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Resenha: Por Lugares Incríveis, Jennifer Niven

Violet Markey tinha uma vida perfeita, mas todos os seus planos deixam de fazer sentido quando ela e a irmã sofrem um acidente de carro e apenas Violet sobrevive. Sentindo-se culpada pelo que aconteceu, Violet se afasta de todos e tenta descobrir como seguir em frente. Theodore Finch é o esquisito da escola, perseguido pelos valentões e obrigado a lidar com longos períodos de depressão, o pai violento e a apatia do resto da família.

Enquanto Violet conta os dias para o fim das aulas, quando poderá ir embora da cidadezinha onde mora, Finch pesquisa diferentes métodos de suicídio e imagina se conseguiria levar algum deles adiante. Em uma dessas tentativas, ele vai parar no alto da torre da escola e, para sua surpresa, encontra Violet, também prestes a pular. Um ajuda o outro a sair dali, e essa dupla improvável se une para fazer um trabalho de geografia: visitar os lugares incríveis do estado onde moram. Nessas andanças, Finch encontra em Violet alguém com quem finalmente pode ser ele mesmo, e a garota para de contar os dias e passa a vivê-los.

Por Lugares Incríveis com o Rodrigo

Sabe aquele livro que te conquista pela capa? Mas sabe aquele livro que além de conquistar pelo seu trabalho visual, conquista na primeira página? Que não te deixa ir dormir até você ter terminado o capítulo? Que traz alegria e tristeza ao mesmo tempo, que te faz sorrir e que te deixa aos prantos? Esse livro é Por Lugares Incríveis.

Confesso que eu tinha lá meus medos pelo fato de ser um drama. Hoje em dia, o mercado literário está cheio de dramas pré-fabricados e prontos para emocionar o leitor e fim. Previsíveis e sempre com a mesma fórmula. Porém, Niven nos presenteia com uma obra imprevisível, assim como o seu protagonista.

Por Lugares Incríveis conta a história de Theodore Finch e Violet Market, dois jovens com tendências suicidas que acabam encontrando um no outro a vontade de viver. De início, pode parecer clichê, porém, não o é.

O livro começa, por incrível que pareça, em uma situação triste e feliz ao mesmo tempo. E assim segue até o seu desfecho. Alegria e tristeza juntas lado a lado, o que é lindo e aflitivo. Até agora, não sei o que falar sobre essa história. Sério. É muito complicado lembrar e não para pensar. As reflexões que Niven trouxe são um tapa na minha cara. Me faz refletir sobre muitos conceitos: amizade, família, escola e vida. É difícil não se emocionar…

Para mim, Jennifer Niven fez uma obra incrível e essencial para qualquer adolescente. Com sua narrativa poética e melancólica, trata de assuntos como bipolaridade, sobre aproveitar e valorizar a vida.

Sinceramente, não consigo falar sobre os personagens. Eles são lindos, apaixonantes, impressionantes. Com uma maestria sensacional, Niven criou Violet e Finch e eu sempre vou carregá-los comigo nos momentos difíceis. Eles são uma lição para mim.

Enfim, não tenho papas na língua para falar sobre Por Lugares Incríveis. Só tenho mais uma coisa a dizer: se vocês tiverem a chance de ler, leiam.

Eu só tenho a agradecer à editora Seguinte por traduzir e disponibilizar um livro tão lindo e tão marcante como este. O extremo cuidado com a edição é tão impressionante quanto a história de Finch e Violet. Mais uma vez, vocês estão de parabéns.

 

Por Lugares Incríveis com a Rafa

É oficial que poucos livros hoje em dia conseguem me surpreender. Talvez porque leio demais, ou porque todas as histórias estão realmente indo sempre pro mesmo lugar, eu estou bastante desgastada com os romances atuais. E ler Por Lugares Incríveis foi como um sopro de vida em meio a tantos livros mortos. Após a leitura, eu fiquei – e aqui peço licença pra utilizar as palavras usadas por Violet, nossa protagonista – mudada para sempre.

Nós conhecemos Violet e Finch no momento que eles se conhecem também. Na torre do sino do colégio, ambos pensando se valia a pena ou não tirar a própria vida. E por incrível que pareça, ler um livro onde ambos os personagens tem tendências suicidas não é mórbido. Por Lugares Incríveis consegue ser um livro alegre, e isso se deve muito a Finch.

Com uma péssima reputação de rebelde do colégio, abandonado pelo pai (que o espancava quando menor) e morando numa casa onde sua mãe nem sabe onde os filhos estão, Finch é uma bagunça porque vive uma bagunça. E ainda em meio ao turbilhão de energias ruins que acontecem em sua vida, ele consegue ser alegre, engraçado e feliz. Isto é: quando ele não apaga, dorme durante dias e fica isolado de todos, e nem seus melhores amigos sabem onde ele está. É como se ele fosse inúmeros personagens em um só: Finch apagado, Finch feliz, Finch malvado, Finch revoltado… mas existe um Finch que permanece durante todo o livro, que é o meu Finch preferido, o apaixonado.

Violet mora na casa perfeita. Sua família é exemplar e tudo é feito como manda o figurino. Ela era extremamente feliz e popular até perder sua irmã repentinamente num acidente de carro há quase um ano. Sofre as consequências da perda de sua irmã e melhor amiga todos os dias da sua vida. Ela se sente culpada, solitária, incompreendida e culpada de novo. E eu a compreendo: sabe quando acontece uma tragédia e você estava lá, mas você sobreviveu e enquanto você deveria se sentir feliz por estar viva se sente culpada por estar viva? Quando você perde alguém que você ama muito e depois de um tempo, qualquer momento feliz, qualquer risada é uma traição à pessoa que você perdeu. Porque você está rindo num mundo onde ela nem existe mais?

Todos esses sentimentos são muito complexos para suportar quando se tem dezessete anos, e é isso que nossos protagonistas enfrentam todos os dias. É incrível como às vezes não é um pai, uma mãe, um terapeuta que pode te ajudar. Às vezes quem está com o coração machucado precisa falar com alguém tão machucado quanto, que pode entender cada pedacinho da sua dor (e acho que essa é a premissa de grupos de apoio, certo?).

“- Sabe o que gosto em você, Finch? Você é interessante. Você é diferente. E consigo conversar com você. Não deixe isso subir à cabeça.
O ar parece carregado e elétrico, como se tudo – o ar, o carro, Violet e eu – fosse explodir caso alguém acendesse um fósforo. Mantenho os olhos na estrada.
– Sabe o que gosto em você, Ultravioleta Markante? Tudo.”

No livro temos a  narração alternada entre Violet e Finch. Confesso que não sou muito fã de alternância de narrativa, mas neste livro não havia como ser diferente. Tínhamos que conhecer cada pedacinho sombrio de cada personagem para que pudéssemos entender cada atitude tomada.

Ambos se juntam para realizar um trabalho de geografia: ir em dois lugares que nunca foram do seu estado e descrever porque eles são marcantes. E ao invés de dois, no final temos mais de vinte localidades que Finch e Violet foram e deixaram um pouquinho de cada um por onde andaram.

Abordar temas como depressão, transtornos bipolares e tendências suicidas nunca é fácil, aliás, tanto escrevê-los quanto lê-los. Acredito fielmente que a autora realmente baseou esse livro na história da sua vida, pois não acredito que um terceiro colocaria tanta emoção e verdade em suas falas. Jennifer Niver consegue nos colocar na atmosfera dos personagens e ainda aborda temas polêmicos e dolorosos: porque a depressão não é vista como doença para tantas pessoas? Porque quando minha irmã morreu de câncer ela recebeu flores e homenagens, mas quando meu irmão se suicidou ninguém mandou uma pétala sequer? Vocês realmente acham que ele tinha como escolher não se matar? Vocês acham que se houvesse uma outra alternativa na cabeça dele, ele não a faria?

Confesso que chorei litros durante a leitura, mas não pouparia nenhuma dessas lágrimas se tivesse que ler novamente. Por Lugares Incríveis saiu disparado como melhor leitura de 2015 e subiu ao topo da minha lista mais importante de todas: a dos meus livros favoritos. Recomendo a todos (todos mesmo, se existe um livro que todo mundo tem que ler, é esse!)

Não preciso me preocupar com o fato de Finch e eu não termos filmado nossas andanças. Tudo bem não termos recolhido lembranças nem tido tempo de organizar tudo de um jeito que fizesse sentido pra outra pessoa.
O que percebo agora é que o que importa não é o que a gente leva, mas o que a gente deixa.”

Atualizações, Resenhas

Resenha: Juntando os Pedaços, Jennifer Niven

Nesse livro, a vida de dois personagens, opostos na hierarquia social do ensino médio, se cruza, fazendo com que suas inseguranças sejam reveladas. Jack Masselin é um garoto popular e adorado no colégio. Ele tem como regra o fato de nunca se aproximar de ninguém por manter em segredo  doença neurológica rara chamada prosopagnosia –  que o impede de reconhecer rostos. Libby Strout já foi considerada a Garota Mais Gorda da América, e, depois a morte de sua mãe, ficou afastada do ensino médio. Ninguém enxerga Jack atrás de sua máscara social e, tampouco, conseguem ver o que há em Libby além de seu peso e sua história.

Assim,  Jennifer Niven nos apresenta, com uma narrativa em primeira pessoa, o universo de cada um desses personagens, de modo que a cada capítulo temos Libby ou Jack narrando suas questões internas, até seus caminhos se cruzarem. Libby sonha em ser dançarina e, agora, após perder mais de 140 kg, resolveu voltar para o colégio em que estudava antes de sua mãe falecer e suas crises de ansiedade e compulsão alimentar começarem.  Lá, encontra, da pior maneira possível, Jack, o garoto que secretamente não consegue gravar faces, nem mesmo de sua própria família.

A narrativa discute, de uma forma justa, as batalhas que os adolescentes enfrentam para  aceitarem quem realmente são, não só nas duas personagens principais, mas também na vida de pessoas como Caroline Lushamp – a namorada de Jack. Durante a história, ele menciona diversas vezes que espera que a garota doce e tímida com quem ele começou a namorar reapareça, acreditando que ela ainda exista por trás da menina maldosa e fria que mostra ser.  Todos os jovens constroem máscaras para sobreviver ao ensino médio e o livro representa isso em diversos personagens.

As pessoas fazem merdas por vários motivos. Às vezes, são simplesmente pessoas escrotas. Às vezes, outras pessoas fizeram merda com elas e, apesar de não perceberem, tratam os outros como foram tratadas. Às vezes fazem merdas porque estão com medo. Às vezes escolhem fazer merdas com os outros antes que façam merdas com elas.”

Como Jack não reconhece ninguém, se utiliza de “identificadores” para saber qual pessoa está se aproximando, ou seja, o tamanho e a cor do cabelo, o formato do queixo ou do nariz e, até, a altura. Além disso, também se aproveita do fato de sua namorada conhecer todos no colégio e sempre, mesmo sem saber, acabar identificando as pessoas para ele. Dessa forma ele se previne de tornar-se um alvo dentro do colégio, quando sabe que seus próprios amigos são quem zombam dos mais tímidos e fragilizados.

A gordofobia é um tema chave na narrativa, retratado em Libby que sofre diariamente com os comentários que todos parecem querer compartilhar sobre seu peso.  Ela, após todos os acontecimentos desastrosos em sua vida, tornou-se uma menina forte e decidida a lutar para ter o direito de existir livremente. A força da personagem é, talvez, um dos pontos mais bonitos da história.

“Só as pessoas pequenas – pequenas por dentro – não aguentam o fato de alguém ser grande.”

Além disso, a história entra em outros temas como homossexualidade, bullying e conflitos familiares quando, por exemplo, somos apresentados à família de Jack. Por fim, a autora trouxe personagens que não são perfeitos e, por isso, nos identificamos facilmente com suas ações impulsivas carregadas de sentimentos.

Livros, Talks

Entrevista: Jennifer Niven, autora de “Por Lugares Incríveis”

Com certeza “Por Lugares Incríveis” foi uma das melhores leituras que fiz em 2015. O livro me conquistou (não só) pela capa, um trabalho do Estúdio Anêmona. E depois que várias pessoas postaram fotos e recomendações da obra nas redes sociais, decidi que era o meu tempo de ler o romance entre Violet Markey e Theodore Finch, escrito pela norte-americana Jennifer Niven, que já tem resenha aqui no Beco.

Engana-se quem pensa que “Por Lugares Incríveis” é apenas um romance clichê (como muitos que existem no mercado editorial). Nada disso. Jennifer Niven escreveu sobre temas como o luto, transtornos psicológicos, depressão, relacionamentos familiares, etc. Com personagens imprevisíveis – assim como o desfecho do livro – é difícil não terminar a leitura impactado com a forma com que o sofrimento e a solidão podem afetar alguém.

Decidi escrever para a autora agradecendo por ter escrito um livro tão bonito e impactante. Enviei um e-mail pra ela e acrescentei algumas perguntas, como se fosse uma pequena entrevista, pois estava muito curioso pra saber mais informações sobre a adaptação cinematográfica. (SIM, VAI TER FILME!) A Jennifer é sempre atenciosa com os leitores nas redes sociais, então ela foi super simpática ao responder as 5 perguntinhas que eu fiz, que vocês conferem agora!

1 – Conte um pouco sobre como foi escrever “Por Lugares Incríveis”. O que inspirou você? (Filmes, canções, livros, lugares, pessoas…)

Eu escrevi “Por Lugares Incríveis” porque uma vez eu conheci e amei um garoto como Finch. Vi de perto os extremos altos e baixos que ele passava, o Despertar e o Adormecer, e sua luta para estar neste mundo. Ele também era tão incrivelmente vivo, e ele podia fazer esse mundo se sentir mágico. Outra coisa que me inspirou foi que eu experimentei em primeira mão o estigma associado com a perda de alguém para o suicídio, e depois eu não sentia que podia falar sobre a perda porque isso fazia os outros se sentirem desconfortáveis. Precisamos deixar as pessoas saberem que não é apenas certo falar sobre perda e suicídio e problemas de saúde mental, é necessário. Enquanto estava escrevendo, eu escutei canções que me lembravam do garoto que eu amei, e visitei alguns dos lugares em que nós passeávamos.

2 – Como está a produção do filme? Você continua escrevendo o roteiro?

Na verdade, eu acabei de escrever o primeiro rascunho do roteiro! Esperamos poder começar as filmagens na primavera de 2016, mas primeiro precisamos encontrar o Finch perfeito…

3 – Você disse que o Finch foi inspirado por um garoto que você amou. A Violet tem algumas semelhanças com você?

Eu sou parecida com a Violet de várias maneiras – ela é uma escritora, cresceu em Indiana e não podia esperar pra sair de lá, e ela sorri mesmo quando está sofrendo. Mas acima de tudo, nós amamos e perdemos um garoto como o Finch.

4 – Três palavras que você escreveria em post-its agora e o porquê.

Adorável (porque é uma das minhas palavras preferidas, e pode ser usada de muitas maneiras diferentes, todas positivas).
Alegria (porque eu estou no espírito do feriado, e alegria é importante em qualquer época do ano).
Gratidão (porque eu sou grata todos os dias por todas as coisas lindas da minha vida, particularmente meus leitores maravilhosos).

5 – Para ter um dia perfeito, o que você precisa fazer?

Gastá-lo com os que eu mais amo e também tirar algum tempo para fazer a coisa que eu mais amo – escrever. Esses são os melhores dias de todos.

ENTREVISTA FEITA EM 28/11/2015

QUE ESCRITORA MARAVILHOSA, GENTE! Ela ainda perguntou se eu precisava de mais alguma coisa e disse que um dia espera me encontrar no Brasil <3

Status atual: Torcendo pra que a Editora Seguinte publique os outros livros da Jennifer. (Por favor, nunca te pedi nada!)