Críticas de Cinema, Filmes

Crítica: Tolkien (2019)

Tolkien chega aos cinemas amanhã (23) e o Beco já foi conferir e traz tudo em primeira mão para vocês. Estrelado por Nicholas Hoult e Lily Collins, o filme conta a história de J.R.R. Tolkien, o escritor de O Hobbit e a saga O Senhor dos Anéis. Tolkien é um romance biográfico que nos traz a vida do autor desde os seus tempos de criança, passando pela tragédia da morte de seus pais e seu apadrinhamento por um padre que consegue colocá-lo, junto com seu irmão, para morar com uma senhora muito rica que paga seus estudos em um renomado colégio inglês. Lá, Tolkien (Nicholas Hoult) forma a T.C.B.S. (Tea Club Barrovian Society), um grupo composto por ele e mais três amigos que costumavam se reunir em um clube de chá para discutir os mais diversos assuntos, entre eles, poesia, arte e política.

Conforme Tolkien vai crescendo, seu talento vai aflorando, e vemos ele desenvolvendo seus escritos, criando novas línguas e sendo aceito para estudar clássicos na Universidade de Oxford. Porém, ele perde a bolsa ao não atingir as notas necessárias e percebe que sua verdadeira vocação é com filologia (estudo científico do desenvolvimento de uma língua) e consegue outra bolsa de estudos com o professor de filologia de Oxford.

Tudo parecia bem, mas Tolkien fez uma escolha muito difícil ao aceitar ir para Oxford. Ele abriu mão de seu grande amor, Edith (Lily Collins), uma garota órfã, assim como ele, que foi criada como dama de companhia da senhora rica que patrocinou seus estudos. Edith estava com casamento marcado com outro homem ao ser abandonada por Tolkien, mas aí veio a Primeira Guerra Mundial e tudo mudou.

Durante todo o filme, encontramos referências das obras de Tolkien. Seja nas campinas verdejantes de seu antigo lar onde vivia com sua mãe e irmão, que parecem muito com a descrição do vale dos hobbits, seja na irmandade que criara, nos lembrando muito dos quatro amigos hobbits que estrelam toda a saga O Senhor dos Anéis, ou ainda nas barbáries da guerra, que devem ter sido usadas como inspiração para escrever a grande batalha em Senhor dos Anéis e o Retorno do Rei, último volume da série.

Tolkien tenta nos passar o tempo todo a imensa criatividade do autor biografado com efeitos especiais que dificultam saber o que é real e o que é a imaginação dele, pois há situações em que vemos as coisas pelo olhar dele, e sabemos como é emblemático e peculiar o olhar de um gênio sobre o mundo.

Vemos também o processo de criação das várias línguas usadas na saga, como o élfico e a língua dos anões, e é aí que reside a verdadeira paixão de J.R.R. Tolkien, criar sistemas linguísticos inteiros, mas não somente isso. Assim como ele aprendeu com seu professor de filologia, uma língua sem cultura não quer dizer nada. A língua é a identidade de um povo e carrega história, costumes, tradições, enfim, tudo o que define uma comunidade. Portanto, não pode existir por si só, tem que ter um motivo.

As histórias de Tolkien nasceram ao redor das línguas que ele criou. Cada povo, cada personagem, cada história, cada nome… Ele criava a língua e depois suas ramificações. Como uma fã das obras e do autor, foi fascinante assistir esse processo, coisa que eu nunca achei que aconteceria. Além de conhecer mais sobre a vida de J.R.R. Tolkien, que, aliás, não foi nada fácil, o filme também nos possibilita tentar entender um pouco da sua mente criativa e o jeito diferente que ele via o mundo, como também o processo de criação de uma das obras mais renomadas da contemporaneidade. Vemos a importância que os amigos tiveram em sua vida e, para quem leu as obras, vai ser fácil identificar qual deles corresponde a cada hobbit. J.R.R. Tolkien é o Frodo, obviamente. Tolkien chega aos cinemas brasileiros dia 23 de maio e é uma experiência mágica que vale a pena ser vivida.

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