Sinopse: Uma tragédia afastou para sempre Bruno de seu irmão Mateus. Sem seu melhor amigo e confidente, ele se prende a lembranças e tenta superar o luto.
Entre angústias e o crescimento pessoal, ele precisará definir do que é possível abrir mão em nome da felicidade, mesmo que isso represente viver de um modo que seus pais podem não aceitar.
Enquanto define o que deseja de seu futuro, Bruno irá descobrir que nossas existências são feitas de momentos e que cada um deles é um aprendizado nesse caminho longo chamado de vida.
Quando recebi o primeiro texto sobre “Caminho Longo”, algo já despertou em mim aquele comichão pra ler, ainda mais que sou apaixonado por romances e dramas, com a qualificação de que era LGBT. Me ganhou pela temática. Recebi o livro do autor um pouco tempo depois e comecei a ler no dia em que terminei meu TCC, querendo esfriar a cabeça e passar um tempo livre. Eu tinha uma hora de leitura antes da faculdade e pensei, bom, vou começar o livro e depois termino. Mas não foi bem assim que as coisas aconteceram.
Caminho Longo conta a história de Bruno, um garoto gay que ainda está se descobrindo como tal. Ele sabe que é diferente dos outros de sua idade e sabe que há uma remota possibilidade de gostar de garotos. A trama tem um prólogo que me deixou ansioso e um desenvolvimento rápido, que mostra Bruno criança e logo depois, já no ensino médio, quando conhece Luiz, sua primeira paixão avassaladora.
O romance com Luiz logo se desenvolve em proporções inimagináveis. Eles ficam juntos no colégio, saem pra tomar café e ir no cinema depois dele, viajam pela primeira vez juntos e tem outras primeiras vezes que acontecem de forma tão sutil no livro que chega a ser bem fofo. Isso é algo que vale destaque, porque poucas pessoas conseguem dosar a sutileza de uma cena de sexo a ponto de saber que ela está ali, mas não a ponto de chegar no erótico-sensual-maior-de-idade.
Ao longo desse caminho, Bruno ainda não se assumiu para sua família, mas sempre teve o apoio do irmão mais velho, Mateus, que é precocemente e brutalmente morto em um assalto logo nas páginas iniciais. Sim, você chora já de início e foi isso que me fez não largar o livro depois da minha primeira hora de leitura e ir pra faculdade lendo depois. Terminei logo em seguida, incapaz de deixar pra trás sem saber o que aconteceria dali em diante.
O livro tem elipses temporais que vão e voltam, até que chega no ponto presente em que a história se desenvolve com uma certa linearidade. Não é confuso de entender, muito pelo contrário, o autor deixa bem claro quando se trata de uma lembrança e quando se trata de presente, o que também torna a leitura mais agradável.
Na época da morte de Mateus, descobrimos então, que Bruno não está mais com Luiz, seu primeiro amor, mesmo achando que eles ficariam juntos para sempre. Luiz passou em uma faculdade em outra cidade e o relacionamento não sobreviveu à distância. Cada vez mais longe, Luiz deu o gostinho doloroso e ácido de sua ausência para Bruno, seguido da pancada de uma traição na festa universitária. Essa parte do livro dói como um tiro, e se você já foi traído alguma vez na sua vida, vai te fazer rememorar da mesma forma e sofrer na pele de Bruno. A escrita bela de Vinícius Fernandes é ao mesmo tempo, brutal para o nosso coração fraco de leitor.
Bruno segue em frente com amores rasos, cada vez mais se decepcionando com as pessoas. Sonhando em ser escritor, lança o primeiro livro que é sucesso de vendas e conhece Diego, um fã que acaba por ser o grande amor de sua vida. Não é o primeiro, não é o segundo e tudo nos leva a crer que é o verdadeiro. E somos enganados mais uma vez. Depois de se assumir para os seus pais, se mudar para a casa de Diego e depois para o Canadá (!!!), Bruno e Diego começam a esfriar o relacionamento, como quem se perdeu e não sabe como se encontrar. Até tentam chamar uma terceira pessoa, Sam, por quem nutro ódio mortal para uma noite de aventuras, fato que aparece só afastar os dois ainda mais. Pausa para falar que uma parte sadomasoquista de mim gostou do relacionamento ter ido para a ruína depois de chamarem Sam para um sexo a três. Sempre tive a opinião de que isso mais atrapalha que ajuda e vê-la confirmada, mesmo que na ficção me traz uma pontada de paz interior.
Bruno até tenta salvar o relacionamento, mas Diego fica imaginando outra pessoa ao seu lado. Nada vai pra frente dessa forma, infelizmente e o livro se encerra com mais acontecimentos brutais na vida de Bruno que o levam para caminhos cada vez mais diferentes pelos quais nunca imaginou passar. “Caminho Longo” é uma leitura leve, daquelas que você consegue e precisa terminar em uma única leitura, mas espinhenta com muitas adagas enfiadas no seu coração. Mas o que mais eu poderia esperar de um drama, certo? Leitura obrigatória para quem é LGBT e já sofreu com decepções amorosas, o autor parece acessar a mente do leitor de alguma forma assustadora mas que traz aquela sensação de cura e calmaria. Recomendo muito (não só porque meu lado sádico gostou de sofrer com Bruno, mas também porque é realmente um bom livro).
Creed: Nascido para lutar pode ser visto como a continuação de Rocky com um ator mais novo. Assim como vimos acontecer em Karatê Kid com Jack Chan, vemos mais um herói virar o mentor do próximo que continuará a franquia. Em Creed, Rocky Balboa é procurado pelo filho de Apollo Creed, um antigo campeão mundial de boxe já morto, para que seja seu treinador e o ajude a seguir os passos do pai.
Adonis Johnson escolhe não carregar o sobrenome do pai para que não seja comparado com ele, mas seu maior desafio não será nos ringues, mas sim, em provar para Rocky que ele tem a determinação e paixão necessárias para ser um verdadeiro lutador. Paralelo com isso, temos a luta do próprio Rocky que foi diagnosticado com câncer e escolhe não fazer o tratamento.
Como o sétimo filme da série Rocky, Creed não deve em nada nas cenas de treinamento e superação e todo aquele drama característico do estilo “não é o quanto você bate, mas o quanto você aguenta apanhar e permanecer de pé”. Aos poucos, Rocky e Adonis se entendem e se ajudam, levando o filme até a também característica luta final, onde culmina no clímax da história.
Para quem curte filmes sobre o mundo do boxe e, principalmente, os filmes da série Rocky, não vai se decepcionar. Porém, para quem esperava uma novidade, sinto informar de que só há mais do mesmo. O mentor com seu pupilo, tentando ensinar tudo o que aprendeu em seus anos e anos de lutador, tentando até transferir um pouco a relação que gostaria de ter tido com o próprio filho. Várias cenas de desentendimentos que terminam em aprendizado e pérolas de sabedoria que só o Rocky tem. Muito sangue e suor em pró da vitória no dia da grande luta, da qual depende a carreira de Adonis.
Michael B. Jordam e Sylvester Stallone estão excelentes como sempre, a trilha sonora é vibrante e inspiradora e vemos algumas cenas que homenageiam os outros filmes da franquia, como a tradicional corrida da escadaria, já que o filme também se passa na tradicional cidade da Filadélfia, mas, claro, vemos um Rocky debilitado e cansado que, depois de tanto lutar e amparar, agora precisa ser amparado. Eles desenvolvem uma relação quase de pai e filho e, apesar do final clichê e já esperado, a emoção é inevitável.
Creed: Nascido para lutar chegou aos cinemas em 2015 e teve sua continuação em Creed II em 2018, dando continuidade a lendária série Rocky que iniciou em 1976.
Depois de muito pedidos dos fãs, a Band finalmente resolveu fazer a temporada especial de MasterChef Brasil, intitulada de A Revanche. A temporada reuniu participantes injustiçados de todas as temporadas do programa original e continua apresentado por Ana Paula Padrão e julgado por Henrique Fogaça, Paola Carosella e Érick Jaquin.
Depois de muito pedir um All Stars de MasterChef, os participantes desta temporada, 20 no início, precisaram passar por embates em dupla para conquistar a tão sonhada dólmã, que faria com que eles estivessem oficialmente na competição. Os vencedores das provas individuais continuam faturando R$ 1 mil em compras no cartão Carrefour e R$ 500 nas mini provas e provas coletivas. Os dois finalistas ainda faturam a mesma quantia por mês durante um ano, e o vencedor ganha um troféu, reformulado no formato de uma estrela, R$ 250 mil reais, uma bolsa de estudos na Le Cordon Bleu do Rio de Janeiro, uma cozinha completa da Brastemp e equipamentos Tramontina.
Os 20 participantes selecionados para MasterChef: A Revanche foram: Ana Luiza (Temporada 4), Aristeu (Temporada 5), Bianca (Temporada 1), Cecília (Temporada 1), Estefano (Temporada 1), Fábio (Temporada 3), Fernando C. (Temporada 3), Fernando K. (Temporada 2), Haila (Temporada 6), Helton (Temporada 6), Iranete (Temporada 2), Juliana (Temporada 6), Katleen (Temporada 5), Mirian (Temporada 4), Raquel (Temporada 3), Sabrina (Temporada 2), Thiago (Temporada 5), Valter (Temporada 4), Vanessa (Temporada 3) e Vitor B. (Temporada 4).
Os 20 participantes precisaram passar por um embate, em duplas, para decidir quem ficaria com a dólmã e garantiria o seu lugar na competição oficialmente. Organizou-se um sorteio, em que o participante sorteado deveria escolher outra pessoa para duelar com ele. A pessoa escolhida, por sua vez, deveria sortear o que ambos cozinhariam, dentro dos temas pré-estabelecidos. Uma vez escolhido o tema, era preciso reproduzir o prato ou fazer algo típico do tema sorteado.
A primeira sorteada foi Ana Luiza, que escolheu Vanessa para o duelo, sob a justificativa de que gostaria de alguém que ficasse cozinhando mais em casa. No entanto, o que ela esqueceu, é que Vanessa já possui um restaurante, e com vergonha, ela assumiu ter errado na escolha. O tema foi Fusion, fusão entre Brasil e México que deu a vaga para Vanessa.
Katleen, por sua vez, desafiou Cecília no tema Mundo, em que tiveram que fazer uma Paella. Cecília não gostou de ser desafiada e achou que Katleen só a escolheu porque fez faculdade e ela não. De fato, quem levou a dólmã foi Katleen.
Na segunda rodada, Sabrina desafiou Iranete na reinvenção do Acarajé. Iranete perdeu a mão na pimenta e Sabrina, que inventou uma espécie de ensopado levou a melhor e consequentemente, a vaga na competição.
Haila desafiou Fernando C. no tema fast-food com o hambúrger vegetariano. Fernando, que é dono de hamburgueria levou a melhor, ao mesmo tempo em que Haila, como foi comum na temporada anterior, se descontrolou com as emoções e não conseguiu completar a prova, dizendo que iria desistir antes do final. Com o apoio dos colegas, não desistiu e finalizou o desafio, mas sem sorte.
Na terceira rodada, Fábio desafiou Mirian na reinvenção doce, com o Quindim. Sem muitas observações, a companheira de Yuko não se deu bem e Fábio garantiu seu lugar em MasterChef: A Revanche.
A sorteada Raquel resolveu enfrentar Helton no rinque achando que levaria a melhor por conta da pouca idade do garoto em um clássico Ratatouille, que Helton nunca havia feito. No final das contas, a moça não cozinhou bem os legumes e Helton está de volta para a competição.
Já na sequência, na quarta rodada, Vitor desafiou Aristeu no desafio regional de Xinxim de galinha. Aristeu, sem sua fiel escudeira Rita fazendo-o manter a calma, não conseguiu garantir sua tão sonhada dólmã.
Bianca e Fernando K. foram para o lado exótico da competição precisando preparar um prato com Enguia. Sem muita experiência em nenhum dos dois lados e sem levar em conta as dicas da chef Paola, Fernando venceu Bianca com uma generosa pitada de sorte.
No embate final, Estefano e Juliana, que já haviam combinado seu desejo de duelarem juntos, ficaram com a reprodução do Filé à Osvaldo Aranha. Juliana, que errou na preparação da carne e entregou um prato cru, não garantiu seu lugar na temporada com mais episódios de faíscas com Helton.
Thiago e Valter, a última dupla, se enfrentaram na confeitaria com o famoso Cheesecake, que Valter errou no preparo e o prato acabou por se desfazer antes mesmo da entrega. O major, queridinho de sua temporada, garantiu o lugar em MasterChef: A Revanche.
Com o top 10 definido agora o programa começa de fato já com uma prova em dupla, a ser exibida na próxima terça-feira, nova data, buscando maior audiência que nos domingos, como era anteriormente.
E você, pra quem está torcendo em MasterChef: A Revanche?
Chegamos a mais um ano de Mostra Internacional de Cinema – o 43º para ser mais exata – mesmo que aos trancos e barrancos, como já é praxe. Neste ano, a 43ª Mostra Internacional de Cinema que acontece entre 17 e 30 de outubro traz uma programação de peso, mas com verba reduzida.
Entre as boas novas da edição estão a exibição de filmes brasileiros – e gratuitamente – no Theatro Municipal (18, 19 e 20 de Outubro), uma retrospectiva com 15 filmes do diretor Olivier Assays e a disponibilidade de 10 filmes da mostra na SpCine Play, plataforma de streaming gratuito da Spcine.
Com tanta oferta de filmes bacanas nesta edição da Mostra, selecionamos 5 filmes imperdíveis para você conferir:
Parasita
Ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cannes, o sul-coreano Parasita é uma magnífica surpresa. O filme que conta a história de uma família que dá seus pulos para pagar as contas, tem roteiro afiado e ritmo que engrandece o longa a cada sequência. Melhor filme do ano.
O Mágico de Oz
Clássico dos clássicos, o longa “O Mágico de Oz” será exibido no Vão Livre do Masp no dia 24 de Outubro. A escolha é uma homenagem a Rubens Edwald Filho, crítico de cinema que faleceu neste ano e tinha como um dos seus favoritos o filme de 1939. No Vão do Masp também serão exibidos alguns curtas de Georges Meliès.
Wasp Network
Adaptação do livro “Os Últimos Soldados da Guerra Fria”, de Fernando Morais. O filme tem produção brasileira e conta a história de um piloto cubano que se muda para Miami, deixando sua esposa para trás. O longa conta com um elenco de peso com Wagner Moura, Gael García Bernal e Penélope Cruz.
Uma Vida Invisível
Escolhido para representar o Brasil na corrida pelo próximo Oscar, o longa de Karim Aïnouz conta a história de duas irmãs que durante os anos 50 foram cruelmente separadas. “Uma Vida Invisível” levou a melhor e trouxe o prêmio Um Certo Olhar, de Cannes, para casa.
Synonyms
Mais um filme que faturou como o melhor em um grande festival. Vencedor do Urso de Ouro e Prêmio da Crítica, no Festival de Berlim, “Synonyms” fala sobre a trajetória de um jovem israelense que chega a Paris tentando deixar para trás suas origens.
43ª Mostra Internacional de Cinema Quando: 17 a 30 de outubro de 2019 Onde: 34 salas de exibição + Circuito Gratuito, com unidades do SESC, CEU, Centro de Formação Cultural da Cidade Tiradentes, MASP, Theatro Municipal e Centro de Formação Cultural da Cidade Tiradentes. Valores: Pacote de 40 ingressos: R$374
Pacote de 20 ingressos: R$220 Ingressos Individuais
Segunda a quinta: R$20 (inteira) e R$10 (meia).
Sexta a domingo: R$24 (inteira) e R$12 (meia). Site oficial.
Duas semanas após sua estreia é inegável que Coringa se tornou um sucesso. Muitas expectativas foram criadas em torno do novo filme, embaladas pelos elogios recebidos em festivais e os trailers que entregavam pequenos vislumbres da atuação primorosa de Joaquin Phoenix. Com a estreia nas bilheterias, Coringa não tardou em ser o filme número um no mundo, eclipsando as outras produções em cartaz e arrecadando mais de 500 milhões em bilheterias. Diante de tanto sucesso, resolvemos trazer para vocês uma Análise com Spoilers.
Afinal, cheio de críticas sociais e carregado numa série de polêmicas, o filme de Todd Philips é ambíguo, fundado em bipolaridades e equilibra uma prosa dramática e grotesca ao mesmo tempo. Se você ainda não viu, mas não se aguenta de curiosidade, ou quer relembrar e entender melhor alguns temas que o longa aborda, essa resenha é perfeita para você!
Durante toda a minha vida, eu nem sabia se eu existia de verdade, mas eu existo e as pessoas estão começando a perceber
A CIDADE E O POVO DE GOTHAM
Gotham é um epicentro de problemas.
Sempre foi assim nas histórias do homem-morcego e aqui as coisas não são diferentes. Retratada no início dos anos 80, a cidade está imersa em pobreza e desigualdade, acentuada por uma enorme crise de desemprego. Abandonada pelo governo, nem mesmo o lixo é recolhido nas ruas, levando Gotham a uma infestação de ratos. Como se não bastasse, as diferenças sociais se condensam em uma enorme onda de tensão, colocando os ricos contra as classes mais empobrecidas num clima de desesperança e desespero.
Dentro desse contexto, Arthur Fleck é um homem que representa essa população desolada da cidade. Vive para sobreviver, tendo acompanhamento psicológico pago pelo governo, um emprego precário, fazendo bicos como palhaço, e uma mãe doente para cuidar. Sua única esperança, ou objetivo a longo prazo, parece ser sua espera por uma chance de se tornar comediante de Stand Up – e mesmo essa mínima fantasia do personagem soa como uma piada irônica e constrangedora.
Sua primeira cena, uma das mais icônicas, mostra o palhaço forçando um sorriso entre os lábios – enquanto uma única lágrima borra sua maquiagem. Na sequência seguinte, ele é roubado enquanto trabalha em frente a uma loja e, ao perseguir os ladrões, é espancado.
O filme tem um aspecto gélido, explorando com calma a situação agonizante de Arthur. As cenas em que volta pra casa são marcas do tom em que a história se passa – há uma frieza que ronda as ruas, uma sensação de vazio e tensão iminente.
Quando chega em casa, Arthur precisa cuidar de uma mãe raquítica e doente. É um ponto interessante na trama, já que é na relação entre os dois que o aspecto humano do personagem se revela mais forte.
Embora pareça senil, Penny Fleck tem uma enorme consciência da situação em que se encontram e das condições em que o filho vive. Sua única esperança, contudo, está depositada em enormes ilusões – cartas que escreve para o milionário e candidato a prefeito, Thomas Wayne, de quem fora funcionária 30 anos antes.
Faça uma cara feliz!
Como uma cereja no topo desse bolo de desgraças, Arthur ainda sofre de uma condição rara, que o faz gargalhar em situações inoportunas, sem ter qualquer controle. Nesses momentos o brilho de Joaquim Phoenix é inegável – seus lábios gargalham, mas seus olhos permanecem em uma profunda agonia, revelando todo o abismo que mora dentro da personagem.
Conforme Arthur escreve suas piadas, temos acesso a sua parte mais profunda e essencial – e não há dúvidas de que encontramos um homem à beira do colapso. Porém, o que mais chama atenção, são seus esforços para se adaptar e manter o controle da situação.
Querendo ou não, ele vai as consultas com a analista, ele toma seus remédios, ele tem um emprego… Arthur não é um monstro, a verdade é muito mais difícil, ele é só um homem comum – imerso até o pescoço em uma série de problemas.
OS ASSASSINATOS DO METRÔ
Uma série de incidentes compõe a base da transformação de Arthur.
Por conta da surra que levou de alguns moleques, enquanto trabalhava para divulgar uma queima de estoque, um de seus companheiros lhe oferece uma arma – para que pudesse se proteger. Arthur aceita, mesmo sabendo que não deveria.
Sem qualquer bom senso, Fleck leva a arma para um hospital cheio de crianças, onde está se apresentando. Acaba por se demitido, quando a arma escorrega por sua roupa e fica à vista de todo mundo. A cena é uma das primeiras que produzem aquela sensação de humor incomodo, como se ríssemos de nervosismo – coisa que o filme faz muito bem.
Voltando para casa, no metrô, Arthur fica no mesmo vagão em que três rapazes – depois ditos funcionários da Wayne Enterprises – importunam uma garota. A mulher saí do vagão, mas Arthur permanece, gargalhando. Fantasiado de palhaço, solitário e preso em seu acesso de risos, é uma presa fácil.
Os três homens o espancam, mas diferente da última vez, Arthur revida. Tudo é rápido. Tiros e tiros, o sangue jorra, um dos homens caí. Mais tiros, e o segundo segue o companheiro. O terceiro consegue fugir, assim que o metrô para. Arthur o persegue e fuzila seu corpo, descarregando todas as balas que tinha em seu revólver.
“A pior parte de ter uma doença mental é que as pessoas esperam que você aja como se não a tivesse
Desesperado, o assassino foge e se tranca em um banheiro público e, então… dança. Dança como se seu corpo fosse guiado por uma música suave e inaudível. A polícia começa a investigar o caso e testemunhas relatam ter visto um homem vestido de palhaço saindo da cena do crime. Thomas Wayne dá uma entrevista, lamentando a morte de seus três funcionários e, sem qualquer tato, chama a população de baixa renda de palhaços e os critica pelo suposto ódio que propagam contra os ricos.
Algumas cenas antes de tudo isso ocorrer, é mostrado que Arthur passa a se relacionar com uma de suas vizinhas, Sophie, que sendo jovem e mãe solteira, parece ser um par improvável para Fleck. Ainda assim, após cometer os crimes, o relacionamento deles parece alavancar. Juntos eles vão a um show de stand up, onde Arthur finalmente se apresenta. Tudo começa mal, mas a impressão é que ele passa a fazer as piadas certas em algum momento.
Nesse passeio, discutem sobre os recentes assassinatos e sobre como as pessoas passaram a usar uma máscara de palhaço como símbolo dos manifestantes contra o governo e a elite da cidade. A garota parece acreditar que o suposto palhaço assassino é um herói para Gotham – e Arthur sorri. E até mais do que isso, ele começa e encontrar uma identidade para si.
AS CARTAS PARA O PASSADO
Apesar do filme dar sinais de que as coisas se alinharam para Arthur, não demora para que sua vida desande mais uma vez.
Sua assistência vinda do governo é cortada, como parte de uma proposta de redução de verba pública, já que a cidade vai de mal a pior. É interessante notar como Gotham parece mais uma cidade-estado nessa mitologia, do que um município comum. Como se não bastasse, ele finalmente vai de encontro com uma verdade avassaladora – ao abrir uma das cartas que sua mãe envia frequentemente para Thomas Wayne, descobre que ele pode ser seu pai.
A mera suposição do Coringa ser irmão do Batman faz os nervos dos fãs entrarem em colapso – para o bem ou para o mal. Mas, mesmo após discutir com sua mãe e ela admitir ter tido um caso com o Wayne, a possibilidade disso ser verdade parece bastante remota.
Contudo, Arthur se anima. Vai até a mansão Wayne e encontra, mesmo separados por um portão, o jovem Bruce. Sua cena fazendo um sorriso falso em seus lábios vai habitar a imaginação dos fãs por um bom tempo. Finalmente, ele é expulso de lá, ouvindo pela primeira vez a afirmação de que sua mãe seria uma lunática.
É impressão minha ou o mundo está ficando mais doido?
Enquanto volta para casa, descobre que a polícia o procurou para falar sobre os assassinatos do metrô. Sua mãe entra em pânico ao ser interrogada por um dos oficiais e acaba passando mal. Arthur fica com ela no hospital e Sophie o acompanha também. É ali que, assistindo ao show de Murray Franklin, um comediante e apresentador por quem tem uma enorme fascinação, vê sua apresentação de Stand Up sendo transmitida. A princípio, sente que seu sonho está se realizando, mas caí em desilusão quando percebe que estão apenas gozando dele.
Se apegando as esperanças que ainda restam para ele, Fleck vai até um evento onde o próprio Thomas Wayne está presente. Ao interceptar o homem no banheiro, Arthur basicamente se declara, exigindo a atenção e o carinho de seu suposto pai. Contudo, recebe apenas um soco de partir o nariz e uma história intragável: sua mãe seria uma ex-funcionária mentalmente instável, que teria inventado a história sobre seu caso com Wayne, após adotar Arthur.
Incrédulo, Arthur vai até o Sanatório Arkham, onde vemos algumas referências a outros vilões do Batman, como o Charada. Ali ele consegue ver os relatórios psiquiátricos sobre sua mãe e os rouba. Finalmente a verdade vêm à tona: Penny o adotou, mas deixava-o totalmente alheio de qualquer cuidado. Mais do que isso, ela teria permitido que seu namorado da época tivesse torturado tanto ela quanto a criança. Arthur teria ficado acorrentado por dias, sem comida ou bebida.
Inconsolado, sem rumo ou propósito, Arthur vai até o apartamento de Sophie. Plot twist: descobrimos que todas os momentos que eles teriam passado juntos, foram criados pela própria mente psicótica de Fleck. A cena é breve, mas agoniante. Quando Arthur saí, sem deixar claro o que realmente teria acontecido, só podemos supor o pior.
ABREM-SE AS CORTINAS: COM VOCÊS, O HOMEM QUE RI!
Já sem qualquer limite exterior imposto, o homem vai até o hospital, onde finalmente confronta sua mãe e assume saber a verdade sobre seu passado. Sem dar tempo para que Penny absorvesse suas palavras, ele a sufoca com seu próprio travesseiro.
É então que ele finalmente recebe uma chamada para participar do programa de Murray. Após aceitar, ele começa a ensaiar para o programa e descobrimos que seu plano é cometer suicídio ao vivo – num último e grande ato.
Quando pinta o cabelo de verde, Arthur já não é mais Arthur. A máscara finalmente caí e o interior se liberta. Vemos o eclodir de uma nova persona – Coringa. Enquanto se produz vemos a construção de seu verdadeiro rosto – decidido, frio e violento.
Dois de seus antigos colegas vão ao seu apartamento, prestar condolências pela morte de sua mãe, e então temos a cena mais gráfica do filme. Coringa mata brutalmente o colega que lhe deu a arma, num ímpeto de fúria e frieza. O outro, um anão que já era alvo de sátiras durante o filme, fica encurralado, totalmente sem reação.
“Só espero que minha morte valha mais centavos do que minha vida”
Coringa permite que ele parta, pois admite que o homem nunca o tratara mal. O anão não consegue abrir a porta por causa do seu tamanho, fazendo com que Coringa o assuste antes de deixa-lo sair, dando-lhe um beijo em sua testa. Mas a cena em si causa uma reação confusa nos espectadores – nesse momento, o cômico e o grotesco se misturam como nunca. Alguns riem, enquanto outros se encaram, atônitos.
Totalmente trajado, já assumindo sua nova identidade, Coringa dança por uma escadaria de seu bairro. É encontrado pelos policiais que o procuravam e decide fugir deles. Para esse dia, uma manifestação está marcada para o centro da cidade. Coringa entra no metrô, onde um enorme grupo de manifestantes está usando máscaras de palhaço. Ele consegue se camuflar no meio da multidão e uma confusão começa com a entrada dos policias que, pressionados, acabam por atirar em um homem. Coringa saí na estação, eufórico, enquanto um dos policiais é linchado.
Nos camarins do show de Murray, um dos produtores não quer permitir sua presença, já que seu visual pode ser associado aos movimentos políticos. O próprio apresentador questiona seu convidado, que garante não ter qualquer vínculo com os manifestantes. Após entrarem em um acordo, ele pede para que Murray o apresente como Coringa.
Aqui vale uma nota, já que talvez nada seja mais impactante em todo o longa do que a cena de Coringa coreografando sua dança macabra atrás das coxias. Ele está, enfim, pronto para o que tem de fazer.
A conversa com Murray, contudo, não poderia ser pior. É até difícil perceber o momento em que começa a desandar – simplesmente, parece destinado ao fracasso desde o princípio. Em determinado momento, Coringa admite a responsabilidade pelos assassinados do metrô. “Estou cansado de fingir que não foi engraçado”, é o que ele diz. A sensação do espectador é que cada frase a mais nessa conversa é um erro.
Tensão, tensão e um novo plot twist – Coringa dispara contra Murray. Correria, gritos, desespero… p agente do caos se revela. Ele encara uma das câmeras, antes que a transmissão seja interrompida: “And remeber ‘That’s’… ”, tenta dizer, quando as imagens são cortadas.
ENFIM, OS APLAUSOS!
Coringa é preso, levado em um carro de polícia enquanto contempla a cidade ser consumida pela fúria dos manifestantes, que encaram seu ato de assassinato como um gesto de rebeldia e afronta contra as instituições que eles combatem.
De repente, um caminhão acerta o carro de polícia, e Coringa é liberto pelos manifestantes. Nesse mesmo momento, ao saírem de um cinema que exibia a Máscara de Zorro, fugindo para um beco ao tentarem sair do epicentro do tumulto, os Thomas e Marta Wayne encontram seu fim trágico e reimaginado, diante do pequeno Bruce.
Coringa, por outro lado, se vê rodeado por homens e mulheres mascarados que bradam o seu nome. Usando seu próprio sangue, ele desenha um sorriso distorcido em sua face. É seu momento de glória. O caos domina a cidade, Thomas Wayne está morto, Penny Fleck, Murray Franklin e o próprio Arthur também, mas o palhaço vive.
É uma noite sombria para Gotham City.
A tela, enfim, escurece e ouvimos o som de sua risada rouca e involuntária. Há mais um trecho para a conclusão do filme, uma conversa entre Coringa e sua psiquiatria, provavelmente preso no Asilum Arkham.
– Qual é a graça? – A mulher pergunta para ele.
– Eu pensei numa piada – Coringa responde antes de cair na gargalhada.
– Quer me contar?
– Você não vai entender – Ele responde e traga seu cigarro.
A música “That’s Life” de Frank Sinatra inicia. Coringa a canta em conjunto com o fundo. Então, ele aparece correndo pelos corredores, sendo perseguido por funcionários numa cena que remete aos filmes pastelões.
Seus passos deixam marcas de sangue pelo corredor.
Disseram que eu não sou engraçado o suficiente, dá pra acreditar?
Qual a conclusão que podemos chegar?
Nenhum filme de super-herói, talvez em todos os anos de existência do cinema, tem metade da profundidade que Coringa. A proposta do longa, somados a sua execução por parte de uma direção impecável e uma atuação de tirar o fôlego de Phoenix, criaram uma obra digna de tanta repercussão.
Há muitas polêmicas envoltas ao filme, certamente. Contudo, parece bastante claro que Arthur Fleck não se tornou Coringa porque teve um dia ruim, nem mesmo porque tinha uma condição psiquiátrica, ou porque era socialmente isolado. Mas sua transformação foi uma fusão de todos esses fatores, ainda mais intensificados pela situação política e precariedade social de Gotham.
Arthur era um homem que queria ter uma vida normal. Mas foi sendo tragado por circunstâncias que o levaram a um ponto de ruptura. Nesse estágio, sem ter qualquer suporte, optou pela via mais agressiva – escolheu parar de tentar conter seu lado mais sombrio e usou-o como ferramenta para se libertar.
Coringa é um vilão. Mas é muito mais complexo do que um vilão que nasce assim, como os da Disney, ou daqueles que se tornam antagonistas por terem algum objetivo controverso e impopular, como Thanos. Arthur Fleck foi sendo minado pela doença, pela sociedade e por pessoas a sua volta, e esse homem sucumbiu ao Coringa, que assumindo no controle da situação, optou por virar o mundo de cabeça para baixo.
Sim, essa perspectiva é assustadora. Não porque o filme é puramente polêmico, mas porque ele reflete a nossa realidade. Dessa forma, não é o filme que deve ser combatido, mas sim os nossos próprios valores sociais – que acabam por permitir que um filme de ficção seja tão próximo da realidade.
Anti-Herói, o novo álbum de Jão, pouco mais de um ano após seu álbum de estreia “Lobos” segue a mesma linha da melancolia e depressão que já estávamos acostumados mas com um pouco mais. Esperamos pelo álbum ansiosamente assim como todos vocês e, acompanhando o Jão desde o início de sua carreira, vamos compartilhar com vocês todas as nossas impressões, track by track de Anti-Herói.
Jão é o meu cantor preferido na vida, de longe. Acompanho sua carreira desde os primeiros vídeos do Youtube, que vieram seguidos dos seus primeiros singles e por fim, de Imaturo, que acabou por lançar o cantor no mainstream com seu subsequente álbum, Lobos, sucesso de vendas e de streaming em todas as plataformas. Já estivemos em mais de três shows do cantor ao redor do país e as minhas expectativas para o novo álbum estavam bem altas, principalmente depois do lançamento de Louquinho, single avulso e experimental que antecedeu Anti-Herói. Então, antes de prosseguir com essa review, saiba que minha análise foi profundamente baseada nas minhas expectativas
Anti-Herói, mais que Lobos, me faz sentir algo que não sei descrever, só sei que faz. Tem aquela pitada que deixa cada música viciante e cada verso com vontade de gritar a plenos pulmões, ao mesmo tempo em que quero ouvir sozinho no meu fone de ouvido. Esse é apenas um do misto de emoções que Jão me causou com esse lançamento.
A Última Noite, é propositalmente a primeira música de Anti-Herói. Com um pouco mais de quatro minutos e um início meio angelical, seguido por uns acordes bem calminhos, fala de uma noite para viver tudo. Uma noite pra roubar um banco, rasgar a roupa apaixonados… Uma noite depois da noite que a gente termina, o que dá a entender que é a última noite dele e do seu amado juntos, curtindo tudo o que precisam curtir após o término, antes de cada um seguir o seu rumo. Ele diz ser a melhor noite de suas vidas, no alto do prédio, e pelo fato de serem pequenos, isso é a coisa mais linda. Ao mesmo tempo em que está triste, diz ser uma noite de supernova, onde tudo começará do zero. Depois da morte vem a vida, uma noite da sua loucura que você guarda embaixo da língua. Ao mesmo tempo em que suspira pelo fim, envergonhado e chorando, implora para o amado estar do seu lado, e se beijarem para esquecer o porquê de tudo ter dado tão errado. A mais bonita das despedidas, a melhor noite das nossas vidas. O ritmo da música aumenta conforme ela avança, passando um ar como se ele estivesse desesperado para fazer tudo o que ainda não fez, não se conformando com o fim. Ainda há muita coisa pra se fazer, é preciso correr… É uma música linda, que nos passa aquela sensação de isso, corre, vai, vocês vão conseguir fazer tudo o que falta! Mas não… A única certeza que eles tem, é que fizeram tudo errado. E agora não há mais presente, nem passado, só a liberdade. A única promessa é que essa última noite será a melhor de suas vidas.
Triste Pra Sempre, vem na sequência, com um coral de crianças entoando a plenos pulmões triste pra sempre! Ele fala que queria estar bem para levar o amado para andar por aí, sendo engraçado e bem disposto. Dá a entender que esse é o primeiro dia após A Última Noite, em que ele lida com o luto e com a vontade de fazer tudo o que ainda não foi feito, se esquecendo de que o suposto relacionamento acabou. Ele diz que quer mais, que continua ligando, mas que tem um desejo de ser maior e melhor, mais bonito. Eu quero estar contente mas eu simplesmente não consigo… Eu ando pela rua e nada mais me surpreende, eu era melhor no passado do que eu sou no presente, tenho medo de ser só isso, minha vida daqui pra frente… Pô, eu não quero ser, triste pra sempre. Ele não consegue superar a perda e mesmo tentando seguir com seus dias, parece que nada mais faz sentido sem a pessoa que perdeu. O passado lhe parece muito melhor que o presente, momento de incertezas. É uma música bonitinha, com o coral de crianças que complementa alguns versos da música e com oooh oooh ao fundo. É uma música de luto, de alguém que pensa demais em algo que já passou. Ele pede ajuda, mas ninguém parece o entender. Só o amado pode salva-lo, beijando-o e fazendo-o feliz de novo. Mas parece que para isso, ele precisa ser maior, melhor e mais bonito… Precisa provar algo para merecer novamente a atenção daquele que se foi.
Enquanto me Beija, foi o primeiro single com clipe da nova era. Feito em tons de azul, com Jão tocando piano, começa já com uma vibe super melancólica. Aqui, parece que ele começa a descobrir que a pessoa que tanto amava, não o amava de volta. Teu olhar me diz eu até gosto de você, mas só gostar não faz feliz quem te adora assim até morrer, simbolizando que a pessoa que se foi era tudo para ele, e não havia reciprocidade. Jão começa então a relembrar de fatos do passado, mais uma vez, e ele revive o meme eu te chamei de amor, você me chamou de Jão. Será que seu amor estava com ele apenas pelo o que a persona Jão trouxe para sua vida e não o amava por quem ele era de verdade? Aqui, ele ainda se lamenta que tenta ser otimista, que tenta ser melhor do que estava na música anterior, mas não funcionava, porque seu amor não liga mais. Será que eu sou a melhor coisa da tua vida ou só o melhor que você conseguiu até aqui? Ele volta a lamentar sobre sua aparência no refrão, enquanto se questiona quem seu amado pensa enquanto o beija. Em um cara mais bonito da televisão? Um amor do passado? Parece que a pessoa se envolveu com ele não tendo superado um amor que já foi, e o faz se esforçar para estar cada vez melhor, mesmo sem necessidade, afinal ele é uma pessoa nova. Tento ser mais bonito e falar grosso como outros por aí, talvez seja um dos trechos mais pesados e que ainda traduza a comunidade LGBTQ+ em um geral. As pessoas ligam cada vez mais para a aparência e menos para o conteúdo em si de alguém. O clipe mostra cenas de confusão, dentro de sua cabeça, já que ele não entende mais a pessoa que estava com ele. Será que o que tiveram foi real alguma hora? Foi tudo uma ilusão? Às vezes, essa confusão o domina e o deixa perdido, mas ele consegue retomar o controle, mesmo sendo enganado. Não me conta, não me mostra, não deixe que eu perceba em quem você pensa enquanto me beija…
Essa Eu Fiz Pro Nosso Amor, é uma das minhas músicas preferidas. É um pouco mais animada que as anteriores e ele assume isso na letra. Ele começa dizendo que ele fez essa música para os dois bêbados em uma festa dançando, para toda letra do Cazuza que ele decorou porque seu amado gostava e para a mãe dele, que era tão linda. Ele fez essa música para o seu amado enquanto estavam em seu auge. Eu já tinha desistido de mim, minha vida é sempre assim. Tenho a minha fama de sofredor, então não conta pra ninguém, mas essa eu fiz pro nosso amor, verso em que ele deixa claro, que apesar de sofrer muito pelas coisas, escreveu uma música feliz para o amor. O refrão é maravilhoso e super chiclete, e eu mal posso esperar pra gritar nos shows essa eu fiz pro nosso amoooooooor, oh oh oh. A letra é magnífica. Ele ainda dedica a música a avenida São João e outros lugares em que eles se beijaram, para a jaqueta jeans, blusa do Taz e todas as roupas que o amado tirou. Ele ainda cita todos os shows lotados que ele perdeu a letra porque estava pensando nele… Eu até perco o ar falando dessa música de tão linda que é. Se eu não tivesse que manter o compromisso de escrever uma resenha séria contando minha opinião, eu escreveria um texto só com “AAAAAAAA” para essa música porque nada me define mais. Da mesma forma que em A Última Noite, essa música tem um verso falando das estrelas lindas que o amado o fez ver por baixo da língua. Alô, PROERD? I think we got an issue down here. A música evolui para trechos mais tristes ao final, quando ele se lembra que o amado foi embora, já que a música é sobre a história deles e a história teve um fim. Ele então se lembra da blusa do Taz que agora está desbotada, da mãe que ficou muda no telefone e dos choros toda vez que toca Exagerado, do Cazuza. Essa eu fiz pro nosso amoooooor, oh oh oh.
Fim de Festa é definitivamente a música que traduz em grande parte a comunidade LGBTQ+ e aquelas pessoas que curtem a festa como se não houvesse um amanhã e ao final, sempre se escoram em alguém porque não aguentam mais de tanto passar mal. Eu fiquei bem puto com a audácia do fulano que foi embora de fazer isso, sinceramente. Mas ok, vamos analisar a letra. Quando a festa acabar, cê vai me procurar com teus problemas, com teu jeans, teu all star, com a tristeza no olhar, é o teu sistema, traduz exatamente o que eu disse. O amado só queria ele no final da festa, depois que a curtição já passou. Só eu sei, o tanto que me dói me entregar tão fácil e mesmo assim, vou enxugar teu olho, vou me deixar de lado e te guardar em mim. Sou teu amor de fim de festa, tua bebida mais barata, teu coração é tão gelado, meu Deus eu sou tão azarado… Ele sofre muito por ter sido deixado em segundo plano, mas mesmo assim, se coloca de lado pela outra pessoa porque precisa estar ali por ela com as decepções dela. Parece uma música sobre alguém egoísta, que segura a outra pessoa por capricho, apenas para não estar sozinha. Enquanto está na festa, rodeada de outras pessoas, está tudo bem. Quando tudo acaba, recorre para aquela pessoa do escanteio, recorre ao troco das bebidas caras para pegar a condução e encontrar com a outra pessoa, porque não tem coragem de deixa-la ir. Ao mesmo tempo, a música é sobre alguém que não percebe que está sendo usado porque está cego pela paixão. Ele fica, mesmo sendo maltratado porque tem esperanças na mudança. E a mudança não vai vir. Eu só queria ir pra casa, mas tô cuidando de você, meu Deus o que eu fiz pra merecer, o teu amor de fim de festa… Sei, é sempre assim, eu só sirvo pro fim da tua glória… Você chama a atenção, mas um a um eles vão, todos embora é o trecho mais forte da música e que exemplifica exatamente o que eu disse ali em cima. Talvez seja a música mais triste e solitária de todo o Anti-Herói, porque não há aquele sofrimento que a gente entende pelo fim do relacionamento, pelo luto, há somente a ilusão, a certeza de que se está sendo passado para trás, mas a prisão de não conseguir escapar daquilo. Ele está refém dos seus próprios sentimentos.
Barcelona começa uma nova onda de felicidade em Anti-Herói. Seria uma viagem para tentar superar o ex? Mergulhei e era água fria, meu Deus que mania de me afogar. Supliquei a Sagrada Família que tivesse piedade, pr’eu poder me salvar. Ele percebe que estava sendo passado para trás, ao mesmo tempo em que tenta seguir em frente, tenta se salvar da prisão em que estava. É uma música que começa a trazer um pouco de sensualidade para o álbum, principalmente com o trecho me lambeu feito sorvete no verão Mediterrâneo feito a imagem de um deus ou um santo italiano, me deixou em carne vive, vivo dentro da chacina dos teus montes de amores, Barcelona… Gente! Ao mesmo tempo que parece um flashback, parecem novas experiências que ele busca em novos locais (Barcelona, hm?). Ele diz que está sem amor, como alguém que conheceu o sublime e voltou a chatice de ser humano, ou seja, ele conheceu o amor e voltou para o mundo mundano. Ele ainda cita alguns nomes em espanhol, SETE, que eu não entendo nada, pois, tenho um bloqueio descomunal para espanhol (obrigado por essa, Jão), mas guarda essa informação porque ela vai ser importante no final da análise. Vi essa teoria inclusive em um grupo de fãs que participo. É uma música meio dançante e tem um final que complementa a sensualidade do início, como se fosse um canto de alguém que precisa desesperadamente de alguém que o ame. Barcelona, diz que me ama!
Você Vai Me Destruir, parece vinda de alguém que está aprendendo a gostar de outra pessoa de novo, depois de todas as desgraças, ao mesmo tempo em que parece uma volta no tempo de quando o relacionamento estava no início. É muito gostosa de ouvir e também tem uma letra que eu amo cantar junto. Tua boca na minha é a minha desgraça, teu peito no meu só bate, arregaça. Eu quero você e você disfarça com essa cara que, vai me destruir. Pensando bem, conforme a música avança, acredito que seja mesmo uma volta no tempo, porque traz uma pitada de ódio, de alguém que pode estar começando a superar. Você não ama ninguém, nem me deixa ir além, eu tenho medo de te perguntar o que a gente é, você abala minha fé… Então viu, vê se me deixa ir, eu continuo aqui, você vai me destruir, verso que complementa aquilo que comentei em Fim de Festa. Ele finalmente parece perceber que precisa seguir em frente, por ele, e que precisa se libertar dessa prisão em que esteve por todo esse tempo. Me deixa ir, me deixa ir, me deixa ir… Me deixa ir, me deixa ir é entoado durante uma grande parte da música, como se ele implorasse para ser libertado, já que ele se entrega e não recebe nada de volta, porque a outra pessoa não ama ninguém e não o deixa seguir em frente. Puro egoísmo. Então viu, vê se me deixa ir, eu continuo aqui, como se ao mesmo tempo em que ele precisasse ir, ele deixasse claro “se mudar de ideia, eu ainda estou aqui”. Não tenham medo de perguntar sobre o relacionamento de vocês e não deixem o outro preso, pelo amor de tudo!
VSF é a minha música preferida. Eu já disse isso em alguma outra? Se sim, saiba que é impossível ter só uma preferida. Acho que eu já gostava mais dela desde que vi a lista de músicas de Anti-Herói. Começa um pouco mais animada que as anteriores também, mas a letra é um lamento e uma libertação. Na frente dos seus amigos, você solta minha mão, se perguntam ‘cês estão juntos’, é claro que não… Denuncia sem me ver, num riso tão desajeitado, eu sou bom pra tua cama mas não pro teu lado é a parte de denúncia misturada com lamento, por alguém que agora percebe que foi feito de trouxa pela outra pessoa, mas aí vem a parte boa da música, em que começamos a ver a tão sonhada superação: E eu nem vejo graça mas no seu sorriso, meu peito não bate mais como era antes, e a vida nunca fez tanto sentido, de perto vejo que éramos distantes… ENTÃO VAI SE FUDER! Você e o seu rostinho lindo, volta e vai viver, com todos os teus amigos ricos, eu me esforcei bastante pra desapegar e fiquei muito tempo onde você tá, mas agora eu não sinto mais a dor, então vai se fuder, você, meu grande amor. Olha, pra gente que sofreu o álbum inteiro com as dores do Jão, querendo morrer de raiva com o fulano que o fez de trouxa, ouvir essa música é libertador, além de ser um hino pra todo mundo que já foi trouxa na vida pelo menos uma vez, né? Percebemos que ele não superou totalmente, mas está no caminho certo. Agora ele já percebe e consegue ver a vida com seus próprios olhos e retomar o sentido dela, e a pessoa permanece na mesma. Me devolve o que eu te dei, o meu amor e o meu tempo, você tem prioridades mas eu tenho sentimentos, dessas brigas meu corpo até que sente falta, mas tenho me acostumado a não te ter de volta, AI EU NÃO CONSIGO EXPRESSAR SEM CAPS LOCK o tanto que amei ler esses versos. Finalmente deixou de ser trouxa, GRAÇAS A TODOS OS DEUSES! Imagina só a cara da pessoa para quem todas essas músicas são destinadas? Achou que estava na pior? Só risos quando chega em VSF. A música se encaminha pro fim com um coro de eu não vou mais chorar, eu não vou mais chorar… Porque daqui pra frente é uma nova vida! Os esforços não foram suficientes pra você, então VSF! A música finaliza com sorrisos que se transformam em um choro, mostrando a bipolaridade que é o processo de superação. Mas continua assim que você consegue, Jão!
Hotel San Diego eu vou ser obrigado a dizer de novo que é a minha música preferida porque o tanto que eu já ouvi, provavelmente vai fazer a música bater recordes no Youtube. Enigmática, sensual e considerada música de strip tease por vários fãs nos grupos. Ainda há quem disse que se trata de uma suruba pós término de relacionamento. E eu fico no meio de todas essas teorias com a minha cabeça explodindo. Ela já começa meio Crazy in Love da Beyoncé, que o Jão costumava cantar antes, o que me deixou muito feliz, porque ele canta bem esse ritmo (que nem sei o nome, mas amo). E os melhores da cidade em sua melhor versão encontram seu destino num carpete azul no chão… Amontoados no meu carro caro por vaidade, a cidade fala mal querendo fazer parte, que culpa a gente tem de ser bonito e ter pouca idade? No elevador, sem jeito e sem medo, sete bocas com sete segredos no quarto sete do Hotel San Diego… Pele na boca vocês fazem bem, rindo sem roupa e sem amar ninguém… No escuro eu te vejo tão bem. Já é o suficiente pra você também achar que a música é sobre um surubão? Lembra que eu disse que em Barcelona ele citava sete nomes? Pois bem, na mesma música, ele diz que San Diego os abriga. E agora joga essa bomba na gente de sete bocas com sete segredos no carpete azul do chão. Eu tô surtando com as teorias, sinceramente, mas a música é incrível. Achou que Jão era só pra sofrência? Jurou! Os acordes dessa música fazem com que ela pudesse estar facilmente na trilha sonora de Cinquenta Tons. Não nego que eu queria. Cada um libera aqui as dores que estão presas, a loucura cai melhor ao corpo que a cabeça, eu já nem lembro de você olhando pra essa luz vermelha, é o melhor trecho da música pra mim. Sete pessoas precisando liberar suas dores? Uma loucura de fim de semana que faz a cabeça esquecer de tudo? Pois é! Tudo resolvido na suruba do Hotel San Diego. Esse é o tipo de música que precisa ser sentida com a letra, por isso eu só escrevi surtos sobre ela. Simplesmente não tem como opinar, só sentir. Ouve e depois vem me falar se você concorda.
O álbum termina com uma faixa de voz intitulada como 🙁 que é uma música chamada de Anti-Herói ou Me Desculpa, gravada de forma acústica, Jão e violão, como se fosse um áudio do Whatsapp. Nela, ele diz que as melodias são tão vazias longes dos escritos do amado, e que juntos eles eram os artistas favoritos deles mesmos. Se eu me perdi em outros lábios, foi pra te prender me odiando… Será que ele se arrepende de tudo o que fez e ainda quer voltar para o amado ou esse foi agora ou momento de recaída? Será que ele traiu o amado e se arrependeu depois? Foi um grito, ainda te espero, pra escrever latino-americano. Eu tento mas nunca me lembro do que eu era antes de você, e se antes de dezembro eu sabia me reconhecer, e se eu não gostar de mim, e se eu for mesmo tão pequeno? Eu não devia questionar… Me desculpa mesmo. É uma música bem pessoal, que traz itens um pouco desconexos para nós que não conhecemos a história por trás. Ele agora tem medo de ser pequeno, tem medo de que tudo o que o amado disse sobre ele, ser de fato, verdade. É uma música bem triste, melancólica e que pode te deixar triste também, então cuidado com o gatilho. Uma noite no alto de um prédio, vendo a cidade por cima, você disse a gente aprende a voar na decida. E você foi tão mais alto e eu fiquei com o que dói. Em queda livre eu sou mesmo, um anti-herói… Um anti-herói… Um anti-herói, são os trechos que encerram a música e o álbum, complementando A Última Noite.
Essas não foram as minhas impressões logo de cara do álbum, surgiram depois de ouvir repetidamente, de ler teorias de fãs nos grupos e de conversar com a Grazi, minha amiga que também é fã dessas doidas, como eu. Não me responsabilizo se tudo o que eu escrevi não servir mais daqui umas semanas, porque minhas percepções mudam cada vez que eu escuto e eu tenho ouvido SÓ esse álbum repetidamente, over and over again.
De qualquer forma, vale a pena dar uma chance para Jão se você ainda não deu. Eu sigo aguardando os shows da nova turnê em São José dos Campos pra cantar essas novas e surtar com Anti-Herói. Escute o álbum no Youtube.
Em comemoração aos 90 anos de uma das maiores atrizes brasileiras de todos os tempos, o Beco traz um especial sobre Fernanda Montenegro. Nascida em 16 de outubro de 1929, Arlette Pinheiro Esteves Torres completa 90 anos nesta semana e carrega uma carreira admirável. Fernanda Montenegro iniciou sua carreira no teatro em 1950, sendo a primeira atriz contratada pela TV Tupi em 1951. Foi protagonista na primeira novela da emissora, A Muralha, e estrelou inúmeras peças no teleteatro da TV Tupi em São Paulo, que eram apresentadas no Grande Teatro Tupi.
Fernanda Montenegro trabalhou na TV Tupi, Record, Bandeirantes e na extinta TV Excelsior, chegando à Rede Globo em 1965 para uma série de teleteatros, porém sua consolidação na emissora foi ocorrer somente em 1981 na novela Baila Comigo, de Manoel Carlos. Sua estreia em cinema se deu na produção de 1964 para a tragédia de Nelson Rodrigues, A Falecida, sob direção de Leon Hirszman.
Em 1999, por sua atuação no filme Central do Brasil, de Walter Salles, Fernanda Montenegro foi a primeira artista brasileira a ser indicada para o Oscar de melhor atriz. Um ano antes, ainda por sua atuação nesse filme, recebeu o Urso de Prata do Festival de Berlim. Foi convidada para ocupar o Ministério da Cultura no governo dos presidentes José Sarney e Itamar Franco, porém, apesar do grande apoio da classe artística e intelectual, recusou ambas as ofertas. Em 1985, ao recusar o convite de Sarney, afirmou em carta ao então representante do governo que não estava preparada para abandonar a carreira artística, não por medo ao desafio que lhe era oferecido, mas sim, por entender que seria muito melhor no palco do que no Ministério.
Recebeu em 1999, do então presidente Fernando Henrique Cardoso, a Ordem Nacional do Mérito Grã-Cruz “pelo reconhecimento ao destacado trabalho nas artes cênicas brasileiras”. Na época, uma exposição realizada no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro comemorou os 50 anos de carreira da atriz. Em 2004, Fernanda Montenegro foi escolhida como melhor atriz da terceira edição do Festival de TriBeCa. Ela foi premiada por sua atuação em O Outro Lado da Rua, único filme da América Latina a participar da competição de longas de ficção. Em 2009, recebeu a Ordem do Ipiranga, no grau de cavaleiro, do Governo do Estado de São Paulo, e, em 2012, o Emmy internacional de melhor atriz por sua personagem no especial de Natal Doce de Mãe.
Na televisão, Fernanda Montenegro coleciona 52 trabalhos, entre teleteatros, novelas e minisséries, sendo que, nos teleteatros, contam-se dois programas, Retrospectiva do Teatro Universal e Retrospectiva do Teatro Brasileiro, porém são inúmeras peças e inúmeros personagens. Já no cinema, temos os impressionantes 42 filmes. Fernanda Montenegro também coleciona os invejáveis 35 prêmios nacionais e internacionais de melhor atriz no cinema, 18 prêmios por seus trabalhos na televisão e 28 no teatro. Já de comendas temos nove, inclusive uma da França e uma de Portugal. Pisa menos, Fernanda!
Não dá para negar que Fernanda Montenegro é mesmo a primeira dama do teatro, televisão e cinema brasileiro, e o Beco deseja um feliz aniversário para essa rainha da dramaturgia. Rumo aos próximos 90!
Jão é nosso reizinho do pop e eu posso provar. Depois do sucesso do seu álbum de estreia, “Lobos”, no ano passado, com turnê pelo Brasil inteiro e shows esgotados em várias capitais do país, Jão lançou o single “Louquinho“, mudando um pouco a sua sonoridade com um tom mais animado. No entanto, “Anti-Herói”, o novo álbum não tem nada de animação e é isso que o povo gosta, é isso que o povo quer.
Há pouco mais de uma semana, o cantor postou um texto misterioso em sua conta do Instagram que anunciava a vinda do novo álbum, só não esperávamos que o tiro viria tão rápido assim. Dá uma olhada na transcrição da carta:
Eu não sei muito falar disso, mas eu vivi um relacionamento esse último ano. Senti as coisas mais bonitas – e as mais difíceis também. Mas a vida aconteceu e ele acabou. É engraçado como não importa o quanto a gente cante sobre, no fim, nós nunca estamos mesmo tão preparados para a dor.
Dessa vez, eu planejava um álbum bem mais colorido e otimista, do jeito que a rádio gosta. Mas simplesmente não é como eu tô me sentindo. Tô me sentindo pequeno e esquisito. É tão estranho como um relacionamento atropela a gente e você acaba não se lembrando do que era antes daquilo tudo. Eu me sinto tão diferente agora.
E no meio disso, eu fiz um álbum sobre o amor. No sentido mais cruel da palavra. Não se trata de romantizar a tristeza, mas de normalizar. É que talvez tenha aqui uma letra que você precise ouvir, uma angústia pela última noite juntos, uma nostalgia sobre um dia que você bebeu demais e acabou voltando pra alguém, ou um sentimento que você achou que só você tinha guardado. Ou talvez esse disco não seja mesmo pra você.
No fim, “LOBOS” foi um álbum sobre mim. Mas “ANTI-HERÓI” é um álbum sobre nós dois. É uma tentativa de me sentir um pouco melhor sobre tudo isso. E também é um pedido de desculpas, meu amor.
Jão 🙁
Pegou pesado, hein Jão? Logo em seguida, o reizinho lançou “Enquanto Me Beija” que parece ser o primeiro single de Anti-Herói, com letras pesadas e um clipe meio Stone Cold que deixou todos nós chorando em posição fetal, olha só:
Como se não bastassem todas as bombas, Jão anunciou que AMANHÃ (10), o álbum já estará disponível nas plataformas de streaming. Isso mesmo, MEIA NOITE! Se estamos surtando? Imagiiiiiina! Além disso, a lista de faixas do álbum também já foi divulgada:
O Rock in Rio mal acabou e já deixou saudades. Os sete dias de shows, divididos em dois finais de semana, reuniram milhares de pessoas nos diversos palcos da Cidade do Rock que fizeram da edição de 2019 uma das mais inesquecíveis. Num evento tão grandioso, muitas atrações acontecem ao mesmo tempo e se você deixou passar alguma coisa, não tem problema! Confira agora nossa lista para saber como foi o último fim de semana Rock in Rio 2019:
A força da música nacional
É sempre bom ver que mesmo em meio a tantas atrações internacionais, nossos artistas continuam arrastando multidões. Durante todo o evento, diversos cantores brasileiros marcaram presença nos palcos do Rock in Rio e nesse final de semana não foi diferente.
O rapper Xamã reuniu um público acalorado no Espaço Favela, cantando parte de seus hits que já tem mais de 2 milhões de ouvintes apenas no spotify. Sua apresentação teve direito a homenagens a Chorão, ex-vocalista do Charlie Brown Jr, críticas ao atual governo e até mesmo uma batalha de rap com participação de fãs.
Com uma participação mais polêmica, os Paralamas do Sucesso, veteranos do festival, abriram o sétimo dia do Palco Mundo abordando temáticas politicas e um discurso mais duro em relação ao país. Em algumas de suas canções, o telão exibia imagens de líderes como Raoni, Matin Luther King, Mandela e até mesmo uma imagem de uma criança, com a citação “- balas + amor”.
No Palco Sunset, Lulu Santos fez valer sua participação e entregou uma ótima apresentação ao público. Num dueto com Silva, cantor e multi-instrumentista, interpretaram alguns covers que empolgaram a galera e, posteriormente, uma vez com o palco só para si, Lulu embalou hits como “Tempos modernos” e “Toda forma de amor”, que foram acompanhados em coro pela multidão.
Anitta
Impossível falar do poder da representação nacional e deixar de lado a participação da maior cantora de funk do país. Anitta demorou para chegar aos palcos do festival, mas fez isso em grande estilo. Trazendo a essência do funk que a tornou famosa, a cantora cantou e rebolou no Palco Mundo, abrindo a noite de sábado.
Poderia ter sido headliner, com toda certeza. Ainda assim, ao som de hits como “Vai Malandra”, “Show das Poderosas”, “Sin Miedo” e “Bang” conseguiu embalar a multidão. O cenário para seu show foi inspirado na produtora Furação 2000, equipe que apoiou a cantora para dar seus primeiros passos profissionais.
Mesmo que os organizadores do Rock in Rio tenham resistido a presença do funk no festival, é inegável que a presença de Anitta é um marco dessa mudança de postura e abre inúmeras possibilidades para os próximos anos do evento.
Pouco depois de se apresentar, Anitta voltou aos palco para cantar ao lado do Black Eyed Peas. A banda já não está mais em seu auge, principalmente depois da saída de Fergie, que em 2017 também se apresentou na Cidade do Rock.
Ainda assim, o grupo conseguiu manter o público empolgado, embalando boa parte de seus hits como “Let’s get it started” (com Will.i.am descendo de tirolesa enquanto cantava), “Boom boom pow” e “Pump it” – “Wheres is the love” também fez a multidão cantar, mas o tom lento da música fez a apresentação diminuir o ritmo.
A participação de Anitta ao cantar “Don’t lie” e “eXplosion”, recém lançada em parceria com o grupo, foram essenciais para manter o show em alto nível, encerrando a participação da banda com o certeiro “I gotta a feeling”.
Nickelback
Seu vocalista, Chad Kroeger, não estava totalmente recuperado após ser diagnosticado com cistos na garganta, e sua voz falhou em canções como “Far Away”, fazendo com que a platéia precisasse cantar um trecho ou outro de algumas das músicas. Ainda assim, a banda de “pós-grunge romântico” mostrou boa forma ao voltar aos palcos do Rock in Rio, após sua apresentação em 2013.
Carregando a alcunha de banda mais odiada do mundo, a Nickelback vendeu mais de 50 milhões de álbuns no mundo, sendo o artista com maior público nessa faixa de horário do Palco Mundo.
Imagine Dragons
Sendo a banda de rock mais ouvida no Brasil, pelo spotify, a Imagine Dragons entregou um show bastante imponente ao público, com planejamento e execução impecáveis. Seus hits embalaram a multidão, contando com chuvas de papel picado e os refrões bem afinados.
Sendo a quarta passagem da banda pelo país, o que surpreendeu no show foram os vários discursos que falaram desde a conexão de Dan Reynolds com o Brasil até abordarem temas mais pesados como depressão, ansiedade e suicídio.
P!nk
Por fim, ao fechar o sexto dia do festival, Pink entregou uma das melhores apresentações de todo o evento.
Chegando pendurada em um enorme lustre, a cantora dispensou apresentações em sua primeira passagem pelo Brasil e impôs seu estilo assombroso para o público engajado. Com 40 anos de vida e metade disso dedicados a carreira musical, Pink alternou o setlist entre músicas mais recentes, de seus dois últimos álbuns, com parte de seus hits que bombavam na MTV dos anos 2000.
Sua apresentação contou com uma série de efeitos muito bem produzidos que encantaram o público, mas toda a sua intensidade também deu espaço para momentos de emoção, como para pegar presentes dados pelos fãs e até comentar um pedido de casamento feito na platéia.
Para encerrar com chave de ouro, Pink voou sobre a multidão presa por cabos de aço, ao som de “So what”, um dos hits que melhor carrega sua imagem de cantora rebelde e mulher empoderada.
E aí, gostou de saber como foi o último fim de semana Rock in Rio 2019? O que você achou dessa edição? Qual final de semana foi melhor? Que apresentação vai ficar marcada na história do evento? Nós do Beco já estamos sentido falta do festival e mal podemos esperar para cobrir a próxima edição!
O primeiro final de semana do Rock in Rio chegou ao fim ontem (29), e teve um line-up bem diverso com os mais variados ritmos musicais. Como é de costume, o Beco Literário já mostrou aqui como chegar no festival e como se preparar para ir. Agora, vamos te contar tudo o que aconteceu no primeiro final de semana!
Rock in Rio – Dia 27
Na sexta-feira (27), Karol Conká foi uma das primeiras a se apresentar no Palco Sunset, atraindo bastante público para sua performance com artistas convidados, como Glória Groove e Linn da Quebrada. A atração começou um pouco antes das 17h, e atraiu um público maior que o esperado, que cantava as músicas de Groove a plenos pulmões. Linn da Quebrada entrou no palco em seguida, e também aclamada pelo público, gritou pelo fim do genocídio negro. Antes dela, Lellê inaugurou a edição de 2019 do Rock in Rio com influências cariocas em direção ao soul americano!
Já no Palco Mundo, aberto pelo DJ Alok, os recursos visuais e hits conhecidos ajudaram o artista a se conectar com todos os públicos. Durante o show, Alok pediu respeito àqueles que gritavam contra o atual presidente da república, Jair Bolsonaro. Seguido por Bebe Rexha, a cantora americana não economizou. Chamou fãs ao palco, desceu no meio das pessoas e foi super aclamada com as pessoas dizendo que o Rock in Rio foi dela. Carismática, os presentes também cantaram seus maiores sucessos durante toda a apresentação.
Ellie Goulding em seguida, não tinha uma tarefa muito fácil: substituir Cardi B. Entre vários pedidos de desculpa aos fãs, conseguiu embalar uma apresentação até que animada, com alguns dos seus hits principais. Já o headliner da noite, Drake, causou polêmica pelas exigências na produção e por não deixar transmitir seu show na televisão, de última hora após brigar com o responsável pela iluminação.
Rock in Rio – Dia 28
O sábado (28) contou com apresentações de peso, mas também muito emocionantes para os presentes. Charlie Brown Jr. se apresentou no Rock District com nova formação, enquanto o Ego Kill Talent abriu os trabalhos do dia no Palco Sunset, com um show curto e sem muita interação com o público.
Em seguida, o Titãs tomou conta do Palco Sunset com três membros de sua formação original e três convidados especiais – Ana Cañas, Edi Rock e Érika Martins. Já o CPM 22 se encontrou com o Raimundos, e juntos tocaram hinos do punk e do hardcore, e foram considerados o grande encontro dessa edição do Rock in Rio. Os veteranos do Whitesnake fecharam a noite do Palco Sunset com um rock bem popular.
Já no Palco Mundo, os Foo Fighters distribuíram simpatia ao povo brasileiro, já acostumado com a banda, que se sente super a vontade nos palcos. Entre uma gracinha e outra, ganharam a atenção e aclamação total do público presente.
Essa foi a maior edição do festival até o momento, com 17 atrações entre música, colaborações inéditas, jogos, gastronomia e conscientização ambiental, apesar da quantidade de lixo encontrada após o Rock in Rio ser alarmante.
Rock in Rio – Dia 29
No domingo (29), último dia do primeiro final de semana do Rock in Rio, Plutão Já Foi Planeta, ex-superstar da Globo em parceria com a cantora Mahmundi deram um show de psicodelia mesclada às melodias calmas, bem características e de boa aceitação com o público geral. Em seguida, Elza Soares fez um show bem eclético, com samba, reggae e música eletrônica. Militante feminista, conscientizou as mulheres sobre a importância de denunciar agressões. Contou com participações de nomes com Kell Smith e As Bahias.
O show de Iza com Alcione foi um dos grandes destaques da noite, também. Com muita dança, brilho e hits, as duas conseguiram agitar o público, principalmente na hora do hit “Você me vira a cabeça”. A participação da dançarina Luara, de 9 anos, também foi um dos pontos altos da noite e chegou a gerar polêmica na internet hoje durante a tarde.
Jessie J fechou a noite do Palco Sunset com músicas que demonstravam seu poder vocal, além dos singles atemporais como “Price Tag”. Mesmo doente, a cantora deu tudo de si e levar grande parte do público ao seu show.
Já no Palco Mundo, Ivete Sangalo, como sempre, foi aclamada por fãs e todos os presentes. Misturando seus grandes sucessos ao funk e o axé, a cantora tirou todos do chão e ainda fez um cover de Ludmilla e Anitta. Ivete Sangalo é Ivete Sangalo, né mores.
Logo em seguida, pela primeira vez no Brasil, o Goo Goo Dolls começou sua apresentação animada, mas não conseguiu manter até o fim. Será que os 33 anos de espera dos fãs valeram a pena, afinal? Por fim, o grande headliner da noite, Bon Jovi, conseguiu a satisfação plena do público, ao fazer um show da mesma turnê do show do último Rock in Rio, em 2017. Uma fã subiu ao palco para ganhar carinho do cantor, e apesar de não estar em sua plena forma, Jon manteve a animação do público até o último segundo.
Fique ligado no Beco Literário que durante a semana teremos outras matérias utilitárias sobre o Rock in Rio pra você que vai, e uma cobertura completa pra você que não vai. O que você achou do primeiro final de semana? Comenta aí pra gente!