Charlotte Rampling, indicada na categoria melhor atriz na 88ª edição do Oscar, por conta de seu papel no filme 45 anos, declarou nesta sexta-feira (22) que um suposto boicote ao Oscar “é racismo contra os brancos”, e ainda destacou: “É difícil saber se é o caso, mas pode ser que os atores negros não merecessem estar na reta final”. A atriz comentara isso no em uma entrevista ao canal francês Europe 1.
A Academia postara nota recentemente sobre a ausência de negros entre os indicados (isso ocorre pelo segundo ano consecutivo) e promete tomar medidas para que o problema seja resolvido gradualmente (o mesmo vem sendo dito há vinte anos…). A mesma academia deixa atores como Samuel L. Jackson (Os oito odiados) e Idris Elba (Beasts of no nation) fora da disputa de melhor ator e ator coadjuvante.
O que você faria se te obrigassem a escolher entre a luta por um ideal ou sua família? Como você agiria após ser espancado e humilhado na frente de todos por conta de sua ideologia? O que você faz hoje, agora, para mudar o panorama preconceituoso e machista? Durante esta crítica preciso que você realiza todas essas perguntas, que se questione várias vezes e no fim de tudo, continue por se perguntar: Quem sou eu? É assim que “Suffragette” atua, é desse modo que o filme produzido por Alison Owen e Faye Ward ganha forma, como um questionador constante sobre a lei e suas artimanhas, sobre aqueles que a elaboram e com que interesses o fazem. É um filme de persistência, de sangue e luta. Não é um filme para acomodados ou para os “está tudo certo”, é um filme para aqueles que escolhem problematizar ao invés de dizer: Sim, senhor! Um espelho das lutas libertárias que atinge o realismo graças aos seus minuciosos detalhes . “Suffragette” é um grito ensurdecedor nutrido de carga histórica, sem anacronismos ou faz de conta, belo por nada menos que sua brutalidade.
A história tem por foco a entrada da trabalhadora Maud Watts na luta das sufragistas, desde seus primeiros contatos com o movimento até sua atuação na luta. Muita gente acredita que por ser um drama histórico, tendo por base fatos reais, que Maud exista. Na verdade os únicos personagens que ocupam o quadro principal, que são inspirados em personalidades reais, são o ex-primeiro ministro Britânico, Conde Lloyd-George (Adrian Schiller), a líder do movimento, Emmeline Pankhurs (Meryl Streep) e uma das adeptas, Emily Davison (Natalie Press). Fora estes três, personagens como a própria Maud e Edith Ellyn, interpretada por Helena Bonham Carter, foram criadas para intercalar o que tornou-se história com ficção. É um arranjo sensacional, pois a medida em que o filme passa somos levados a um lugar comum para todo aquele que estuda e/ou atua no movimento feminista, lugar este que não fora muito explorado ao decorrer das décadas, mas que é recorrente quando se fala de sufrágio universal.
Mas voltando para o enredo, lá está Maud, trabalhando em uma lavanderia desde seus seis anos de idade, nascida e criada no estabelecimento, abusada pelo dono, tratada como escória, assim como todas as outras mulheres que ali circulam, ou melhor, assim como toda mulher no Reino Unido. Maud consegue visualizar uma brecha do que pode ocorrer caso uma daquelas mulheres sai dos trilhos machistas destinados à elas desde nascidas, tem um vislumbre do que seja a luta pelo voto por meio de uma amiga da própria lavandeira. Esta amiga, Violet, a coloca em uma posição em que nunca estivera, em certa ocasião do longa, Maud tem voz. Isso provoca um choque de realidade na mulher, lhe deixa abobado com o que pode fazer, com o que deve fazer. E o faz, vai em busca do que sua mãe nunca sonhara em ter (Ou sonhara e nada dissera?), Maud torna-se uma sufragista, mesmo com toda a pressão sobre seus ombros, mesmo tendo que deixar filho e marido para trás, ela ergue a cabeça e vê um futuro desejável. É inspirador visualizar um ser humano descobrindo que pode ser tal coisa, que pode e deve correr atrás daquilo que lhe é de direito.
A interpretação de Carey Mulligan no papel de Maud Watts é digna sim de Oscar (Academia, que vergonha hein…). Da atriz foi-se exigido muito, nas cenas aprisionadas principalmente, e ela conseguiu corresponder, fez de seu papel aquilo em que ele fora planejado inicialmente, um ponto de referência do movimento. Maud não surge só como mais uma mulher lutando pelo voto, ela é aquele que reúne todos os problemas enfrentados individualmente por mulheres e mulheres que aderiram a luta, a personagem é essa união de questionamentos e ao mesmo tempo a resposta para todos, sendo assim Mulligan conseguiu interpretar com maestria, sobressaindo-se frente à Helena Bonham Carter e Meryl Streep (mas disso não existe dúvida, pois Meryl Streep só nos dá o ar de sua graça durante dois minutos e meio, sim, DOIS MINUTOS DE MERYL STREEP é o que temos, mas vale a pena, e como vale). Meryl Streep faz uma aparição breve no longa, incorporada como Emmeline Pankhurs da cabeça aos pés, Streep faz um discurso apressado mas que rende durante todo o filme, a voz da três vezes ganhadora do Oscar é atemporal e te coloca ali, sob a varanda, louco para ouvir a Sra. Pankhurs falar. O interessante é que a própria Meryl interpretara em 2011 também uma das grandes mulheres da história mundial, mas que se compararmos com Emmeline apresenta opiniões que diferem em muito. Meryl Streep fora Margaret Thatcher em “The Iron Lady”, o que lhe rendera a terceira estatueta. Thatcher se posicionava contrariamente ao movimento feminista, declarando em um de seus pronunciamentos no parlamento que o feminismo “é puro veneno”. Mas vejamos que ironia, tanto no cinema quanto na política, Thatcher só conseguira ocupar o cargo de primeira ministra (COM LOUVOR) por conta da luta antepassada FEMINISTA, mesmo assim, graças à suas ideias neoliberais se colocava nem a favor, nem tão contra ao movimento, opinando só quando lhe cabia. Thatcher e Pankhurs acabaram por ter a mesma atriz lhes interpretando nos cinemas do mundo inteiro, acabaram por serem lembradas como ícones, no mais, temos três grandes lendas em um mesmo local, Meryl Streep é isso, em poucos minutos consegue fazer todo um rebuliço, causar arrepios no telespectador com poucas frases. Você, se não assistiu ainda o filme, vai ficar bestializado quando Streep olhar bem em seus olhos e disser: Nunca se renda.
A adaptação do ambiente foi muito bem feita, a Londres do início do século XX foi captada de forma excelente, a fumaça como um prelúdio da batalha que se forma a medida que os dias passam, o modo como o interior da casa de Maud fora fabricada é impressionante, até um dos atos mais comuns como saldar o rei, a imagem do rei posta na parede, ganha destaque. O que faltou na adaptação do cenário político-social foi a presença das mulheres indianas, presentes em grande número na luta pelo sufrágio no Reino Unido. Podemos ver entre os atos alguns homens, mas nenhuma pessoa com nacionalidade indiana aparece no longa e isso podemos anotar como um erro, mesmo que não seja de grandes proporções, do filme. Se oculta a imagem de mulher que lutaram do mesmo modo pela causa. Ainda nesta caracterização do cenário vemos as cores usadas pelo movimento, os trajes idênticos aos mostrados em gravações da época, tudo em seus conformes no figurino (QUE FIGURINO). Agora eis um momento, logo no início do filme, em que o grupo que aguardava um anúncio em frente ao Parlamento entoa “The march of the Women”, e meu bom Deus, é de dar gargalhadas orgulhosas, de rir por pura felicidade de ver tudo aquilo, toda aquela beleza reunida em uma só cena. Junto a todo esse clima de guerra iminente, temos uma trilha sonora original que só deixa tudo mais tenso e heroico. Composta por Alexandre Desplat (autor de trilhas como a de “Harry Potter” e de “O jogo da Imitação) a trilha é encantadora, apresenta o clima necessário para o filme, introduz harmonia nas cenas e faz com que algumas situações se tornem bem mais graves do que já são. Se você é assim como eu, viciado em trilhas sonoras, pode ouvir a de “Suffragette”no spotify.
No papel de Edith Ellyn temos dona Helena Bonham Carter, farmacêutica e protagonista do movimento. Edith como foi dito logo no começo dessa crítica, não chegou a existir, mas é de uma presença fora do normal. Carter como sempre empresta seu poderio frente às câmeras para fazer da personagem algo bem melhor do que a roteirista imaginava. E sobre a roteirista temos muito o que falar. Abi Morgan, roteirista de “The Iron Lady”, que já citamos e de “Shame”, filme onde Carey Mulligan também atuara, consegue criar uma rede de histórias transformar-se em uma imensa trama, que deve ser elogiada por todos aqueles que assistirem. Todas as falas estão ali porque são necessárias, só se fala o que é preciso, diferente do que ocorre comumente em alguns filmes, onde temos minutos e minutos da famosa enche-linguiça (Não é, “A 5º onda”…). Antes que encerremos os comentários sobre as atuações, devemos falar de Ben Whishaw que estava meio sumido desde seu filme de estreia, Perfume (2006). Depois daquela atuação muito se esperava de Whishaw, mas o jovem foi sumindo, sumindo… até que aparece como marido em segundo plano em “Suffragette”. Que bela interpretação de Ben Whishaw, conseguiu transparecer o que um homem da época sentiria ao ver a mulher agir de tal forma, o que um homem da época faria, inundado de machismo e conceitos arcaicos, pequena mas notória foi a interpretação de Ben.
A fotografia de “Suffragette” utiliza alguns efeitos de desfoque, principalmente nas cenas de conflito, como se quisesse provocar um contraste entre o que deve ser exibido e o que está sendo colocado na tela. Tudo em seus conformes na fotografia, recheada de roxo, branco e verde. Cores de luta e empoderamento. O filme consegue se desprender da narrativa histórica convencional em alguns momentos, e isso é bom, não é um relato já conhecido e repetitivo, é uma mistura de tudo isso. São visões acerca do movimento, prós e contras se misturam no longa, vemos as tentativas de impedimento organizadas pelo governo, admiramos o modo como as mulheres de todos os lugares conseguiram burlar tais tentativas, somos telespectadores de uma luta vitoriosa onde sangue e sacrífico foram postos à mesa. Se assiste um tributo às milhares de mulheres que morreram e morrem pela causa, é um filme encorajador e brilhante. Uma produção que ressalta a necessidade do protagonismo feminino na luta, na busca, no ato de se fazer a lei e por ela dedicar esforços inimagináveis.
Therese Belivet é o cumulo da normalidade. Trabalho, casa, namorado, trabalho, casa… e por ai vai. Ela convive assim dia após dia, da loja em que é empregada até o apartamento de pequeno porte em Nova York, mas uma de suas clientes aparenta ser diferente, aparenta ser “de outra galáxia”, por assim dizer. Therese conhece Carol.
O longa dirigido por Tood Raynes foi indicado em seis categorias pela Academia (Melhor Atriz, Melhor Atriz coadjuvante, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia, Melhor Trilha ORIGINAL e Melhor Figurino), tem Cate Blanchet estrelando seu elenco e uma das mais belas canções compostas para o cinema ano passado. Falar sobre “Carol” é uma tarefa difícil, mas a faremos com todo o cuidado e zelo possível, pois assim fora produzido o filme, com todo esmero e calma necessária. Belo, do início ao fim em todos os sentidos imagináveis, a história de Carol e Therese é algo anormal no cenário cinematográfico atual.
O filme é uma adaptação do livro “The Price of Salt” de Patricia Higsmith, publicado em 1953 (Na época a obra foi publicada sob o pseudônimo Claire Morgan). Você pode adquirir o romance aqui no Brasil pela editora L&PM, assim como outros livros da autora, entre eles um famoso intitulado de “O talentoso Ripley”. Algumas coisas diferem do livro para o longa, mas a história preserva sua essência, colocando sob a luz dos holofotes Therese primeiramente e depois apresentando Carol para o público. A adaptação foi feita com uma excelência de se espantar, os diálogos encaixados de uma forma que deixa qualquer um boquiaberto, a força das palavras se enquadraram perfeitamente com a voz firme de Blanchet, graças a isso “Carol” concorre na categoria de roteiro adaptado (merecidamente), e não me espantaria se o mesmo levasse o prêmio, é um dos pontos fortes do filme e devemos ficar de olho nessa possibilidade.
A história como foi dito logo no inicio, transcorre ao redor de Carol Aird e Therese Belivet. Carol compra um presente para sua filha na loja em que Therese trabalha e esquece suas luvas no estabelecimento. Cria-se ai uma ponte entre a aspirante à fotografa profissional e a mulher em processo de divórcio. Do outro lado desta ponte temos Carol encarando a separação, com um marido que conhece sua bissexualidade mas se recusa a aceitar, mesmo estando prestes a se divorciar da mulher. No meio de tudo temos a pequena Rindy, filha do trágico casal. Também marcando presença na trama podemos ver Abby, interpretada por Sarah Pulson, está que tivera um caso com Carol, mas que no presente momento não passa de fiel amiga. O cenário está montado para uma apresentação de sensibilidade imensa.
Cate Blanchet aparece com sua genialidade típica, seu dom se espalha, em certos momentos assusta a quem lhe assiste. Indicada na categoria de “Melhor Atriz”, Blanchet explode em cada cena, seu olhar conquistador, sua forma de deixar transparecer cada sentimento, ódio, raiva, amor, tristeza, é encantador vê-la atuar. Do mesmo modo temos Rooney Mara no papel de Therese. A sutileza que era necessária para a performance de Therese, Rooney disponibilizou, o que era preciso para termos a Therese ideal foi feito, e muito mais que isso, Mara deu um toque extra na personagem, fez com que sua dúvida constante, sua descoberta da verdade que há tanto já estava presente se transforma-se em algo casual, de uma realismo tremendo, de como é e nada mais. Assim como a interpretação das atrizes principais é a trilha sonora, uma das mais belas que vi, cada música composta especialmente para aquela situação caiu como uma luva, desde a cena em que Therese se encanta com Carol até o fim do longa, as músicas entraram em harmonia com o visual e isso não pode passar despercebido, a Academia vai ter um certo trabalho para escolher quem leva a estatueta de melhor trilha ORIGINAL esse ano, e temos “Carol” como candidato fortíssimo para o prêmio. Antes que me esqueça, voltemos para as interpretações, quero dar uma atenção especial para a pequena Sadie Heim, que atuou no papel de Rindy. A desenvoltura da garota em todas as cenas é de uma naturalidade imensa e mesmo com poucas aparições faz um trabalho excepcional.
A fotografia de “Carol” surpreende, mas não chega a ser a melhor entre todos os indicados, é uma belíssima fotografia que capta todos os sentimentos necessários para o filme mas não se compara a de “O Regresso”, que utilizou de diversas técnicas para a produção. Um detalhe sobre a fotografia de “Carol” me deixou em êxtase, em uma das cenas, entre os minutos finais, esse ponto da adaptação explode e se mostra bem maior do que fora durante cem minutos, somos jogados para a visão de Therese, no mesmo momento vemos planos horizontais do acontecimento, inverte-se a tela, muda-se o panorama, é incrível como lidaram com a cena e isso agrada a qualquer admirador cinematográfico (E a trilha sonora marcando presença com sua beleza de outro planeta nesta cena). Um último quesito a levantarmos, que também fora destacado pela Academia é o figurino, uma das indicações do longa. Todo o poderia de Carol Aird, seu andar encantador, suas curvas destacadas por roupas e mais roupas feitas singularmente, o mesmo ocorre com todos os outros personagens, isso nos leva para a época de uma forma genial, nada se encontra fora de seu lugar, não se comete anacronismos na elaboração do figurino e temos que aplaudir de pé, pois a maioria dos filmes o faz nem que seja em um detalhe aqui ou acolá.
“Carol” nos coloca em duas posições, na de telespectador e de responsável por tudo aquilo, é engraçado pois a história se passa há quase um século atrás e mesmo assim o enredo se repete atualmente. Somos telespectadores a medida em que a paixão de Carol se encontra com a de Therese, a indecisão e o medo de ser o que não é, isso tudo vemos de longe, apenas captando pontos específicos, mas chega o momento em que o filme nos obrigada a invadir a história, em se mover perante tudo aquilo. “Carol” é um alerta de que evolução não significa progredir, de que mesmo com o passar do tempo o preconceito, a intolerância e a ignorância prevalecem, mas Carol também é sinal verde para a busca por direitos, por lugar na sociedade e nela poder atuar. No ano em que temos temáticas LGBTs em foco esse é um daqueles filmes que marcam época, principalmente por conseguir captar a pressão e rejeição posta sobre as pessoas por conta de suas respectivas essências, rejeição por pessoas que nada mais são do que elas próprias. É um desmascaramento do pior que o ser humano possui, ao mesmo tempo que mostra o melhor que podemos oferecer. “Carol” é um filme de extremos e isso mexe com todo o público, não é algo sarcástico ou passageiro, é obra para se ver centenas de vezes e sempre que vista conseguir observar um novo tópico, uma nova visão, mas sempre, em qualquer situação, a mensagem principal do filme aparecerá como uma placa imensa piscando na beira da estrada, dizendo: Deixe-nos amar. Deixe-nos viver. Incrível, eletrizante e perfeccionista do começo ao fim, que leve a maior quantidade de estatuetas que conseguir entre as suas seis indicações, que faça o que de melhor sabe fazer: conquiste. Assim como conquistou um fã árduo e encantado por todo o enredo e produção.
A Paramount Pictures anunciou nesta quarta-feira (20) que um segundo filme de War Wolrd Z está a caminho, e estreará no dia no dia 9 de junho de 2017. Protagonizado por Brad Pitt e tendo o mesmo como produtor do longa. Steven Knight, roteirista do primeiro filme, declarou que o filme começaria por outro ângulo: “Eu pensei, ‘Por que não?’ Que ideia divertida!’. Não será bem como o filme anterior, nós começaremos do zero. Quando [o estúdio] aprovar, estaremos prontos [para as filmagens]”. O segundo filme começa com suas gravações em outubro.
O filme que estrearia no dia 26 de maio de 2017 teve sua data alterada. Por questões de bilheteria a Lucasfilm anunciou a mudança da estreia para o fim do mesmo ano, sendo assim o episódio VIII de Star Wars estreará no dia 15 de dezembro de 2017. O filme que dará continuidade ao “Despertar da Força” inicia suas filmagens mês que vem.
O penúltimo filme da saga “Divergente”, intitulado “Convergente” estrearia em terras nacionais no dia 17 de março, mas acaba de ser anunciado que os fãs da história de Tris ganharam uma semana de antecipação, sendo que agora o filme será exibido a partir do dia 10 de março. Preparem os corações, divergentes, pois a estreia está mais próxima do que imaginávamos. O último filme, Ascendente tem previsão para chegar ao Brasil em 8 de junho de 2017.
O poeta que até pouco publicava seus livros pela editora José Olympio, a partir de agora terá reedições feitas pela Companhia de Letras, começando com um volume especial do “Poema Sujo”, está sendo publicada ainda em 2016. A Companhia de Letras também anunciara que os clássicos russos presentes na Cosac Naify serão publicados agora por ela. Grandes títulos como “Guerra e Paz” terão nova roupagem com a Cia de Letras. Também fora informado que a maioria do catálogo da Cosac Naify ficará nas mãos da Companhia.
Nesta segunda-feira (18) a presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, Cheryl Boone Isaacs, posicionou-se sobre a falta de atores, diretores entre outros profissionais entre os indicados ao Oscar 2016. Após a ameaça de boicote à premiação lançada por uma dos homenageados, Spike Lee (diretor), a academia acabou por encerrar o silêncio sobre o tema. Em 2016 não temos atores negros entre os concorrentes para melhor ator, atriz e ator e atriz coadjuvante. Confira o que a presidente declarou:
Gostaria de reconhecer o incrível trabalho dos indicados deste ano. Mas ao mesmo tempo em que celebramos seus feitos extraordinários, estou frustrada e com o coração partido por causa da falta de inclusão. É uma conversa difícil, mas importante, e é tempo de grandes mudanças. A Academia está tomando medidas dramáticas para alterar a face de nossos membros. Nos próximos dias e semanas iremos conduzir uma revisão de nosso processo de recrutamento de novos membros com a intenção de trazer a tão necessária diversidade em nossos escolhidos de 2016 e próximos anos. Como muitos de vocês sabem, implementamos mudanças para diversificar nossos membros nos últimos quatro anos. Mas os resultados não estão chegando rápido o bastante. Precisamos fazer mais, melhor e mais rápido.
Isso não é algo sem precedentes na Academia. Nos anos 60 e 70, trabalhou-se o recrutamento de membros jovens para manter a entidade vital e relevante. Em 2016, o tema é a inclusão em todas as suas faces: gênero, raça, etnia e orientação sexual. Reconhecemos as preocupações reais em nossa comunidade e eu aprecio todos vocês que me procuraram em nosso esforço de seguir em frente juntos.
Toda a cobertura do Oscar 2016 você encontra aqui, no Beco Literário. Confira também nosso “Especial Oscar” que tem sua primeira crítica já publicada clicando aqui.
A inquietação é combustível primordial de “A Garota Dinamarquesa”. O longa estrelado por Eddie Redmayne e Alicia Vikander conta a história de Lili Elbe, que por início nos é apresentada como Einar Wegener. Uma cinebiografia que em muito se assemelha às outras, mas deixa sua marca em diversos momentos. O eixo central da trama é a vida de Lili, primeira pessoa a se submeter à uma cirurgia de mudança de gênero, tendo como presença efetiva de sua esposa, Gerda Wegener. No decorrer do filme vemos os desafios, as fases e faces de Einar até se tornar por completo Lili Elbe. Pensamentos introspectivos são lançados durante o longa por meio de gestos e ações, a mente de Einar Wegener é colocada à exposição, assim como a situação que sua esposa compartilha. “The Danish Girl” provoca as mais submersas sensações, é um representante da classe dos filmes ocultos, daqueles que te jogam na trama e te questionam sobre diversos pontos, isto tudo com uma sutileza fora do normal. O drama vivido por Einar e Gerda é provocador, nem para todos, assim como representa muitos, difícil de se entender para aqueles que não desejam fazer isso.
O longa é indicado em quatro categorias no Oscar 2016. Para melhor ator temos Eddie Redmayne, para melhor atriz coadjuvante, Alicia Vikander, e em categorias técnicas como Melhor figurino e Design de produção. Indicações estas mais que justas e que iremos falar um pouco mais a frente, por hora foquemos na trama. Einar Wegener consegue visualizar gradualmente que aquele corpo que reside não é o seu, não é o que realmente deseja, e isso provoca mudanças drásticas no comportamento do casal, na rotina de Gerda, na vida dos dois, fazendo com que uma avalanche de riscos decaia sobre esposa e marido. Einar é um famoso pintor na Dinamarca, retrata sua cidade natal em diversas pinturas, aparenta ser o que é e apenas isso. Mas ele e Gerda sabem que por trás da verdade alheia, a sua é totalmente diferente. Einar vive camuflado naquele perfil que o puseram, até que aos poucos, enquanto veste roupas femininas para auxiliar sua mulher como modelo para as pinturas da mesma, Einar entra em contato com seu eu. Com Lili. A partir dai o filme transcorre, com diversas forças conspirando contra Lili, com outras a favor do desaparecimento de Einar, com mudanças pequenas que significam muito para o desenvolvimento da história. O que surpreende em “A Garota Dinamarquesa” é a veracidade, tendo como grande responsável o roteiro e a atuação de Eddie Redmayne. A adaptação do livro biografia sobre Lili Elbe é eficaz, não escapa do que deve ser feito, é algo gigantesco em diversos quesitos, mas principalmente neste. Se fala não só de Lili, mas das várias Lilis que foram auxiliadas graças à pioneira. O longa consegue transmitir isso e vemos que a direção de Tom Hooper continua eficiente e ímpar.
Após “A Teoria de Tudo” todos apostavam que Redmayne não conseguiria realizar tal feito novamente. Não atuaria da mesma forma, pois isso se confirmou em “O Destino de Júpiter”, seria Redmayne apenas mais um a ganhar a tão desejada estatueta e não passaria disso? Só tenho algo a dizer: Não foi dessa vez, DiCaprio. Foi? Paira no ar a dúvida NOVAMENTE, pois depois do que vi em “A Garota Dinamarquesa”, caiu por terra toda a certeza que tinha sobre Leonardo DiCaprio levar o prêmio de melhor ator. Eddie Redmayne consegue ser bem melhor do que si, realiza uma atuação fora do normal. Em uma das cenas, das fantásticas cenas desse filme incrível, vemos Eddie Redmayne totalmente despido, em todos os sentidos, pois ali ele deixa de ser Redmayne, deixa de ser a pessoa que é para se transformar na Lili que deseja representar. A encarnação do ator é estupenda e em certos momentos bestializa aquele que o assiste. Fora do normal, repito, o que Eddie realiza em “The Danish Girl”, e isso deixa a corrida pela estatueta ainda mais imprecisa. Será mesmo que DiCaprio bate na trave novamente este ano? Será que a Academia concederá a segunda estatueta a Redmayne? Fincarei aqui por fim minha opinião sincera: O Oscar de melhor ator deste ano vai para Redmayne, e MAIS UMA VEZ, DiCaprio sai da premiação de mãos abanando. Falaremos sobre a interpretação de Leonardo na crítica de “O Regresso”, não se preocupem, mas a forma que Redmayne incorporou o personagem, o modo como efetuara esta metamorfose que é “A Garota Dinamarquesa” com êxito… Bem, torço imensamente por DiCaprio, mas fica para Redmayne novamente, com um merecimento imenso assim como sua desenvoltura. Surreal fora o trabalho do ator, desde Einar até Lili. Seus movimentos, sua capacidade de transparecer a imperfeição humana é tremenda e digna de aplausos, milhões destes.
Ainda sobre atuações, falemos de Alicia Vikander. Um casal de atores perfeito, digamos logo de início. A seleção fora eficiente (mesmo sabendo que Alicia entrou como uma espécie de terceira chamada, e agradecemos aos céus por isso) na escolha de Alicia e Eddie para o protagonismo em seus papéis. O desespero de Gerda, a mansidão, o sentimento a flor da pele, o medo, o amor de Gerda está em cada traço de Alicia, sua voz atinge o tom certo, seu olhar só deixa tudo mais convincente. Vikander concorre com Rooney Mara (Carol), Rachel McAddams, (Spotlight), Kate Winslet (Steve Jobs) e Jennifer Jason Leigh (Os oito odiados). Esta é uma das categorias mais imprecisas do Oscar, pois ambas indicadas conseguiram atingir um nível invejável, e continuaremos na dúvida até o dia da cerimônia. Se for para arriscar, digo que Jennifer Leigh consegue tomar essa estatueta de Vikander, mas está difícil afirmar com toda certeza quem leva a premiação. O certo é que Alicia conseguiu cumprir com sua missão em “The Danish Girl”, a fez com sobras de acertos. Aguardemos para sabermos quem leva como melhor atriz coadjuvante.
Como foi dito acima, o longa também é indicado em Melhor figurino e Design de produção. Em figurino os acertos são imensos, todas as roupas se adequam com a época, sabemos que a Academia valoriza até demais essa busca aprofundada para a construção do figurino, o história da premiação acusa isso e não seria uma surpresa que essa fosse a segunda estatueta de “A Garota Dinamarquesa, Paco Delgado chega forte na briga. Agora em Design de produção a história é outra, mas façamos duas observações, por lentes diferentes. A primeira só enxergamos a história de Lili, nesta vemos que todos os quesitos presentes na categoria são fortemente realizados, principalmente a maquiagem e a iluminação são acertos absurdos, assim como os cenários se entrelaçam com todo o enredo, sozinho é o filme é genial neste ponto, agora se comparado com os concorrentes nesta categoria “A Garota Dinamarquesa” recua na corrida pela estatueta. “Mad Max” e “O Regresso” se sobressaem frente ao longa.
A trilha sonora do filme transmite cada sentimento em seu devido momento, até o silêncio de algumas cenas é revelador. A mixagem de som ganha destaque, desde o farfalhar do pincel ao tocar na tela até os sussurros de Lili. Poucas são as falhas. Os ângulos utilizados no filme são geniais, principalmente nas situações em que Lili aparece no canto da tela, deixando vago todo um cenário a ser observado e avaliado pelo telespectador. Solidão é a palavra-chave no filme e a fotografia conseguiu captar isso muito bem. Mesmo com a companhia de Gerda, Einar permanece só, mesmo com toda a ajuda oferecia pela mulher, ele é ela e ninguém consegue entender o que seja tudo aquilo. É um filme desafiador, que merece todos os elogios, todos os aplausos e as lágrimas de qualquer um que o assista.
Dezenove de janeiro tornou-se um dos dias mais chocantes e desafiadores para a música do Brasil. Os rádios noticiavam, a televisão parava para homenagear a interprete, a dona de diversas faces. Morria em um dezenove de janeiro, dona Elis Regina Carvalho Costa, gaúcha, dona de uma das maiores vozes do continente. Pimenta de corpo e alma, apelidada assim porque mereceu, porque era isso e tudo mais. Elis parou um país para dizer: Até logo. E se foi Elis. Mas hoje estamos aqui, trinta e quatro anos depois para, como diz uma amiga sua de música e poesia, louvar e agradecer tamanho talento, relembrar que de Elis se foi muito, mas muito ficou. Perdemos o que tinha para oferecer, o que tantos aguardavam, mas ficamos com seu grito de revolta, sua voz que cruzou cidades e aranhas-céus, que transformou o modo de cantar. Não se cantou apenas. Depois de Elis se canta, mas canta com bravura, com sangue nos olhos. Muito obrigado, Elis. Por ser a interprete que precisávamos, por falar de conversas de bares, de bailarinas, de meninos que vendem laranjas, por deitar e rolar nos palcos da vida. Muito obrigado por apresentar talento, coisa que hoje falta em quase tudo. Por ser música, por materializar a música. Desde seu arrastão até um redescobrir imenso, fora e continua sendo aquela que não grita, mas desabafa, que não dança, mas pousa calmamente entre piruetas e lágrimas. O que foi feito devera? Fora feito muito, diríamos para a cantora. Agora, o que foi feito de Vera pouco se sabe. O que temos em mente é que a menina que rebentara não fora a mesma sempre, e hoje ganha outros significados, a cada regravação, a cada descoberta, a cada novo jovem-velho lhe encontra no fundo de um baú qualquer. Ah, Cantador, canta como ela, duvido! Ofereço tudo que tenho em uma aposta, que não exista aquele que cante como ela. Nem melhor, nem pior, mas igual. Obrigado por ser singular e ao mesmo tempo plural. Plural de um povo que não tem imagem a ser seguida, mas segue, continua vagando por ai, nem que seja com versos no canto do ouvido. Mas fora essa mesma Elis que dissera: Deixa! Deixa quem quiser falar meu bem! E nós seguimos seu conselho, esse seu que fizera tanto sucesso com seu amigo sambista, homem de fé e enviado para ter protagonismo parecido com o da companheira. Junto à Elis, obrigado também Jair, que neste momento estão fazendo a maior festa que qualquer um já viu. Samba é a palavra da vez. Morro é a palavra da vez, ou o morro não tem vez? Ah, na voz dela teve, e como teve. Mas meu mestre deu a partida, e vamos embora, vamos nos despedindo que a andança é grande, assim como a mulher. Novamente, com toda a admiração do mundo e alegria que esta nos ensinou: Obrigado, Elis. Estrela que ainda brilha, mostrando que música feita para emocionar persiste, poesia cantada com braços e pernas vigora. Canta, Pimenta, canta que a noite é longa e melhor companhia não existe.