O fascismo cresceu no Brasil? Autor explicita tema em ficção
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O fascismo cresceu no Brasil? Autor explicita tema em ficção

Domênica, uma jovem aspirante a cantora de samba, e Vianna, um jornalista do fascismo com dependência em álcool, se encontram regularmente na mesa de uma choperia. Eles não são amantes, tampouco podem ser considerados amigos próximos, mas as conversas e as reflexões destes personagens com características antagônicas constituem o livro Entre Muitas Vozes, do escritor Marco Antonio Martire.

Na obra, os dois protagonistas narram suas respectivas trajetórias. Domênica sonha em se tornar artista, mas está em um conflito interno para atender às expectativas da família e seguir a carreira de jornalista. Na tentativa de se opor aos desejos dos pais, descobre traições que abalam a ideia do matrimônio perfeito.

A mãe já não era mais a dona de suas confissões, os pequenos erros, as tolas fraquezas dos seus afetos foram identificadas, qual era o problema com a música? Domênica se afastou e mergulhava em um redemoinho de opiniões novas, sugeridas pelo novo mundo uma atrás da outra, contraditórias e cansativas. Começou a cansar, e o cansaço também pôs na conta da mãe. (Entre Muitas Vozes, pg. 19)

Por outro lado, Vianna sente-se solitário depois que o alcoolismo destruiu suas relações. Com perda parcial da voz devido ao uso contínuo de cigarros, ele encontra na jovem uma possibilidade de ser escutado e de compartilhar suas visões acerca do mundo.

Marco Antonio Martire concentra o enredo, principalmente, em um bar na capital do Rio de Janeiro com o objetivo de mostrar as várias realidades que se conectam no cotidiano. Ele comenta: “o livro foi pensado a partir do burburinho de um bar. São muitas vozes falando ao mesmo tempo. Tem o garçom, o bêbado, o estudante, a professora… A obra trata sobre uma voz que quer se sobressair em um universo de vozes que tentam falar coisas diferentes ao mesmo tempo”.

Com uma narrativa que equilibra diálogos e pensamentos internos dos protagonistas, o autor atravessa contradições da sociedade brasileira. Além de refletir o crescimento do fascismo no contexto macropolítico brasileiro, também explicita as hipocrisias presentes nas relações interpessoais.

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