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Escrever é Terapia: O Poder de um Diário
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Escrever é Terapia: O Poder de um Diário

A prática da escrita vai muito além de meramente registrar palavras em um papel. Ela possui uma dimensão terapêutica profunda e transformadora que, muitas vezes, subestimamos. Um diário, por exemplo, é mais do que um conjunto de páginas em branco; é um espaço seguro onde podemos liberar nossas emoções, explorar nossos pensamentos e sentimentos mais íntimos, e refletir sobre nossas experiências de maneira franca e sem julgamentos.

+ Diário da Dona Lurdes: os sentimentos que uma mãe carrega no peito

A vida cotidiana frequentemente nos impõe desafios, alegrias, tristezas e incertezas que podem ser difíceis de compartilhar com outras pessoas. Um diário se torna um confidente, um ouvinte silencioso que nunca julga, e onde podemos expressar nossos medos, sonhos, angústias e conquistas sem medo de críticas ou incompreensão.

Além disso, a prática de escrever em um diário promove o autoconhecimento. À medida que registramos nossos pensamentos, emoções e experiências, começamos a identificar padrões em nosso comportamento, desvendando gatilhos emocionais e revelando aspectos de nossa personalidade que talvez nunca tivéssemos percebido de outra forma. Essa autorreflexão profunda nos permite entender nossas motivações e tomar decisões mais informadas em nossa vida.

O estresse é uma parte inevitável da vida, mas o estresse crônico pode ter sérios impactos na saúde mental e física. A escrita em um diário se revela uma eficaz ferramenta de alívio. Ao transformar nossos pensamentos caóticos em palavras organizadas, somos capazes de liberar a tensão emocional e encontrar clareza. Isso proporciona um profundo senso de alívio e controle sobre nossas vidas.

Além disso, um diário pode ser um aliado valioso na busca de metas pessoais. Ao definir objetivos e acompanhar nosso progresso, celebrando conquistas, por menores que sejam, mantemos a motivação e o foco.

Para começar a utilizar esse recurso terapêutico, tudo o que você precisa é um caderno em branco ou um aplicativo de notas em seu dispositivo. Reserve um momento tranquilo do dia para escrever. Não há regras rígidas, somente a sugestão de tornar a escrita uma parte regular de sua rotina.

Em resumo, um diário é uma ferramenta poderosa para liberar emoções, aprofundar o autoconhecimento, aliviar o estresse e manter o foco em metas pessoais. Comece hoje a explorar o poder terapêutico da escrita e descubra como ela pode enriquecer sua vida de maneira profunda e significativa.

Lembra que é valente como as águas do mar
Autorais, Livros

Lembra que é valente como as águas do mar

Algumas semanas aparecem pra gente lembrar o quão valente a gente é. E com grandes responsabilidades e realizações, vem grandes dores e sofrimentos também. Nada é tão quentinho fora da nossa zona de conforto. Essa foi uma semana daquelas e eu me peguei dando voltas pra responder “por quê?”.

+ Meus quase 20 anos

Será que tudo isso vale a pena mesmo? Será que mereço tudo isso? Será que não posso só deitar na cama, chorar, desistir e esperar que as coisas aconteçam? Assim, pelo menos eu vou ter o controle, nem que seja na sabotagem. Quando eu me saboto, eu não realizo o que eu quero, mas pelo menos escolho meu destino. Quando vivo, levanto da cama e dou às caras, eu não tenho controle do que vai acontecer. E se eu não for tão valente assim?

Leia ouvindo: Valente, Mc Tha
Eu sei que sou. Eu sei que consigo. Mas preciso? Será que quero? Será que é autossabotagem ou será que é só falta de vontade? Ou será que excedi no ponto? Quantas perguntas sem respostas girando nessa mente ansiosa que voz fala. Eu sei que a gente tem que sentir tudo: alegria, tristeza, tudo é importante. Mas pra quê? Vale a pena mesmo?

Esse é o preço de ser humano, eles dizem. Que preço caro a se pagar só porque nos anos 90 duas pessoas resolveram se entender no Carnaval e que ocasionou meu nascimento. Eu pedi pra nascer? Meu Deus, agora tô sendo ingrato? Será que tô sendo ingrato com tudo o que eu conquistei?

Será que vou perder tudo isso se eu questionar? É, eu não sou tão valente assim. Eu não sei se consigo ser tão valente assim, eu não sei se consigo sorrir agora que vejo que tudo deu certo. Não foi fácil. Quem disse que seria fácil?

Tem que ser Valente, Thaís. Vai. 

Transformei o cabresto em liberdade
Autorais, Livros

Transformei o cabresto em liberdade

Voltei ao ponto em que tudo terminou e senti o gosto amargo do abandono na boca de novo. Olhei para os meus sapatos, como fiz naquele dia, e senti tudo aquilo voltar. Senti o mundo girar e a náusea aparecer. Com a diferença de que agora ela vinha diferente. Ela vinha com a liberdade.

Aquele dia eu me senti sufocado. Sem ar. Como se não tivesse mais o que ser feito. Como se a minha vida tivesse acabado. Como se eu tivesse um cabresto. E hoje, o que senti foram os ventos frios e reconfortantes da liberdade enquanto minhas tripas se reviravam.

+ A volta do que jamais deveria ter partido

Sei que o gosto amargo é o preço que paguei por ela. Gosto de sangue e sal. Mas hoje não sinto mais o nojo porque você sabe exatamente que premeditei cada passo meu depois daquele dia azul e ensolarado de novembro. Hoje, já é dezembro.

Naquele dia, cheguei chorando em casa e enfrentei meu pai. Dormi o resto do dia. Eu amava aproveitar o clima de fim de ano. Hoje, estou indo para minha casa. Minha. Só minha. Que construi apesar de você, a partir da minha liberdade.

Sabe, naquela época eu pensei que queria ter a autoconfiança que tenho hoje. Eu queria levantar mais alto e me impor. Dizer que você era pouco demais pra mim. Ou que eu era demais pra sua existência de merda. Você sabe que é um fracassado e não precisa de mim pra dizer isso.

Mas, caso não saiba, eu repito. Você é.

Você não se importa com o sentimento de ninguém além dos seus. Você diminui os outros para se sentir maior. Você quer que todos sejam tão pequenos quanto você. Que vida, hein?

Hoje estou aqui, parado. Do mesmo jeito que estive naquele ano. E percebo o quanto mudei por conta de todos os silêncios que você me respondeu. Eu cresci, eu mudei, eu me machuquei. Mas me libertei.

Hoje olho pra cima e vejo o teto, vejo o céu. Antes, tudo o que eu via era minha angústia, o meu cabresto. Agora tenho a liberdade de mãos dadas comigo, não você.

final feliz
Autorais, Livros

Muito para o meu final feliz

“Ele vai estar na faculdade, desencana”. Você se lembra de quando a sua melhor amiga de infância me disse depois que você comemorou que ia estudar em outro estado? Foram exatamente essas palavras. Eu estava feliz por você, mas não sabia que era isso que estávamos comemorando. Eu sabia que era fruto do seu esforço e que você merecia isso.

O problema é que eu gostava mesmo de você. Pra valer. Você me acordava com um sol no rosto todas as manhãs e eu queria isso pra sempre. Eu estava caindo rápido por você, como naquela música da Avril Lavigne.

Em um mês, você era meu porto seguro. Eu sentia que você sempre estaria lá por mim. E agora você está indo embora. Não é pra sempre, não é por algo ruim. Você não morreu e essa é a coisa certa a ser feita. Lembra que você viu que eu estava triste, estragando a sua despedida e você então, me chamou num canto e perguntou, como você me vê?

Eu não soube responder. Minha vontade de chorar estava insana. Como eu te via? Como alguém que eu estava perdidamente apaixonado. Condenado, como você me disse uma vez no parque, que sem você saber, agora considero como nosso.

Eu amo ser exagerado, mas não é exagero quando digo que realmente gosto muito de você. E acho que é muito para o meu final feliz. Eu não valho tudo isso, você diz e eu sempre discordo na mesma hora. Hoje em dia, eu sei que você não vale a roupa que veste. Mas eu sempre te enxerguei mais do que você era.

Houve uma época em que eu sempre discordaria disso, porque você está marcado em mim. Sei que você vai ler tudo isso, apesar de não dever. Só sei que me sinto dentro de um livro daqueles que chorei muito ao ler. E Deus sabe o quanto eu desejava estar dentro de um deles, mas precisava ser tão ao pé da letra?

Hoje eu sei que devia ter deixado você ir embora. Na época, eu não sabia.

Eu seria hipócrita de dizer que não sentirei saudades dos nossos sábados em São Paulo, dos cafés na Starbucks, de dormir com você e de te beijar na praça de alimentação do shopping. Está tudo guardado dentro de mim.

Sei que esse parece um texto triste, mas não é. Estou orgulhoso de você. Mas hoje, não estou orgulhoso da pessoa que você se tornou como eu achei que estaria anos atrás.

Eu sempre achei que você era muito para o meu final feliz. Mas a verdade é que eu era muito. Muito pra você merecer. Eu é que era muito para o seu final feliz.

Atualizações

O dia da minha catarse

Catarse:catarse na psicologia se refere à estratégia terapêutica através da qual se liberam frustrações, emoções negativas que perturbam a vida e os conflitos que nos impedem de avançar. A catarse na psicologia se refere ao processo pelo qual “purificamos” as emoções negativas. (A mente é maravilhosa, site).

Esses dias conversamos sobre o passado por aqui. Sobre ele ser parte do nosso desenvolvimento e sobre ele sempre estar presente em nossas vidas. O passado somos nós. O que fazemos hoje, é graças a quem fomos no passado. Isso me fez refletir bastante e me fez começar um processo de cura. De entender que as coisas estão assentando, estão ficando mais sólidas dentro de mim.

Sabe quando a gente limpa a piscina e toda a sujeira vai indo pro fundo, deixando a água mais transparente e límpida? É basicamente isso, só que começa na altura dos ombros, passa pelos pulmões, pelo coração e vai te deixando mais leve aos poucos. Certo dia, comentei aqui também sobre eu achar que não tinha potencial. Eu me achava desistente. Incapaz de levar algo de cabo a rabo.

Eu sempre acabava indo e voltando dos meus projetos. Desistindo. Mas será que eu efetivamente desisti? Ou só usei minhas forças para deixa-los presos a uma caixinha? Será que eu não quis só envolver meu jogo de controle e manter as coisas sob meu controle quando elas lutavam para crescer, com ou sem mim?

Certa vez escrevi que o que era nosso sempre gravitaria ao nosso redor. Acho que estive errado. Amar alguma coisa não é mante-la sob seu domínio, sob seu comando, gravitando ao seu redor. Amar alguma coisa, e até mesmo, alguém, é deixar a liberdade fluir da maneira mais pura possível. E apesar da liberdade, aquela coisa ou pessoa continuar com você. A liberdade de querer, sem exercer nenhum tipo de poder.

E é engraçado quando falo isso, porque parece que estou me referindo à pessoas específicas, mas não. Estou me referindo a tudo na minha vida que se tornou parte de mim. Claro que tem pessoas com afetos que ganharam um espacinho especial no meu coração, mas ao lado delas, tem projetos, textos, iniciativas, empresas que abri, coisas que tentei e larguei pra trás ao menor sinal de fracasso. Nunca achei que tivesse desistido, apesar de ter parecido. Ou talvez no fundo, eu tenha achado sim.

Agora eu reconheço que nada daquilo era o que eu realmente queria. Eu demorei pra entender algumas coisas que eu realmente queria na minha vida. Demorei para parar de entrar no jogo dos outros e a me interpretar com mais leveza. Comigo sempre foi 8 0u 80: ou eu estava no jogo dos outros, ou estava no meu jogo, querendo controlar e exercer meu pequeno joguinho de poder. Eu me agarrei ao amor que eu tinha por controlar aquilo que eu podia controlar. Quase uma relação fetichista.

A gente precisa entender que precisamos deixar a liberdade ser pura. Não é abrir a mão para o passarinho voar e ver se ele volta. É abrir a mão, para que ele voe, se quiser voar. Para que ele fique, se quiser ficar. Ou volte, se e quando quiser voltar. É torcer pelo crescimento e aplaudir quando ele vier.

Não é prender esperando ansiosamente pela volta. Abafar fingindo que nunca aconteceu quando as coisas dão errado. É sobre entender que as coisas passam por alguns degraus, e cada um desses degraus nos ensinam alguma coisa. E foi aí que veio minha catarse. Eu tenho potencial. Eu, com todos esses erros do passado, essas sensações de desistência e de não ser suficiente, me tornei quem eu sou hoje, com as coisas que sei hoje.

Meu potencial não é inato. Nem tampouco, quem eu sou. Eu sou quem eu me tornei. E quem eu me tornei, é graças a quem eu fui. Meu potencial é graças aos meus acertos, mas muito mais, por causa de todos os meus erros que transformei numa dolorosa jornada de autoconhecimento. Dolorosa, necessária, mas catártica. E quando a catarse vem… ah, a dor não importa mais. Mas isso não significa que ela não precisava ser sentida.

Já dizia Augustus Waters, em A culpa é das estrelas: a dor precisa ser sentida.

dado perdido, continuo aqui
Autorais, Livros

diário de um atípico #3

trilha sonora recomendada para leitura deste texto: amar, amei – mc Don Juan [cover – Pedro Mendes]

 

não sei onde estou, tudo parece novo para mim

 

querido diário,

 

cheguei atrasado, certo? me perdoe. como bem sabes, penso demais, penso tanto que as vezes estrago algumas coisas que nem chegaram a acontecer. ansiedade que escreve, certo?

certo! mas não é sobre isso que quero escrever hoje, quero falar sobre perdão e algumas outras coisas a mais. a vida nos concede algumas dádivas, o que é estranho, pois ela ama pregar peças e nos cercar de ironias, trágico. esses “presentes” ficam guardados, escondidos debaixo dos escombros, em meio as cinzas, as vezes jogados no lixo ou até mesmo podem ser encontrados no guiar de uma correnteza. depois de uma briga, depois de uma discussão e tomada de decisão sem ser pensada, depois de uma chuva forte, uma tempestade, depois de sermos destruídos por dentro e aparentar não sobrar nada a não ser paredes caídas e pó, as lágrimas já se secaram. é neste espaço desértico, quase irrecuperável que encontramos alguns tesouros, o amor próprio e a verdadeira essência que uma vez fora perdida. então você percebe que, o relacionamento que você construiu dentro de você, somente você era morador, a confiança era somente cultivada na sua horta e que o respeito não era recíproco. você estava vivendo num universo particular. pode até pensar que a sua felicidade está no encontro do outro, somos criados e programados para pensar assim. “amar” alguém e dedicar cada segundo, cada sorriso. importa-se demais com o “outro”, o que o “outro” vai pensar, o que o “outro” gostaria que acontecesse, eu preciso/tenho que agradar o “outro” e você se perde dentro de si, se esconde tanto, deixando seus próprios interesses, deixando de conquistar seus sonhos, deixando de escutar as musicas que [particularmente] gosta e acaba perdendo tudo dentro de si mesma e nem mesmo você, conseguiria encontrar novamente, a não ser que todo o castelo que você chamava de “relacionamento” viesse ao chão. tenho algo pior a pensar, ninguém percebeu que o Amor morreu na segunda metade do século XIX e que hoje, as pessoas só experimentam o apego e a carência, drogas baratas, entorpecentes viciantes que degeneram a integridade e tornam cativo um espírito livre. com a morte do Amor, o Bom Senso se encontrou em desespero, como viver num mundo onde o Amor não se faz presente? desertou, coitado. a vergonha  de fugir não chegou nem perto do medo de viver a mediocridade e a superficialidade que o apego proporciona a carência, prostituição litigiosa, satisfação passageira. Enquanto isso, le-se “textoes” de facebook e fotos com legendas cercadas de corações vermelhos, ninguém mais sabe o valor que o coração vermelho tem? ora essa, que ilusão a minha, ninguém mais sabe o valor de um “eu te amo” quanto mais o significado da cor de um emoji de coração. acho que é pedir demais para essa geração, infelizmente.

acho que escrevi demais,

chega por hoje, meu caro, tivemos reflexões demais por um dia, estava com saudades, um até breve para você e se lembre, não conte para ninguém