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Livros, Resenhas

Resenha: Plataforma 11 – Uma história de amor, Roberta Carbonari e Paulo Muzy

“Eu amei e coloquei no papel cada lágrima e sorriso, tendo sido de tudo o que vivi, este o maior desafio. Escrever para vocês essa história para celebrar o amor, foi em parte reviver cada saudade, porque quem ama para uma vida, sofre na mesma intensidade. Portanto, dê atenção as pausas entre as palavras. Nesse branco da folha, que existe em tanta abundância quanto os pretos das letras, está cada segundo que permiti que essa mulher ficasse longe de mim. Leia os espaços, sim: são necessários para se compreender que cada momento feliz contém , em si, a tristeza pela sua irrecuperabilidade e singularidade – tornando a vida nem justa e nem certa, mas equilibrada. Leia as palavras com um sorriso, mesmo que sem querer você se reconheça nas pausas e se emocione, só porque estou pedindo. Porque a condescendência de um sorriso em uma emoção intensa é o bálsamo que contamos nos momentos mais íntimos nos quais parece que nossa alma fica boiando nos olhos… E não é por isso que os amantes choram nas despedidas?” Nota do Paulo

Não poderia iniciar a resenha de Plataforma 11, sem antes sobrelevar este trecho da nota do Paulo ao final do livro. Creio que após esta leitura inicial, o seu instinto literário foi aguçado e o seguinte questionamento pairou sobre a sua mente – se ‘isso’ é a nota, imagine o que está descrito no decorrer dos capítulos?” Sim, elementar meu caro Watson!

O escrito “Plataforma 11: Uma história de amor” é um romance autobiográfico escrito por Paulo Muzy e Roberta Carbonary e, ambos profissionais da área da saúde, constroem sua imagem como figuras públicas não só como influencers em atividades físicas, boa alimentação e um estilo de vida fitness, mas como um casal apaixonado que descobriram e redescobriram o valor de seus sentimentos.

Muzy e Carbonary expressaram um pouco de sua história de amor, e como eles mesmo descreveram, teremos uma continuação dessa linda história editado em papel.

Ao todo são vinte e cinco capítulos intercalados pelo casal, uma curiosidade: Paulo Muzy inicia e conclui o livro escrevendo o primeiro e último capítulo, ou seja, temos o depoimento de um homem apaixonado que inicia seu conto de amor em um jardim praiano e termina encontrando uma ficha médica bastante singular depois de nove anos de silencio entre os dois, ironias do destino.

Em alguns capítulos, como foi discutido, tem-se a voz de Roberta nos guiando em uma série de acontecimentos e rapidamente em outro capítulo, Paulo pega nossa mão e decide nos acompanhar reproduzindo afinco cada momento. Durante a leitura, corremos ao lado de Roberta pelas máquinas e sentimos o incomodo da areia em nossos dedos com Paulo, ambos possuem um certo tom de detalhismo, portanto, a leitura do romance se torna bem adocicada e ilustrativa.

“Pensei em lhe enviar o livro que começamos a escrever, ainda inacabado… Como uma forma de dizer que queria que ele o terminasse, e que queria um final feliz… Claro que me envergonhei disso também. Só salvei o arquivo, pois o teclado seria meu ombro amigo.” (capítulo 23, página 115)

Sim, estou considerando essa produção como um exemplar híbrido, adocicado como um romance de banca de revista; inquieto com o fomento da “quase” incompletude do amor, característica típica do romance medieval e de cavalaria, príncipe e princesa em constante encontros e desencontros, mas como a Roberta Carbonary nos ensina: “o que tem de ser, tem muita força…”

Certa vez, li um ensinamento chinês que diz assim: ás vezes, encontramos nosso destino no caminho que tomamos para evitá-lo, a última carta, a última crise, a última conversa pelo telefone só foram algumas peças de um quebra cabeças que demoraram alguns anos para saber onde são os seus lugares certos, e quando descobriram, tudo foi reconhecido como um sorriso escanteado. Todos temos nossas histórias e nossos conflitos, e somos guerreiros de nossas próprias batalhas, o amor só é encontrado por guerreiros que decidem combater as próprias guerras e vencê-las, pois, quando o assunto é Amor, ele se manifesta com toda força.

Livros, Resenhas

Resenha: O Francês, Daniel de Carvalho

Lançamento da Editora Pandorga, O Francês, escrito pelo administrador de empresas, Daniel José de Carvalho, conta uma incrível história de amor entre um francês e uma descendente de indígenas tupi-guarani. Esta relação é brutalmente interrompida para ressurgir com todas as forças depois de 272 anos.

Uma parte desse caso de amor se passa no município de Carvalhos, no Estado de Minas Gerais, no ano de 2013. A outra parte se passa no Arraial dos Franceses, na Capitania de Minas Gerais, no século XVIII. O “Mon Journal”, um estranho diário, desaparece misteriosamente no ano de 1741, no Arraial dos Franceses, para ser encontrado apenas no ano de 2013 em Carvalhos. Tal diário é o elo que esclarece a relação entre os dois casais de épocas tão distantes e tão diferentes.

O autor viajou diversas vezes a trabalho, permanecendo longas temporadas em diversos países da Europa, Ásia, África, América do Norte, Central e do Sul. Essas viagens lhe deram a oportunidade de conviver com muitas famílias e pessoas de outras culturas, enriquecendo seu conhecimento da natureza humana e ajudando-o na composição dos personagens. Com 232 páginas, este romance também tem uma pitada de suspense, que fará o leitor se envolver e se encantar com a narrativa rica em detalhes.

“Se você não existisse, por que eu existiria?”

O escritor Daniel de Carvalho certamente, penso eu quando li sua biografia, se inspirou em suas inúmeras viagens para retratar a sua história: O Francês. Inicio minha resenha elucidando esta afirmativa em meus pensamentos, pois seu livro retrata uma história de amor entre jovens de lugares diferentes, França e Brasil, no interior do estado de Minhas Gerais.

O livro de duzentas e vinte e oito páginas me cativou lentamente e, através da leitura, ao descobrir que eram duas histórias de amor intercruzadas, quatro vidas entrelaçadas pelo destino vivendo e revivendo o mesmo ciclo de paixão ardente e confidente em tempos totalmente diferentes, me fez reservar um tempo maior para me dedicar ao pegar o “mon journal”

O amor constrói. O amor não mente. Uma promessa feita pelo/através do amor, pode demorar mais de cem anos, mas ela se concretiza, ao ler esse livro aprendemos este ensinamento. O amor sempre cumpre suas promessas:

“O suave som dos violinos, na extasiante e tão característica acústica da igreja, mesclava-se com os murmúrios e exclamações de encanto com a beleza.” [página 228]

Sem mais delongas, o livro: “O Francês” (Editora Pandorga), narra duas histórias de amor: no primeiro momento, Jean e Karina; uma moça do interior de Minas Gerais, nascida e criada no Arraial dos Franceses, capitania de Minhas Gerais e Jean, um francês sociólogo recém formado. Anos antes, no século XVII, Andrien e Yara interpretando o mesmo estereótipo de casal. O amor tendo a oportunidade de ser vivido duas vezes.

Como toda trama a ser desenvolvida, vários acontecimentos permeiam o andamento da narrativa dando oportunidades para o aparecimento de vários sentimentos, opiniões e reflexões sobre a história. É encantador toda abordagem histórica ilustrada com a chegada da Família Dubois no ano de 1720.

É uma leitura rica e muito doce, sem contar com a estética do livro: formidável! Os detalhes em arabescos nas páginas, a fonte da letra e até mesmo, o uso da caixa alta é possível perceber a ênfase e a jogada de ideias numa possível reconstrução de um diário e também de uma carta.

Quer descobrir o poder do amor em cumprir sua palavra?

Só consigo te dar uma resposta, leia “O Francês”.

Livros, Resenhas

Resenha: Livro-me, Áurea Stela

Talvez o leitor possa considerar que o título desta obra sugira que alguém necessite desfazer-se de alguma coisa. A licença poética, contudo, permite-me transformar o substantivo “livro” em verbo. Neste caso, o verbo “livrar-se” toma para si o sentido do substantivo e deixa de significar tornar-se livre de alguma coisa, passando a exprimir a ideia de transformar-se em livro.

“Estou envolvida até o último fio de cabelo com a palavra. É uma relação de fiel cumplicidade. Eu a escrevo. Ela me descreve e explica. Eu a calo em mim. Ela diz tudo o que em mim é ininteligível. Eu dela abuso e uso prosa e verso. É ela que faz de mim poesia. Com a palavra na mão, não há solidão. Ela conta a minha história e as histórias que quero contar. É uma troca incessante entre palavras e imagens minuciosamente por elas construídas. ” Áurea Stella, 2013.

Foram com essas palavras que Áurea Stella me arrebatou em minha primeira leitura de um livro de sua autoria intitulado Livro-me, publicado pela Editora Pandorga. “Palavra minha lavra”, o primeiro de uma compilação de textos é a transcrição mais autêntica do eu-escritor/ eu-leitor de qualquer apaixonado pela leitura. A fiel tradução do mais ínfimo envolvimento entre uma pessoa e a palavra até o mais extremo relacionamento entre o ledor e a palavramundo.

Palavra essa que transforma e evolui o homem em suas habilidades retornando a sua gênese, distanciando-o de seu status quo autodestrutivo; portanto, o torna um ser mais sensível, ser mais crítico, ser mais humano.
Áurea Stella escreve para o seu leitor um diário de estilhaços, um devocional de observações dos questionamentos do cotidiano com uma leve pegada filosófica e jogo de ideias, tecendo assim um texto leve e profundo.
Alguns títulos que são encontrados no livro (exemplifiquei aqueles que marcaram a minha memória ao remeter a obra futuramente):

  • Só queria entender (p.53)
  • Todo mundo (p.45)
  • E a vida o que é? (p.31)
  • Confuso (p.39)
  • Não é para entender (p.57)
  • Quem sou (p.79)

Exemplo o fragmento denominado de “Minha morte”, dialética nem de longe tão simplista e nem de perto tão usual, a ressignificação do conceito morte e a sua justificativa prende a atenção em uma leitura ligeira. Rapidez, essa é uma característica marcante nos escritos da autora. Os textos não são extensos e com uma linguagem bem simples e objetiva, a escritora alcança qualquer tipo de leitor, seja experiente ou calouro. Sem contar na estética do livro, gracioso.

Cada texto um conto, cada conto um retalho e a cada retalho uma nova forma de vestir uma ideia. Ao tentar entender o livro, é possível compará-lo a um diário, pois em cada texto está descrito o dia de sua criação. Ao todo são trinta e seis textos e entre eles: contos (a maioria) e poemas (alguns), distribuídos em 123 páginas.

Não “livro-me” da possibilidade de reler este livro futuramente.