Numa época em que o mundo se dividiu entre dois lados completamente diferentes, um jovem de 17 anos parte em uma missão para resgatar a irmã, mas, para isso, precisará se unir ao inimigo. No romance A escuridão ao nosso redor, de Eliot Schrefer,que une o melhor de Os dois morrem no final e O guia do mochileiro das galáxias, o leitor embarcará em uma missão na qual amar pode ser a única maneira de sobreviver.
Ambrose Cusk acorda em uma nave sem saber como foi parar lá; as únicas coisas de que sabe é que o sistema operacional da espaçonave possui a voz de sua mãe, que ele precisa resgatar a irmã, Minerva, e que a única outra pessoa a bordo é Kodiak Celius — um jovem que é o oposto de Ambrose.
Sozinhos nesta missão, Ambrose e Kodiak precisarão colocar as diferenças de lado se quiserem desvendar todos os mistérios que os cercam e permanecerem vivos, enquanto tentam cumprir uma missão onde nada parece ser o que realmente é.
Lançamento exclusivo da Buzz Editora em setembro, o livro é um dos destaques da imprensa especializada, como a Booklist: “Schrefer magistralmente evoca e cria um suspense que mantém as páginas viradas rapidamente enquanto ainda reserva um tempo para retratar o relacionamento tocante e comovente de dois meninos. Se tudo isso for uma ópera espacial, os leitores vão querer um bis. Bravo.”
Já a Publishers Weekly apontou: “Uma odisseia sexy no espaço. O romance imersivo de Schrefer combina a construção de mistérios e a tensão do romance, desenrolando lentamente uma história iterativa sobre amor e atração, destino e conexão.”
Em meio a uma geração que pede por mais representatividade na literatura, Eliot Schrefer cria uma história que une as maiores qualidades do romance água-com-açúcar e os traços mais sombrios da batalha pela sobrevivência em um lugar inóspito. A escuridão ao nosso redor é quase como se um episódio de Black Mirror saísse da Netflix e ganhasse o mundo dos livros.
É nesse sentido, e buscando esses ávidos telespectadores, que a Buzz Editora traz essa ficção científica, onde dois jovens tentam descobrir quem são, para onde vão e quais seus propósitos no universo. E não seriam esses os maiores questionamentos da espécie humana?
Sobre o autor
Eliot Schrefer é um autor bestseller do New York Times, foi duas vezes finalista do National Book Award na categoria Young People’s Literature e ganhou os prêmios Green Earth Book e Sigurd F. Olson Nature Writing na categoria de Literatura Infantil. Schrefer mora em Nova York, ensina escrita criativa na Hamline University e na Fairleigh Dickinson University e resenha livros para o USA Today.
Muito se tem escrito, falado e divulgado sobre o aumento da expectativa de vida, mas e sobre a qualidade com que vivemos ou iremos viver esses anos a mais? Em Vivemos mais! Vivemos bem? Por uma vida plena (Papirus 7 Mares, 128 pp., R$ 52,00), os filósofos Mario Sergio Cortella e Terezinha Azerêdo Rios fazem uma profunda reflexão sobre o tema, com destaque, nessa nova edição da obra, para o capítulo “Idade preconceito”, que discute o etarismo, assunto que tem ganhado repercussão recentemente.
Ao longo do livro, os autores defendem que mais importante que o comprimento da vida é sua “largueza”. “Claro que queremos viver mais tempo, mas isso de nada vale se não pudermos aproveitar de verdade esse tempo, experimentá-lo em sua riqueza”, ressalta Terezinha. “Quero mais vida, mas não quero qualquer vida”, complementa Cortella.
Para o filósofo, “a ideia de vida longa implica viver mais e viver bem. Mas, no meu entender, viver bem não é só chegar a uma idade mais avançada com qualidade material de vida. É também adquirir a capacidade de olhar a trajetória. Porque a vida não é só o agora, é o percurso. Ela é a soma de todos os momentos numa extensão de tempo”.
Uma das coisas que dificultam a qualidade de vida na velhice é o preconceito em relação à pessoa de mais idade. Sobre isso, os autores lembram que o etarismo não é uma questão recente, e acontece mais nas sociedades ocidentais. “Esse etarismo resulta, num primeiro momento, de um produtivismo no qual se entende que a pessoa com mais idade, sendo menos produtiva, é muito mais um ônus do que um bônus”, aponta Cortella. E complementa, “além do produtivismo, há a ideia do capacitismo, isto é, entende-se que ela é menos capaz, portanto, possui uma série de limitações que alguém com menos idade não tem”.
Ao encontro disso, Terezinha ressalta que é o momento de refletirmos sobre o contexto no qual se dá essa discriminação, pois entende que existe uma dificuldade em nossa sociedade de aceitar as diferenças. “Temos que pensar em como nós nos configuramos para chamar o outro de diferente, e que marcas tem essa diferença. Retomando a ideia de velhice, de idade mais avançada, não é só questão de tempo de vida; é fraqueza, fragilidade, improdutividade. São todos elementos negativos – e serão mesmo, ou terão sido criados num imaginário?”, finaliza.
Sobre os autores
Mario Sergio Cortella é filósofo, escritor e palestrante, com mestrado e doutorado em Educação pela PUC-SP, onde atuou como professor titular por 35 anos (1977-2012). Foi secretário municipal de Educação de São Paulo (1991-1992), tendo antes sido assessor especial e chefe de gabinete do professor Paulo Freire. É autor de diversos livros nas áreas de educação, filosofia, teologia e motivação e carreira, como Nos labirintos da moral, com Yves de la Taille, Ética e vergonha na cara!, com Clóvis de Barros Filho, Nem anjos nem demônios: A humana escolha entre virtudes e vícios, com Monja Coen, e Viver, a que se destina?, com Leandro Karnal, todos publicados pela Papirus 7 Mares.
Terezinha Azerêdo Rios é graduada em Filosofia pela UFMG. Cursou o mestrado em Filosofia da Educação na PUC-SP, onde fez parte, por mais de 30 anos, da equipe de professores do Departamento de Teologia e Ciências da Religião. Doutorou-se em Educação pela USP, sendo pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Formação de Educador (Gepefe), da Faculdade de Educação. Tem atuado como assessora e consultora em projetos de formação de professores e educação continuada de profissionais de diversas áreas.
Lucy Score, autora internacional de romances contemporâneos com mais de 7 milhões de cópias vendidas em todo o mundo, sucesso no TikTok e best-seller do New York Times, está pronta para aplacar os corações dos brasileiros novamente. Desta vez, a escritora lança As coisas que guardamos em segredo, sequência da série As coisas que nunca superamos, também pela Alta Novel Editora e que pode ser lido de forma independente.
No enredo, que revisita o universo do primeiro volume protagonizado por Naomi Witt e Knox Morgan, o leitor mergulha na vida do irmão mais novo do barbeiro ranzinza, Nash Morgan, e de Lina Solavita – uma mulher rebelde e ex-namorada de Knox. Querido e amoroso, Nash é o chefe da polícia da cidade fictícia Knockemout.
Após ser baleado em trabalho – que o deixou à beira da morte –, o protagonista começa a travar uma luta interna, repleta de ataques de pânico e pesadelos. Uma sombra do homem que costumava ser, Nash está determinado a manter esta crise pessoal em segredo. É aí que entra em cena Lina Solavita, inteligente e sensual, com a habilidade especial de enxergar além das aparências.
Avessa ao contato físico, a moça sente algo diferente quando está próxima do policial. A conexão física dos dois é inegável, levando-os a questionar se vale a pena explorar essa proximidade ardente. À medida que segredos sombrios são revelados, Nash e Lina precisam navegar pelas próprias diferenças e atrações impulsivas.
Indicado para maiores de 18 anos, este enredo enemies-to-lovers narrado pelo ponto de vista dos dois personagens centrais instiga o leitor a descobrir se o amor pode resistir às provações da vida. As coisas que guardamos em segredo é uma envolvente história de amor e superação, em que segredos, paixão e conexões profundas se entrelaçam.
Sobre a autora: Lucy Score é uma autora best-seller do New York Times e USA Today, conhecida por suas histórias emocionantes e personagens cativantes. Com milhões de cópias vendidas em todo o mundo, ela continua a conquistar o coração dos leitores com seus romances contemporâneos inteligentes e envolventes. Seu primeiro livro publicado no Brasil foi As coisas que nunca superamos, pela Alta Novel.
Embora a organização do Enem não divulgue uma lista de leitura obrigatória, existem alguns autores e obras que costumam aparecer com frequência em todas as edições do exame nacional. São escritores considerados “queridinhos” pela equipe que elabora as provas de Literatura, devido à relevância na história literária brasileira.
“A abordagem dos organizadores do exame é ampla, incluindo questões que englobam movimentos literários. Portanto, o estudante deve se preparar lendo o maior número possível de obras e autores que são presença constante no Enem“, orienta a professora de Literatura do Colégio Passo Certo, de Cascavel (PR), Karen Nakano. Para ajudar os candidatos da próxima edição do exame, a professora indica uma lista de leituras essenciais para a fase de preparação.
Machado de Assis
Obras: A mão e a luva; Memórias Póstumas de Brás Cubas
A literatura machadiana apresenta ironia, crítica moral e social, análise psicológica e objetividade. “Machado de Assis continua a impressionar por retratar criticamente a sociedade de seu tempo e antecipar questões que permanecem relevantes até hoje“, destaca a professora. Segundo ela, é importante conhecer bem o estilo da escrita desse autor, pois as questões podem abordar as características distintivas de Machado de Assis.
Clarice Lispector
Obras: A hora da estrela; Perto do Coração Selvagem
A escrita intimista de Clarice Lispector a diferencia de outros escritores. Ela utiliza o fluxo de consciência para que o leitor mergulhe nos pensamentos de seus personagens. As questões costumam explorar essa peculiaridade em suas narrativas intimistas, relacionando-a ao enredo das obras.
Carlos Drummond de Andrade
Poemas: No meio do caminho; Poema de sete faces; Quadrilha
A obra de Carlos Drummond de Andrade abrange uma grande multiplicidade de temas e situações cotidianas. Segundo a professora, os textos do autor provocam reflexões de natureza existencial. “Drummond é um poeta versátil e é importante fazer interpretações prévias, já que as provas frequentemente incluem análises de poemas“, adverte.
Cecília Meireles
Obras: Espectros; Romanceiro da Inconfidência
Cecília Meireles é conhecida pela poesia intimista, que explora conflitos internos, envolvendo temas psicológicos, espirituais e metafísicos. “Algumas questões podem abordar o caráter simbolista de sua obra e sua conexão com aspectos reflexivos“, sugere Karen.
Guimarães Rosa
Obras: Grande Sertão Veredas; Sagarana
Guimarães Rosa é um dos escritores mais reconhecidos da terceira fase do Modernismo. “As obras desse autor apresentam uma construção linguística peculiar, com muitos neologismos. Esse elemento é frequentemente explorado nas questões do Enem“, revela a professora.
“Mário de Andrade desafia os paradigmas da poesia acadêmica e se volta para uma exploração intensa do ritmo e temas vinculados ao folclore brasileiro. Por todos esses aspectos, Mário é considerado uma das figuras mais importantes da literatura“, sugere a professora. Ela ressalta que as questões do Enem sobre ele costumam abordar a oralidade relacionada aos temas das obras.
Novo livro do fotógrafo e apresentador Ricardo Martins acompanha os registros pela Península Itálica, dos Pré-Alpes no extremo norte, aos mares do sul
A Itália, uma terra onde o passado e o presente se entrelaçam de maneira fascinante, é um verdadeiro palco de história e cultura que ecoa por todo o mundo. Suas cidades, povoados e vilas, repletos de construções milenares, testemunham a evolução de civilizações ao longo do tempo, deixando uma marca indelével na história não apenas da região, mas também de muitas partes do globo.
Neste cenário único, onde a tradição e a modernidade coexistem harmoniosamente, encontramos narrativas cativantes, como a aventura do fotógrafo Ricardo Martins que transformou sua viagem pela Itália em um projeto fascinante. Acompanhado pelo diretor de cinema Fabio Tanaka e por Sam, um italiano que se tornou um guia especial durante um mês de exploração, eles mergulharam nas riquezas culturais e paisagens deslumbrantes deste país, capturando momentos que agora fazem parte do projeto “Itália, redescobrindo as influências culturais do Brasil”.
Beco Literário: Como surgiu a ideia de viajar de motorhome pela Itália e transformar essa experiência em um livro?
Ricardo Martins: A ideia veio de um interesse particular que eu tinha em fotografar a Itália e que meu patrocinador, o grupo italiano Comolatti, apoiou desde o início. Com isso, o motorhome foi estratégico. Com ele, conseguiríamos aproveitar melhor o tempo em cada lugar e nos deslocarmos com mais facilidade, por isso, virou nossa casa móvel por 25 dias.
BL: Como aconteceu a escolha das cidades e lugares que você visitou na Itália durante a viagem?
Ricardo: Montei todo o roteiro e os lugares que eu gostaria de conhecer com um amigo italiano, o Luciano. Depois, o Sam, um amigo de infância dele, se tornou nosso guia e condutor do motorhome. Foi o Sam que inventou estratégias novas para descobrirmos novos lugares, como a cidade de Matera, que não estava no roteiro inicial.
BL: Como foi a experiência de viajar com o diretor de cinema Fabio Tanaka e transformar os bastidores da viagem em uma série de episódios?
Ricardo: Foi uma experiência fantástica. O Tanaka hoje se tornou um grande amigo e juntos transformamos a viagem em uma série de quatro episódios, algo que eu já queria fazer desde o meu segundo livro. Essa foi a terceira série que eu apresentei e a segunda que eu produzi. Hoje, no total, já temos cinco séries produzidas, duas que já foram lançadas e três que estão vindo por aí… Por isso, hoje vejo a série como um novo produto e foi dessa forma que surgiu a RM Produções, minha editora e produtora.
BL: Você mencionou que a foto do canal principal de Veneza foi uma das suas favoritas. Pode compartilhar mais detalhes sobre essa imagem e por que ela é tão especial para você?
Ricardo: Veneza sempre fez parte do meu imaginário pelos filmes que assistia e matérias na televisão e nas revistas. Quando cheguei, vi que era muito mais do que eu sonhava e foi mágico fotografar ali, com aquela atmosfera e aquela energia.
Ricardo Martins
BL: Tem uma pergunta que sempre faço para todos os entrevistados – o que você sempre quis responder mas ninguém nunca te perguntou?
Ricardo: Tem uma muito íntima minha que é qual é o meu maior medo… E já respondendo, meu maior medo é perder aquela empolgação, aquela magia da fotografia que eu sempre tive, desde criança. Desde que tirei aquela minha primeira fotografia com 10 anos de idade, que apertei aquele botão e aquela felicidade explodiu… Tenho medo de perder isso, perder com o ritmo de trabalho, com a quantidade de trabalho, que isso se torne algo comum e não se torne mais mágico.
BL: No processo de criação das imagens para o livro, você mencionou que buscou ser totalmente autoral. De onde vem as suas influências criativas? Pode explicar como isso influenciou o resultado final?
Ricardo: Sempre fui autodidata, procuro aprender com muita observação e experiências de erros e acertos, sejam eles meus ou de outras pessoas. Minha fotografia é muito instintiva, eu fotografo o que me salta os olhos com emoção e tento levar isso para as páginas dos meus livros e agora, para as séries de TV.
BL: Além de seus livros, você também promove exposições fotográficas. Pode nos contar sobre sua experiência mais recente, a exposição “Uma língua de várias faces” na sede da Unesco em Paris?
Ricardo: Sim, adoro fazer exposições e interagir com o público tentando entender o meu olhar! Essa última aconteceu na sede da Unesco, em Paris, a convite do embaixador Santiago Mourão. Certo dia, acordei às 6h com meu telefone tocando e era o Santiago, dizendo que gostaria do meu trabalho exposto em Paris no dia da comemoração da Língua Portuguesa. Para mim, foi uma honra e um grande reconhecimento.
BL: Você já tem planos para novos projetos após o lançamento deste livro? Pode compartilhar algumas informações sobre eles?
Ricardo: Planos não faltam! Com alguns erros que cometi sendo empresário, entendi que a engrenagem nunca pode parar, então já estou pensando em 2024 e 2025. Os próximos projetos que já estão confirmados e com patrocinadores fechados são: “Amazônia”, “Litoral Brasileiro” e “Os Últimos Filhos da Floresta”, mas ainda não posso dar muitos detalhes sobre eles.
Ricardo Martins
Considerado um dos principais nomes da fotografia de natureza e cultura do país na atualidade, Ricardo Martins é autor e editor de 12 livros, já apresentou e produziu quatro séries passando pelo Pantanal, Amazônia, Itália e litoral brasileiro, onde mostra os bastidores de suas expedições. Desta vez, percorreu toda a Península Itálica, dos Pré-Alpes no extremo norte, aos mares do sul mostrando os contrastes das construções milenares que convivem com situações da modernidade.
Em 2012, foi honrado com um dos maiores prêmios da literatura brasileira, o Prêmio Jabuti, na categoria de melhor fotografia pela obra A Riqueza de um Vale.Ricardo Martins promove exposições fotográficas divulgando a cultura e as belezas brasileiras no Brasil e no mundo; a última, intitulada “Uma língua de várias faces”, aconteceu em Paris na sede da Unesco, em comemoração ao dia da língua portuguesa.
O Dia Internacional da Democracia, comemorado em 15 de setembro, foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007. A data foi criada para celebrar os dez anos da Declaração Universal da Democracia — assinada em 16 de setembro de 1997, que tem como um de seus princípios, válidos até hoje, a defesa de que “a democracia é um direito básico de cidadania, a ser exercido em condições de liberdade, igualdade, transparência e responsabilidade, com o devido respeito à pluralidade de pontos de vista, no interesse da comunidade.”
De origem grega a palavra “democracia” vem da junção de “demos” e “kratos”, traduzindo-se como “poder do povo”. Na antiguidade clássica, os atenienses reuniam-se na ágora para debater assuntos da polis, de forma que todos os cidadãos pudessem participar das tomadas de decisão. De lá para cá, a implementação de regimes democráticos variou de acordo com os lugares do mundo e os diferentes momentos da história, permanecendo um assunto relevante para ser discutido, inclusive entre os jovens.
Uma das formas de introduzir essa discussão é por meio dos livros. A partir de conteúdos literários e informativos, é possível apresentar às crianças e aos adolescentes a importância da empatia, do respeito ao outro e da preservação de direitos, da igualdade e da liberdade para a cidadania. Seja em casa ou na sala de aula, conhecer histórias que valorizam o protagonismo do povo contribui para a formação de jovens cidadãos.
Dentre os clássicos que há décadas geram reflexões em jovens leitores fazendo-os estabelecer relações entre ficção e vida real está a obra 1984, de George Orwell. Considerado um marco da literatura distópica, o livro narra criticamente uma sociedade totalitária governada pelo Partido, organização comandada pelo Grande Irmão.
Nesse mundo, vive o protagonista Winston Smith, que vai lutar contra esse regime autoritário e vigilante. Para além de sua influência na criação do reality show Big Brother, a obra de Orwell é um constante lembrete sobre a importância de se refletir e instigar a mudança por uma sociedade verdadeiramente democrática. A edição da Ática tem tradução do professor e linguista Fábio Delano e conta com a apresentação do jornalista e escritor Lira Neto, além de ilustrações de Amanda Miranda.
Para além desse clássico global, existem inúmeros livros nacionais que também podem ser apresentados para o público jovem a fim de promover reflexões sociais importantes. Pensando nisso, a SOMOS Literatura, em parceria com o Beco Literário, selecionou outros quatro livros de autoria brasileira que servem como porta de entrada para o tema. Confira!
Quarto de Despejo: Diário de Uma Favelada (Edição Comemorativa), de Carolina Maria de Jesus — Editora Ática Autor: Carolina Maria de Jesus Páginas: 264
Carolina Maria de Jesus foi uma escritora e catadora de papel da favela do Canindé, em São Paulo. Em forma de diário pessoal, em Quarto de Despejo a autora narra sua luta contra a miséria e a fome em um ambiente extremamente desigual, tornando-se um símbolo de resistência. Originalmente publicado em 1960, o livro permanece atual e por isso é considerado um clássico da literatura brasileira. A história de Carolina reflete uma das diversas realidades do país, trazendo à tona o debate sobre questões de classe, raça e gênero — essenciais para a democracia.
Carapintada – Uma Viagem pela Resistência Estudantil,de Renato Tapajós — Editora Ática Autor: Renato Tapajós Páginas: 16
Renato Tapajós retrata a história e a importância sócio-política do movimento estudantil por meio da história de Rodrigo, um jovem estudante que, ao participar de um protesto pelo impeachment do presidente Fernando Collor de Mello na década de 1990, se transporta para os anos rebeldes. Perdido no Brasil da década de 1960, durante a Ditadura Militar, Rodrigo se envolve na luta pela redemocratização do país. Contando com o Guia do Professor, a obra é uma ótima ferramenta para se trabalhar a história de dois dos principais movimentos populares brasileiros.
A Democracia Grega, de Martin Cezar Feijó — Editora Ática Autor: Martin Cezar Feijó Páginas: 40
A obra de Martin Cezar Feijó narra a trajetória de Glauce e Teodoro, dois curiosos irmãos que decidem investigar por conta própria a morte do filósofo Sócrates. De forma cativante, o livro apresenta aos jovens leitores a história grega ao decorrer da narrativa, descrevendo o período em que Atenas reintegra sua democracia e apresentando os conceitos desse regime político.
Entre neste livro – A Constituição para Crianças, de Liliana Iacocca — Editora Ática Autora: Liliana Iacocca Páginas: 48
Com ilustrações e diálogos simplificados, Liliana Iacocca apresenta às crianças para que serve o código de leis e qual o papel do Estado, debatendo, também, sobre os direitos das crianças e dos adolescentes e a importância da preservação do meio ambiente. Destinadas a jovens do primeiro ao quinto ano do fundamental, o livro serve como porta de entrada para o debate democrático.
Juliano Costa (@julianofmcosta), músico, escritor, marceneiro e fumante paulistano, debruçou-se sob um diário para relatar sua rotina enquanto registrava os primeiros dias de uma vida sem nicotina. Durante o processo, se encontrou mais empenhado em sua escrita que na tentativa de deixar o cigarro. Ao longo das páginas e dos dias, a dúvida nasceu: escrever para parar de fumar ou fumar para continuar escrevendo? Daí surgiu o seu primeiro livro, “Fumo” (Editora Patuá, 120 páginas). Escrito como um romance em forma de diário, a obra tem como principal tema a relação do personagem com o ato de fumar e o domínio exercido por esse objeto sedutor na vida do fumante, desdobrando-se também em assuntos como amizades, trabalho, rotina e sonhos.
“Em 2021 tentei parar de fumar e li que uma estratégia seria criar um diário sobre esses dias, para escrever sobre o que estava sentindo a cada dia de abstinência e marcar o progresso da tentativa”, relata Juliano. “Comecei fazendo isso mas no quarto dia sem fumar, estava muito mais interessado nesse diário do que de fato na tentativa de parar. Eu passava o dia todo pensando em o que poderia escrever no diário o que atrapalhou o processo de parar de fumar. Então decidi voltar a fumar e continuar escrevendo sobre o tema”, conta.
Mesmo fictício e propositalmente fantástico, o livro tem passagens familiares a todos que já tiveram um cigarrinho como companhia. O diário acompanha o protagonista ao longo de 30 dias. Nesse mês, ele registra suas agonias e pirações a partir do dia em que decidiu parar de fumar. O herói, assim como seu criador, se encontra fascinado por conversar com o diário a respeito do cigarro e passa a questionar a escolha de rejeitar o vício. Sem conseguir se livrar da sombra projetada pela falta de nicotina, passa a enxergar cigarros todos os segundos de seu dia. Ele sonha acordado e traz à tona recordações de momentos pitorescos que sempre envolvem o tabaco enrolado num papel com filtro. De preferência, um Marlboro Vermelho, favorito do personagem.
Em um trecho do livro situado na página 68, o personagem compara o ato de parar de fumar como uma prova de resistência do BBB: “Só que essa não acaba nunca e você nunca ganha, só fica lá resistindo até desistir ou morrer. Não tem vitória. Ninguém oficialmente venceu a luta contra o vício. A pessoa pode, no máximo, estar vencendo. (…) Parar de fumar é uma eterna tentativa, a outra opção é perder. Perder, sim, é possível. Aliás, provável. Fumou, perdeu. Pronto.”
Capítulos pontuais ainda fazem uma digressão à vida do personagem. Em um primeiro momento, traz uma pesquisa rápida com informação sobre a história do tabaco e pouco depois, ousa quebrar a parede para conversar com o revisor e preparador do livro Roberto Alves, que assina sua orelha. O escritor traça uma jornada pouco convencional, mas divertida e consciente ao explorar o tema, especialmente quando contrapõe o prazer e cuidado à saúde, essas forças antagônicas que sufocam a vida do fumante. Ainda servindo um pingue-pongue com a fantasia, presta citações e referências a figuras públicas que incluem o reality-show “Vida a Bordo” e chegam até Caetano Veloso, passando pela cultura pop em “Harry Potter” e “Vingadores”.
Juliano gosta de escolher e encaixar as palavras da maneira mais simples possível, mas faz isso construindo cenas precisas e fáceis de serem imaginadas. Entre suas principais referências, estão brasileiros contemporâneos, apontando nomes como Marcelino Freire, André Sant’Anna, Antonio Prata, Eliana Alves Cruz. “Escrevo desde os 20 anos mas nunca gostava do que eu escrevia. Em 2012 fiz um curso com o Marcelino Freire e isso mudou minha relação com a escrita. Desde então venho fazendo algumas experiências para achar um jeito legal de escrever.”
Nascido em 1990, em São Paulo, Juliano, como músico, já lançou, pelo projeto Primos Distantes, os discos Primos Distantes (independente, 2014) e Primos Distantes Ao Vivo (EAEO records, 2015). Em carreira solo, lançou o álbum visual A Trilha da Trilha (independente, 2020), o disco Barco Futuro (selo Ei Som, 2021). Também está trabalhando em seu próximo disco solo, Vida Real, com previsão de estreia para 2024. Como escritor, no momento, participa de um projeto que homenageia a Navilouca ─ revista de poesia e arte que circulou no Brasil numa edição única em 1974. Além de “Fumo”, o autor publicou um conto no livro “Leia esta canção: Beto Guedes”, da editora Garoupa, uma coletânea de histórias inspiradas na obra de Beto Guedes, músico montes-clarense e notório membro do Clube da Esquina.
A BibliON, biblioteca digital gratuita de São Paulo, participa da Festa Literomusical 2023, FLIM, que acontece nos dias 15, 16 e 17 de setembro de 2023, em São José dos Campos. E para contribuir com a vasta programação, leva aos participantes a 1ª Mesa Literária com o tema “Todo o amor que houver nessa vida”. A atração abordará a questão do amor no que tange a ação e a prática para além do sentir, tal como é elaborada pela inspiração dessa edição, bell hooks, teórica feminista e ativista antirracista estadunidense. A conversa, que está marcada para o dia 15, às 20 horas, contará com a escritora e cofundadora da Articulação Interamericana de Mulheres Negras na Justiça Criminal – Núcleo Brasil, Juliana Borges, e Renato Noguera, escritor que possui pesquisas na área de filosofias africanas e indígenas, tendo escrito o livro “Por que amamos?”
E também no dia 15, o público infantil terá à disposição a atração “Trupe Pé de Histórias com LIBRAS”, das 15h às 16h.
Confira abaixo a programação:
15/09
Sexta-feira às 20h
1ª Mesa Literária – Todo o amor que houver nessa vida
Com Renato Nogueira e Juliana Borges, mediação Bianca Mantovani. Acessível em LIBRAS por Rosicleide Ferreira Magalhães Fonseca. Oferecimento SP Leituras / BibliOn
A iniciativa nasceu como forma de aperfeiçoar um projeto piloto, lançado em 2020, no qual buscava oferecer um serviço cultural digital e gratuito à população, como opção ao isolamento social ao qual todos atravessavam na época. Até o momento, a biblioteca já soma mais de 246 mil empréstimos e mais de 135 mil usuários . As visitas ao aplicativo e ao site também subiram sete vezes desde o início do projeto.
O livro “Meu avô Tatanene”, da premiada escritora afro-cubana Teresa Cárdenas (@teresacardenascuba), é focado na relação de afeto entre Reglita, uma menina de doze anos, e seu avô Gregório, um quilombola já idoso que sonha ir à África para conhecer a terra de onde seu avô veio e deu origem a sua família. Publicada pela Editora de Cultura (@editoradecultura), com tradução de Caio Riter, a obra, através de uma narração infantil bem conduzida, mescla imaginação, histórias ancestrais, memória, resistência e construção de identidade com momentos de amor e descoberta.
Já conhecida no Brasil pelos livros “Cachorro Velho”, vencedor do Prêmio Casa das Américas de Cuba em 2005, e “Cartas à Minha Mãe”, Teresa Cárdenas se reafirma como uma voz importante no universo da literatura infantil e juvenil do nosso país. Com uma abordagem sensível e criativa, a escritora trabalha a ancestralidade e o afeto familiar para falar sobre envelhecimento, divórcio, o passado escravocrata e a África real e imaginária, terra da liberdade para o quilombola sonhador.
Durante o Festival Latinidades de 2015, Teresa afirmou: “Sou tida como uma autora de temas difíceis para crianças, como morte, vida, violência, imigração, partidas, encontros e desencontros”. E quem conhece seus livros sabe que esse pode ser um modo de ver sua obra. Em “Meu avô Tatanene”, mais uma vez, questões complexas, como a morte de um ente querido e o alcoolismo, se apresentam. Sem subestimar seus leitores jovens, ela trabalha a importância da memória, da identidade e da resistência em uma história escrita para tornar crianças e adolescentes mais conscientes de si e do mundo.
Segundo a escritora, seu fascínio pelo mundo dos livros e da literatura aconteceu bem cedo. “Tudo o que caía em minhas mãos era bem recebido. Por isso, acho que começar a escrever foi algo que evoluiu em mim de maneira natural, constante e coerente. Em quase todos os livros que consegui escrever e publicar, continuo sendo aquela Teresa, menina questionadora, curiosa, cujo olhar vai muito além do que ela mesma percebe”, afirmou em entrevista com Zeca Gutierres.
Por ter percebido que havia poucos negros nas histórias infantis, sua escrita surgiu. Hoje, sua obra é considerada uma importante influência para a construção de autoestima de meninos e meninas negros.
Além de escritora, Teresa Cárdenas também atua como contadora de histórias, conferencista, atriz, ativista social e bailarina folclórica. Tem livros publicados em diversos países, como Suécia, Canadá, Estados Unidos, Coreia, Cuba e Brasil.
Confira um trecho do livro:
“Vovô também queria ir para a África. Não para lutar nem para morrer por alguma coisa mas, sim, para ver onde tinham nascido seus avós. Sempre sonhava com tudo o que Simbao teve que deixar para trás.
Me falava tanto das florestas e dos prados africanos que, ao entrar em seu quarto, eu imaginava penetrar na selva. De qualquer canto, via saltarem gazelas, zebras; elegantes manadas de girafas cruzavam um rio cristalino, que brotava embaixo dos sapatos dele; macaquinhos de cara branca brincavam com seu travesseiro; árvores gigantes estendiam seus ramos e galhos até o teto e saíam pela janela, atravessando a vidraça sem quebrá-la.
Até sua cama se transformava diante dos meus olhos em um prado solitário, onde se escondia o sol vermelho do fim da tarde e meu avô, transformado em montanha, dizia:
Na cidade de Simta, as Aves Noturnas são os segredos mais bem guardados pela sociedade da Grande Casa: elas são garotas capazes de compartilhar magia através de beijos e escondem dons poderosos que podem mudar destinos. Porém, em um mundo comandado pelos homens, passar o poder para eles – por tempo indeterminado – é que o resta às mulheres que possuem magia nas veias, mas são proibidas de utilizá-la em benefício próprio.
É com essa premissa que a ex-editora da revista National Geographic e autora best-seller do New York Times, Kate J Armstrong presenteia os leitores de Aves Noturnas, publicada no Brasil pela Plataforma21. Nesta obra, a escritora apresenta Matilde, Æsa e Sayer, três poderosas jovens da estação, que passam a noite concedendo seus dons para clientes em troca de bons pagamentos e possível proteção. Assim que este período acabar, elas precisam casar-se com um senhor da Grande Casa e assegurar a nova geração de Aves Noturnas.
Rodeadas de pessoas que matariam para possuí-las ou as queimaria por bruxaria, o futuro das moças se torna incerto quando se veem no centro de um sórdido esquema político. As protagonistas descobrem que há outras garotas como elas e, juntas, são muito mais poderosas do que o sistema patriarcal alegava. Unidas pelo desejo de mudança, as jovens compreendem que a irmandade pode ser a chave para quebrar as gaiolas usadas para aprisioná-las e, por isso, precisam escolher: permanecer como pássaros cativos ou assumir o controle e reconstruir a cidade que ousou cortar suas asas.
Para além da fantasia Young Adult, narrada em terceira pessoa de forma caleidoscópica, Kate J Armstrong debate a misoginia, reitera a importância da luta feminina contra os males do patriarcado e sobre os direitos das pessoas LGBTQIAPN+. Aves Noturnas também é uma história de recomeços, laços familiares, primeiro amor, feminismo e embates políticos e sociais.
As palavras da dama daquela tarde ainda a envolvem. ‘Você não pode voar livre para sempre. Em algum momento você vai precisar sossegar e construir um ninho.’ Matilde não quer se aninhar com alguém que só a quer por sua magia. Ela quer a liberdade de escolher um futuro para si mesma.
(Aves Noturnas, p. 23)
Ficha técnica: Título: Aves Noturnas Título original:Nightbirds Autora: Kate J. Armstrong Selo: Plataforma21 Gênero: fantasia Série/Coleção: Aves Noturnas – Volume 1 Edição: 1ª ed./2023 ISBN do livro físico: 978-65-88343-60-9 ISBN do e-book: 978-65-88343-59-3 Formato: 14 x 21 cm Número de páginas: 496 Classificação indicativa: 14+ Preço: R$ 89,90