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Resenha: Eu estive aqui, Gayle Forman

Quando sua melhor amiga, Meg, toma um frasco de veneno sozinha num quarto de motel, Cody fica chocada e arrasada. Ela e Meg compartilhavam tudo… Como podia não ter previsto aquilo, como não percebera nenhum sinal?
A pedido dos pais de Meg, Cody viaja a Tacoma, onde a amiga fazia faculdade, para reunir seus pertences. Lá, acaba descobrindo muitas coisas que Meg não havia lhe contado. Conhece seus colegas de quarto, o tipo de pessoa com quem Cody nunca teria esbarrado em sua cidadezinha no fim do mundo. E conhece Ben McCallister, o guitarrista zombeteiro que se envolveu com Meg e tem os próprios segredos.
Porém, sua maior descoberta ocorre quando recebe dos pais de Meg o notebook da melhor amiga. Vasculhando o computador, Cody dá de cara com um arquivo criptografado, impossível de abrir. Até que um colega nerd consegue desbloqueá-lo… e de repente tudo o que ela pensou que sabia sobre a morte de Meg é posto em dúvida.
Eu estive aqui é Gayle Forman em sua melhor forma, uma história tensa, comovente e redentora que mostra que é possível seguir em frente mesmo diante de uma perda indescritível.

Quando me preparo para ler algum trabalho da Gayle Forman, tiro meu dia só pra isso. Infelizmente, é impossível ler aguma coisa dessa mulher no trânsito, no ônibus, na faculdade… porque das duas uma: ou eu vou começar a chorar, ou eu vou ficar eternamente reflexiva. Então tirei um domingo preguiçoso inteirinho pra me dedicar a “Eu estive aqui” e olha… foi a melhor coisa que fiz hoje.

Em “Eu estive aqui” conhecemos Cody, uma adolescente que cresceu com uma mãe ausente e pai desconhecido, e que tem como base familiar a familia da sua melhor amiga, Meg. A identificação por Cody é quase imediata e é impossível não torcer por ela. Cody é uma heroína literária maravilhosa: objetiva e esforçada, ela passa por situações impossíveis, e tem sentimentos confusos e dúvidas em grande parte do livro, coisa que adorei. Ela é uma personagem real, com medos e angústias, mas não deixa nada disso atrapalhar seus objetivos. Em uma cidade pequena, Cody e Meg cresceram juntas e inseparáveis, e foi com o maior choque do mundo que Cody (e eu) lemos, logo na primeira página do livro, a carta de despedida de Meg: sua melhor amiga, a melhor parte da sua vida, tinha se suicidado.

Afastadas desde que Meg foi para uma nova faculdade, Cody se sente culpada por nunca imaginar o que a amiga estava passando e então começa a investigar cada vez mais fundo a vida de Meg. Como poderia uma menina alegre, engraçada e badass perder absolutamente toda a esperança? Então, ao chegar na na faculdade da amiga, Cody se depara com um mundo inteiramente desconhecido em que sua Meg vivia. E é nessa nova cidade, conhecendo os novos amigos e hobbies da sua amiga, que Cody descobre uma nova Meg. E o melhor de tudo, também descobre uma nova Cody.

“A vida pode ser difícil, bonita e caótica, mas, com um pouco de sorte, a sua será longa. Se for, você verá que é também imprevisível e que há momentos de escuridão. Mas eles passam, às vezes graças a muito apoio externo, e o túnel se alarga, permitindo que os raios de sol entrem. Se você estiver na escuridão, pode parecer que vai continuar nela para sempre. Tateando às cegas. Sozinho. Mas não vai – e não está sozinho.”

Este não é o primeiro livro de suicídio que leio este ano. “Por lugares incríveis” tratou do tema de uma maneira maravilhosa e nunca antes vista, que me marcou profundamente e subiu para a lista dos meus livros favoritos.  O suicídio nunca foi um tema fácil, por ser ser cercado de tabus e difícil aceitação, mas Gayle o aborda com maestria, e me pego refletindo sobre todas as indagações e completamente mergulhada nesse mundo que aflige tanta gente e que nós nem imaginamos. “Eu estive aqui” é um livro completo: entre romance, mistério e muita reflexão, terminei a leitura transformada. Recomendo!

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