Um dos maiores desafios no trabalho de orientação vocacional é conduzir a expectativa dos pais diante da escolha profissional dos filhos, especialmente quando os pais criam expectativas de que os seus filhos devam herdar os seus negócios ou que sejam médicos, advogados ou engenheiros. Sem dúvida, os pais exercem um papel fundamental nessa fase acerca da decisão profissional dos seus filhos, mas até que ponto eles devem-se envolver?
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Gabriela Azevedo, psicóloga e coordenadora da Academia de Talentos do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), acostumada a atender alunos e pais temerosos quanto ao futuro profissional de seus filhos, alerta que o grande desafio parte dos jovens, por julgarem não corresponder aos desejos dos pais. “Não há filho que queira decepcioná-los, porém não ter espaço para se diferenciar e se apropriar de sua identidade e aspirações é frustrante”, alerta a especialista.
Há muitos pais que adotaram crenças sobre o sucesso, como ter um “bom trabalho” ou a “vida ideal”. “O que passamos para nossos filhos baseia-se nessas crenças e em nossas próprias experiências. Embora possamos guiá-los para longe de algumas das armadilhas que encontramos, eles inevitavelmente cometerão erros ao longo da jornada, que são vitais para seu crescimento pessoal”, reforça Gabriela.
Qual a reflexão para os pais?
Todos os pais querem que os seus filhos sejam bem formados, estabeleçam belas carreiras, sejam éticos em suas condutas e felizes em sua vida pessoal. O conflito, contudo, acontece quando os pais não conseguem perceber que o sucesso profissional pode acontecer com a carreira que o filho vier a escolher, e não necessariamente com aquela que os pais desejam para ele.
“Muitos pais acreditam que, ao escolher cursos tradicionais ou pressupor que o melhor caminho seja o filho assumir seu legado, estão protegendo seus filhos. No entanto, em vez de seguros, os adolescentes sentem-se anulados, desqualificados. Os medos e as vivências dos pais podem e devem ser compartilhados com os filhos, mas não projetados neles. Ou seja, os adolescentes não devem tomar para si inseguranças que são de seus pais, mas podem trazê-las para ponderação”, conclui a psicóloga.
Em termos de escolha de carreira, os pais devem:
- auxiliar, mas não ditar o processo de tomada de decisão;
- apoiar as decisões dos filhos;
- dar aos filhos liberdade e tempo para descobrir suas habilidades;
- motivá-los para desenvolverem e alcançarem sua estabilidade profissional;
- fornecer incentivos para os filhos perseguirem interesses e ambições;
- tentar incutir nos filhos uma atitude responsável e uma perspectiva madura;
- incentivar uma atitude de autoconfiança, devem ser positivos, e nunca críticos. Como pais, suas palavras terão maior efeito nos filhos.
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