Você com toda certeza já percebeu que k-pop está super alta no mundo todo, certo? O artistas coreanos têm conseguindo ultrapassar as barreiras linguísticas e tem colecionado fãs em todo o globo. Neste ano o Billboard Music Awards incluiu a banda BTS na categoria “Top Social Artist”, categoria em que o vencedor é escolhido pelo público através do Twitter. O resultado? Mais de 300 milhões de votos na boyband coreana, que desbancou grandes artistas americanos que concorriam na mesma categoria: Justin Bieber e Ariana Grande. Mais um exemplo: Vendo o quanto estes artistas geram interações nas redes, o Teen Choice Awards criou do dia para noite uma nova categoria em sua premiação: “Choice International Artist”. A categoria foi criada no dia da premiação justamente para que o evento aparecesse como um dos mais falados no mundo. Na hora de anunciar o vencedor não foi reproduzido nenhuma imagem dos concorrentes ou do próprio vencedor, que também foram os BTS. Mas serviu como exemplo de que a grande mídia notou o poder destes artistas e que pretendem usá-los para atrair mais público.
https://www.youtube.com/watch?v=abSyBLWT3MM
No Brasil não é diferente. Os primeiros artistas de k-pop a trazer seus shows para cá foram Beast, 4 Minute e a cantora G.NA em um festival há 6 anos. De lá pra cá vieram vários outros, que esgotaram apresentações em minutos: Super Junior, NU’EST, BTS e PSY. As músicas chicletes, coreografias insanas e grandes produções no palco atraem muita gente e o principal: muito dinheiro.
Meu primeiro contato com este gênero musical, se assim podemos chamar, foi com a cantora BoA e seu clipe de “Hurricane Venus” e “Copy & Paste”. Fiquei muito fascinado pela dança super sincronizada e o fato dos vídeos gritarem “alto orçamento”. Fui conhecendo outros artistas e vendo que ser um artista de k-pop é uma verdadeira indústria em torno de cada artista. É notável que as gravadoras estão antenadas em tudo que gira em torno dos performers e tentam trazer tudo que existe de melhor para promover as músicas. E pesquisa após pesquisa, vi o que estava um pouco óbvio: a ‘escravidão’ que os artistas devem sentir. É preciso muito treinamento e foco para conseguir fazer o que eles fazem. Aí você pensa: mas é assim com tudo, tudo requer força de vontade. Mas eu te respondo aqui que: as coisas que acontecem em volta disso tudo não é apenas força de vontade.
Você acha que tem aquele “X-Factor” que te diferencia das outras pessoas e star quality para brilhar nos palcos? Isso não é suficientes. Antes, é necessário se inscrever em um programa de “trainee” das grandes gravadoras. Isso é: ser submetido a um treino exaustivo de canto, dança, rap, idiomas, presença de palco, enfim. Tudo que é necessário para ser um grande artista. A inscrição é feita durante algumas épocas do ano. São treinos exaustivos e que ignoram o bem estar das pessoas. Se ficar doente, treina do mesmo jeito.
Em algumas gravadoras é feita uma segunda audição após o primeiro mês de treinos, e aqueles que não demonstraram evolução ou que não estão no mesmo nível dos demais são eliminados.
Ser separado da família, mudar de cidade e abandonar tudo que se conhece: a partir da segunda etapa é como se o exército se tornasse fichinha para aqueles que desejam o estrelato. Seus índices de gordura corporal são medidos todos os meses. É importante se manter magro, com um corpo ‘padrão’ e caso isso não aconteça as chances de ser eliminado são grandes. A alimentação de ‘trainee’ se resume a batata doce e frango, se quiser comer algo além disso, pague do próprio bolso, mas arque com as consequências depois.
Treinos como correr em uma sala de prática 10 vezes cantando, canto enquanto faz flexões ou bate no seu estômago são considerados práticas comuns, que visam aumentar o seu poder vocal e desenvolver os músculos. Começam a moldar a sua aparência para que fique melhor ao mercado: cirurgias plástica a partir dos 15 anos, visando trazer aquele estilo meio ‘boneca’ que vemos nos clipes musicais.
Em 2015, uma dessas empresas coreanas tentou criar um grupo de k-pop brasileiro (?) e um dos seus ‘trainees’ contou como era a sua rotina para tentar estrear como artista:
Um ex-trainee coreano-americano também descreveu seus dois anos na empresa, antes de optar por retornar aos Estados Unidos depois que seu contrato expirou. “Todos nós tínhamos começado a trabalhar muito duro. A escola acabou por ser a nossa última prioridade enquanto causar uma boa impressão nos representantes, funcionários e o CEO da empresa, era a primeira prioridade“, escreveu ele. “Esta foi uma época terrível para mim. O amigos que eu tinha feito foram lentamente tornando-se rivais“.
No país, os fãs se orgulham de saber as dificuldades de seus ídolos antes de chegarem ao estrelato. Somente o fato deles conseguirem se lançar na mídia já é um fato a ser celebrado, dado as dificuldades envolvidas para conseguir isso.
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