Confesso que enrolei para assistir à segunda temporada de Heartstopper na Netflix porque eu só tinha lido os dois primeiros livros da série, até então, que tinham sido adaptados na primeira temporada. Eu queria ler os outros antes, mas não rolou, então acabei iniciando a segunda temporada mais tarde, mesmo assim. Não li o terceiro e o quarto livro, então, minhas opiniões nesta review serão baseadas exclusivamente na série, sem comparar com os livros desta vez.
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A segunda temporada de Heartstopper inicia com uma atmosfera em que Nick Nelson (interpretado por Kit Connor) e Charlie Spring (interpretado por Joe Locke) estão namorando e, agora enfrentam novos desafios: contar ou não contar para os amigos? Como os amigos de Nick vão reagir ao descobrirem que ele é bissexual? Será que ele vai sofrer preconceito como Charlie sofreu quando se assumiu gay no passado? Todos esses medos giram na cabeça de Nick enquanto Charlie espera não precisar mais viver em segredo a fase mais feliz da sua vida.
O primeiro passo para Nick é contar para Imogen (interpretada por Rhea Norwood), uma das melhores amigas dele e ex-crush dele. Ele até tenta, mais de uma vez, mas se sente travado com o medo da rejeição. Charlie e seus amigos então armam uma tarde de filmes e pizzas em casa para que ele se sinta em um lugar seguro. Lá, todos já sabem, menos ela. Ele rodeia, rodeia, rodeia e por fim, conta. Ela age com naturalidade e revela que está ficando com Ben (interpretado por Sebastian Croft), o que não agrada Nick.
Os oito episódios de Heartstopper são curtinhos (assim como os livros são de fácil leitura) e preciso dizer que a segunda temporada demorou um pouco para engatar. O ritmo slow burn por ser uma série adolescente atinge seu ápice nessa temporada e fica slow slow slow slow burn. O relacionamento de Charlie e Nick parece não evoluir, principalmente quando Tao (interpretado por William Gao) começa a se apaixonar por Elle (interpretada por Yasmin Finney). O relacionamento deles também segue uma linha mais lenta (afinal, todos eles são adolescentes), mas queima um pouco mais rápido que o dos protagonistas.
A narrativa fica ainda mais fria no segundo episódio, quando as notas de Charlie começam a despencar na escola e seus pais atribuem a culpa a Nick e o deixa de castigo. Aqui, Tao também começa a se irritar com Elle que está fazendo novos amigos na escola de arte que ela deseja entrar e conhecemos David Nelson (interpretado por Jack Barton), irmão mais velho de Nick que invade sua privacidade constantemente e quer descobrir quem é Charlie. Entendo que a gente precisa entender a jornada de descoberta de cada um, mas essa segunda temporada foi extremamente lenta para mim. Parecia que nada ia pra frente nem pra trás em momento algum.
O negócio melhora nessa temporada de Heartstopper só depois do quarto episódio quando as crianças tem uma viagem da escola para Paris. Mas, como aqui a gente já está acostumado a receber poucas migalhas das relações entre os personagens, a gente se contenta com pouco. Dá raiva quando Charlie e Nick precisam dormir em camas separadas porque nenhum deles tem boca para falar com seus amigos? Dá, muita. É compreensível que os dois possuem processos internos muito complexos como pessoas LGBTQIAP+, mas sinceramente… cansa.
Para se ter uma ideia, a série começa a esquentar de novo quando Charlie aparece em Paris com um chupão no pescoço e Isaac (interpretado por Tobie Donovan) aparece com um interesse amoroso. Nesse ponto eu só queria ver o romance dos dois, porque Nick e Charlie ficam numa eterna espiral de não devemos mais andar juntos em Paris, não devemos nos beijar, você não vai me beijar, será que eu conto, será que não conto? Me sinto um adulto amargurado quando digo: haja paciência pra romance slow burn (e olha que eu nem sou o maior amante de fast burn).
Elle e Tao conseguem se entender e assumir seu relacionamento, Isaac consegue se compreender melhor como uma pessoa assexuada e arromântica, Tara (interpretada por Corinna Brown) e Darcy (interpretada por Kizzy Edgell) passam por uma crise e resolvem, mas Nick e Charlie… ficam a temporada toda NA MESMA.
Eu confesso que torci muito para o Ben voltar para Charlie e dar uma apimentada na história, principalmente depois que Imogen termina com ele em Paris e ele se arrepende de ter perdido o garoto, mas o máximo que a gente tem é um encontro rápido no penúltimo episódio em que Charlie fala mil verdades na cara de Ben e sai de mãos dadas com Nick rumo ao baile. Talvez eu não seja mesmo o público alvo de Heartstopper hoje em dia, porque eu só conseguia assistir pensando que eu queria reviravoltas, pegação, atitude e um pouco mais de rapidez nas coisas. Não sei se é pior namorar Nick Nelson ou Charlie Spring, sinceramente.
Ok, agora que eu já falei toda a minha frustração com essa temporada, eu vou finalizar falando bem e te incentivando a assistir Heartstopper, porque ainda sim é uma série necessária para adolescentes e crianças LGBTQIAP+. Eu digo e repito que queria ter tido (e ter visto) essa série quando era pré-adolescente, quando precisava desse colo. Talvez, se hoje em dia eu ache lenta, foi porque não tive esses referenciais lá atrás quando gay era associado à promiscuidade. Apesar disso tudo, uma das cenas finais após o baile do colégio em que todos eles dançam juntos ao som de seven da Taylor Swift, fez toda a minha raiva valer a pena – foi fácil, uma das cenas mais bonitas de toda a série até agora.
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