O passado do Mercenário sempre foi envolvido por mistério, mas o roteirista Daniel Way soube ligar vários pontos para explicar sua infância, tudo que lhe ocorreu é explicado de uma forma em que o leitor é surpreendido a cada reviravolta, seus motivos e também seu lado psicopático, que é cada vez mais evidente no decorrer da história. Apesar de tudo, Mercenário abraçou esse seu lado de uma maneira como poucos vilões o fazem, ele de fato se diverte ao matar e torturar seus inimigos e vítimas, fazendo com que ele seja um vilão imprevisível e extremamente perigoso.
A arte feita por Steve Dillon é detalhada, com leves mudanças de contrastes, seus traços são suaves e precisos, demonstrando com precisão o quão incríveis e mortíferas são as habilidades do Mercenário, que consegue desarmar uma granada com um mero palito de dente e utilizar objetos cotidianos como armas mortais.
O Mercenário está preso, mas deixou uma surpresa para o governo, plutônio escondido em três lugares diferentes, pondo em risco milhares de vidas inocentes. A fim de evitar uma tragédia, dois agentes especiais são enviados para tentar arrancar informações do prisioneiro, o agente Baldry e o agente Holskins entram no complexo de segurança máxima com o objetivo de interrogar e conseguir informações estratégicas do Mercenário, que está algemado e privado de qualquer objeto que possa utilizar como arma, pois suas habilidades o permitem atirar qualquer objeto com precisão e força fatais.
O interrogatório começa com o agente Baldry abordando a infância do vilão, esperando ser capaz de desestabilizar o seu psicológico e frustrá-lo até o ponto de cometer um deslize vazando as informações necessárias. Mercenário revela ter um irmão mais velho e que na infância ambos sofriam com um pai alcoólatra e abusivo, que batia na mulher e nos próprios filhos, revelando que seu irmão mais velho chegou ao limite de atear fogo na própria casa numa tentativa de matar o próprio pai.
Na última bola do jogo, Mercenário decide abandonar a partida porque, em suas palavras, “perdeu o tesão”, assim ele pede para ser substituído, mas o treinador o convence a jogar a última bola, ele aceita, decidindo que assim pode se “divertir” um pouco. Ao invés de lançar a bola para eliminar o batedor, ele a joga em sua cabeça “eliminando-o” de sua existência, provocando uma verdadeira comoção na plateia chocada, depois disso Mercenário é expulso da liga e levado para a CIA para trabalhar como um assassino.
Mercenário – Anatomia de um assassino nos mostra em profundidade parte da origem do principal vilão do Demolidor, o fato de ele se divertir matando seus inimigos demonstra que ele não teme a morte, ele não só se diverte matando, mas o que mais lhe traz satisfação são os meios que utiliza para matar, qualquer coisa é uma arma em sua mão, isso fica bastante evidente nessa HQ, um personagem sarcástico, imprevisível, calculista e extremamente perigoso. Uma leitura recomendada para quem gosta de vilões que abraçam seus destinos, e tiram prazer nisso, O Mercenário, como o próprio nome já diz, faz qualquer coisa pela quantia certa e realmente não há nada que ele não possa fazer.