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Resenha: Tocando as estrelas, Rebecca Serle

Quando Paige Townsen deixa de ser uma simples aluna do ensino médio para se tornar uma celebridade, sua vida muda do dia para a noite. Em menos de um mês, ela troca as ruas da sua cidade natal por um set de filmagem no Havaí e agora está conhecendo melhor um dos homens mais sexies do planeta segundo a revista People. Tudo estaria perfeito se o problemático astro Jordan Wilder não fincasse o pé em uma das pontas desse triângulo cinematográfico. E Paige começa a acreditar que a vida, pelo menos para ela, imita a arte.

Logo que li a sinopse desse livro, me lembrei de outro lançamento deste ano com a mesma temática. Em “Entrelinhas” da Tamara Webber, também temos uma jovem que sempre teve uma vida normal e que vê sua vida mudar completamente quando é escolhida para viver a protagonista de um filme baseado em uma série de livros de sucesso. Lá a mocinha conhece dois astros (e inimigos) de Hollywood, um extremamente simpático, que se torna seu melhor amigo em diversas situações, e o outro misterioso e enigmático, com quem ela tem uma aproximação inexplicável. E sim, isso acontece nos dois livros. E sim, a semelhança é perturbadora.

Em “Tocando as estrelas” conhecemos Paige, uma adolescente de 17 anos que sonha em ser atriz e vive numa casa extremamente movimentada (pais, irmãos, irmã, sobrinha…) e passa seu tempo de verdade com seus melhores amigos, Cassandra e Jake. E é por influência de Cassandra, que Paige se inscreve nos testes para viver August, a personagem principal de uma trilogia de sucesso chamada “Locked”. Foi exatamente nesta parte da leitura que senti falta de um pouco mais… O processo entre o teste de Paige e sua chamada para o filme ocorreu de uma forma abrupta: em um parágrafo ela falava sobre a audição, e no outro ela já tinha sido chamada. Senti falta dos detalhes do teste, da ansiedade do resultado, da reação da sua família etc…

Essa é uma verdade sobre o sucesso. Muita coisa muda, mas nem tudo. Você ainda tem dias de cabelo ruim. Amizades que se desfizeram não serão reparadas milagrosamente. E pessoas que não amavam você antes continuarão a não amar. Uma coisa que o sucesso não muda, não importa a que nível você chegue, são as coisas que já viraram passado

Em poucos meses já acompanhamos a mudança de Paige para o Hawai, onde começam as filmagens de Locked. Logo de cara ela conhece Reiner, o mocinho simpático e engraçado, que facilita sua vida no set. Com seu jeito sedutor e divertido, Reiner conquista todos no estúdio, e se torna o melhor amigo e conselheiro de Paige para todas as dúvidas de uma recém-celebridade. É muito gostoso de ler a fluidez da amizade dos dois, os sutis flertes escondidos entre as frases de dois amigos. Tudo anda as mil maravilhas até a chegada de Jordan, o terceiro elemento do triângulo amoroso de Locked (e de “Tocando as estrelas” também). Jordan tem uma fama de encrenqueiro e mal encarado, mas seus segredos vão muito além de umas brigas no set. Desnecessário falar que, assim como a August em Locked, Paige em “Tocando as estrelas” também se encontra dividida nessa história.

“Isso não importa mais. É como um guarda-chuva no meio de uma tempestade depois de estar completamente molhado. Exatamente o que você precisava, o que você queria, mas já é tarde”

Talvez por já ter lido “Entrelinhas” ou talvez pela história ser realmente fundamentada em um clichê, achei a história bastante previsível, porém agradável. Embora sem muitas surpresas e reviravoltas, “Tocando as estrelas” atinge seu objetivo e consegue divertir com facilidade. O livro é o primeiro de uma trilogia “Famous in Love”. O segundo livro  “Truly, Madly, Famously” será lançado este ano nos EUA, ainda sem previsão para o Brasil. A Novo Conceito fez um trabalho maravilhoso com a edição: a capa é linda e o interior do livro é repleto de detalhes cinematográficos que só deixam a edição ainda mais especial! Eu já estou curiosa para saber o fim das duas mocinhas – Paige e August-  e ansiosa para o lançamento do próximo.

“E, veja bem, isso é o que eu não entendia. O que ninguém conta. Só porque você encontrou o amor, não significa que é para você guardar para si. O amor nunca pertence a você. Pertence ao universo. Ao mesmo vento que sopra nas ondas dos surfistas e na corrente que os carrega de volta à praia. Você não pode se apegar, porque ele é muito maior que qualquer coisa que alguém jamais poderia conceber ou tocar com as próprias mãos. É maior que tudo.”

 

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Resenha: Eu estive aqui, Gayle Forman

Quando sua melhor amiga, Meg, toma um frasco de veneno sozinha num quarto de motel, Cody fica chocada e arrasada. Ela e Meg compartilhavam tudo… Como podia não ter previsto aquilo, como não percebera nenhum sinal?
A pedido dos pais de Meg, Cody viaja a Tacoma, onde a amiga fazia faculdade, para reunir seus pertences. Lá, acaba descobrindo muitas coisas que Meg não havia lhe contado. Conhece seus colegas de quarto, o tipo de pessoa com quem Cody nunca teria esbarrado em sua cidadezinha no fim do mundo. E conhece Ben McCallister, o guitarrista zombeteiro que se envolveu com Meg e tem os próprios segredos.
Porém, sua maior descoberta ocorre quando recebe dos pais de Meg o notebook da melhor amiga. Vasculhando o computador, Cody dá de cara com um arquivo criptografado, impossível de abrir. Até que um colega nerd consegue desbloqueá-lo… e de repente tudo o que ela pensou que sabia sobre a morte de Meg é posto em dúvida.
Eu estive aqui é Gayle Forman em sua melhor forma, uma história tensa, comovente e redentora que mostra que é possível seguir em frente mesmo diante de uma perda indescritível.

Quando me preparo para ler algum trabalho da Gayle Forman, tiro meu dia só pra isso. Infelizmente, é impossível ler aguma coisa dessa mulher no trânsito, no ônibus, na faculdade… porque das duas uma: ou eu vou começar a chorar, ou eu vou ficar eternamente reflexiva. Então tirei um domingo preguiçoso inteirinho pra me dedicar a “Eu estive aqui” e olha… foi a melhor coisa que fiz hoje.

Em “Eu estive aqui” conhecemos Cody, uma adolescente que cresceu com uma mãe ausente e pai desconhecido, e que tem como base familiar a familia da sua melhor amiga, Meg. A identificação por Cody é quase imediata e é impossível não torcer por ela. Cody é uma heroína literária maravilhosa: objetiva e esforçada, ela passa por situações impossíveis, e tem sentimentos confusos e dúvidas em grande parte do livro, coisa que adorei. Ela é uma personagem real, com medos e angústias, mas não deixa nada disso atrapalhar seus objetivos. Em uma cidade pequena, Cody e Meg cresceram juntas e inseparáveis, e foi com o maior choque do mundo que Cody (e eu) lemos, logo na primeira página do livro, a carta de despedida de Meg: sua melhor amiga, a melhor parte da sua vida, tinha se suicidado.

Afastadas desde que Meg foi para uma nova faculdade, Cody se sente culpada por nunca imaginar o que a amiga estava passando e então começa a investigar cada vez mais fundo a vida de Meg. Como poderia uma menina alegre, engraçada e badass perder absolutamente toda a esperança? Então, ao chegar na na faculdade da amiga, Cody se depara com um mundo inteiramente desconhecido em que sua Meg vivia. E é nessa nova cidade, conhecendo os novos amigos e hobbies da sua amiga, que Cody descobre uma nova Meg. E o melhor de tudo, também descobre uma nova Cody.

“A vida pode ser difícil, bonita e caótica, mas, com um pouco de sorte, a sua será longa. Se for, você verá que é também imprevisível e que há momentos de escuridão. Mas eles passam, às vezes graças a muito apoio externo, e o túnel se alarga, permitindo que os raios de sol entrem. Se você estiver na escuridão, pode parecer que vai continuar nela para sempre. Tateando às cegas. Sozinho. Mas não vai – e não está sozinho.”

Este não é o primeiro livro de suicídio que leio este ano. “Por lugares incríveis” tratou do tema de uma maneira maravilhosa e nunca antes vista, que me marcou profundamente e subiu para a lista dos meus livros favoritos.  O suicídio nunca foi um tema fácil, por ser ser cercado de tabus e difícil aceitação, mas Gayle o aborda com maestria, e me pego refletindo sobre todas as indagações e completamente mergulhada nesse mundo que aflige tanta gente e que nós nem imaginamos. “Eu estive aqui” é um livro completo: entre romance, mistério e muita reflexão, terminei a leitura transformada. Recomendo!

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Resenha: Primeiro e Único, Emily Giffin

Shea tem 33 anos e passou toda a sua vida em uma cidadezinha universitária que vive em função do futebol americano. Criada junto com sua melhor amigas, Lucy, filha do lendário treinador Clive Carr, Shea nunca teve coragem de deixar sua terra natal. Acabou cursando a universidade, onde conseguiu um emprego no departamento atlético e passa todos os dias junto do treinador e já está no mesmo cargo há mais de dez anos. Quando finalmente abre mão da segurança e decide trilhar um caminho desconhecido, Shea descobre novas verdades sobre pessoas e fatos e essa situação a obriga a confrontar seus desejos mais profundos, seus medos e segredos.

O livro vai contar a historia de Shea, uma mulher de 33 anos que é fanática por futebol americano. Ela é filha de pais divorciados e foi crida junto com sua melhor amiga Lucy, que é filha do famoso treinador Carr. Ela nunca teve coragem ou sequer pensou em deixar a sua cidade Natal, onde cresceu, estudou, cursou faculdade e trabalha. Tudo isso muda no enterro da Senhora Carr, quando ela começa a pensar e rever sua vida.

Shea é formada em Jornalismo e sempre gostou de escrever. Na época da faculdade ela era responsável pelo jornal que cobria o time da faculdade, depois de se formar ela continuou trabalhando na faculdade, mas no departamento esportivo. No decorrer do livro percebemos que a Shea tem uma admiração muito grande pelo treinador Carr, admiração essa que ela vai percebendo que é algo mais, mas ao mesmo tempo não se permite acreditar, por ter sido ele que a incentivou a dar os primeiros passos.

No livro temos esse romance tímido entre os dois, confusões entre ela (Shea) e a melhor amiga (que por sinal é filha do treinador) e pra aumentar, outros amores antigos da vida dela.

A história é contada em primeira pessoa, na visão da Shea, o que faz você se apegar a ela com facilidade. Além disso a leitura flui bem. E a parte diferente do livro é que as coisas vão acontecendo paralelamente ao campeonato de futebol americano.

Eu, particularmente, gosto mais de romances chic lit ou YA, então não faz muito meu estilo. Mas pra quem gosta de romances dramas e várias confusões na vibe Nicholas Sparks, terá uma prato cheio!

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Resenha: Marina, Carlos Ruiz Zafón

Julguei o livro pela capa, sim. E como julguei. Lá estava “Marina”, me encarando por horas enquanto eu dava voltas na livraria, não tinha certeza sobre qual livro levar, e que sorte dera, só assim pude entrar em contato com uma obra-prima. Zafón despeja todo um talento surreal em quase duzentas páginas, atira ao leitor o melhor de si, como profissional e como ser humano. É traumatizante, da melhor forma, ler a história de Oscar Dari, ou de German, ou da perfeição cujo nome é Marina.

O cenário é uma Barcelona pós-guerra. A Europa, mesmo devastada por um dos maiores conflitos já vistos em séculos, se não o maior, consegue ser retratada com todo fulgor e beleza. Oscar é um garoto incomum, tem como habito percorrer as ruas de sua cidade nas diversas escapadelas do Internato. Em uma dessas esbarra com o casarão que mudará totalmente o roteiro de sua vida. A curiosidade, como definira muito bem Carlos Zafón em diversos trechos, provoca no homem instintos diversos, o leva para situações nunca pensadas. Assim, Oscar é posto em desafio ao invadir uma mansão que acreditara está abandonada, nesta desventura ele rouba, mesmo sem desejar, um relógio que encontrara no lugar e é afugentado por um homem que surgira assim como o remorso pareceu horas depois. Em um conflito interno, Oscar decide voltar ao local e devolver o relógio ao seu verdadeiro dono. Assim embarca em histórias alheias, faz com que Marina e seu pai debrucem sobre sua janela e fiscalizem sua alma jovem e sem propósitos. O garoto não seria o mesmo.

… Aprendi que é possível viver de esperanças e nada mais. (Pág. 182)

O inicio da história apresentasse sombrio, cria-se um plano de fundo macabro para todas as ocasiões, ficamos sempre na defensiva, a espera de um homem encapuzado ou até mesmo uma mulher, com medo que de uma hora para outras os personagens sejam expurgados para páginas desconhecidas, até seu terceiro quarto de livro, “Marina” é  duvidoso. O talento singular de Zafón mistura os sentimentos que nunca imaginei estarem juntos, medo e apreço, segurança e instabilidade, tudo isso ao mesmo tempo, traçando em cada linha um rastro de sangue, um rastro de ódio que originou a história, não de Marina, ou de Oscar, mas de algo bem maior. Revela-se, quando menos esperamos, uma teia totalmente gigantesca, que embarca não somente os jovens, mas toda uma Barcelona cercada por segredos e intrigas. O ser humano posto em prova exala as piores reações, isso não foge dos faróis do autor, ele faz questão de evidenciar tais atitudes. Com o simbolismo de uma borboleta, com o realismo de tal borboleta, o livro torna-se uma ícone do gênero. De qual gênero, na verdade? Não sabemos, ou melhor, não conseguimos estabelecer um espectro nas linhas de tipos para Marina, é uma reunião dos melhores gêneros em um só lugar, trata-se de mistério, drama, horror, aventura, um emaranhado de histórias e histórias, unificadas de um modo eletrizante.

O desfecho é digno de um Victor Hugo, por desventura do destino o livro é pequeno, tem 189 páginas, é o único ponto em que podemos disparar xingamentos a Zafón. Se Marina tivesse ao menos mais duzentas páginas… só mais isso. Mas o autor sabe o que faz, sabe quando deve encerrar sua obra. A Suma de Letras nos oferece o livro com o melhor papel para leitura que já vi, a capa, como já destaquei no primeiro paragrafo, engana, de diversas modos, em momentos ela parece sombria, em outros, algo romantesco. Toda a obra tem essas inverdades, não sabemos o que está para ocorrer na página seguinte, é inquietante. Para quem procura uma breve mas marcante leitura, eis Marina, a musa de um Zafón ou um Oscar. A Marília de seu Dirceu, trágica, mas esplendorosa.

Ninguém entende nada da vida enquanto não entender a morte. – acrescentou Marina.

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Resenha: Tem Alguém Aí?, Marian Keys

Atenção: Esse texto contém spoilers de outros livros de Marian Keyes. Leia por sua própria conta e risco.

Anna Walsh é um desastre ambulante. Ferida fisicamente e emocionalmente destruída, ela passa os dias deitada no sofá da casa de seus pais em Dublin com uma ideia fixa na cabeça: voltar para Nova York. Nova York é onde estão seus melhores amigos, é onde fica o Melhor Emprego do Mundo®, que lhe dá acesso a uma quantidade estonteante de produtos de beleza, mas também, e acima de tudo, é a cidade onde Aidan, seu marido, mora. Mas sua volta para Manhattan se torna complicada não só por conta de suas cicatrizes, mas também porque Aidan parece ter desaparecido. Será que é hora de Anna tocar sua vida pra frente?

Tem Alguém Aí? não é um lançamento, na verdade está bem longe disso. O quarto e penúltimo livro da série das irmãs Walsh foi lançado em 2006, mas acabei tendo a oportunidade de lê-lo somente agora. Não virou o meu livro favorito da Marian Keyes (o topo do pódio ainda é de Ferias?!) mas chegou bem perto.

Anna é quarta irmã Walsh e sempre foi descrita nos livros anteriores de suas irmãs como uma garota desligada e meio avoada. Mas neste livro ela é uma mulher de 30 anos que se recupera de um acidente e da partida seu amado marido, Aidan. Mesmo tendo o suporte de sua família, ela sente a necessidade de voltar para Nova York, para seu emprego, para seus amigos e principalmente para seu marido. Mas ao chegar em Nova York ela acaba se surpreendo com como as coisas mudaram e suas tentativas loucas para se comunicarem com Aidan chegam ao extremo, mas ela não liga: está movida pelo amor que sente por ele.

“Todos os dias eram exatamente iguais. Era como se eu estivesse entrando por uma porta errada da minha vida e estivesse em um mundo onde tudo era idêntico, exceto por uma enorme diferença”.

Marian Keyes nunca me decepciona, nunca mesmo. Ela é uma das minhas autoras favoritas e eu sempre tenho a sensação de que suas histórias são histórias reais, talvez porque elas retratam a vida como ela é.

Na linha das irmãs Walsh, é muito interessante ver como cada irmã vê a si mesma e as outras. Elas chegam a parecer personagens completamente diferentes daqueles que são nos livros que cada uma narra, mas se você perceber com cuidado é nisso que Keyes trabalha com maestria: os pontos de vista e como toda história tem suas versões e ângulos.

Anna era a Walsh que eu mais tinha curiosidade em ver como narradora principal. Ela é realmente como a descrevem, mas ver seu amadurecimento e principalmente, como todos os acontecimentos vão desmontando-a é fascinante. As cenas com o trio Mamãe Walsh-Papai Walsh-Helen ainda causam as melhores risadas, como sempre. Posso dizer também que me apaixonei por Aidan Maddox e entendo porque Anna também o era, eles combinavam muito e o modo como eles se conheceram foi uma das melhores sequencias do livro. É Anna quem o convida para sair primeiro e esse lado dela cheio de atitude me deixou muito animada. A melhor amiga de Anna, Jacqui, no começo não parece ser uma grande personagem de primeira mas ao chegar na cena do parto da bebê Krystall eu simplesmente ri do começo ao fim (eu ainda dou risadas com o Espiral de Cus). Rachel ainda continua sendo de longe a minha Walsh favorita e ver o quanto ela tenta ajudar Anna (para quem já leu Férias?! sabe o quanto Rach teve seus altos e baixos, muito baixos) é comovente e ao mesmo tempo engraçado.

“Eu abri a janela e o som da cidade entrou; havia um mundo imenso e agitado lá fora. Por cinco ou seis segundos a borboleta ficou parada ali, no peitoril, até que alçou voo, pequena e corajosa, levando a vida em frente”.

Aliás, acho que esse é a melhor descrição para Tem Alguém Aí?: comovente e engraçado. Não é o livro mais engraçado de Marian, você consegue dar algumas risadas, mas é comovente. Ah como é. Foi o primeiro livro da Marian que me peguei com lágrimas nos olhos, e não eram das risadas. Ele tem uma premissa mais dramática do que os outros e cumpre com o seu papel, ser tocante sem ser melodramático.

Em uma escala de 0 a 10, eu acho que é um bom 8,5. Ainda segue a linha dos outros livros de Marian de começar empolgante e ir esfriando aos poucos, ou como muitos dizem, enrola demais. Mas como sempre antes do final acontece algo inexplicável e você quer chegar ao fim o mais rápido possível. Para quem gosta das irmãs Walsh e já leu até Los Angeles é uma ótima opção de leitura mas para quem não conhece Marian recomendo começar com outro livro dela, pois esse carrega muitos spoilers de Melancia, Férias?! e Los Angeles (como por exemplo a cena do casamento de Rachel). Fora isso é uma leitura que recomendo e o que mais posso dizer? Agora eu presto mais atenção em borboletas.

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Resenha: Motoqueiro Fantasma – Estrada para a Danação, Garth Ennis & Clayton Crain

“O Motoqueiro Fantasma foi enviado ao inferno! Quando o misterioso Malachi lhe oferece a possibilidade de se libertar das garras de Satã, essa oferta tem um preço. Como pagamento pela sua redenção, o Motoqueiro deve derrotar o demônio lorde Kazaan e seu fantoche, o bilionário corrupto Earl Gustav. O equilíbrio entre Céu e Inferno está se rompendo e apenas o herói, também conhecido como Espirito da Vingança, tem poder para reestabelecer a ordem no Universo.”

Nesta HQ lançada em 2005, Johnny Blaze, o Motoqueiro Fantasma, aceitará qualquer acordo para poder escapar das garras do inferno, mesmo sem saber em quem confiar ou se estará mesmo livre do abismo. Vários personagens instigam um ar de desconfiança ao leitor, independente de serem anjos ou demônios, todos são um vilão em potencial até que se prove o contrário.

Estrada para a Danação conta com arte de Clayton Crain e roteiro de Garth Ennis, assim não foi surpresa encontrarmos nessa HQ temas com Anjos, Demônios, Céu e Inferno, especialidades de Ennis, outras marcas do seu roteiro são a presença de falhas humanas nas criaturas assim como um humor negro invejável. Crain por sua vez tem um talento único para desenhar histórias desse tipo, podendo passar de uma cena simples e cotidiana para uma batalha entre anjos e demônios, sua arte é bastante detalhada, suave e bem fluida, com seus momentos macabros e eletrizantes.

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O Motoqueiro Fantasma foi enviado ao inferno, afinal havia vendido sua alma para Mephisto e teve de pagar o preço. Agora, noite após noite, ele tenta escapar das garras da agonia que o perseguem e continuamente ele é capturado por hordas demoníacas, despedaçado de diversas formas e regenerado novamente para que tudo recomece e sua agonia seja infinita. Mas Malachi, um anjo do paraíso, tem outros planos para o Espírito da Vingança, ele oferece a liberdade em troca da captura de um arquidemônio chamado Kazaan, ele terá que ser mais rápido que os agentes do Inferno e do Paraíso, Hoss e Rute, que já estão no encalço de Kazaam e não terá muito tempo para cumprir sua missão e conseguir sua tão sonhada liberdade.

Estrada para a Danação é uma HQ macabra, os detalhes na arte fazem uma grande diferença, pois o produto final seria bem menos impactante sem o apoio visual dado por Clayton Crain. Vale salientar que a história talvez não agrade as pessoas que se ofendem facilmente, pois a religião é tratada de forma crua e direta, para os anjos descritos por Garth Ennis “os fins justificam os meios”, ou seja, para que milhões vivam eles não ligam em sacrificar uma vida, são cruéis e impiedosos e punem aqueles que podem enxergá-los, já os demônios, não é nenhuma surpresa saber que eles não dão o menor valor a vida de quem quer que seja. O motoqueiro por sua vez é visto como alguém que não pode ser detido, ele está em uma missão e nada o deterá, ele foi marcado pelo período em que passou no inferno e fará de tudo para continuar longe de lá. Uma história com um tema forte, indicada para todos que gostam de batalhas violentas e cheias de ação, com cenas impactantes e um humor negro de primeira.

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Resenha: Misery, Stephen King

Paul Sheldon é um famoso escritor que finalmente encontrou sua maior fã. Ela se chama Annie Wilkers, e é mais do que um leitora voraz: é a enfermeira de Paul, pois cuida dos ferimentos que ele sofreu num grave acidente de carro. Mas Annie também é a carcereira de Paul, mantendo-o prisioneiro em sua casa isolada.
Agora Annie quer que Paul escreva sua obra-prima, mas só para ela. Annie tem vários métodos para incentivá-lo. Como uma agulha. Ou um machado. E, se nada funcionar, ela poderá ficar ainda mais perigosa.

Stephen King prova em Misery que só precisa de uma casa e da interação entre dois personagens para escrever um livro excelente. Apenas nas mãos de um mestre esse enredo, aparentemente simples, se torna perturbador.

Tudo começa quando o escritor Paul Sheldon sofre um acidente na estrada e é resgatado pela enfermeira Annie Wilkers, aparentemente sua fã número um. Ela o leva até sua casa e trata de seus ferimentos com o maior cuidado possível. Paul se sente extremamente grato pelo salvamento até então. Mas o que ele não sabia era que sua heroína tinha inúmeras surpresas reservadas a respeito de sua personalidade.

Chamar Annie de louca é praticamente um elogio. King consegue fazer dela um enigma, instável, capaz de explodir a qualquer momento pelo motivo mais banal possível. Ela é, sem sombra de dúvida, uma das personagens mais bem desenvolvidas do autor. Permite uma exploração ímpar da loucura e do fanatismo. Mas o melhor é que acompanhamos tudo pelo ponto de vista de Paul, sempre existindo o mistério do que se passa na mente de Annie. E não saber o limites da enfermeira é horrível.

“Paul Sheldon descobriu três coisas quase simultaneamente, uns dez dias após emergir da nuvem escura. A primeira era que Annie Wilkers tinha bastante analgésico. A segunda, que ela era viciada em analgésicos. A terceira foi que Annie Wilkers era perigosamente louca.”

Não chegarei ao ponto de dizer que o livro dá medo no sentido literal. Mas a trama psicológica entre os personagens é tão real que chega a ser angustiante acompanhá-la. Sempre que Annie entra no quarto ficamos apreensivos com o que ela pode ou não fazer. Sua instabilidade torna o próprio livro instável e surpreendente. Por isso, Misery é uma leitura rápida. Uma vez iniciado, é praticamente impossível parar. Além disso, a dependência que se estabelece entre o escritor e a enfermeira chega a ser cruel. Paul precisa dela para sobreviver. Não existe escapatória.

“Se Annie tivesse morrido, ele morreria ali, um rato preso na ratoeira.”

Também é interessante notar que Stephen aborda características de um escritor, o processo criativo e outras nuances através de Paul. Não é novidade em seus livros a presença de personagens que são autores, sempre muito bem explorados. É como se, em cada um, King imprimisse um pouco dele mesmo e de sua experiência escrevendo livros. É genial.

Misery é capaz de agradar tanto aos fãs de Stephen King como os que ainda não o conhece. Essa obra pode ser recomendada facilmente como ponto de partida, caso você queira conhecer o autor. Isso porque é mais simples que outros títulos dele e não possui elementos sobrenaturais. Assim, é possível conhecer um pouco do seu estilo de escrita antes de se aventurar em suas outras inúmeras obras extraordinárias. Sem falar que a edição, quando se trata dos livros de King, nunca deixa nada a desejar.

É leitura obrigatória.

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Resenha: Apenas um ano, Gayle Forman

Em Apenas um Dia, os momentos de paixão entre Allyson e Willem foram interrompidos de maneira abrupta, lançando a jovem em um abismo de questionamentos e dor. Agora a história é contada pela voz de Willem. Sem saber exatamente o que o atraiu na garota de olhos grandes e jeito comportado, o rapaz inicia uma busca obsessiva por pistas que levem até a sua Lulu mesmo sem saber sequer o seu nome verdadeiro

Atenção! Esse texto contém spoilers do primeiro livro #1 Apenas um Dia

Apenas um Ano” foi mais ou menos o tempo que esperei esse livro chegar em minhas mãos. Quando terminei o primeiro livro da série “Apenas um dia” só faltei cair morta no chão de ansiedade e incredulidade. Vamos recapitular um pouco em como estamos nessa história? No primeiro livro, após acompanhar a história linda de como Allyson/Lulu conheceu Willem e de como eles passaram juntos as melhores 24 horas da vida, ver a separação e a decepção que Allyson sentiu me doeu bastante. Mas fiquei impressionada com a força que a personagem teve ao se transformar na pessoa que ela realmente quer ser.

De uma forma ou de outra, todos nós vivemos sob as expectativas dos que nos rodeiam. Em menor ou maior grau, estamos sempre com medo de decepcionar nossos pais, nossos amigos e aqueles que colocam em nosso colo desejos e sonhos que as vezes nem são nossos. Allyson cresceu para ser alguém que já tinha um futuro predestinado, e não teve tempo (e nem vontade) de descobrir quem ela realmente queria ser. Ao conhecer Willem, uma pessoa que vive uma vida oposta da sua: sem regras, sem horários e sem metas de vida, ela percebe que a vida não pode ser planejada ou medida. Não se pode colocar nosso amor em gráficos ou nossas risadas em cronogramas.

Ao enfrentar seus pais e contrariar seus planos futuros, Allyson sai em busca de Willem, pesquisando de todas as maneiras possíveis como encontrar o menino que mudou todo o curso do seu futuro. E imagine para nós, leitores, o que foi acompanhar um ano de buscas, pesquisas, google, viagens, curso de francês, pra quando ela finalmente encontra Will… o livro termina!

Para quem se interessou, a resenha completa de Apenas um Dia você encontra AQUI

Voltando a nossa resenha de hoje: após passar longos meses esperando essa continuação, no momento que esse livro chegou em minha casa, sentei e só levantei quando terminei. Eu estava muito curiosa: o que Will ia falar? Qual era a explicação pro seu sumiço no quarto branco? Onde ele estava durante esse ano? E me deparei com a feliz surpresa do livro ser narrado por Willem! Ele começa exatamente no dia seguinte após as 24 horas em Paris, e somos finalmente capazes de entender o que houve naquela fatídica manhã.

Fiquei muito tensa com o desenrolar dos fatos e o desencontro dos dois. Mesmo já sabendo o que iria acontecer, e que ele nunca iria conseguir voltar a tempo de encontrar Allyson, eu sofri com Will olhando o relógio, saindo as pressas do hospital e correndo em direção a um quarto há muito tempo já vazio.

Nos capítulos seguintes, acompanhamos a vida de Willem por todo o ano e nos apaixonamos (ou re-apaixonamos) pelo rapaz. É maravilhoso descobrir as histórias por trás das ações de Will, o que houve em sua vida para que ele seja tão desprendido e toda mágoa que ele esconde atrás de um sorriso safado de um ator de rua. Ouso dizer que Will é um personagem muito mais profundo que Allyson, e que a sua visão dos fatos me pareceu muito mais real.

“Naquela ocasião, não entendi. O amor não é algo que se protege. É algo que se arrisca”.

Após um tempo em que Will tenta refazer sua vida, ele também começa a procurar por sua Lulu (e senti até um aperto no coração saber que nossa mocinha está fazendo o mesmo, do outro lado do mundo). Entre encontros e desencontros, buscas e mais buscas, terminamos o livro da mesma forma que o primeiro: no reencontro.

Tenho pra mim que Gayle Forman é adepta de algum tipo de ritual: todo o livro dela tem que acabar no clímax (“Se eu ficar”, “Apenas um dia”…) e nisso, nós leitores ficamos ansiosos e extremamente curiosos, sofrendo de uma úlcera gástrica por estresse enquanto a continuação não é publicada…

A editora Novo Conceito fez um trabalho fantástico com a capa (com pequenas imagens clássicas e marcantes pra quem leu a história) e que faz par com a nova capa relançada do primeiro livro. O último livro da trilogia (que na verdade é um conto) se chama “Apenas uma noite” e ainda não tem previsão de publicação no Brasil (mas euzinha não vou aguentar e provavelmente lerei em inglês mesmo!).

Acompanhei em dois livros completamente diferentes uma mesma história de amor. Acompanhei dois personagens amadurecendo e se apaixonando, mesmo que distantes. E ambos lutando pelo mesmo sentimento, cada um a sua maneira. Recomendo demais as duas leituras, e aguardo ansiosamente pela terceira!

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Resenha: O Silêncio dos Inocentes, Thomas Harris

Cinco mulheres são brutalmente assassinadas em diferentes localidades dos Estados Unidos. Para chegar até o criminoso, a jovem agente do FBI Clarice Starling entrevista o ardiloso psiquiatra Hannibal Lecter, cuja mente psicopata está perigosamente voltada para o crime. Ao seguir as pistas apontadas pelo dr. Lecter, Clarice envolve-se em uma teia mortífera e surpreendente.

Como muitos, só fui apresentado à história de Clarice Starling ao assistir o filme baseado nessa obra de Thomas Harris, que foi estrelado por Jodie Foster e Anthony Hopkins e conquistou nada menos que 5 Oscars. Se o longa já pode ser considerado uma obra prima, não era possível esperar menos do livro. Poucas histórias tem a sorte de ser bem-sucedida tanto no cinema como na literatura e O Silêncio dos Inocentes, sem dúvida, é uma delas. Não admira que seja um dos textos mais expressivos do gênero desde o seu lançamento, em 1988.

A história de Clarice é interessante porque nos identificamos com ela. Em início de carreira no FBI, a agente vai contra o clichê da grande mente investigativa que, só de olhar para um corpo, já descobre tudo sobre o crime e quem o cometeu. Não, aqui a personagem é mais humanizada, comum. Em um meio predominantemente masculino, ela luta por seu espaço com seus méritos próprios, sem se deixar levar pela opinião alheia. Seu grande trunfo é se colocar no lugar das vítimas e olhá-las não apenas como mais um cadáver estendido no chão. É essa sensibilidade que a permite ter uma perspectiva diferenciada dos crimes de Buffalo Bill, o serial killer que está sendo investigado.

Além disso, Starling conta com a ajuda de um dos personagens mais complexos já criados na literatura policial: Hannibal Lecter, o Canibal. É ele o grande fio condutor de toda a trama, a mente pensante que nos intriga do começo ao fim. Sua presença paira por todas as páginas, mesmo que ele não esteja em cena. Thomas Harris cria uma tensão tão grande envolvendo o psiquiatra assassino que ficamos esperando ansiosamente sua próxima aparição. Hannibal é capaz de provocar vários sentimentos ambíguos no leitor. Ao mesmo tempo em que é repulsivo, é carismático e, ainda que saibamos das atrocidades cometidas por ele, nos pegamos simpatizando com aquela mente brilhante e, muitas vezes, a trama principal é eclipsada quando ele surge.

“O dr. Lecter, assassino de nove pessoas, tinha os dedos agrupados embaixo do naris e a observava. Seus olhos demonstravam uma noite infindável.”

A relação entre Lecter e Clarice é algo ímpar, envolta em tensão psicológica, com duas pessoas tão diferentes se completando em uma troca mútua de informações. É impressionante a capacidade que Hannibal tem de entrar na mente das pessoas e manipulá-las. Thomas cria o personagem que todo autor sonha em criar, aquele que intriga o leitor a todo momento e o deixa querendo mais.

Outro grande diferencial de O Silêncio dos Inocentes é que a investigação não consiste apenas de uma busca alucinada pelo culpado. Tudo é estruturado para entender seus aspectos psicológicos e o motivo literal dos crimes. Aqui, entramos na mente do assassino e a vasculhamos, o que é perturbador. Nada é exposto à toa. Existe todo um simbolismo envolvendo as mariposas e a forma como os corpos são encontrados. Buffalo Bill vai sendo destrinchado aos poucos, na dose certa.

Se você gosta do gênero, esse livro é leitura obrigatória, quer você já tenha visto o filme ou não. Com uma trama impecavelmente construída, nada deixa a desejar. O suspense criado na história nos prende até a última página, em uma narração fluida e agradável.

Resenhas

Resenha: Escola Noturna – O Legado – C. J. Daugherty

Allie Estou tentando salvar você, Allie. A Escola Noturna não é só uma escola, uma época maluca para a gente lembrar quando ficarmos velhas e chatas. É para a vida toda. No ano anterior, Allie Sheridan viu sua família se dissolver e foi presa três vezes. Ir para um colégio interno parecia um pesadelo, mas a Academia Cimmeria acabou se tornando um lar — o primeiro lugar onde ela se sentiu realmente bem-vinda. No entanto, os salões da escola eram mais sombrios do que Allie poderia imaginar, e um ataque brutal quase lhe tirou a vida. Um grupo misterioso está disposto a destruir a Escola Noturna e tudo que ela representa. Agora, os estudantes correm perigos que ainda não compreendem. E, para piorar, a família de Allie — especialmente sua poderosa avó e seu irmão desaparecido — está bem no meio de tudo isso. Allie precisa de respostas. Mas, para consegui-las, terá que escolher se confia na família ou nos amigos. Porque segredos podem ser mortais e destruir até o mais forte dos relacionamentos. E, dessa vez, Allie está sozinha.

Capa_Escola noturna - legado.ai

A Cimmeria ardia em chamas, os alunos ainda se recuperavam do choque que fora o ataque de um grupo secreto mas que no fim das contas era íntimo da maioria dali, no meio de tudo isso uma heroína emergia. Allie foi sendo esculpida durante todo o primeiro livro, explorada ao máximo para que pudéssemos ter a garota sem receios como acontecera no primeiro volume de “Escola Noturna.” O Legado inicia eletrizante, uma perseguição entre as ruas londrinas marca o ponto inicial, vemos em poucas páginas o frágil treinamento do ano que passara sendo colocado em prática pela garota Sheridan. Ela é retirada da situação por Raj Patel, pai de Rachel.

Na casa da amiga Allie sente algo que raramente sentira: Estava em família. Após alguns dias na residência de Rachel, o retorno à Academia Cimmeria vem junto com diversas desconfianças. Nathaniel estaria a espreita? Seria realmente seguro voltar ao local onde tudo acontecera e insistir para que na melhor das hipóteses, aquilo tudo se repetisse? Eles arriscam. A Escola vai tomando ritmo aos poucos. Temos a inclusão de novos personagens, como a garota prodígio, Zoe, que seria a parceira de Allie nos treinamentos na Escola Noturna (Sim, ela entrou e já estava certo, depois do que fizera, depois da revelação de seu histórico familiar, a Escola Noturna era o lugar de Allie). Retornaremos para a relação Allie-Zoe daqui a pouco, mas antes falemos deste tal “Histórico Familiar”. Vimos no primeiro livro o retorno do então desaparecido irmão de Allie, ele estava lá, do lado contrário da força. Páginas e páginas dedicadas a esse embate psicológico, a jovem procura motivos, justificativas plausíveis. A resposta não surge do nada como ela esperava.

Zoe surge como Allie surgira, é claro, a novata verdadeiramente é um prodígio, quando Allie estava longe de ser exemplar. Mas insegurança que a personagem poderia expor seria a mesma, estava em idêntica situação. Algo que irá se repetir também são os abalos na amizade de Sheridan e Jo, assim como o namoro que para chegar onde chegou foi preciso muita paciência, é arremessado aos ares. A vida de Allie novamente está em mãos alheias, mas ela consegue, por ser quem é, retomar as rédeas, mostrar que nasceu para ser protagonista de sua própria história. Os mistérios reascendem, a curiosidade do leitor se torna maior a cada página, queremos saber o porque de tudo aquilo, o porque da existência de tantos conflitos, internos, externos, psicológicos. Desejamos poder resolver cada problema, cada passo mal dado por nossos personagens prediletos, e saiba, o fim do segundo capítulo de “Escola Noturna” realça o porque de tanto sangue em suas capas, o porque da morte ser retratada nas entrelinhas. Ninguém está a salvo na grandiosa Cimmeria.

A edição é igualmente sensacional à primeira. a capa elaborada perfeitamente, transparecendo os temas abordados por Daugherty, e falando nesta linda e talentosa mulher: Senhorita Daugherty, porque tão cruel? A escrita de C.J. evolui quando necessário, pausa levemente, sem mostrar falhas, sem deixar sobrar nada. Uma teia maravilhosa. No mais, ambas as partes realizaram um trabalho incrível. A Suma não foge de seu padrão, com impressão impecável e uma tradução digna, a editora não falha. “O Legado” mistura drama, tensão, romance, tudo que um bom livro precisa, mas com um toque peculiar, Sheridan consegue ser destemida quando precisa. Consegue se superar, Allie, carregando em suas costas anos e anos de história.

Tradução: Regiane Winarski
Ficção
ISBN: 9788581052335
Lançamento: 10/03/2015
Formato: 16 x 23
296 páginas