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The Epic Battle: Joga pedra na Geni!

Não sei o que está ocorrendo, não sei mesmo. Acho que as pessoas se sentiam assim quando algo grande estava acontecendo. Por exemplo, a prisão de Bastilha caiu, contou a vizinha do meu primo, que na verdade é primo da minha tia, mulher do meu tio que é irmão da minha mãe por parte de pai. E lá estava a pessoa, sem saber o que comentar, sem ter opinião formada: Eu apoio a Revolução ou não? Vejamos, sou pobre, como um pão hoje e amanhã não, mas os Nobres tomam banho com leite de vaca, a minha vaca, que eu alimento, gasto todo tempo do mundo, passeio por ai com ela, tudo isso para uma linda senhora lavar suas partes íntimas com o leite de Arlinda. Ou, quer dizer que tem um cara dizendo ser filho de Deus? Me contaram, foi a Ruth, um homem, magro, porque prefere que seus irmãos comam antes dele, que incomoda pra caramba porque veio com essas ideias mirabolantes, querendo ser a verdade, o caminho e a vida. Quem ele pensa que é? Eu estou todo dia no Templo, pago o que devo pagar, dai vem um Nazareno, metido a Messias dizer que isso está errado, aquilo está certo, mas faça-me o favor. E mais, Raquel, a irmã da Ruth me contou também que ele saiu quebrando tudo no Templo, gritando que a casa de seu pai não era lugar para isso. Não, não admito, estávamos todos bem, agora um monte de gente segue esse louco, alguém crucifica esse homem, pelo menos nos poupa de mais furdunço. 

Nós não temos certeza de como agiríamos em determinadas situações. Jogaríamos lança em Cabral quando ele chegou na costa?  Defenderíamos o golpe militar ou correríamos para a esquerda assim que o primeiro dia de Abril finda-se? Situações, diversas situações. Hoje deixamos ser levados por uma enxurrada de comentários iguais aos do paragrafo anterior, muitos causam repulsa, outros aceitação, e ficamos nessa, sobre o muro sem saber para onde ir. Até que o cérebro entra em ação e acabamos caindo em um dos lados, defendemos tal opinião, mas nessa defesa acusamos veemente aquele outro lado, como se aquele fosse todo o absurdo do mundo. Nós estamos. Isso já foi comprovado, o ser humano é apresenta uma constante de mudanças que surpreende o mais abobado extraterrestre. Os donos da verdade xingam os relativistas, os relativistas tentam compreender as pessoas de mentes fechadas e vivemos nesse ciclo, onde certo ou errado depende do ponto de vista. Mas graças à mulheres e homens uma coisa foi criada, algo que rege todas as sociedades que podemos imaginar, ela pode ser escrita ou não. Mas lá está, o bendito e entrelaçador espírito da lei. Nada se faz sem ser visto pela cegueira da justiça.

Parada gay, 2015, uma mulher (Sim, ela escolheu ser e será, independente do que pensam ou dizem) transformou em protesto tudo aquilo que ela sofre diariamente, tudo aquilo que a comunidade LGBT passa dia após dia, isso seja por questões religiosas, políticas, independente do âmbito o preconceito vive como uma erva daninha, quanto mais se tenta combate-ló, ele enraíza-se nas mentes adeptas da ideologia do ódio, da repulsa. O protesto que tomou conta do país esta semana já fora usado em diversos momentos, mas não falemos deles, foquemos apenas nesta situação, onde diversos REPRESENTANTES de religiões se posicionaram contra. Ser contra ou a favor é uma escolha a se fazer, isso é o princípio de uma democracia, mas ocorreu algo que não condiz com práticas democráticas. Esses representantes perseguiram, sim, como a igreja católica fizera com “as bruxas”. Caçaram a mulher com toda ira que uma pessoa poderia ter. É válido destacar que essas são ações de HOMENS, a religião, em seu berço não resguarda nenhum tipo de ódio, nenhum tipo de segregação, longe disso. Prega-se o amor, a caridade, a aceitação. Isso está nas escrituras, independente em ser do Oriente ou Ocidente. O epicentro de toda essa confusão se deu porque, os homens e mulheres que já falamos acima, usaram de suas posições para declarar que um protesto artístico nada mais era que uma afronta às religiões cristãs. Cristofobia, foi esse o nome que deram. Assim sendo, meus amigos parlamentares que no dia de hoje, em sessão plenária, quando deveriam está trabalhando, rezaram o pai nosso, vos digo: Existe em suas ações uma Alafobia, uma Krishnofobia, pois já vimos aos montes templos protestantes, católicos, espíritas, falsos templos, castigarem outras religiões. É um sistema hipócrita, egocêntrico onde se recebem os tributos, mas não os paga.

A mulher na parada gay, sim, pode se manifestar daquele modo, pois não infringiu nenhuma lei, não difamou religião ou cidadão algum. Apenas usou de uma história milenar para transpassar seus sentimentos. Imagine você, amigo leitor, se fossemos censurar todas as analogias que são feitas no mundo literário ao crucificamento? Ou a tortura que sofrera Jesus? Varreríamos séculos, rasgaríamos páginas preciosíssimas, destruiríamos a arte. É uma pena que muitos não consigam enxergar o propósito, o real valor de uma pintura, escultura, música, ou de uma simples protesto. Certas coisas transformam panoramas, assim como uma bandeira erguida e gritos de “Vive la France”, ou um clérigo se desligando de sua santa igreja para formar outra, reeditada e nova em folha. Não percebemos, mas eis aqui, agora, mudanças acontecendo aos montes. Ser agente histórico ou não, isso cabe a cada consciência. Mas que uma coisa fique emoldurada: A escrita,  vai e vem de corpos, a ânsia por mudanças, isso nos leva a estradas diversas, o conformismo, tal não interfere em nada e de nada é lembrado.

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