Cenas fortes em jornais em horários totalmente inapropriados. Falta de respeito com o telespectador e com as vítimas. Falta de humanidade desse tal jornalismo sensacionalista. Essas são algumas críticas do filme “O abutre” estrelado por Jake Gyllenhaal, ator que eu nunca consigo ter certeza se atua bem ou não, a cada filme tenho uma opinião diferente. Nesse, vejo até que a atuação dele foi boa, ele conseguiu entrar no papel de um personagem com estilo meio sociopata sem sentimentos, ou seria ele que transparece um estilo blasé que fica parecendo ser do personagem? Fico quase sempre com esse mesmo questionamento, como em “Os suspeitos”, que conta com atuação incrível de Hugh Jackman, que contrasta absurdamente com a de Jake.
Voltando ao filme, fiquei presa nele do início ao fim. Ele trata a questão da falta de respeito, da falta de humanidade, da ganância e da vontade de ultrapassar seus próprios limites como profissional de uma forma maravilhosa. Fica claro como muitas pessoas do meio jornalístico não se importam em como conseguir manter uma audiência, contanto que a mantenham. Eles buscam a tragédia, e são até capazes de criá-la, tudo para continuarem em seus empregos, e talvez por algo mais que se desenvolve dentro deles. Eles criam pânico desnecessário aumentando histórias, acrescentando mais crueldade e violência aos fatos reais, tudo para que a população fique alarmada e se mantenha ligada ao jornal 24 horas por dia.
A cada ação do protagonista eu ficava mais indignada, não conseguia acreditar naquilo, mas o jornalismo sensacionalista está aí diariamente jogando na nossa cara como a vítima é desrespeitada em seu momento de sofrimento e o telespectador dentro da sua própria casa.
Por mais impressionante que pareça, há leis sobre esse assunto. Imagens fortes só podem ser mostradas com aviso prévio para o espectador e, mesmo assim, nem tudo pode ser mostrado, mas, ninguém é punido por uma criança ser exposta a esse tipo de imagem recorrentemente às seis da tarde porque sua mãe precisa trabalhar e acaba não prestando tanta atenção ao que seu filho assiste na televisão.
Um filme que me fez pensar muito, que leva várias ações ao extremo. Fiquei um pouco insatisfeita com a falta de contextualização dos acontecimentos anteriores na vida dos personagens. Porém, a crítica foi feita de forma muito boa o que faz com que o filme valha muito a pena, levantando questionamentos: até onde o jornalismo deve ir para que a informação chegue até nós? Essa ainda é a prioridade deles afinal de contas?
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