Acontece em São Paulo, entre os dias 19 de outubro e 1º de novembro, a 41ª Mostra Internacional de Cinema. O festival, que é um dos maiores e mais importantes eventos de audiovisual do país, traz na programação desse ano 394 produções de vários países e diversas atividades em mais de 30 espaços, entre cinemas, espaços culturais e museus espalhados pela cidade.
De acordo com Renata de Almeida, diretora da Mostra, a seleção de 2017 traz filmes ligados a diferentes vertentes do cinema contemporâneo, com destaque para obras que abordam a questão dos refugiados, a degradação ambiental e a intersecção de linguagens.
FILME DE ABERTURA
Além de assinar a arte do cartaz da 41ª edição, o artista plástico chinês Ai Weiwei também dirige o filme de abertura da Mostra. O documentário Human Flow – Não Existe Lar Se Não Há Para Onde Ir aborda a crise dos refugiados de maneira detalhada e intimista, com cenas e entrevistas que percorreram mais de 22 países, nas quais o próprio diretor participa.
A trajetória do artista também será relembrada com a apresentação especial do documentário de Alison Klayman, Ai Weiwei – Sem Perdão, vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Sundance em 2012.
A questão da crise dos refugiados será um tema bem presente na programação deste ano, a exemplo dos títulos Happy End, de Michael Haneke, Bem-Vindo à Suíça, de Sabine Gisiger, O Outro Lado da Esperança, de Aki Kaurismaki, Além das Palavras, de Urzula Antoniak, entre outros.
MEIO AMBIENTE
Al Gore volta a alertar sobre a importância da preservação ambiental, ao lado dos diretores Bonni Cohen e Jon Shenk, em Uma Verdade Mais Inconveniente – sequência do documentário Uma Verdade Inconveniente (2006), vencedor do Oscar. O filme inclui polêmicas atuais, como a decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de romper com o Acordo de Paris. Segundo Gore, a posição do presidente é “imprudente e indefensável”.
Trazendo a discussão sobre meio ambiente para o Brasil, a Mostra vai exibir o filme Rio de Lama, de Tadeu Jungle. “Este filme não é inédito em São Paulo, mas mesmo assim vamos mostrá-lo, pois trata de tema que merece muitas vitrines: a tragédia de Mariana, cidade histórica de MG, que perdeu vidas e viu lama tóxica poluir brutalmente as águas de seu rio”, explica Renata.
O maior desastre socioambiental do país também é tema do segmento dirigido por Walter Salles no longa Em Que Tempo Vivemos?, que reúne cineastas dos cinco países do BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
MULHERES NA MOSTRA E HOMENAGEM A AGNÈS VARDA
Uma das pioneiras da Nouvelle Vague e ícone do feminismo no cinema, Agnès Varda será homenageada com o Prêmio Humanidade, que a cada edição da Mostra é entregue a um cineasta cuja obra reflete questões humanísticas. A preocupação social presente em seus filmes será relembrada em um retrospectiva com 10 longas da diretora, além da exibição do seu último filme, Faces Places. Eleito pelo público do Festival de Toronto como Melhor Documentário, o filme acompanha Varda – que receberá um prêmio honorário na próxima edição do Oscar – e o fotógrafo e muralista J.R. numa viagem pelas áreas rurais da França.
Contando com o longa de Agnès Varda, a seleção da Mostra conta com 98 títulos dirigidos ou codirigidos por mulheres, incluindo 21 diretoras brasileiras. Destaque para Esplendor, de Naomi Kawase, premiado pelo júri ecumênico de Cannes, e Nico,1988, de Susanna Nicchiarelli, eleito o Melhor Filme da mostra Horizontes, no Festival de Veneza.
PRÊMIO LEON CAKOFF PARA PAUL VECCHIALI
Reconhecido por sua cinematografia apaixonada e heterogênea, o veterano diretor francês Paul Vecchiali terá oito longas restaurados exibidos na programação, junto de seus três últimos trabalhos lançados no Brasil, além da estreia mundial de Os 7 Desertores, do curta inédito Três Palavras de Passagem e do documentário Revisitando La Martine, de Pascal Catheland, que registra o processo de produção do curta.
Também reconhecido por ser o primeiro realizador a abordar a questão da AIDS dentro da comunidade homossexual, o diretor vem a São Paulo para receber o Prêmio Leon Cakoff.
FOCO SUÍÇA
A cada ano, a Mostra seleciona um país diferente e faz um panorama de sua produção cinematográfica. Nesta edição, o país escolhido foi a Suíça. Uma retrospectiva de sete títulos do cineasta Alain Tanner e sete curtas animados do diretor Georges Schwizgebel foram selecionados para a programação, além de vários filmes contemporâneos que participaram de festivais internacionais. Outro destaque é um filme “inédito” do cineasta Jean-Luc Godard, feito para a TV em 1976.
FILMES SELECIONADOS PARA O OSCAR
Dos filmes selecionados para a Mostra, treze obras de diferentes países concorrem à vaga para o Oscar de melhor filme estrangeiro:
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- ARGENTINA: Zama, de Lucrecia Martel (trailer abaixo);
- ÁUSTRIA: Happy End, de Michael Haneke;
- COREIA DO SUL: O Motorista de Táxi, de Jang Hoon;
- GEÓRGIA: Scary Mother, de Ana Urushadze;
- IRÃ: Respiro, de Narges Abyar;
- IRLANDA: Canção de Granito, de Pat Collins;
- ISLÂNDIA: A Sombra da Árvore, de Hafsteinn Gunnar Sigurðsson;
- NOVA ZELÂNDIA: Mil Cordas, de Tusi Tamasese;
- REPÚBLICA TCHECA: Mãe no Gelo, de Bohdan Sláma;
- RÚSSIA: Loveless, de Andrey Zvyagintsev;
- SUÉCIA: The Square, de Ruben Östlund;
- SUÍÇA: Mulheres Divinas, de Petra Volpe;
- VENEZUELA: El Inca, de Ignacio Castillo Cottin.
REALIDADE VIRTUAL
A inovadora tecnologia de realidade virtual estará presente na Mostra pela primeira vez, em exibições especiais para apresentar ao público essa nova linguagem. São sessões com os 19 curtas-metragens em realidade virtual, que serão exibidos durante todo o festival nas salas parceiras.
EXIBIÇÕES AO AR LIVRE
A tradicional programação de exibições ao ar livre no Vão Livre do MASP acontece diariamente, de 23 a 28 de outubro, sempre às 19h30. Eles Não Usam Black-Tie, filme vencedor do Leão de Prata no Festival de Veneza, será exibido em homenagem aos 80 anos no cineasta Leon Hirszman (1937-1987). O Dia Mundial do Patrimônio Audiovisual – estabelecido pela UNESCO como forma de chamar a atenção para a necessidade de conservação dos arquivos audiovisuais ao redor do mundo e a importância destes arquivos para formar a identidade cultural das nações – será lembrado com a exibição do filme Quando o Carnaval Chegar, de Cacá Diegues. A Mostra também homenageia o ator Paulo José com o Prêmio Leon Cakoff e apresenta três filmes estrelados por ele: Macunaíma e O Padre e a Moça, de Joaquim Pedro de Andrade, e, em tempos de perseguição e censura à arte, O Homem Nu, de Hugo Carvana.
Realizada anualmente, a projeção ao ar livre na área externa no Auditório Ibirapuera vai exibir a cópia restaurada da comédia romântica O Homem Mosca, de 1923, dirigida por Fred C. Newmeyer e Sam Taylor, e estrelada por Harold Lloyd. A trilha sonora será executada, ao vivo, pela Orquestra Jazz Sinfônica.
No filme, um jovem inexperiente toma a decisão de abandonar sua pequena cidade natal, no interior, e partir para a cidade grande em busca de sucesso profissional. Depois de um tempo, finalmente consegue um emprego como vendedor em uma grande loja de departamentos, sem imaginar que este seria o início de muitas aventuras e que algumas poderiam até colocar sua vida em risco.
Em 2017, o personagem que marcou a carreira de Harold Lloyd completa 100 anos. O rapaz de óculos, que muitas vezes tinha o nome do próprio ator e ficou imortalizado pela cena em que fica pendurado num relógio, apareceu pela primeira vez em Over The Fence, de 1917.
Esses são apenas alguns destaques da 41ª Mostra Internacional de Cinema. No site oficial é possível encontrar maiores informações, a programação completa do festival e valores dos ingressos. No prédio do Conjunto Nacional, em São Paulo, é possível conhecer a Central da Mostra, onde, além dos ingressos, o visitante pode adquirir produtos oficiais do evento. Há também um estande para troca de ingressos, localizado no Shopping Frei Caneca.
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