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O início de um novo ano é um bom momento para começar a escrita de um livro

Todo final de ano traz consigo a vontade de iniciar algo novo, seja no âmbito pessoal ou profissional. Por isso, trata-se de uma época favorável para tirar do papel as ideias que estavam há tempos guardadas e colocá-las em prática. Com a escrita de um livro, não é diferente.

Eduardo Villela, book advisor e profissional com mais de 16 anos de experiência no mercado editorial, explica que, “o início do ano é ótimo porque é um momento em que as pessoas realmente pretendem colocar em prática os principais projetos que planejaram para si. E escrever um livro é sonho importante para muitas pessoas. Se o autor começar a trabalhar na escrita de seu livro já em janeiro, são boas as chances de ele já ter o conteúdo da obra pronto ainda no primeiro semestre, o que torna viável que ela seja publicada no segundo semestre”, diz.

+ Sobre a escrita e sobre a música

“Para começar bem a escrita de seu livro, primeiro cuide bem de seu espaço de escrita” destaca o especialista. Confira suas sugestões a seguir:

  • Escolha um ambiente onde você possa ficar isolado – É muito fácil se distrair com objetos e ruídos ao seu redor, como TV, barulhos diversos da rua etc. Por isso, se possível, escolha um local em que você possa ficar sozinho e que te permita ficar relaxado e focado. Mantenha distantes todos os itens e dispositivos eletrônicos não relacionados ao trabalho;
  • Mantenha organização – É importante que o ambiente esteja organizado. Um lugar bagunçado ou uma mesa lotada de papéis, documentos e outros objetos desnecessários gera caos e desorganização no pensamento do autor no momento de escrita. Uma mesa desordenada tira a atenção de seu trabalho. Um espaço de trabalho bagunçado desorganiza a mente e drena energia, o que afeta na qualidade de escrita;
  • Busque conforto – Um espaço de trabalho desconfortável também impacta na produtividade de quem escreve. Se possível, certifique-se de que tudo o que você tem em seu espaço de escrita inspire sentimentos positivos e aumente seu conforto. Contudo, não exagere! O ideal é não ser tão confortável a ponto de relaxar muito o corpo e a mente;
  • Tenha tudo o que você precisa por perto – O ambiente precisa ter o que você precisa para escrever. Além de ferramentas básicas como canetas, lápis e algumas folhas, alguns escritores, por exemplo, gostam de manter um caderno ao lado do notebook para anotações ou deixam algumas revistas e livros na mesa para pesquisas e consultas;
  • Preste atenção à ergonomia – Ficar sentado por muito tempo de forma inadequada pode prejudicar sua coluna. E, como escritor, você passará muito tempo sentado. É importante, então, investir em uma cadeira de escritório confortável para o adequado apoio das costas. A postura é muito importante na hora da escrita, pois desconfortos no corpo podem atrapalhar o raciocínio;
  • Hidrate-se e alimente-se – Ao entrar em estado de fluxo e trabalhar por horas seguidas, o autor geralmente não percebe o tempo passar. Escrever é uma atividade intelectual na qual o cérebro gasta bastante energia, por isso é fundamental fazer algumas pausas para se hidratar e alimentar-se.

Outro ponto importante: quando se trata da escrita do primeiro livro, principalmente, o escritor precisa entender qual tema ele pretende tratar. “É muito comum pessoas que querem escrever seu primeiro livro de não ficção ficarem em dúvida sobre qual tema escolher. Assim, trago algumas sugestões servem como um guia útil para começar essa jornada”, complementa.

  • É importante a escolha de um tema que você conheça bem e tenha pleno domínio. Só assim você estará em condições de produzir um conteúdo que possa ser aplicado pelos leitores em seu dia a dia e ser útil na vida deles;
  • Outra boa maneira de encontrar seu tema é observar em quais assuntos as pessoas ao seu redor (clientes, parceiros de negócios, amigos etc.) te consideram referência. Você costuma ser consultado sobre o quê? É considerado expert em algo? Para quais temas as pessoas te procuram quando estão com alguma dificuldade, querem se aprofundar ou desejam aproveitar determinada oportunidade?
  • Por fim, observe assuntos pelos quais você tem paixão. São aqueles sobre os quais você pensa todos os dias, que está sempre imerso e buscando saber mais e mais. Pode ser algum hobby ou mesmo alguma atividade específica dentro de sua atuação profissional.

“Saber com precisão quem serão os leitores de seu livro é outro item fundamental para quem está começando”, observa o book advisor. Os leitores só se interessarão por um livro se ele atender suas necessidades. Tais necessidades podem ser diversas: compreender um tema por alguma razão específica; busca de ferramentas, técnicas e metodologias para solução de problemas; informações que ajudem na realização de algum sonho; dentre outras. “Um dos maiores objetivos de quem deseja lançar seu livro é que ele seja lido pelo maior número possível de pessoas. Para que isso aconteça, o autor deve escrever seu livro tendo em mente as características e a realidade dos leitores, ou seja, pensar como a obra vai contribuir para melhorar a vida deles e levar isso para o conteúdo” explica Villela. Por fim, Villela recomenda que o autor busque assessoria especializada para construir seu livro. “Escrever não é uma tarefa fácil, por isso é importante contar com o auxílio de um especialista.

Feliz ano novo, Becudos!
Colunas, Livros

Feliz ano novo, Becudos!

Feliz ano novo, Becudos! Os anos de 2021 e 2022 não foram fáceis, tanto pessoalmente, quanto aqui no Beco Literário. O site ficou indo e vindo. Não estava certo sobre mantê-lo ou sobre deixá-lo de lado. Até mudei de nome para Beco Teen para tentar reformular todas as coisas por aqui.

Mas, foi criando uma nova identidade visual com o meu namorado, Patrik, e com muita análise, que consegui tomar a coragem e as rédeas que eu precisava para voltar com o Beco, da forma como eu queria. Sempre quis que ele tivesse uma pegada mais de blog pessoal do que de portal de notícias.

Afinal, o Beco foi criado para ser meu refúgio na internet. Além disso, eu queria muito que ele tivesse “Literário” no nome, então, por que mudar? A resposta que encontrei foi autossabotagem.

Vou aproveitar que estamos em um clima de ano novo para abrir o meu coração. Eu sempre quis ser escritor, mas sempre tive medo de dar errado. Eu tenho mais medo de tentar e dar errado do que de não tentar, então, sempre foi muito difícil pra mim manter constância aqui no site, afinal, eu não queria tentar dar certo.

Depois de muita análise, percebi que eu quero ainda, mais do que tudo, ser escritor. E que eu amo ser escritor de internet, talvez mais que de livros. Não me entenda mal, ainda quero publicar milhares de livros, mas aqui, o Beco Literário, é meu cantinho na internet e sempre vai ter.

Por isso, agradeço a todos vocês que sempre estiveram aqui no Beco, mesmo com meses sem atualização. Fico sempre chocado que, não importa o tempo que eu passe longe, todo mundo continua por aqui. Me lembra um pouco de Hogwarts, sempre dando as boas vindas para quando quero voltar.

Bom, no ano novo, tenho uma promessa apenas: escrever mais. Quero muito postar muitos textos novos por aqui, estudar escrita e ser mais ativo como escritor. Te vejo nessa jornada, né?

Um beijo e feliz ano novo!

Gabu

Por que livros físicos ainda continuam sendo melhores que os digitais?
Colunas, Livros

Por que livros físicos ainda continuam sendo melhores que os digitais?

Hoje em dia, com tudo acontecendo na tela do celular, cada vez mais vemos os livros físicos sendo substituídos pelos seus primos e-readers (Kindles, Kobos, Levs, e outros). Todos os dias vemos casos de pessoas que doaram 95% de seus livros físicos para ter apenas os arquivos digitais, uma biblioteca inteira dentro de um único aparelho mas, será que vale a pena? Olha só:

+ Os lugares mais legais para visitar nas férias

1- Livros digitais não tem como por na estante
Sabe aquelas bibliotecas lindas de filme, de Instagram, que você fica babando? É, elas são feitas de livros físicos. Além de você ter ele ali, presente, ainda serve como objeto de decoração. Já viu as capas dos livros hoje em dia? É uma mais linda que a outra! (E a maioria dos e-readers são preto e branco, diga-se de passagem).

2- Livros digitais não tem cheiro, nem sensações
TEM ALGO MELHOR QUE CHEIRO DE LIVRO NOVO? Você não consegue pegar aquele livro na mão, recém-comprado, sentir a textura da capa, a qualidade da folha e depois abrir bem no meio de sentir aquele cheirinho único, cada livro tem o seu.

3- Numa tarde de autógrafos com o autor, fica sem autógrafo
A gente lê, sofre durante uma semana inteira com aquela história, quer conhecer a “mente maligna” por trás daquilo e chega na hora, tiramos uma foto mas e o autógrafo com recadinho na primeira capa? Não tem como no livro digital também.

4- Não são legais para dar de presente
Para quem é leitor, não tem presente mais incrível que aquele livro que estava namorando há anos na vitrine, embrulhado no papel de presente da livraria. É até legal ganhar um livro digital, mas não tem a mesma magia.

5- Precisam de marcadores
Leitor que é leitor tem coleção de livro e marcador de página, lado a lado. Imagina só não ter onde usá-los?!

Ah, mas livro digital também tem suas vantagens.

6- Não precisa de luz ambiente
Quem nunca quis ler só mais um capítulo depois que os pais mandaram ir dormir no meio da madrugada? Com o livro digital, você não precisa de luz porque a maioria deles tem uma luz suave que se parece bastante com a página de papel.

7- Chegam na hora, são mais baratos e não paga frete
Se você está desesperado pela história, talvez o digital seja a melhor opção. Além de chegar para você no momento da compra, não tem frete e geralmente são mais baratos que a edição física.
8- São fáceis de carregar e não amassam na mala
Leitor tem mania de ler 5 livros ao mesmo tempo. Imagina carregar 5 livros em uma mala? Já foi metade dela, sem falar do peso. A grande vantagem do leitura digital é carregar milhares de livros sem ocupar o peso de um livro todo.

9- Dá para salvar frases legais sem estragar o livro
Você pode grifar, fazer anotações e guardar trechos marcantes sem estragar, como acontece no físico e dá aquela dor no coração. Além disso, você também não precisa gastar com aqueles adesivos de marcar as páginas legais.

Na realidade, o importante é ler. Se você é daqueles que gosta de colecionar, de manter todos lado a lado no seu quarto em uma estante enorme, faça isso! Se você é desapegado, gosta de absorver o conteúdo e não liga muito para o físico, faça isso também. O mais legal da leitura é que ninguém vai te julgar pelo o que você está lendo, pelo o que você curte e o que não curte. Cada história agrega um pouquinho mais à sua história e com certeza, abrem a sua mente para que seja um ser humano cada vez melhor. Então, seja Harry Potter ou Crepúsculo, Senhor dos Anéis ou Cinquenta Tons de Cinza, só leia e absorva o máximo de coisas positivas para si mesmo!

Amanhã você vai acordar
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Amanhã você vai acordar

Amanhã você vai acordar, então, não se apaixona, não. Tudo o que temos é essa noite. Hoje, enquanto o sol não aparece no horizonte, somos eu e você ao som de Arctic Monkeys e The Neighbourhood. Quando o DJ toca, a gente pode dançar fora do ritmo com nossos dois pés esquerdos, podemos nos abraçar no ritmo da música sentindo cada poro do nosso corpo desejar ir embora e dormir. Mas, não vamos dormir juntos.

Leia ouvindo: Santo, Não

Não vamos ficar juntos. Amanhã você vai acordar e eu não estarei ao seu lado. Desculpa dizer mas, talvez eu esteja dançando The Neighbourhood com outra pessoa. Enquanto o azul escuro do céu não clareia, somos eu e você com beijos apaixonados e molhados que terminam com um selinho fofo, somos eu e você com beijos quentes, calorosos, que me fazem sentir uma pressão no quadril. Mas, não vamos sentir o corpo um do outro além das poucas roupas que usamos.

+ Quero abraçar o mundo todo, todo o tempo

Eu sinto sua mão por dentro da minha cueca, eu te encosto na parede e entro no caminho que você abre entre as suas pernas. Sinto sua pressão no mesmo lugar em que te pressiono. Hoje, enquanto o dia não se alaranja, somos eu e você contra o mundo. Os nossos corpos dizem tudo aquilo que queríamos falar um para o outro em voz alta mas a música não nos deixaria ouvir. Hoje, vamos conversar com nossos gestos calorosos mas, não vamos ouvir as juras de amor um do outro.

Amanhã, você vai acordar e eu não estarei ao seu lado para desfazer essa angústia que quer sair em forma de lágrimas, mas hoje, posso ouvir sobre todos os seus amores que deram errado. Você pode chorar falando do seu ex-namorado enquanto me beija sentado ao lado da lata de lixo. Eu posso fazer cafuné na sua cabeça, você pode adormecer sentado no meu colo quente enquanto te envolvo com meus braços e meu moletom que você disse que cheira a amaciante. Hoje, vou te esquentar, mas amanhã, você estará frio e sozinho.

Hoje, vou te pagar uma bebida no bar, te chamar de amor, de bebê, de neném, mas, amanhã, eu não estarei aqui. Podemos até marcar um encontro, trocar nossos perfis de Facebook, talvez até números de telefone. Podemos mandar um “oi, amor” para salvar o contato. Mas, amanhã, você vai acordar.

Amanhã você vai acordar e contar aos seus amigos sobre mim. E então, você vai acordar e entender que eu não sou quem você pensa. Eu não sou nada disso que você imaginava porque eu existi só na sua cabeça. Eu respondi de um papel fantasioso que você tinha. Eu fui o namorado perfeito por uma noite, a noite depois que seu ex-namorado maluco te largou porque você é sentimental demais.

Hoje, vou te mostrar meus textos, meu blog secreto e você vai ficar feliz porque escrevo também. Amanhã, você vai escrever sobre mim e postar para milhares de pessoas lerem. Pessoas que vão achar que sou seu príncipe encantado, mas infelizmente, eu não sou. Você é um anjo, mas eu sou um demônio. Eu não estou no seu altar e não mereço estar.

Amor, não sou seu sonho, sou seu pesadelo. Eu sei que seus cabelos escuros que caem sobre o olho são puros, sei que você escolheu a dedo essa camiseta preta com um colar militar perfeitamente combinados com uma bermuda vermelha e uma camisa xadrez azul e preta. Eu sei que você vai dormir e sonhar comigo, com tudo o que poderíamos ter. Você vai se abraçar a essa camisa xadrez que agora tem meu cheiro e você vai levar esse meu moletom da Gap embora.

Ele é dois números maior que você, apesar de termos um tamanho parecido. Amor, eu não vou estar aqui amanhã. Amanhã você vai acordar. Mas, o moletom vai estar lá. Meu corpo não estará dentro dele e nem dentro de você.

Quando você acordar, estarei dentro de outro sonho, em outro lugar. Quando você acordar, meu amor vai estar dentro de outras pernas entrelaçadas na minha cintura.

Até lá, eu ainda estou aqui.

Feliz Natal para você, Beco Lover!
Colunas, Livros

Feliz Natal para você, Beco Lover!

Hoje, eu só queria te desejar um feliz Natal! É nessa época que ficamos mais reflexivos, que pensamos em tudo o que aconteceu até agora, dentro do nosso ano (junto com o ano novo). Por isso, hoje, eu só queria te agradecer por nos ler aqui no Beco Literário.

Temos nossos altos e baixos, idas e vindas, períodos com 30 textos por dias e períodos com 30 dias sem texto. E você continua aqui. Hoje, você não vai ler nenhum textão. Só esse, te desejando um feliz Natal. O nosso maior presente é ter você aqui conosco.

Se você está com sua família ou rodeado de pessoas que você gosta e querem o seu bem, feche agora essa aba e vá aproveitar a companhia deles. Se você está sozinho, sozinha ou sozinhe, quero que você saiba que estou aqui com você. Por isso, aqui vai uma lista de textos para você ler e se acolher neste momento:

Resenha: Amor & Gelato, Jenna Evans Welch

Resenha: O Contrato, Melanie Moreland

Previsões para 2022: Veja o orixá regente do ano que vem

10 livros que todos deveriam ler

Resenha: Os sete maridos de Evelyn Hugo, Taylor Jenkins Reid

As melhores frases de “Os sete maridos de Evelyn Hugo”

O que significa sonhar com uma pessoa que já morreu?

Um abraço,

Equipe do Beco Literário, com carinho, para os Becudos.

Transformei o cabresto em liberdade
Autorais, Livros

Transformei o cabresto em liberdade

Voltei ao ponto em que tudo terminou e senti o gosto amargo do abandono na boca de novo. Olhei para os meus sapatos, como fiz naquele dia, e senti tudo aquilo voltar. Senti o mundo girar e a náusea aparecer. Com a diferença de que agora ela vinha diferente. Ela vinha com a liberdade.

Aquele dia eu me senti sufocado. Sem ar. Como se não tivesse mais o que ser feito. Como se a minha vida tivesse acabado. Como se eu tivesse um cabresto. E hoje, o que senti foram os ventos frios e reconfortantes da liberdade enquanto minhas tripas se reviravam.

+ A volta do que jamais deveria ter partido

Sei que o gosto amargo é o preço que paguei por ela. Gosto de sangue e sal. Mas hoje não sinto mais o nojo porque você sabe exatamente que premeditei cada passo meu depois daquele dia azul e ensolarado de novembro. Hoje, já é dezembro.

Naquele dia, cheguei chorando em casa e enfrentei meu pai. Dormi o resto do dia. Eu amava aproveitar o clima de fim de ano. Hoje, estou indo para minha casa. Minha. Só minha. Que construi apesar de você, a partir da minha liberdade.

Sabe, naquela época eu pensei que queria ter a autoconfiança que tenho hoje. Eu queria levantar mais alto e me impor. Dizer que você era pouco demais pra mim. Ou que eu era demais pra sua existência de merda. Você sabe que é um fracassado e não precisa de mim pra dizer isso.

Mas, caso não saiba, eu repito. Você é.

Você não se importa com o sentimento de ninguém além dos seus. Você diminui os outros para se sentir maior. Você quer que todos sejam tão pequenos quanto você. Que vida, hein?

Hoje estou aqui, parado. Do mesmo jeito que estive naquele ano. E percebo o quanto mudei por conta de todos os silêncios que você me respondeu. Eu cresci, eu mudei, eu me machuquei. Mas me libertei.

Hoje olho pra cima e vejo o teto, vejo o céu. Antes, tudo o que eu via era minha angústia, o meu cabresto. Agora tenho a liberdade de mãos dadas comigo, não você.

Deve-se viver apesar de
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Deve-se viver apesar de

Tem uma frase da Clarice Lispector de “Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres” que diz que devemos viver apesar de. Que é o apesar de que nos empurra pra frente.

“Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente.

+ “O Livro dos Prazeres” abre o Festival do Rio de 2021
+ Resenha: Felicidade clandestina, Clarice Lispector

Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita fui a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso.”

E, recentemente, venho pensando sobre trabalho. Apesar de, temos trabalho pra fazer. Todos nós. Alguns trabalham para ter o que comer. Outros trabalham pra ter uma casa limpa. Outros trabalham fazendo terapia. Todos trabalham limpando a bunda. Tudo isso é trabalho. Higienizar, dar brilho, manter… É tudo trabalho.

Existem coisas na vida que são prazeirosas e coisas que não são. E existem coisas que são apenas trabalho. Não são nada, mas ainda sim devem ser feitas. E deve-se viver apesar de.

Encarar o trabalho dessa forma tem feito o trabalho ser mais leve. De vez em quando, me sinto sobrecarregado. Culpado. Triste. Queria viver só sendo escritor de ficção e me sinto mal de ter que escrever coisas da vida real para ganhar dinheiro e sobreviver. Mas isso é manutenção da minha vida social. Manutenção é trabalho. Precisa ser feito, não precisa sempre dar prazer. E nem sempre vai.

Talvez nada na vida sempre dê prazer. É ingenuidade pensar assim. Talvez nem se eu fosse um escritor de ficção em tempo integral tipo o Stephen King, eu teria prazer sempre.

E o fato é que isso me mata. Eu sou comandado pelo princípio de prazer, pelo ID, como chamaria Freud. E outras pessoas conseguem encarar o trabalho apenas como trabalho e viver apesar de.

Eu não consigo. Me mata encarar o trabalho como trabalho e encarar como algo que precisa ser feito.

Precisa ser feito apesar de.

O coração humano é um instrumento de muitas cordas
Autorais, Livros

O coração humano é um instrumento de muitas cordas

Nicholas – 1:13 AM: Oito horas amanhã. Evite atrasos. Era a mensagem do meu namorado no visor do meu celular que fazia meu coração vibrar de ansiedade. Fazíamos um mês hoje. Um mês que a minha vida tinha mudado definitivamente, apesar dos primeiros passos terem começado meses atrás. Viajaria para São Paulo em algumas horas, eu queria tudo perfeito em mim mesmo. Queria estar impecável, porque ele não merecia menos que isso, jamais.

Ok, eu me atrasei quarenta minutos. Peguei dois ônibus. Porra Gabriel, você não consegue cumprir horários não? Cheguei ao terminal rodoviário e fui à procura dele.

Gabriel – 8:44 AM: Onde você está????? Cheguei.

+ Muito para o meu final feliz
+ Você sabia (e usou isso ao seu favor)

Vi-o vindo ao meu encontro no exato momento em que pressionei enviar. Nick me envolveu naquele seu abraço cheiroso mais uma vez. Feliz um mês. Um mês, cara. Um mês que eu havia contado aos meus pais que estava apaixonado por um garoto. Um mês, que esse mesmo garoto me levou ao cinema e me pediu em namoro. Um mês desde o dia que eu esperei minha vida toda. Um mês que eu era a pessoa mais feliz do mundo.

Vamos comer? Pão de queijo e Toddynho? Eu amava essa combinação mais que qualquer outra. Comemos frente a frente, e, porra, como seus olhos eram perfeitos. Como sua boca era um paraíso. Eu podia observar Nicholas por horas sem nem mesmo pensar em enjoar. Observar cada centímetro da sua pele, cada detalhezinho que eu tanto amava.

Leia ouvindo: Today was a fairytale, Taylor Swift

Embarcamos, finalmente. Não sei como Nicholas se sentia, mas eu me sentia refugiado da realidade quando estava em seus braços, longe de casa. Sabe aquela sensação de insegurança que sentimos quando começamos a sair sozinhos e que sempre nos acompanha como uma pontada interna? Não existia com ele. Não existiam medos, nada. Seus braços ao redor de mim eram tudo o que eu precisava, ali.

A viagem começou tranquila e levou cerca de duas horas. Duas horas de beijos intermináveis, duas horas de ar rarefeito, duas horas de comemoração. Um mês. VOCÊ CONSEGUE ACREDITAR? Às vezes é difícil até pra mim. Sabe, pensa na pessoa que você mais gosta nesse momento. Pensa agora, na sensação de fazer um mês de namoro com ela. Um mês de promessas cumpridas e felicidades plenas. PENSOU? Isso talvez seja 1% do que eu sinto. Lembra que eu dizia que nosso problema é sentir demais por quem sente de menos? A nossa solução, é sentir demais por quem tem reciprocidade. Preenchimento.

Nick e eu temos gostos parecidíssimos. Chegamos em São Pauo para a nossa comemoração, então. Eu sempre fui aquela criança fascinada por histórias. Talvez seja por isso que tenha começado a criar as minhas. Mas era fato que eu sempre gostei de saber de onde as coisas vieram e pra onde elas foram. Eu tinha aquela curiosidade.

Certa vez, quando tinha sete anos, pesquisei uma apostila de cerca de cem páginas sobre histórias em geral. Imprimi, acabei com a impressora da minha tia. Ela não ficou brava, mas me prometeu me levar ao museu algum dia. Eu nunca havia estado em um, até então. Mas o mundo dá voltas e ela nunca foi capaz de cumprir sua promessa. Eu sendo criança, jamais esqueci. Mas crescemos também, e certas coisas ficam para trás.

Quer ir ao Museu da Língua Portuguesa? Tremi, e sem pestanejar, aceitei. Eu finalmente iria a um museu, então? Assim, sem nem me preparar? UAU. Entrei com meu namorado no elevador, e logo estávamos numa sala escura diante de um corredor enorme ladeado por uma televisão de caralhocentos metros. Nicholas me abraçou por trás enquanto eu apreciava aquela visão e tirava umas fotos. Era minha primeira vez em um museu, eu mal conseguia falar. Sabe, não é o museu em si que te deixa sem palavras. É o ato de ter uma promessa cumprida. Talvez não pela pessoa que a prometeu, mas existe o desejo dentro da gente mesmo quando as promessas não são cumpridas. Porque elas criam expectativas. E agora, com ideia de 1% do meu sentimento de fazer um mês, acrescente a realização de uma promessa, com a melhor pessoa na sua vida.

A entrega saiu melhor que a encomenda, não é como dizem? Esperar dói, mas retribui uma hora.
Apreciar museu é uma arte que poucos têm capacidade de fazer. Não são todos que tem paciência para acompanhar a história de uma coisa. Ainda mais a história da língua que se fala. Você pode pensar, assim como eu, que isso talvez seja meio absurdo, impensável. Mas é normal. Extintos são aqueles que são curiosos. E acrescente mais isso na minha lista de sortes na vida: Nick sabia apreciar museu da maneira que eu gostava de apreciar. Ele tinha aquela paciência de me abraçar enquanto eu via algo, dar suaves beijos no meu pescoço e murmurar coisas ao meu ouvido que me faziam sentir infinito. Assim como era o meu amor por ele.

Nosso primeiro beijo foi caloroso ao som de Hozier. Naquele desespero, eu jamais imaginaria que estaria beijando-o apaixonadamente meses depois dentro de um museu sobre língua e literatura. Sim, eu tinha mania de transformar minha vida em episódios que dariam um livro. E cá estou. Sentindo aquele amor capaz de incinerar o mundo ou ergue-lo em glória.

Andamos de mãos dadas por um bom tempo, despreocupados. É ótimo viver em lugares onde a probabilidade de encontrar alguém conhecido é praticamente nula. Andar de mãos dadas foi uma coisa mágica, porque é um gesto que poucos entendem. Trata-se de manter o contato, falar sem palavras. É algo do tipo “quero você comigo, não vá”.

Saímos de lá quando crianças de escolas surgiram por todos os lugares. Não me entenda mal, mas realmente não tem como apreciar um museu lotado. E já tínhamos visto tudo, então pegamos um metrô rumo à Paulista.

Eu gostava de lá, eu costumava dizer para os meus amigos que era um pedacinho de Nova York no Brasil. Podíamos encontrar tudo lá. Eu amava, apesar de nunca ter andado de verdade por ela da maneira com que queria. Eu sempre via todo mundo caminhando em suas melhores roupas, com tempo de ver cada construção diferente, o ápice de ser hipster, talvez. Mas nunca tinha feito isso. Queria muito.

Nick me levou para lá, então, e ia me contando histórias conforme passávamos por lugares icônicos. Eu amava isso nele. Meu vô foi meu contador de histórias preferido da infância, porque ele foi o único – até então – a compreender minha fascinação sobre como as coisas surgiram. Nicholas fazia o mesmo, contava histórias sobre como as coisas sugiram, citava nomes que eu jamais seria capaz de repetir… Eu gostava de vê-lo empolgado contando isso, e juro que tentava absorver o máximo possível do que ele falava. Claro que ficava hipnotizado inúmeras vezes pelas suas feições, mas quem nunca?

Depois de caminhar um pouquinho, fomos para “A” Livraria Cultura. Sim, aquela que vemos nas televisões e babamos pelo tamanho. Quantas vezes já não pedi para meus pais me levarem lá? No mínimo umas sete. Mas poucas pessoas se importam com o que queremos. Nick se importa, e é isso que o faz tão raro. A maneira singular com a qual ele cuida de mim e consegue tirar meus mais sinceros sorrisos. Ele nem precisava se esforçar pra isso.

Fiquei claramente entorpecido pelo milhão de títulos que meus olhos alcançavam. A livraria era interminável, e o cheiro, maravilhoso. Gostou, amor? Esse garoto existia mesmo? Seu recorde de me deixar sem palavras era cada vez maior. Já não sou uma pessoa de muitas palavras, mas sempre soube o que falar. Não agora.
Eu amei. Eu te amo, amor. Nós temos que chamar as coisas pelos nomes delas. Por isso o chamava de amor.
Sei que perdemos um grande tempo ali, e depois em uma livraria anexa, onde me deixei perder por um livro qualquer no chão. Eu poderia ficar por ali, com Nicholas, pra sempre. Era um escape tão genuíno da rotina, da realidade, que eu não queria que acabasse jamais.

O resto do meu dia, dos brilhos da minha constelação, transcorreu da maneira mais mágica possível. Nick rindo das minhas graças, nossas mãos entrelaçadas em público. Beijos na testa mostrando proteção. Alguns outros no pescoço que fica marquinha. Sabe, o amor nos faz imortal. E o meu amor por Nicholas, que já era infinito, ficou muito maior. Porque citando diretamente Charles Dickens, eu definitivamente o amava, e jamais me cansava de dizer isso. O coração humano é um instrumento de muitas cordas. O perfeito conhecedor dos homens, sabe fazê-las vibrar todas. Será que estava aparente que todas as minhas cordas dançavam em perfeita harmonia entre si, como jamais antes? E aqui, até concordo com Jane Austen, Ninguém jamais poderá amar verdadeiramente mais de uma vez na vida.

Nunca houve dois corações mais abertos, nem gostos mais semelhantes, ou sentimentos mais em sintonia. E sim, Nicholas, eu te amo, e te amarei até o dia em que eu morrer, e caso tenha vida após isso, eu te amarei por lá também. Se é que já não te amo de alguma vida anterior porque as tais cordas do Dickens não vibram por acaso, nem por força de destino. Elas vibram porque simplesmente foram feitas para serem tocadas única e exclusivamente pelos seus ágeis dedos. A vida é isso. A eterna busca pela alma gêmea que fará suas cordas vibrarem.

Não é fácil. Não são todos que conseguem. E é isso que torna a sensação tão rara e especial. E, nossa, dentre os meus azares, tive a maior sorte do mundo. A sorte de te (re)encontrar, alma gêmea. Amor das minhas vidas.

Você e eu poderíamos ser a melhor coisa de todas
Autorais, Livros

Você e eu poderíamos ser a melhor coisa de todas

Engraçado. Improvável. A melhor coisa de todas. Um mês desde que a gente se viu pela primeira vez e agora estávamos indo para São Paulo de novo. Improvável porque era uma terça-feira qualquer em que, eu provavelmente acordaria entediado para ir ao trabalho. Mas não hoje. Acordei mais cedo, um pouco feliz, o que é raro e fui ao shopping, andando para te encontrar. Não era o shopping do primeiro dia em que nos encontramos, mas isso não importava.

Leia ouvindo: Timebomb, Tove Lo

Estava indo para te encontrar e ir para São Paulo com você, mais uma vez. Pode parecer besteira minha, mas isso contava muito para mim. Sou fã das coisas pequenas e que não contam muito para as pessoas comuns. Mas eu não conseguia ser comum, apesar de tudo. Podia até tentar em vão, mas eu não conseguia. A beleza, para mim, sempre esteve na imperfeição. E o segredo em acreditar no improvável.

+ Os últimos momentos
+ Eternamente responsável por aquilo que cativo?
+ Aquilo (não) foi real

Acreditar no nosso país das maravilhas, sabendo que ele não é e nunca seria para sempre. Sabendo que poderíamos ser a melhor coisa de todas. Nós não somos para sempre, mas você e eu poderíamos ser a melhor coisa de todas… Enfim, só devaneios.

Devaneios póstumos, eu arrisco dizer. Coisas que pensei ao te beijar, sempre como se fosse a primeira vez. Devaneios que tive quando olhei no fundo dos seus olhos claros, decifrando coisas que você nunca teve coragem de dizer em palavras. Ou coisas que só existiam nas fantasias da minha cabeça. Nunca vou saber.

Nossa cabeça é meio vadia e eu lembrava de você nas coisas mais ridículas, como andar no nosso parque de volta do meu trabalho e sem querer falar ai meu deus, e ouvir sua voz sorrindo e repetindo a maneira com que eu falava. Porra, você e eu poderíamos ser a melhor coisa de todas.

Automaticamente, seu gosto volta à minha boca e as memórias preenchem o meu peito, de uma vez, como um soco naquele ponto que você sabe que eu tenho cócegas. E então, eu penso que, mesmo com tudo, a pior coisa que poderia ter acontecido, pode ser a melhor coisa de todas.

Vendas e lançamentos de livros cresce no Brasil em 2021
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Vendas e lançamentos de livros cresce no Brasil em 2021

A pandemia impactou diversos setores da economia, e o mercado editorial foi um dos nichos mais atingidos pela crise, mas, mesmo assim, o setor se mostrou resiliente e apresentou crescimento positivo. De janeiro a junho de 2020, por exemplo, as vendas chegaram a R$ 729 milhões, enquanto, neste ano, atingiram R$ 998,5 milhões.

“Todo o projeto de lançar o livro foi afetado de alguma maneira pela pandemia – desde o processo criativo da escrita, até o momento de vender e divulgar uma obra”, conta Uranio Bonoldi, que também faz parte desse cenário: o autor lançou em dezembro, o livro “A Contrapartida – Livro 2: O Contra-ataque”, segundo volume da série. “Após a primeira publicação alcançar o ranking dos mais vendidos da Amazon, o segundo se mostrou um desafio bastante diferente, – tive que me adaptar às mudanças de comportamento e aos novos hábitos dos leitores”.

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Apesar de o segmento ter sentido o choque da pandemia, muitos brasileiros retomaram o hábito de leitura o que indica os bons números apresentados ao longo do ano. “Como autor, preciso estar inteirado em relação às tendências do mercado para conseguir alcançar meus objetivos. Da mesma forma que em muitos outros segmentos, foi possível observar um aumento significativo nas vendas online, além disso, as pequenas livrarias de bairro ganharam espaço pelo atendimento personalizado que oferecem ao consumidor”, pontua Uranio.

Perspectivas de vendas para 2022

No próximo ano é esperada uma retomada mais expressiva do setor, com crescimento das vendas, já que várias editoras pretendem lançar mais títulos, assim como existem boas chances das feiras e eventos literários presenciais serem retomados. “As pessoas estão buscando melhorar sua habilidade de escrita e participar de atividades culturais. Não nos esqueçamos de que voltaremos a ter a Bienal do Livro em São Paulo que será em julho. Também, as diversas opções de consumo de livro como o Kindle ou audiobook estimulam novos e antigos leitores a consumirem este conteúdo”, finaliza o autor.