Malasartes
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Críticas de Cinema, Filmes

Crítica de Cinema: Malasartes e o Duelo com a Morte (2017)

Pedro Malasartes (ou Malazartes) é um tradicional personagem do folclore cultural português e brasileiro.  Os primeiros registros do personagem datam dos séculos XIII e XIV, na Europa. No Brasil, o caipira chegou a participar das histórias do Sítio do Picapau Amarelo, e foi imortalizado por Mazzaropi (1912-1981) no filme As Aventuras de Pedro Malazartes, de 1960. Depois de um tempo esquecido, Pedro Malasartes está de volta aos cinemas numa superprodução, dirigida por Paulo Morelli, (do premiado Entre Nós), recheada de efeitos visuais.

Na trama, Pedro Malasartes (Jesuíta Barbosa) vive de pequenos golpes para levantar um dinheiro aqui e ali e conseguir se sustentar. O caipira tem um fraco por mulheres, mas seu coração bate forte mesmo por Áurea (Ísis Valverde), sua paixão. Mas Áurea tem um irmão, Próspero (Milhem Cortaz), que não quer ver o malandro nem pintado de ouro, e muito menos se engraçando com sua irmã. Paralelamente, a Morte (Júlio Andrade) não aguenta mais passar a eternidade tirando vidas, e planeja uma aposentadoria. Mas é preciso alguém para assumir tal tarefa. É nesse cenário que os caminhos de Malasartes e da Morte se cruzam.

Malasartes e o Duelo com a Morte se divide entre o real e o fantástico. Entre a vila do interior, onde Malasartes aplica seus golpes, e algum lugar sombrio, onde a Morte reina. Essa mistura remete diretamente a obra de Ariano Suassuna, O Auto da Compadecida, que se tornou um clássico do cinema nacional, ao ser adaptado por Guel Arraes, em 2000.

Do orçamento de R$ 9,5 milhões de reais, R$ 2 milhões foram dedicados somente aos efeitos visuais. Boa parte desses efeitos foram usados para criar o universo paralelo fantástico onde vive a Morte. Se por um lado a computação gráfica convence, já que é uma história que mistura realidade e fantasia, por outro, o uso excessivo desses efeitos acaba comprometendo a narrativa do filme. O espetáculo visual acaba deixando a trama um pouco de lado. Mas mesmo assim, Malasartes e o Duelo com a Morte é divertido, leve e envolvente. E o elenco afiado certamente contribui para a diversão.

Jesuíta Barbosa, que costuma atuar em dramas muito densos, esbanja carisma como protagonista e Ísis Valverde (atualmente no ar como a ardilosa Ritinha, na novela A Força do Querer) diverte como a doce e ciumenta Áurea. O inseparável amigo Candinho, interpretado por Augusto Madeira, completa o trio de “heróis às avessas”. Destaque também para Júlio Andrade, que faz da Morte um vilão bem caricato, porém convincente. O elenco ainda tem participações de Leandro Hassum e Vera Holtz.

Malasartes e o Duelo com a Morte é uma divertida comédia, bem brasileira, que resgata um importante personagem da nossa cultura para uma nova geração.

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