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Stephanie Ramos

Crítica: As Panteras (Charlie's Angels, 2019)
Críticas de Cinema, Filmes

Crítica: As Panteras (Charlie’s Angels, 2019)

Estamos vivendo um boom de continuações e remakes dos filmes e séries que amamos. Devo confessar que não sou grande entusiasta do formato mas nunca dispenso a oportunidade de ver filmes com mulheres que dão socos e pontapés. E foi assim que eu fui parar na cabine do novo “As Panteras”, escrito e dirigido por Elizabeth Banks.

Se você tem por volta dos 20 e poucos anos e quase ou nenhum interesse pelo universo dos anos 70/80 que que seus pais provavelmente viveram (e amaram), saiba que As Panteras (Charlie’s Angels) nasceu no formato de série de televisão nos anos 70 com todo o girl power e hair goals que se poderia ter. Lá pelos anos 2000, a franquia foi adaptada para a conhecida versão com Drew Barrymore, Cameron Diaz e Lucy Liu.

O Girl Power vende. Nós sabemos e Hollywood também – ainda mais após movimentos como o Me Too. Então, não é a toa todo o barulho que o filme vem trazendo ao se apresentar como feminista. De fato temos mudanças positivas da versão dos anos 2000 – e é impossível não comparar o atual com esta versão – tal qual saímos da hipersexualização das personagens e acrescentamos mulheres que podem hackear e manjam muito de tecnologia – papéis geralmente desempenhados por homens até pouco tempo (mas estamos virando esse jogo através de filmes e séries, alô Sense 8 e Oito Mulheres e Um Segredo).

Ainda no universo feminino, presenciamos nossas “anjas” passarem por situações como macho palestrinha levando crédito pelo que a mulher fez, assédio no trabalho e o homem chato que caga regra do que a mulher deveria fazer ou como eu chamo tudo isso: mais um dia na vida da mulher.

Porém, por mais que o filme tente, acaba encaixando suas protagonistas em caixinhas dos clichês. Sabina (Kristen Stewart) é a clássica menina que era problema durante a adolescência, ama curtir a vida adoidado e não tem filtro na hora de falar. Elena (Naomi Scott) é a que cai de paraquedas, inocente e querendo mostrar serviço e Jane (Ella Balinska) é a típica fortona que não chora e “não precisa de ninguém”. Mas a química entre o trio é visível e faz toda a diferença durante o longa.

Aqui vale elogiar a face comediante que conhecemos de Kristen Stewart. Torcer o nariz para os filmes da atriz com base em Crepúsculo é golpe baixo em 2019. A atriz se entregou em vários papéis diferentes – de filmes mais independentes como Para Sempre Alice até trabalhos com o diretor francês Oliver Assayas, no qual foi premiada com o César por Personal Shopper. A personagem de Stewart é carismática e traz leveza para o filme.

Outro ponto positivo é a boa fotografia do filme mas o que realmente chama a atenção é a trilha sonora com um compilado de vozes femininas. A trilha ficou na responsabilidade de ninguém menos que Ariana Grande, que arrasou nas escolhas. Entre a seleção, está a música “tema” do filme “Don’t Call me Angel” com participação da própria ao lado de Miley Cyrus e Lana Del Rey, passando por um remix de “Bad Girl” de Donna Summer e o original “Pantera” de Anitta, que abre o filme numa cena de um Rio de Janeiro fake.

Vale lembrar que o filme tem cena pós-créditos e vale pela espera.

As Panteras é uma feliz surpresa – ainda mais naqueles dias que a gente só quer ver um filme com ritmo e ir para casa sem pensar muito. No mais, elas que lutem.

Controle de Trânsito (Traffic Stop)
Críticas de Cinema, Filmes

Crítica: Controle de Trânsito (Traffic Stop, 2019)

Controle de Trânsito (Traffic Stop) é a prova de que é praticamente crime ser negro nos Estados Unidos. O documentário começa a partir de cenas reais, captadas por uma viatura policial na rodovia de Austin, Texas. Vemos então o policial Bryan Richter seguir um carro até o momento em que ele é estacionado em um shopping. Ele também estaciona e conhecemos nossa protagonista, Breaion King, que recebe a ordem de voltar para o carro.

A partir daí, os dois começam a bater boca. Richter justifica sua abordagem por um suposto excesso de velocidade e começa a ficar impaciente. O clima de tensão aumenta e já sabemos que nada de bom vai suceder aquela cena. Entramos então para a cena mais brutal do documentário: o policial puxa King para fora do carro, jogando-a no chão e ameaçando usar sua arma de choque. Em extremo pânico, ela tenta reagir contra as agressões do policial que com muita brutalidade a imobiliza no chão para algemá-la. Nesta cena, não tem como ficar neutro ao ver uma situação de agressão gratuita. A convite da HBO, fizemos parte da cabine de Controle de Trânsito (Traffic Stop) e todo mundo da sala teve um baque durante essas cenas angustiantes.

O documentário em curta-metragem então desliga-se momentaneamente daquelas capturas policiais para que possamos conhecer nossa protagonista após o ocorrido. Breaion é uma professora afro-americana de apenas 26 anos e com ares carismáticos de Mary Poppins, queridíssima por seus alunos. Passamos a conhecer seu dia a dia e as sequelas que ainda a marcam, mesmo anos depois do ocorrido. São 30 minutos de documentário – ágeis e com ritmo, mas que poderiam ter se desdobrado facilmente em um documentário longa-metragem -, com impacto o suficiente para ter sido sido indicado ao Oscar de melhor documentário de curta-metragem na edição de 2018.

Voltamos para as capturas da viatura. Outro policial é chamado para conduzir nossa protagonista até a delegacia. Num primeiro momento, ele chega com calma para entender a situação e conversar com Breaion. No caminho, ela engata uma conversa sobre racismo, injustiças e polícia. Para a surpresa de ninguém descobrimos que este policial é outro racista, com falas em que afirma que ninguém da polícia americana é racista e que há de se entender o comportamento dos mesmos, uma vez que os presos mais violentos seriam os negros. Ou seja, passando aquele pano. O famoso: feito por homens brancos, para homens brancos em mais uma narrativa de abuso de poder. Acho importante ressaltar que mesmo com tantas provas tão claras em vídeo, o processo dela continua em aberto.

Documentário excelente. Do tipo que deveria ser passado em escolas durante aulas de filosofia e sociologia. E também que não pesa a mão na edição, ficando longe dos documentários massantes de temas parecidos. Fica a reflexão de quanta Breaions não passam pela mesma situação – senão pior – todos os dias. Nos créditos do curta-metragem, ficamos sabendo que o policial foi afastado após uma outra situação similar de racismo. Já diria Childish Gambino, This is America.

O documentário estreia na HBO e na HBO GO hoje, dia 22 de outubro.

Mostra Internacional de Cinema
Atualizações, Filmes

5 filmes imperdíveis para assistir na Mostra Internacional de Cinema

Chegamos a mais um ano de Mostra Internacional de Cinema – o 43º para ser mais exata – mesmo que aos trancos e barrancos, como já é praxe. Neste ano, a 43ª Mostra Internacional de Cinema que acontece entre 17 e 30 de outubro traz uma programação de peso, mas com verba reduzida.

Entre as boas novas da edição estão a exibição de filmes brasileiros – e gratuitamente – no Theatro Municipal (18, 19 e 20 de Outubro), uma retrospectiva com 15 filmes do diretor Olivier Assays e a disponibilidade de 10 filmes da mostra na SpCine Play, plataforma de streaming gratuito da Spcine.

Com tanta oferta de filmes bacanas nesta edição da Mostra, selecionamos 5 filmes imperdíveis para você conferir:

Parasita
Ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cannes, o sul-coreano Parasita é uma magnífica surpresa. O filme que conta a história de uma família que dá seus pulos para pagar as contas, tem roteiro afiado e ritmo que engrandece o longa a cada sequência. Melhor filme do ano.

O Mágico de Oz
Clássico dos clássicos, o longa “O Mágico de Oz” será exibido no Vão Livre do Masp no dia 24 de Outubro. A escolha é uma homenagem a Rubens Edwald Filho, crítico de cinema que faleceu neste ano e tinha como um dos seus favoritos o filme de 1939. No Vão do Masp também serão exibidos alguns curtas de Georges Meliès.

Wasp Network
Adaptação do livro “Os Últimos Soldados da Guerra Fria”, de Fernando Morais. O filme tem produção brasileira e conta a história de um piloto cubano que se muda para Miami, deixando sua esposa para trás. O longa conta com um elenco de peso com Wagner Moura, Gael García Bernal e Penélope Cruz.

Uma Vida Invisível
Escolhido para representar o Brasil na corrida pelo próximo Oscar, o longa de Karim Aïnouz conta a história de duas irmãs que durante os anos 50 foram cruelmente separadas. “Uma Vida Invisível” levou a melhor e trouxe o prêmio Um Certo Olhar, de Cannes, para casa.

Synonyms
Mais um filme que faturou como o melhor em um grande festival. Vencedor do Urso de Ouro e Prêmio da Crítica, no Festival de Berlim, “Synonyms” fala sobre a trajetória de um jovem israelense que chega a Paris tentando deixar para trás suas origens.

43ª Mostra Internacional de Cinema
Quando: 17 a 30 de outubro de 2019
Onde: 34 salas de exibição + Circuito Gratuito, com unidades do SESC, CEU, Centro de Formação Cultural da Cidade Tiradentes, MASP, Theatro Municipal e Centro de Formação Cultural da Cidade Tiradentes.
Valores: Pacote de 40 ingressos: R$374
Pacote de 20 ingressos: R$220
Ingressos Individuais
Segunda a quinta: R$20 (inteira) e R$10 (meia).
Sexta a domingo: R$24 (inteira) e R$12 (meia).
Site oficial.

Críticas de Cinema, Filmes

“Era uma vez em… Hollywood” e o fascínio de Tarantino pelo universo cinematográfico

Tarantino ama cinema – você sabe disso e eu também. O diretor já trabalhou como balconista de uma rede de locadora de filmes e pouco depois escreveu o roteiro de Cães de Aluguel (1992), filme que definiu o tom dos que viriam a seguir, nos deixando sedentos pelas cenas de sangue e roteiros com diálogos afiados, cheios de referência ao universo pop.

Grande fã de “western spaghetti” (sub gênero do western das décadas de 60 e 70, estrelados por astros – já em decadência – que tentavam alavancar suas carreiras internacionais com os filmes), não é coincidência que Tarantino tenha escolhido como título de seu novo filme “Era uma vez em… Hollywood”, prestando homenagem e declarando sua admiração ao diretor Sergio Leone, de “Era uma vez no Oeste” (1968) e “Era uma vez na América” (1984).

Na trama, temos a dupla de personagens principais Rick Dalton (Leonardo DiCaprio) – ator de uma série de caubóis, já em decadência – e seu dublê, Cliff Booth (Brad Pitt), amigos que vivem uma espécie de bromance em Los Angeles. Na outra ponta da história temos os novos vizinhos de Dalton – e desta vez personagens que representam pessoas reais e conhecidas na indústria do cinema -, o casal formado pela atriz Sharon Tate (Margot Robbie atuando com incrível leveza) e o diretor polaco Roman Polanski (Rafal Zawierucha), que na época já vivia o prestígio pelo filme  “O bebê de Rosemary” (1968).

E como estamos falando em Los Angeles nestes anos, a história dos nossos personagens principais e da própria cidade se misturam com a figura e influência de Charles Manson . Se nomes como Charles Manson, Sharon Tate e Polanski são estranhos para você, vale dar um google antes de ver um filme. A história do filme também se mistura a do diretor, que adiciona elementos da sua infância, comos os cinemas que frequentou (Cinerama e Bruin), o carro que Cliff dirige é um Karmann Ghia, assim como o de seu pai e alguns elementos da casa de Rick são itens pessoais do Tarantino.

Temos belos enquadramentos e movimentos de câmera que ajudam a trazer ritmo para o longa – e marcam a longa parceria do diretor com Robert Richardson, diretor de fotografia que já trabalhou com Tarantino em filmes como Kill Bill, Bastardos Inglórios e Django Livre. Os últimos dois filmes citados, inclusive, aparecem reverenciados diversas vezes em “Era uma vez em… Hollywood”. A playlist também não deixa a desejar, com clássicos como “Mrs. Robinson” e “California Dreamin’”.

Entretanto, é notável a discrepância entre o número de falas da atriz Margot Robbie em relação aos seus colegas de cena Pitt e DiCaprio. Tanto que o assunto foi abordado durante sua exibição em Cannes, na qual Tarantino se irritou com o questionamento e declarou, “Não concordo”. Nada novo sob o sol quando se trata de Tarantino e as atrizes com quem trabalha.

Quem tem sede pelo “sangue tarantino” vai ter que ser paciente. As famosas cenas sanguinárias só aparecem lá pelo final do filme, quando já começa a se arrastar – e mesmo assim pode não satisfazer a tal sede do filme menos violento do diretor. Mas a tal grande cena mostra um Brad Pitt energético em suas cenas de ação. Já quem gosta dos diálogos característicos do diretor vai se satisfazer ao longo do filme.

No final de “Era uma vez em… Hollywood”, Tarantino dobra a realidade oferecendo uma alternativa mais otimista de um fato que realmente aconteceu – e aqui “traio” Tarantino que antes da exibição do filme deixou uma carta assinada pedindo que os jornalistas e críticos não dessem spoilers do filme. Sorry, Tarantino). Na vida real, a seita “La Familia”, liderada por Charles Manson foi a responsável por um massacre na residência Polanski-Tate, em 1969. Os membros mataram Tate – que estava grávida de oito meses, esperando o primeiro filho do casal – e mais quatro amigos da atriz. No filme, o grupo resolve invadir a casa de Rick Dalton e acaba se dando mal. No final feliz de Tarantino, Dalton acaba sendo chamado para frequentar a casa de Polanski pela própria atriz, após a invasão de sua casa.

Mas afinal de contas, é bom? O filme é um jogo de acerto e erros de um Tarantino que sempre tem ânsia de declarar seu amor ao cinema, tipo aqueles jovens hipsters que enchem o corpo de tatuagem com os filmes cult que amam. Mas esse é um Tarantino maduro que sabe imprimir a sua marca em tudo que faz. Não me satisfez como Cães de Aluguel, mas é um ótimo filme.

 

Lugares

Mundi: Jardim botânico de Sorocaba

No interior de São Paulo, há uma hora da capital do estado, existe a cidade de Sorocaba que entre diversas possibilidades de lazer, tem um jardim botânico. Eu visitei o jardim esse ano com a minha família e ficamos encantados com a beleza do lugar, e eu aproveitei para tirar muitas fotos do lugar.

O Jardim botânico de Sorocaba foi inaugurado em março de 2014 e tem aproximadamente 70 mil metros quadrados em uma vegetação de transição de mata atlântica e cerrado. O palacete de cristal, no meio do jardim tem 500 metros quadrados e foi inspirado nos palácios de cristal de Londres, Petrópolis e Curitiba.

O Jardim é muito lindo, com vários tipos de flores e vale a pena ir lá para tirar fotos lindas com os amigos ou ter uma visão panorâmica da cidade subindo o mirante – é romântico levar alguém lá para ver o pôr do sol.

O jardim é aberto para visitas de terça á domingo das 09h ás 17h.

Rua Pedro Wurschig (Cruzamento com a rua Miguel M. Lozano)
Jd. Dois Corações

Espero que tenham gostado desse post e que tenham a oportunidade de conhecer o jardim botânico de Sorocaba!