O que é uma decisão fácil e o que é uma decisão difícil? Vamos começar pela fácil: ela tem pouca liberdade de escolha, consequências de curto prazo, o impacto é baixo e normalmente não afeta terceiros. “Um exemplo é a nossa alimentação. A liberdade de escolha é limitada, — me alimento agora ou não? Como algo leve ou mais pesado? E o impacto no caso de erro é pequeno – caso não haja algum problema de comorbidade em jogo, claro”, comenta Uranio Bonoldi, autor da obra A Contrapartida, um thriller que fala exatamente sobre o poder das decisões.
+ Autoria: Noventa dias, Rafaela Donadone
Já a decisão difícil, tem ampla liberdade de escolha, as consequências são de longo prazo e impacta terceiros. “A escolha de uma profissão. Um jovem saindo do ensino médio tem mais de 2000 profissões para escolher, ou seja, enorme liberdade de escolha, a noção de erro ou acerto só virá no longo prazo, o impacto é alto e envolve terceiros — imaginem um piloto de avião ou um médico que escolheram a profissão de maneira equivocada”, exemplifica o escritor.
Com o volume I lançado em 2019 e agora emplacando o segundo volume do thriller no mercado editorial, a história da trama mostra Tavinho, um jovem que perdeu o pai ainda criança, tendo que fazer escolhas que irão mudar drasticamente todos ao seu redor — o personagem vai fundo ao passado para saber em detalhes as circunstâncias que levaram seu pai à morte, mas esta ação abriu caminho para revelações de outros segredos ocultos.
“É importante saber identificar quais são as decisões difíceis, para que possamos parar e refletir melhor sobre elas. Porém jamais adiá-las ou paralisá-las, e nem deixar que os outros tomem a decisão por nós”, diz Uranio. Mas por onde começar? “É necessário buscar o autoconhecimento, saber quais são os seus valores e com base nisso, fazer três perguntas a si mesmo: estou baseando essa decisão na minha essência ou na opinião dos outros? Estou decidindo para atender apenas os meus desejos ou o que é melhor para o maior número possível de pessoas? Quais as origens e consequências da decisão?”, completa.
Decidir considerando a própria essência e não o que é externo; ponderar que quanto maior o número de pessoas atingidas positivamente pela sua escolha, maior será a chance de êxito e realização; e se refletir se as consequências de tal decisão te parecem confortáveis, assim como se os riscos são aceitáveis, são algumas das dicas do autor, que lembra de uma frase potente do filósofo Kant sobre ética: “se você não puder contar o que fez e como fez, não faça. Os motivos que você tem para não contar são os mesmos que você tem para não fazer”.
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