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TAG: 5 melhores personagens femininas da literatura

A TAG de hoje é sobre as 5 melhores personagens femininas da literatura. Claro que é muito difícil listar somente 5, já que, cada vez mais, as mulheres vêm lutando pelo seu protagonismo, o que não é diferente nos livros. Porém, podemos dizer que essas 5 personagens iniciam uma lista infinita de mulheres fortes, independentes e aquém aos padrões ditados pela sociedade.

1 – Aurélia Camargo (Senhora, de José de Alencar)

Aurélia é a protagonista de Senhora, um livro de José de Alencar, publicado em 1874. Na trama, Aurélia era filha de uma costureira pobre e se apaixona por Fernando Seixas, um homem ambicioso que a despreza por querer se casar com uma mulher rica. Com a morte da mãe e uma herança inesperada do avô, Aurélia ascende de classe social e atrai novamente a atenção de Fernando. Com isso, ela propõe um acordo em forma de vingança: um casamento arranjado em troca do dinheiro que ele tanto queria. Assim, ela deixa bem claro o tempo todo que o está comprando, porém, o sentimento não some e Aurélia sofre bastante com sua própria vingança antes do final feliz.

O que coloca Aurélia em primeiro lugar é a sua personalidade forte e o papel que ela desempenha na história. Ao observarmos o contexto, a sociedade carioca do século XIX, não acha-se muito comum uma moça jovem e sozinha agir assim com tanta incisão e firmeza, administrando seus próprios negócios e até comprando seu próprio marido. Aurélia pode ser claramente vista como uma mulher feminista que, apesar de sofrer as consequências de seu próprio plano de vingança, age como tal para se posicionar como dona de si e contra a hipocrisia da sociedade da época.

2 – Capitu (Dom Casmurro, de Machado de Assis)

Capitu é a coadjuvante do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis. Narrada por Bentinho, a história tem como enredo principal seu romance com Capitu que acaba em um casamento cheio de desconfiança com uma possível traição entre Capitu e seu melhor amigo. Afinal, Capitu traiu ou não traiu Bentinho? Ninguém nunca saberá e, talvez, nem o próprio Machado de Assis sabia. Porém, o relevante para esse post é o espírito livre e independente de Capitu que não se deixou abalar pela insegurança de Bentinho, mantendo sua personalidade forte e não cedendo às pressões de uma sociedade machista que a rotulava como “dada” demais para uma moça de família.

3 – Elizabeth Bennett (Orgulho e Preconceito, de Jane Austen)

Chamada de Lizzie pelas irmãs e pela melhor amiga, Elizabeth Bennett não se intimida diante da possibilidade de não receber herança do pai por ser mulher e não encara o casamento como a única coisa que ela deva almejar na vida. Orgulho e Preconceito é um romance de Jane Austen e se passa na antiga Inglaterra, quando as filhas não tinham direito à herança, ou seja, a maior preocupação dos pais era casá-las antes de sua morte, senão, ficavam na rua ou à mercê dos cuidados de outros parentes. A família Bennett tem 5 moças solteiras, então, o desespero exala a cada página.

Ao longo da história, vemos os esforços da mãe em arranjar bons casamentos para as filhas, porém, uma delas, Lizzie, não aceita muito bem essa história. Voluntariosa, inteligente, curiosa e leitora voraz, Lizzie não se importa com a postura, etiqueta, bailes e sua posição na sociedade. Ela também não se importa se terá direito a herança ou não, não tendo medo do trabalho e em ter que se cuidar sozinha. A única coisa com que Elizabeth Bennett se importa é se manter dona de si mesma, não aceitando de forma alguma se vender para qualquer um em troca de dinheiro e posição social. Quem leu o livro sabe que ela conhece o Mr. Darcy e que, depois de muitas brigas e desentendimentos, ele se mostra digno de se casar com ela e é aceito, porém, sempre é deixado bem claro que ele nunca seria seu dono e nunca a diria o que fazer.

4 – Gabriela da Silva (Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado)

Gabriela da Silva é uma sertaneja que migra do agreste baiano para Ilhéus em 1925 em busca de trabalho e uma vida melhor. É levada pelo árabe Nacib até seu bar e assume a cozinha como cozinheira, já que sabe usar bem os temperos baianos. Logo, chama a atenção de todos os homens da região por ter a cor da canela, o cheiro do cravo e uma beleza e sensualidade sem igual. O próprio Nacib não resiste e, após um tempo mantendo relações com Gabriela, resolve casar com ela, porém, a moça não cede às obrigações e costumes da época para uma mulher casada, já que sempre foi fiel aos seus desejos e vontades.

Após Gabriela ser flagrada na cama com outro, Nacib anula o casamento, mas a mantém como cozinheira e amante como antes, se conformando com a situação e aceitando o espírito livre de Gabriela, que é quem personifica as transformações de uma sociedade patriarcal, arcaica e autoritária em pleno nordeste brasileiro.

5 – Luna Lovegood (Harry Potter e o cálice de fogo, de J.K. Rowling)

Luna Lovegood é uma personagem da saga britânica Harry Potter que inicia sua jornada no quarto volume da série. Filha de Xenofílio Lovegood, autor da revista O Pasquim, e órfã de mãe, Luna está nesta lista por uma característica muito peculiar: ela não se importa com o que pensam sobre ela. Apesar de ser uma característica simples e parecer até “bonitinho” em uma história escrita originalmente para crianças, Luna nos traz uma lição que vai muito além disso.

Em algumas partes da história, vemos Luna sofrer bullying por agir diferente dos outros alunos. Ouvimos as risadas, vemos o revirar de olhos, o desconforto de alguns ao redor… Luna acredita em seres místicos que, apesar da trama fantasiosa, não existem no mundo mágico de Harry Potter, como uma criança que acredita no Papai Noel ou na Fada do Dente. Luna se veste como acha melhor e mais confortável, apesar de usar certos acessórios que não vemos as outras meninas de sua idade usarem. Luna dança conforme sente a música, mesmo que isso signifique dançar diferente de todo mundo ao redor. Enfim, Luna Lovegood é feliz e satisfeita em ser quem é, não se importando nunca e nem um pouco com o que pensam sobre ela.

A mensagem que isso passa para as meninas que assistem a saga é maravilhoso, afinal, o que mais temos na nossa sociedade é a pressão em seguir o padrão e a eterna frustração de nunca alcançar esse padrão. Seja pelo corpo perfeito, a personalidade perfeita, a inteligência perfeita… Se, assim como a Luna, nos importássemos mais com quem somos e o que gostamos, e menos com o que pensam que devemos ser, seríamos muito mais felizes.

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