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Resenha: Biblioteca das Almas, Ranson Riggs

Há quem diga que o terceiro e último filme sofre de uma maldição, e, portanto será inferior aos dois filmes anteriores. No cinema, temos alguns bons (nem tão bons assim) exemplos, mas aparentemente, essa maldição afeta outras mídias, infelizmente, Biblioteca das Almas é um exemplo claro que essa maldição afeta também a literatura.

Dentre os três livros, esse é o mais decepcionante. Durante a leitura de todos os outros, um conceito fica claro, o poder do Jacob é a super conveniência, pois, diversas vezes conflitos foram resolvidos de forma tola, apenas para dar andamento na história. Como por exemplo, ele e Emma encontrarem o barqueiro aleatoriamente na cidade, quando ao mesmo tempo o barqueiro o esperava há anos. Alguém na Pixar já falava, “coincidências devem colocar o personagem em problemas, não tira-lo”.

O livro tem um ritmo acelerado e isso encaixou bem, não há tempo para discutir, o sentimento de tensão consegue perdurar em alguns momentos. As fotos sem duvidas são um dos grandes atrativos dessa saga, foi algo inovador e usado de forma a dar uma “veracidade” maior, embora uma ou outra foto pareça deslocada demais do contexto, foi com certeza o melhor dos livros.

Ao terminar essa obra, pode-se compará-la a um filme de domingo, daqueles cheios de explosões. Você sabe que ele não é o melhor, e se prestar atenção até encontra alguns erros, mas se deixa levar e ignora tais erros. E como ele tem momentos que poderiam ser melhorados…

O desfecho — e o vilão da história, na verdade — foram deprimentes. A passagem de Caul na caverna é quase que um plágio à cena final do filme Scooby-Doo de 2002, em que o Scooby Loo fica gigante, coincidentemente nesse filme também havia almas em forma de plasma azul!

Outro ponto tremendamente fraco, e até ridículo, foi aquela trupe de crianças atacando uma tropa de homens armados, essa passagem é indigna até mesmo de um livro voltado ao público pré-adolescente escrito sem revisão. A batalha entre acólitos e etéreos era convincente, mas uma turma de crianças e velhinhas avançar contra uns 30 homens armados e ninguém sair mortalmente ferido é bobo demais, a menina que tinha a boca na nuca tinha o que? Uns nove anos? E ainda havia pássaros bicando a cabeça dos soldados e bonequinhos cutucando as botas dos soldados… Que tipo de soldados são esses que não fuzilam essas crianças?

É grupo de garotos guiados por outro garoto montado, flutuando sobre algo invisível, não deve ser algo difícil de mirar. Lembre-se que em outros confrontos contra acólitos durante a saga os desempenhos deles era dignos de cenas dos trapalhões, e no final conseguiram enfrentar uma tropa inteira e sair ilesos, não há supressão de realidade que possa aceitar isso, pois a própria realidade do livro nos levava a entender que era impossível.

Quando Jacob se perguntou sobre seu poder foi um momento engraçado, pois era algo questionável desde o começo, ao menos foi dada uma explicação qualquer para sua super conveniência. A despedida do Jacob foi divertida, pessoalmente gostaria que o autor finalizasse de forma a deixar o Jacob num hospício enquanto jurava que peculiares existiam. Mas um final feliz parecia o melhor para se vender.

Brincar com o tempo sempre é confuso, ao fim algumas dúvidas ainda resistiram, como por exemplo:

— Quando eles estavam em Londres durante um bombardeio, eles não estavam sobre a influência de nenhuma fenda, pois a fenda que eles viviam já tinha sido destruída, portanto qual seria a explicação falar que o futuro continuaria o mesmo (dá a entender que as ymbringnes falavam sobre o futuro ser impossível de ser mudado apenas para controlar as crianças, e isso seria uma mentira muito cruel).

— Se o irmão do Caul tinha sido pego e obrigado a construir o polifendador, Caul não deveria deixar acólitos de guarda ou prender o irmão constantemente na torre, é serio que ele não achou que alguém que poderia ser perigoso para eles ficasse morando livremente a algumas quadras do quartel general do mal seria… Perigoso? Caul definitivamente não conhece o conceito de estratégia.

— O que eles vão fazer com os etéreos restantes?

— Eles deixaram aquele preso no polifendador sofrendo?

— Então tecnicamente a única habilidade restante e aproveitável do Jacob é entrar em fendas?

Em suma, é um livro divertido, mas cheio de confusões, é como um filme trash, você para aproveitar deve desligar o cérebro. Porém, a saga ao todo não é um tempo de leitura totalmente perdido, apenas divertido, mas ainda carrega a maldição do terceiro capitulo. Veja também as nossas resenhas do primeiro e segundo livros.

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