45 do primeiro tempo, Patrick Santos
Livros, Novidades, Resenhas

Resenha: 45 do primeiro tempo, Patrick Santos

De leitura rápida, 45 do primeiro tempo é o primeiro livro do jornalista Patrick Santos, nascido em São Paulo, que ficou a frente de vários projetos na Rádio Jovem Pan por muitos anos, até que decidiu tirar um período sabático, deixando para trás uma carreira executiva estressante para encontrar mais equilíbrio em sua vida.

O livro é escrito como se fosse uma partida de futebol, em duas partes e com capítulos que também lembram certos momentos que rodeiam o jogo. Na primeira parte, Patrick comenta sobre as decisões e pensamentos que o fizeram chegar até o ano sabático. Com capítulos como “O caminho até o vestiário” e “Bate-bola na livraria”, ele tenta se encontrar e refletir se essa é mesmo a melhor decisão a se tomar naquele momento, levando em conta seu passado, presente e futuro, afinal, depois do sabático a vida continua.

Em certo ponto dos primeiros capítulos, o autor chega a comentar sobre suas primeiras experiências como estudante de Jornalismo e é impossível não se identificar. Acho que todos nós, jornalistas ou estudantes, chegamos na faculdade com aquela vontade de mudar o mundo com as nossas palavras, levando um pouquinho de cada um daqueles que admiramos na mochila.

Logo depois, ele conta sobre suas idas a livraria e esse é um outro momento que me identifiquei bastante e marquei para comentar. Santos fala sobre os livros milagrosos, que dizem que “basta querer mudar de vida para tornar-se um homem de sucesso”, que muitas vezes faz o efeito contrário na vida das pessoas e traz uma vida fadada ao fracasso, induzindo as pessoas a olharem suas dificuldades como uma falha de atitude. Sim, dramas reais exigem atitudes reais, não dez regras receita-de-bolo para mudar.

O autor então dá play no seu tão sonhado período sabático, na segunda parte do livro e nessa parte, somos transportados para sua vida pessoal como um livro aberto, literalmente. Aqui me identifico novamente quando ele comenta sobre pessoas revoltadas por vidas não vividas. É pesado conviver com elas ou somente estar ao lado delas.

Você já reparou como é pesado estar ao lado de alguém que cospe revolta por uma vida não vivida? A pessoa não sorri, nada pulsa nela, a não ser o pessimismo. Está morta, só não se deu conta do fato.

Outro ponto que vale a pena comentar é como nós jornalistas somos iguais em essência. Há um capítulo chamado “O mundo em meu bairro”, em que Patrick comenta que antes de conhecer o mundo, devemos conhecer o bairro em que vivemos, que me transportou diretamente para o meu primeiro semestre na faculdade de jornalismo. Chegamos entusiastas por fazer matérias investigativas criminais que revelariam para o mundo as falcatruas do governo. Minha professora olhou e disse as exatas palavras de Patrick: antes vocês precisam conhecer os problemas do bairro de vocês. E essa foi minha primeira matéria no jornalismo, meu bairro e os problemas de acessibilidade nas calçadas. Fui bloqueado por pelo menos cinco vereadores e meses depois, algumas reformas “de rotina” da prefeitura começaram nas ruas adjacentes a minha. Antes de mudar o mundo, podemos mudar o nosso primeiro mundo.

O livro se encerra com o fim do período sabático de Patrick Santos, e ele diz que pode reencontrar sua história e compreender que todos temos problemas, o que muda é a forma com a qual lidamos com eles. Revigorado, o autor agora se prepara para o início do seu segundo tempo no gramado da vida.

Posso estar sendo utópico, mas acredito firmemente que é preciso dar um sentido a nossa vida, cada um de nós, para que o mundo do futuro não seja apenas destruição e morte. É hora de subir as escadas e voltar ao gramado. O segundo tempo vai começar.

Anterior Seguinte

Você também pode gostar de...

Comentários do Facebook







Sem comentários

Deixar um comentário