Resenhas

Resenha: Insurgente, Veronica Roth

Na Chicago futurista criada por Veronica Roth em Divergente, as facções estão desmoronando. E Beatrice Prior tem que arcar com as consequências de suas escolhas. Em Insurgente, a jovem Tris tenta salvar aqueles que ama – e a própria vida – enquanto lida com questões como mágoa e perdão, identidade e lealdade, política e amor.

CONTÉM SPOILERS!

Pouco tempo depois que li Divergente, fiquei extremamente ansioso para o próximo livro, e já li assim que foi lançado em Inglês, e reli semana passada, em Português. Apesar da opinião de muitos, que o livro está chato, assim como a protagonista, Tris, não foi válida para mim, por motivos que explicarei ao longo da resenha.

A tristeza não é tão pesada quanto a culpa, mas rouba mais de nós.

Após praticamente expor sua divergência durante uma guerra travada entre Audácia e Erudição contra a Abnegação, onde Jeanine Matthews roubou uma informação dos líderes desta última, cuja proteção era tão estimada que muitos deles morreram tentando protegê-la, Tris segue com Tobias em direção a sede da Amizade, com o disco rígido dos dados da simulação que ela havia parado no bolso traseiro, um tanto descontrolada emocionalmente após ver a morte dos pais e matar o melhor amigo – Will – por extrema necessidade.

Ser cruel não torna uma pessoa desonesta, da mesma maneira que ser corajoso não faz de ninguém gentil.

A simulação desenvolvida pela Erudição, estava controlando todos os membros da Audácia, que não eram Divergentes – que não podem ser controlados e mantém plena consciência dentro das simulações e podem até mesmo, manipulá-las -.

Eu li em algum lugar, uma vez, que o choro desafia a explicação científica. Lágrimas são apenas para lubrificar os olhos. Não há razão real para as glândulas lacrimais produzirem lágrimas por causa das emoções. Eu acho que nós choramos para libertar as partes de animal em nós, sem perdermos a humanidade. Porque dentro de mim há uma fera que rosna, grunhe e se esforça para a liberdade, para Tobias, e, acima de tudo, para a vida. E por mais que eu tente, não consigo matá-la. Ao invés, eu soluço em minhas mãos.

Na sede da Amizade, o resto que sobrou da Abnegação, e os aliados até então (Tobias, Tris, Caleb, Marcus e Peter) passam um tempo planejando os próximos passos da guerra, que está bem longe de terminar, até que a base é invadida pela Erudição e Audácia, forçando uma evacuação rápida e emergencial, o que fez Tris, destruir o disco rígido.

Ambos travamos uma guerra dentro de nós. Às vezes, isso nos mantém vivos. Outras vezes, ameaça a nos destruir.

Com isso, o grupo passa a negociar com os grupos dos sem-facção e posteriormente, a Franqueza, em busca de apoio político, abrigo e reforços para a possível guerra, porém, ninguém quer ficar contra os poderes da Erudição.

— Insurgente — diz ele.
— Substantivo. Uma pessoa que age em oposição à autoridade estabelecida, que não é necessariamente considerada agressiva.

O segundo livro da trilogia, foca mais em assuntos políticos entre as facções, mostrando um pouco mais o interior de cada uma delas e como vivem, incluindo os sem-facção, além de mostrar uma Tris mais introspectiva, mostrando seus pensamentos sobre as pessoas ao seu redor, assim como a culpa que carrega pela morte de Will, seu melhor amigo, durante o ataque e seu romance com Tobias – Quatro – que possuí diversos picos e depressões que nos fazem querer chorar.

As pessoas, eu descobri, são camadas e camadas de segredos. Você acredita que as conhece, que as entende, mas seus motivos estão sempre escondidos de você, enterrados em seus próprios corações. Você nunca vai conhecê-las, mas às vezes você decide confiar nelas.

Em muitos momentos, fiquei arrancando meus cabelos para descobrir o que viria a seguir, xinguei a Tris de burra em muitos outros, por suas ações impulsionais, além da curiosidade alimentada em cada página para descobrirmos o que há além da cerca que está em volta de toda a cidade e é trancada por fora, como se estivesse isolando Chicago do resto do mundo.

Solto uma risada sem alegria, uma risada louca. Saboreio sua expressão irada e o ódio em seus olhos. Ela era como uma máquina, fria e sem emoção, movida unicamente pela lógica. E eu a quebrei. Eu a quebrei.

É claro que, entre muitos rodeios no enredo, muitas mortes e traidores, o leitor fica irado e tem vontade de espancar a autora, assim como eu, mas o desfecho, não deixa a desejar em nada. Eu mesmo, quando acabei, fiquei lendo e relendo as últimas frases do último capítulo milhões de vezes e comentando o quão genial era Veronica Roth por criar esse mundo e muito mais pela explicação dada, isto é, o porquê do sistema de facções e Divergentes, informação que seria vazada pela Abnegação para todos, antes de ser roubada por Jeanine, e travado tamanha guerra.

— Serei a sua família agora.
— Eu te amo — digo.
(…)
Sou dele, e ele é meu, e sempre foi assim.
Ele me encara. Espero, agarrada aos seus braços para me equilibrar, enquanto ele pensa no que responder.
Ele franze a testa ao olhar para mim.
— Fala outra vez.
— Tobias, eu te amo.
A água torna sua pele escorregadia. Ele cheira a suor, e a minha camisa gruda em seus braços quando ele os desliza pelo meu corpo. Ele encosta o rosto no meu pescoço e me beija logo acima da clavícula, depois no pescoço, depois nos lábios.
— Eu também te amo.

É fato que Divergente é de longe minha saga preferida, e que recomendo para qualquer um que queira ler. Estou ansiosíssimo para o filme e não sei o que esperar nem tampouco, qual será minha reação.

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