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Emanuel Antunes

Atualizações

Sneak Peek de “Animais Fantásticos e Onde Habitam” é divulgada

Há alguns minutos, na HP Celebration, fora divulgada um vídeo dos bastidores de Animais Fantásticos e onde Habitam. Dois minutos do que vem por ai no spin-off de Harry Potter, e você confere abaixo a sneak peek que agora foi disponibilizada para todo o público pelo pottermore:

Mais informações sobre a HP Celebrantion (Que está dando o que falar) e sobre Animais Fantásticos e Onde Habitam você confere aqui, no Beco Literário.

Filmes

Crítica: Mustang (2015)

Esperei mil e uma coisas sobre “Mustang”, inúmeras foram as versões que surgiram em minha mente antes de ver o filme, passei dias hesitando, vejo, não vejo, vejo, enfim, o vi. Nada do que pensei sobre “Mustang” se concretizou, e posso dizer por fim que até agora estou confuso sobre o filme, não sei bem o que falar, mas falarei. Não me sinto confortável em dizer algo sobre tamanha obra, mas direi porque preciso que outras pessoas o vejam, que outras pessoas fiquem perplexos como fiquei desde a primeira cena, das garotas na praia, até a última e avassaladora cena.

Quero destacar uma coisa: O que será escrito a partir daqui é feito por uma ótica ocidental contida. Tentarei em cada palavra não expressar toda minha formação ocidental e nutrida de milhares de preconceitos, quero deixa-la de lado, mesmo sabendo que não conseguirei fazer isso por completo. Por essa questão e  tantas outras ela será como dita ali, no começo do parágrafo, contida. Visão ocidental que teima em falar por si, mas que não pode, não deve cometer esse erro.

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“Mustang” é um filme turco, realizado por uma produtora francesa, a CG Cinéma (Sendo indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro como representante da França, já que grande parte dos recursos foram postos em jogo pela produtora francesa). O longa tem por diretora a também Turca, Deniz Gamze Ergüven. Esta que elaborou o roteiro junto à Alice Winocour, francesa e também roteirista de filmes como “Augustine” e “Home”. Deniz Gamze fora nomeada no Festival de Cannes, tendo, ela, junto ao elenco principal do filme, recebido uma salva de palmas de cinco minutos. Sim, meus amigos, cinco minutos de aplausos contínuos para um só filme em Cannes, eu disse: CANNES, e nasce ai meu pé atrás para escrever uma crítica sobre algo gigantesco como “Mustang”, mas o farei e começamos de agora.

Cinco irmãs vivem em um vilarejo no interior da Turquia, com seus costumes, com sua religiosidade, com seu cotidiano. Até que em um desses dias sem muitas emoções, uma das irmãs decide que o clima está belo até demais para não ser aproveitado, no mais, elas desistem de voltar para casa de van e partem para a praia. Acompanhem comigo, sem nossa mentalidade “ocidental exacerbada”: Elas foram para a praia, com vestes curtas, em uma cidade muçulmana, e ao chegar lá acabaram por brincar junto a garotos. As meninas, com toda a inocência que a idade permite a cada, subiram nos ombros dos rapazes e começaram a “brigar”, fazendo o que habitualmente fazemos nas piscinas ou no mar. As coisas, como deixa claro a personagem-narradora, Lale,  mudaram a partir dai.

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Ao chegarem em casa a avó, interpretada por Nihal Koldaş, as espera para uma surra alimentada com fofocas da vizinhança e seu senso comum. As garotas são tratadas de um modo totalmente diferente a partir deste momento. O tio, Erol (Ayberk Pekcan, presente em “Winter Sleep”) instaura uma espécie de ditadura dentro da casa (um reforço na já existente), as garotas agora deixariam de lado o pouco de liberdade que tinham para viver vinte e quatro horas sob a vigília das tias e aprender a se portar como “Moças para casar”. Vemos uma série de mudanças no local, nas garotas, no cenário do filme, todos os objetos que poderiam “deturpar” as meninas vão sendo retirados dos cômodos (Até uma impressão da pintura de Eugene Delacroix, “A Liberdade Guia o Povo” foi tomada de uma das moças, ao meu ver poderia ser muito bem de Lale, ela tem todo o espírito da Marianne erguendo a bandeira francesa e gritando as três palavras por entre dentes cerrados). Telefones? Nunca mais. Livros que poderiam informar de qualquer modo, as moças não tocarão mais neles. Tudo que pudesse desviar as meninas do caminho comum destinado às mulheres muçulmanas fora varrido e posto a sete chaves. Mas não posso acrescentar mais sobre a trama pois isso você descobrirá, terá o prazer (e o desprazer) de ver certos momentos. É um filme para fortes.

Falemos então das moças, as que receberam o título de “Cinco graças” na tradução do filme para o português (O longa foi lançado por aqui no fim da semana passada). Comecemos pela mais velha, Sonay (İlayda Akdoğan). A garota fora a primeira a apanhar naquela surra do início do filme que acabamos de falar. Cada personagem tem suas peculiaridades, cada uma lida com suas obrigações de um modo diferente, e Sonay o faz de uma maneira peculiar, nem pulando o muro, nem descendo dele, ela fica ali, olhando para o horizonte que pode conquistar, mas escolhe permanecer com a linha que lhe foi destinada. A personagem é forte, pois inspira as outras quatro, é o coração pulsante das cinco irmãs, pois o cérebro, bem, falaremos dela por último. A interpretação de İlayda Akdoğan é de uma beleza incomum, a atriz consegue expressar bem cada sentimento e em alguns momentos, a passividade da personagem. Assim como Tuğba Sunguroğlu o faz no papel de “Selma”, a segunda irmã nesta visão decrescente. O clima irritadiço de Selma, sua mente atolada de pensamentos que resultam em poucas palavras ditas, tudo isso foi feito graças ao dom de Tuğba. Agora falemos vagarosamente sobre a terceira irmã, Ece, interpretada por Elit İşcan. Ela é responsável por uma dos momentos mais chocantes e perturbadores da trama, nos deixa de queixo caído com o que ocorre, ninguém daria nada por Ece na verdade, ninguém a notava, entre as cinco ela era a mais apagada por assim dizer, junto à quarta irmã, Nur (Doğa Doğuşlu). Mas Ece ressurge como os raios de sol presentes na maioria das cenas, aparece como não o fizera em todo o longa e isso ocorre em instantes. Em segundos ela é a estrela, a personagem principal, a dona da cena. Em instantes, como disse Lale, tudo pode mudar.

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Enfim, Lale. O que vemos é o que Lale enxerga, sua ótica é a visão guia para todos os telespectadores. Por ser a mais nova entre as cinco irmãs, sua mentalidade parece “aos cegos” um olhar esperançoso do mundo. Tudo vai acontecer, imagina Lale, tem que ocorrer, diz Lale, mesmo sem pronunciar. Ela é aquele tipo de personagem que te cativa no primeiro instante, que te diz: Olha, eu sou o que você deseja ser. Agora me veio a mente, no meio desta crítica eu falei que Lale poderia ser a Marianne da pintura de Delacroix, que poderia ser a moça guiando seu povo, mas não, pensando bem, Lale não deve ser Marianne, ela tem que ser, porque é, a Gavroche de todo o filme. É ela que organiza os motins, que nada contra a corrente, que nota quando as coisas estão erradas, mesmo sendo ensinada a encarar aquilo como frívolo. Gavroche é Lale, Lale é Lale e isso tem que ser visto como algo sério, algo que falarão daqui a vinte, trinta anos. Ela é de uma originalidade tão grande que chega a ser comparada à grandes alegorias. A moça escolhida para dar vida à Lela fora Güneş Şensoy em seu trabalho de estreia. Şensoy brinca com naturalidade em frente às câmeras, desdenha dos padrões sociais, é livre em seu mundo teatralizado. Tem o dom a criança e o deixa se libertar a cada cena, é lindo de se ver alguém tão jovem atuar com uma maturidade tremenda, sacar uma personagem como essa e a encorporar com tamanho êxito. A menina, Lale é o cérebro das cinco, é a mente que observa toda a cena atrás das cortinas e aparece para ser o clímax da apresentação. Bravo, para Lale e Şensoy, duas em uma, uma que encanta e provoca inveja nos sem coragem.

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Lhe conduzo agora para uma das mais belas fotografias do Oscar 2016. As tomadas do filme devem ser observadas como um manual de como “fazer cinema”. É algo límpido, sem a necessidade de efeitos aqui ou ali, é pura luz natural entrando pelas janelas, portas, entre as grades que prendem as cinco garotas, é de uma ambientação tremenda. O título do filme se deu por conta desta busca por liberdade, por essa ambição por aquilo que lhe é realmente destinado mas que aos poucos, ou abruptamente, é retirado por uma sociedade fincada entre golpes machistas e religiosos. “Mustang” deriva dos cavalos Mustangues presentes nos EUA, na tradução histórica, tendo suas raízes no espanhol arcaico, significa algo entre “sem dono” e “selvagem”. É um título que caiu bem até demais para a história. Mustang está em cada parte das cinco garotas, elas almejam por isso, por não terem donatários em suas vidas. Elas e milhares de outras mulheres espalhadas mundo a fora. Não pensemos que isso só ocorre nas sociedades do Oriente Médio e circunvizinhas. O senso de dominação enaltecido pelo homem da “família tradicional” transpassa fronteiras e atinge de Ocidente a Oriente. O erro que não podemos cometer a assistir “Mustang” é dar gargalhadas, como qualquer ocidental desinformado daria. Como fizeram os franceses ao assistirem as primeiras cenas de “Que horas ela volta?”. Não podemos rir de uma realidade que está tão próxima, de uma submissão que se enraiza em tantas mentes. Não podemos pensar com ocidentalismo ao encarar o medo, o trauma, a falta de vida que é imposta a cada mulher muçulmana, desde sua infância até sua precoce idade adulta. Mustang é ao mesmo tempo um grito de liberdade e de socorro. É o porta-voz de mulheres que nada podem fazer. A diretora, Deniz Gamze Ergüven, vivera esta realidade. As cinco atrizes vivem esta realidade. Nós não vivemos tamanhas atrocidades, nós nos horrorizamos com certas cenas do filme, mas o que fazemos? De que modo tentamos modificar isso? Bem, ai já é outra história para outro momento, o que temos que colocar aqui é a mensagem passada pelo longa: Salvem-(nos)-se. Existe uma barreira que separa religião, política e arte. “Mustang” conseguiu rompe-la com êxito.

A seriedade relatada na garra de Lale, o medo impregnado no corpo de Ece, a inquietação que corre por entre as veias de Sonay, tudo isto se une para formar um grandioso filme. Uma obra de arte digna, não de cinco minutos de aplausos, mas uma salva eterna de elogios e agradecimentos. Agradecimentos sim, para as pessoas que compuseram tal obra, e pedidos de perdão para aquelas que não podemos auxiliar.

“Mustang” é parecidíssima com aquela pintura de Delacroix que dá o ar de sua graça no início do filme, consegue captar momentos específicos do atual, para que seja visto por todo um tempo inesperado pelo autor. É um filme próprio das grandes premiações,  dos públicos que decidem pausar um pouco suas vidas para viver a de outros. Viver, chocar-se e despejar todo um sentimento frente à telas de computadores. Belo e digno de todas as homenagens, que venha a noite maior e que se consagre dono da tão desejada estatueta. Nos resta ansiedade, nos resta ver “Mustang” novamente, e novamente, até se revoltar mais e mais, até se esgotar de ver tanta brutalidade, tanta realidade em um só filme.

Filmes

“House of Cards” é renovada

O nosso querido e amado Frank volta a ação a partir do dia 4 de março em sua quarta temporada, mas antes mesmo da estreia, a Netflix anunciou por meio da página da série que em 2017 vai ter sim “House of Cards”, confira abaixo o comunicado da Assessoria do então presidente dos Estados Unidos da América e candidato nas eleições e 2016.

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Colunas

Poesia nossa de cada dia #1 – Cântico Negro

Cântico Negro

“Vem por aqui” — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: “vem por aqui!”
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali…
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos…
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: “vem por aqui!”?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí…
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?…
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos…

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios…
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios…
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: “vem por aqui”!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou…
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!”

| José Régio

Música

Beco Awards: Conheça os indicados na categoria “Melhor Disco Nacional”

A Beco Awards apresenta seus primeiros indicados. Bem antes das seções literárias e cinematográficas, cá estamos nós falando de música (em um dos dias mais musicais desse site). A eleição dos melhores de 2015 só ocorrerá entre o fim de fevereiro e início de março, mas nós vamos entrando no clima aos poucos, com indicados aqui, indicados ali, e assim formaremos o panorama geral da premiação. Mas vamos chegar ao real assunto desta matéria: Vamos RESPIRAR música a partir de agora com os melhores álbuns do ano passado, com as melhores produções deste país. Só para relembrar, a lista dos pré-indicados era a seguinte:

PRÉ-INDICADOS:

  1. Guelã – Maria Gadú
  2. Dois Amigos, um Século de música – Caetano Veloso e Gilberto Gil 
  3. Carbono – Lenine
  4. Gal Estratosférica – Gal Costa
  5. A Mulher do Fim do mundo – Elza Soares
  6. Estado de Poesia – Chico César
  7. Férias em videotape – Simone Mazzer 
  8. A Praia – Cícero 
  9. Delírio – Roberta Sá 

Nós, da Academia, votamos e elegemos os seis melhores desta lista. Estes seis que serão destinados a vocês em formato de votação, e a partir de agora conheçam os indicados ao melhor álbum de 2015:

INDICADO Nº 1:  Carbono – Lenine

Lenine em “Carbono” se repagina. Aparece com uma temática totalmente ecológica envolta à críticas sociais ferrenhas. Na maioria das faixas vemos o som forte do maracatu, o soar do mangue, Lenine é novo e o mesmo neste álbum. Arranjos inimagináveis acontecem na produção, você pode conferir isso na música “A Causa e o Pó” e em outras como “À meia-noite dos tambores silenciosos” e “Quem leva a vida sou eu”, esta última que tem referência ao samba de Zeca Pagodinho lançado há mais de duas décadas. Lenine aparece por inteiro em seu álbum e acrescenta o que muitos não viram, é belo e transcendental, um anúncio de que os alquimistas já chegaram.

INDICADO Nº 2: A Mulher do Fim do Mundo – Elza Soares

Seria um erro gravíssimo não termos o mais novo álbum de Elza Soares nesta lista. UM TREMENDO ERRO. Primeiro que esse chega a ser um dos mais belos trabalhos de Elza, por ser político do começo ao fim, encanta o bom ouvinte. Vamos transitar em algumas faixas para início de conversa. A música-título, “A Mulher do fim do mundo” é algo que chega a ser psicodélico de tão desconfortante, a canção para, bem no meio da execução, simplesmente oferece lugar ao silêncio e isso é perturbador, a voz de Elza é assim, tira a pessoa do sério, deixa a pessoa procurando significados naquilo, mesmo sabendo que tais coisas estão bem na nossa frente. A música que abre o disco, “Coração do Mar” é de uma beleza que não se encontra atualmente, seca, só voz e vazio. Um álbum digno de páginas e páginas de comentários, mas ficamos por aqui, que mais quatro indicados precisam ser falados. No mais, palmas para esse disco feminista, defensor de causas e forças reais. Bruto e nutrido de raiva.

INDICADO Nº 3: Férias em Videotape – Simone Mazzer

Mazzer une antigo com novo em poucos segundos de disco. Primeiro que ela nos atinge bem no meio do peito com “Tango do Mal”, melhor faixa original do álbum. Na metade do álbum a cantora nos surpreende com uma remontagem de “Camisa Listada”, samba gravado por Maria Bethânia, Elza Soares (que faz participação em “Férias em Videotape” na música “Essa Mulher”), Carmen Miranda e outras grandes cantoras e cantores nacionais. É um misto de rock, pop e música popular que faz do álbum um dos melhores do ano. Ótimo para se ouvir quando tudo está quieto, quando se quer provocar o cotidiano.

INDICADO Nº 4:  Gal Estratosférica – Gal Costa

Ai a força da Bahia, força que nunca seca. Em um álbum composto por dezesseis faixas, Gal Costa é outra. É aquela menina que cantou Vaca Profana e Baby, deixando gringo babando em tempos vindouros, mas também é a Gal que olha para o atua e diz: Eu sei fazer melhor que isso. Olha para as produções que vem surgindo e as deixa beijando seus pés. Gal Costa aparece “Sem medo, nem esperança”. Bela como só ela consegue ser. Um disco incrível que deve ser escutado milhares de vezes.

INDICADO Nº 5: Estado de Poesia – Chico César 

Uma das mais belas composições do paraibano, Chico César, ganha enfim seu disco. Seu título estampado e com todo um compasso diferente de outras gravações. Chico lança “Estado de Poesia” com um emaranhado de outras incríveis composições e melodias que só ele consegue compor. Músicas como “Atravessa-me” e “Canina” são exemplos de como a música nordestina pulsa, tendo representantes tão fortes. De talento indiscutível, Chico César figura entre os nossos seis melhores porque essa lista ficaria órfã sem sua presença, mas vamos ao último indicado.

INDICADO Nº 6: Dois Amigos, um Século de música – Caetano Veloso e Gilberto Gil 

Avisa lá, avisa lá que eles estão juntos novamente. O álbum “Dois Amigos, um século de música” fora gravado ao vivo e renderá por anos. Enfim, Gil e Caetano se uniram mais uma vez para criar um projeto imenso. Comemorando os cinquenta anos de carreira de ambos, Caetano e Gil relembram seus maiores sucessos em quase duas horas de música. Desde “Expresso 2222” até “Tropicália”. Ouvimos novos arranjos para as tão conhecidas músicas, o que só deixa o álbum ainda mais precioso. O DVD do Show também está disponível.


Assim fechamos a lista dos indicados na categoria “Melhor Disco Nacional de 2015”, tendo nomes conhecidos e revelações do cenário musical do país. Ficamos agora aguardando o início das votações (divulgaremos a data em breve) e prontos para conhecer as outras categorias, mas posso adiantar que ainda está semana estaremos lançando os INDICADOS a “Melhor Show Nacional de 2015”. Fique de olho para mais novidades da Beco Awards, em qualquer que seja a seção, literatura, música ou cinema, isso é só o começo da nossa primeira edição.

 

Filmes

CINEMA: Lançamentos da semana

A última semana de janeiro vem carregada de boas atrações. Estamos no ritmo “Oscar vem ai” e não existe melhor clima para compartilhar as estreias dessa última parte do mês. Entre filmes nacionais e internacionais, confira a lista das estreias:

O Presidente

Sinopse: Numa aldeia fictícia do Cáucaso, o Presidente em fuga tem apenas a companhia do neto de cinco anos. Um golpe de Estado aconteceu e o ditador agora circula pelas terras que um dia governou disfarçado de músico. Pela primeira vez ele se aproxima realmente da gente que por tanto tempo liderou, finalmente conhecendo aquele que era seu povo.

Caçadores de Emoção – Além do Limite

Sinopse: Um jovem agente do FBI (Luke Bracey) tem como missão se infiltrar em meio a atletas de esportes radicais, suspeitos de cometerem uma série de roubos nunca vistos até então. Não demora muito para que ele se aproxime de Bodhi (Édgar Ramirez), o líder do grupo, e conquiste sua confiança.

Os Dez mandamentos

Sinopse: Adaptação cinematográfica baseada na Bíblia e na célebre novela homônima da Rede Record, um dos maiores fenômenos de audiência dos últimos tempos da televisão brasileira. A épica e emocionante saga de Moisés, retratada na novela, que cobre mais de cem anos de história e adapta livremente quatro livros da Bíblia, ganhará cenas inéditas e um final diferente do veiculado na televisão.

Pai em dose dupla

Sinopse: Brad (Will Ferrell) é executivo em uma rádio e se esforça para ser o melhor padrasto possível para os dois filhos de sua namorada, Sarah (Linda Cardellini). Mas eis que Dusty (Mark Wahlberg), o desbocado pai das crianças, reaparece e começa a disputar com ele a atenção e o amor dos pimpolhos.

Tudo sobre lançamentos cinematográficos você encontra aqui, no Beco Literário.

 

Atualizações, Livros

“Harry Potter and the Cursed Child” pode ser publicado como livro

Todos nós, fãs que acompanham o menino-que-sobreviveu desde 1997, ou não, estávamos alegres por termos uma continuação, uma sequência de “Harry Potter e as Relíquias da Morte”, mas ao mesmo tempo essa euforia era/é contida, pois tal continuação está restrita aos teatros de Londres. Mas eis uma boa notícia: Segundo a The Rowling Library duas editoras estão sondando J.K. Rowling e Jack Thorne. Estas editoras, que o site preferiu não divulgar, desejam transformar o roteiro da peça em livro.

Ou seja, podemos sim ter a história de “Harry Potter and the Cursed Child” em um formato diferente. Não seria uma romance, longe disso, mas lá estaria a trajetória a ser percorrida mais uma vez.  Estas são as únicas informações que temos ATÉ AGORA, e são boas até demais. Temos duas editoras em busca dos direitos da história, o que é um bom caminho para a publicação da mesma em forma de livro.

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Atualizações, Música

Música – Os melhores discos nacionais de 2015 #BECOAWARDS

Se você acompanha a maioria das postagens do Beco Literário já deve ter percebido que estamos organizando uma premiação (coisa de fã) para os melhores de 2015, premiação essa que terá vocês, leitores, como eleitores. A partir de fevereiro a preparação para o Beco Awards começa. Na primeira edição da premiação iremos disponibilizar diversas categorias sobre literatura, música e cinema, entre estas está a de Melhor Disco (Nacional) de 2015, com nove pré-indicados, estes que revelaremos nesta matéria. Abaixo você confere o primeiro pôster de “MÚSICA” do Beco Awards 2016.

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Na imagem temos Maria Bethânia, pré-indicada na categoria “Melhor Show (Nacional) de 2016”, por conta de sua turnê comemorativa de 50 anos intitulada “Abraçar e Agradecer”. Mas vamos aos pré-indicados ao melhor álbum de 2015. Lançaremos 9 discos abaixo e entre eles apenas seis serão disponibilizados para a votação popular. A lista seleta será divulgada na primeira semana de Fevereiro, junto aos indicados nas seção “Literatura” e “Cinema”. Não comentaremos sobre os discos agora, pois faremos isso sobre cada um em breve, então confira os 8 melhores discos nacionais lançados em 2015 na opinião do Beco Literário e prepare-se para a Beco Awards!

Observação: A ordem de divulgação não corresponde a um ranking.

1. Guelã – Maria Gadú

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2. Dois Amigos, um Século de música – Caetano Veloso e Gilberto Gil 

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3. Carbono – Lenine

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4 – Gal Estratosférica – Gal Costa

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5 – A Mulher do Fim do mundo – Elza Soares

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6 – Estado de Poesia – Chico César

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7 – Férias em videotape – Simone Mazzer 

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8 – A Praia – Cícero 

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9 – Delírio – Roberta Sá 

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Eis os melhores discos do fatídico 2015. Já escolheu seu candidato ao MELHOR? Se não, é melhor se decidir porque a Beco Awards vem ai!

Filmes

Crítica de Cinema: What Happened, Miss Simone? (2015)

Não é só um documentário bibliográfico, é uma obra-prima. A desumanidade viva de Simone, o pulsar de seu timbre, sua performance infernal sobre o palco, tudo isso estampado a cada cena, a cada relato emocionado de sua filha, a cada soco no estômago que nos é dado. É uma armação direcionada ao psicológico, não é um relato histórico e musical e somente isso, o filme mexe com seus conceitos de liberdade e satisfação, é um embate filosófico do início ao fim.

O ser humano sempre fora uma controvérsia. Sempre desejou passar essa imagem de uma hora aqui, outra ali. Miss Simone não fizera diferente. A Netflix nos premei-a com um dos documentários mais realistas que já vi, nada daquela lenga-lenga saudosista, elevando o estudado em pedestais, nada disso. Nina Simone é adorada quando deve ser, expurgada quando necessário, é um misto de amor e ódio que ela mesmo sofrera, é um misto que fica evidente em cada minuto do filme. Posso assistir mais uma, duas ou três vezes, mas o furor de Simone ainda me atinge, a necessidade de ser por ser alcança níveis inimagináveis. Eternizaram a imortal loucura racional de Simone.

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Imagens raras foram inclusas no filme, com a qualidade que só a Netflix consegue obter, não ficou nada fragmentado ou sem nexo, cada situação em seu tempo, sem adiantar algo porque deixaria a produção mais veloz ou coisa do tipo. E falando em ritmo, “What Happened, Miss Simone” chega a ser curto, você sentirá saudades do filme logo assim que este terminar, Simone nos aparece atual e natural demais. Um ponto que é fortemente destacado é sua face política, a face política necessária para tornar a produção algo gigantesco, não se trata só de Nina, se trata de toda uma causa, a luta conjunta de homens e mulheres por uma liberdade tão falada e repassada por entre as cenas. Sr. Martin Luther King e tantos outros figuram no plano de fundo. A marcha em Selma é eletrizante, arrepia qualquer um que se interessa e se importa com as formações sociais, que se deixa levar por mortes e vidas em prol de uma causa. Algumas partes nos remetem ao indicado ao Oscar 2015, “Selma”, por conta é claro do tema, mas principalmente por toda a frieza e não piedade que nos é imposta.

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Conseguiram dar uma roupagem totalmente nova para as músicas de Nina Simone, elas se entrelaçam criando uma linha emocional constante, onde somos arremessados para o íntimo e o externo de Simone, nos deixando fazer esse questionamento várias e várias vezes: “What happened?, porque ela não sustenta uma só personalidade, monstros e monstros devoram Nina e nos devoram, pois sofremos com as fases, assim como seus parentes sofreram, seus amigos sofreram, como Simone sofreu friamente. Perturbador, do inicio ao fim, inquietante, preciso, impiedoso, um dos melhores filme que assisti do gênero, indicado na categoria que lhe cabe no Oscar 2016, o documentário tem fortes de chances de levar a estatueta, mesmo brigando com “The Hunting Ground”, produção que também está disponível na Netflix.