, Resenhas

Resenha: Sejamos todos feministas, Chimamanda Ngozi Adichie

Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra exatamente do dia em que a chamaram de feminista pela primeira vez. Foi durante uma discussão com seu amigo de infância Okoloma. “Não era um elogio. Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: ‘Você apoia o terrorismo!’”. Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e começou a se intitular uma “feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens”. Sejamos todos feministas é uma adaptação do discurso feito pela autora no TEDx Euston, que conta com mais de 1,5 milhão de visualizações e foi musicado por Beyoncé.

A resenha de Sejamos todos feministas é um pouco diferente porque foi o primeiro livro escolhido para discussão e debate no Beco Club, grupo de leitores VIPs do Beco Literário, e foi produzida por todos que participaram. Dessa forma, ela será apresentada aqui em forma de diálogo, com a devida assinatura de cada um dos Becudos que participaram.

O livro fala o quanto é importante que todos conheçam sobre o movimento feminista. Conta sobre suas primeiras impressões e o quanto foram negativas, pois as pessoas que desconhecem deturpam o movimento, pois quem desconhece acha que é sobre o odiar o gênero masculino, mas não é isso, trata-se de igualdade e equidade entre os sexos. A autora fala que podemos sim ter poderes socioeconômico e políticos equivalentes ao do homem. E o quanto incomoda não se considerar subjacente perante a uma sociedade extremamente patriarcal, machista e misógina. É possível e necessário que todos apoiem o movimento, pois é sobre todas as mulheres e seus direitos, é sobre não se acuar quando quisermos conquistar algo. Eu acho que esse livro da Chimamanda deveria ser lido por todos, pois é uma forma didática e rápida de explicar que não é sobre ódio, é sobre acordar, levantar e fazer algo. — Mayara da Silva Esteves

Achei ela super didática na forma de abordar o tema, a linguagem clara que faz com que a gente entenda facilmente. Eu tinha lido Americanah dela e gostei mto da linguagem também, fiquei curiosa pra ler os outros livros. — Danielle Rocha Gonzales

Bem, primeiramente, o livro, como já foi dito, é de uma leitura simples e objetiva. Nas primeiras páginas, a autora conta como foi o primeiro contato com o título de feminista, demonstrando através de fatos por ela vividos. Mas enfim, isso, nesse momento, não é tão relevante quanto o fato dela evidenciar um fato bastante interessante, que ao meu ver foi, de certa forma, inconsciente: feminismo é mais que uma palavra. É simples ver que ela por si só já era feminista antes mesmo de saber definir o que é isso. Um ponto importante que ela destacou é que o machismo às vezes é inerente à sociedade em situações simples, como o fato de o homem sentir-se obrigado a pagar tudo durante o encontro (ato que é visto como romântico) ou no simples fato de a mulher se sentir obrigada a se vestir como um homem, pois passa a visão de que será ouvida (mesmo que inconsciente). Ademais, a autora destaca a importância de salientar que o feminismo não é um movimento de oposição a homens. Pelo contrário, a ideia de tornar um mundo com maior equidade de gênero deveria ser vista como algo bom, inclusive para os homens. Outro ponto importante é a negligência que homens e mulheres têm para com a questão de gênero, ou seja, muitos deixam de lado as discussões que envolvem esse tema, por ser tudo como irrelevante ou delicado. Por fim, não se pode negar a existência do machismo, já que, num exemplo prático, se numa sala houver um homem pobre e uma mulher rica, embora de classe e estrato socioeconômico mais elevado, o homem pobre tem o benefício de ser homem. Para finalizar esse texto enorme, eu preciso falar sobre as duas últimas páginas: homens e mulheres muitas vezes não reivindicam o título de “feministas” mesmo que sejam em pequenas atitudes. O simples fato de se negar a receber menos exercendo a mesma profissão, torna uma mulher feminista. O simples fato de um homem reconhecer o problema e tomar as rédeas de uma luta contra a desigualdade o torna feministo. Então, lutemos por igualdade, lutemos por justiça, sejamos todos feministas. — Pedro Henrique de Jesus

Só um adendo homens que apoiam o movimento são pró-feminismo. — Mayara da Silva Esteves

Para mim, foi uma leitura cansativa, pois eu já tinha o conhecimento e pensamento como o que ela expressa no livro… E, mesmo assim, acho que é um livro que deveria ser lido e estudado por todos. Eu faço parte de um grupo de mulheres no intuito de empoderamento e empatia. Falamos muito sobre vários assuntos, principalmente, situações que englobam a discriminação e o machismo. E é bem difícil de acreditar q este assunto seja novo para a maioria das pessoas. — Jaqueline Pereira

Eu sou homem, mas eu acredito que o feminismo foi se vulgarizando como um movimento parecido com o Black Block: o Movimento Social de perturbação da paz. Por isso, talvez, as mulheres não se sintam representadas pelo feminismo. — Pedro Henrique de Jesus

Isso acontece porque a mídia deturpa, não é interessante para o patriarcado ver que mulheres não “obedecem” mais o que é imposto a elas. — Mayara da Silva Esteves

O problema no feminismo está o radicalismo, que, convenhamos, existe em tudo. — Jaqueline Pereira

Além de tudo eu acho que é uma questão muito histórica. Minha mãe, por exemplo, conversa comigo e fala coisas que eu mesmo a repreendo, porque, de certa forma, lhe foi imputada como normal. — Pedro Henrique de Jesus

Não dá pra militar apenas através da tela de um computador. Claro que a internet ajuda muito na disseminação do movimento, ajuda a chegar a diversos lugares. — Mayara da Silva Esteves

Quando pontuo o fato de eu ser homem, é por conta da questão de lugar de fala. — Pedro Henrique de Jesus

Claro, todo meio de comunicação tem seu lado ruim. Por isso temos que aproveitar o que tem de melhor para fazer o que é bom. Eu vou recomendar para que assim que puderem, lerem alguns livros de Bell Hooks e Angela Davis. Por tudo o que já li e discuti sobre, o que mais precisa são as mulheres aprenderem a se respeitar. Falta empatia. O dia que a mulherada aprender que uma apoiando a outra todas conseguirão crescer a distância que existe hoje entre os gêneros será mínima. — Jaqueline Pereira

Como eu disse, a intenção vai ser sempre separar as mulheres, pois sabem que mulheres juntas e unidas conquistam coisas, principalmente liberdade. Por isso é bom sempre conversar com as pessoas do nosso convívio sobre o assunto. Um passa pro outro, pro outro e pro outro, quando formos ver, já chegamos lá. — Mayara da Silva Esteves

Outra questão bem interessante foi o fato de o livro ser uma adaptação de um discurso dela. Não foi algo que ela sentou e escreveu. Ela se levantou e falou, depois resolveu escrever. Ou seja, se fôssemos colocar outro título na obra seria “Descubra agora se você é feminista” — Pedro Henrique de Jesus

Isso é tão legal. É uma mulher de voz, isso enche nossos corações e principalmente das mulheres negras que são representadas de duas formas. — Mayara Cristina dos Santos Ferreira

Então, antes de começar a falar do livro, gostaria de dizer que ele veio na hora certa. Comecei a fazer um curso chamado Escola de Liderança para Meninas esse ano, e lá temos oficinas que falam sobre tudo que as meninas têm o direito de saber, porém a maioria não tem interesse, e um dos principais temas foi o feminismo. Quando vi o livro, eu fiquei louca pra ler e ver o ponto de vista da autora sobre o tema, e me identifiquei muito quando ela fala ouviu ser chamada de feminista como uma ofensa. O livro aborda um tema tão importante para nós, meninas, que estamos conquistando cada vez mais nosso lugar e não deixando ninguém nos calar… tão importante, mas também triste saber que muitas não veem desse jeito. Ainda mais os homens. O episódio em que ela e o amigo vão sair, e finalmente cai a ficha dele de que há sim essa diferença entre meninas e meninos, me deixou com um sentimento de “finalmente! ainda há esperança”

Marquei um trecho que me tocou de uma forma diferente. “Se repetimos uma coisa várias vezes, ela se torna normal. Se vemos uma coisa com frequência, ela se torna normal. […] Se só os homens ocupam cargos de chefia nas empresas, começamos a achar ‘normal’ que esses cargos de chefia só sejam ocupados por homens.”

Eu ouvi uma frase um dia que dizia “O feminismo existe pra deixar de existir”, pois o movimento existe justamente porque não há a igualdade de gênero, caso existisse essa igualdade, o movimento não iria precisar existir. — Camila Alves de Souza

A predominância do feminismo é muito boa em relação a termos líderes mundiais como ministras de Estado, presidente e outros papéis importantes. Estamos ainda em passos lentos existe ainda esperanças de mudanças. — Silvia Paula Campos Rainho

Vocês sabiam que nós mulheres somos 70% da população miserável mundial? E que se o meio político quisesse acabar com a fome para melhorar este quadro poderiam? Mas como nós alimentamos o sistema capitalista que é comandado pelo sistema patriarcal, não vão acabar com isso. Quanto mais pobres, mais filhos. Quanto mais filhos, mais fácil de se explorar. Por isso nossos corpos não são nossos de fato, precisamos de autorização para uma simples laqueadura. E pasmem, só pode se tiver dois filhos, 25 anos e assinatura do marido. Do marido, isso mesmo. — Mayara da Silva Esteves

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Vale Influenciadores Remember - Influenciadores Digitais
Atualizações

Edição de evento de influenciadores digitais aposta em “remember”

O “Vale Influenciadores Remember”, edição especial do evento mais importante de networking entre influenciadores digitais e profissionais de mídia da RMVale acontecerá no sábado, 09 de novembro, no auditório da Biblioteca Pública Cassiano Ricardo, em São José dos Campos, das 9h30 às 12h30.

O evento, organizado pelo Beco Literário e pelo Estante LZ, apostou em coletar feedbacks dos participantes da primeira edição e adequar o formato para melhor agradar o público. “Na nossa primeira versão, passamos uma ficha perguntando a cada um dos participantes o que eles mais gostaram e o que faltou no evento, de forma que agora conseguimos melhorar e crescer”, comenta Gabu Camacho, do Beco Literário. “Depois da coleta, fizemos uma reunião para organizar tudo o que recebemos e não abrimos mão de nada na organização da edição especial”, completa Letícia Zucco, idealizadora do Estante LZ.

Neste ano, além das mudanças citadas, a organização trouxe cinco influenciadores digitais da região para um bate-papo em formato de mesa redonda, dos mais variados nichos. Gabi Ferreira (@gabiferreirablog), Ma Morais (@mamoraisblog), Higor Magela (@higormagela), Luana Helena (@sorameajuda) e Léo Alves (@leomralves). O evento será tradicionalmente mediado por Gabu Camacho (@gabucamacho) e Letícia Zucco (@estantelz).

Edições anteriores

O evento Vale Influenciadores já acontece desde 2017 com realização do Beco Literário (www.becoliterario.com) e do Estante LZ (www.estantelz.com). Em sua última edição reuniu 4 influenciadores da região do Vale do Paraíba para debater os variados assuntos da área. As inscrições ultrapassaram 300 pessoas para uma manhã cheia de conteúdo.

Inscrição

Para os interessados em participar do evento, as inscrições já estão abertas pelo link: (https://bit.ly/valeinfluenciadoresremember). A inscrição é obrigatória para participar do evento, mas o lugar é garantido por ordem de chegada. A entrada é gratuita e social, de forma que os participantes deverão levar 1 kg de ração para cães ou gatos no dia para ajudar as ONGs parceiras do evento.

Também há inscrições para quem quiser se voluntariar na organização no dia do evento (valendo atividades complementares) pelo link: (http://bit.ly/valeinfluenciadoresvoluntariado).

Vale Influenciadores Remember
Data: 09/11/2019
Horário: 9h30 às 12h30
Local: Auditório da Biblioteca Pública Cassiano Ricardo (R. Quinze de Novembro, 99, entrada pela lateral na R. Sebastião Hummel)
Inscrições: Clique aqui
Valor: Grátis, com entrada social (1 kg de ração para cães ou gatos).
Voluntariado: Clique aqui
Apresentação: Gabu Camacho (@gabucamacho) e Letícia Zucco (@estantelz)
Convidados: Gabi Ferreira (@gabiferreirablog), Ma Morais (@mamoraisblog), Higor Magela (@higormagela), Luana Helena (@sorameajuda) e Léo Alves (@leomralves)

Controle de Trânsito (Traffic Stop)
Críticas de Cinema, Filmes

Crítica: Controle de Trânsito (Traffic Stop, 2019)

Controle de Trânsito (Traffic Stop) é a prova de que é praticamente crime ser negro nos Estados Unidos. O documentário começa a partir de cenas reais, captadas por uma viatura policial na rodovia de Austin, Texas. Vemos então o policial Bryan Richter seguir um carro até o momento em que ele é estacionado em um shopping. Ele também estaciona e conhecemos nossa protagonista, Breaion King, que recebe a ordem de voltar para o carro.

A partir daí, os dois começam a bater boca. Richter justifica sua abordagem por um suposto excesso de velocidade e começa a ficar impaciente. O clima de tensão aumenta e já sabemos que nada de bom vai suceder aquela cena. Entramos então para a cena mais brutal do documentário: o policial puxa King para fora do carro, jogando-a no chão e ameaçando usar sua arma de choque. Em extremo pânico, ela tenta reagir contra as agressões do policial que com muita brutalidade a imobiliza no chão para algemá-la. Nesta cena, não tem como ficar neutro ao ver uma situação de agressão gratuita. A convite da HBO, fizemos parte da cabine de Controle de Trânsito (Traffic Stop) e todo mundo da sala teve um baque durante essas cenas angustiantes.

O documentário em curta-metragem então desliga-se momentaneamente daquelas capturas policiais para que possamos conhecer nossa protagonista após o ocorrido. Breaion é uma professora afro-americana de apenas 26 anos e com ares carismáticos de Mary Poppins, queridíssima por seus alunos. Passamos a conhecer seu dia a dia e as sequelas que ainda a marcam, mesmo anos depois do ocorrido. São 30 minutos de documentário – ágeis e com ritmo, mas que poderiam ter se desdobrado facilmente em um documentário longa-metragem -, com impacto o suficiente para ter sido sido indicado ao Oscar de melhor documentário de curta-metragem na edição de 2018.

Voltamos para as capturas da viatura. Outro policial é chamado para conduzir nossa protagonista até a delegacia. Num primeiro momento, ele chega com calma para entender a situação e conversar com Breaion. No caminho, ela engata uma conversa sobre racismo, injustiças e polícia. Para a surpresa de ninguém descobrimos que este policial é outro racista, com falas em que afirma que ninguém da polícia americana é racista e que há de se entender o comportamento dos mesmos, uma vez que os presos mais violentos seriam os negros. Ou seja, passando aquele pano. O famoso: feito por homens brancos, para homens brancos em mais uma narrativa de abuso de poder. Acho importante ressaltar que mesmo com tantas provas tão claras em vídeo, o processo dela continua em aberto.

Documentário excelente. Do tipo que deveria ser passado em escolas durante aulas de filosofia e sociologia. E também que não pesa a mão na edição, ficando longe dos documentários massantes de temas parecidos. Fica a reflexão de quanta Breaions não passam pela mesma situação – senão pior – todos os dias. Nos créditos do curta-metragem, ficamos sabendo que o policial foi afastado após uma outra situação similar de racismo. Já diria Childish Gambino, This is America.

O documentário estreia na HBO e na HBO GO hoje, dia 22 de outubro.