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Conheça o livro "Mademoiselle Zaira", de Mário Vicente

Um feto conta, a partir de uma carta anônima, o drama da mãe que, aos 15 anos, vê-se aprisionada num convento da capital, um mês após ser violentada.

Romance baseado em uma nota (notícia) de jornal, o autor cria uma narrativa densa, envolvente e instigante, permeada de suspense, mas sem perder a sensibilidade ao retratar o drama de uma adolescente nos Anos Dourados.

Abandono, tristeza, decepção e perigos marcam a trajetória de mãe e filho, tragicamente separados ainda na maternidade. Até onde iria uma mãe, desenganada pelo próprio pai, para reencontrar o filho?

Mademoiselle Zaira, fala de temas difíceis e profundos: violência sexual, abandono, rejeição, vingança, preconceito, fidelidade, amor

Saiba um pouco mais sobre o autor, Mário Vicente:

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Brasileiro, divorciado, jornalista, publicitário e escritor, nasceu em 05 de dezembro de 1960 em Cascavel, oeste do Paraná. Filho de um amante da música e do futebol, Santos Vicente (morto em 2001), que sustentava a família com sua oficina mecânica para bicicleta, motocicletas e também acordeon, e de Alvina Versino (aposentada). Mário tem uma filha, Aloha Bazzo Vicenti, pela qual alimenta um amor incondicional, um sentimento que transcende toda e qualquer dificuldade e que o leva a valorizar cada momento vivenciado na comunhão familiar, juntos ou mesmo distantes.

Na infância, Mário queria ser músico. Contagiado pelos dotes artísticos do pai, compunha, em seus cadernos escolares e em papeis que entregava ao pai, letras e poemas para serem musicados, sem nunca ter tido um resultado efetivo, apesar de suas boas intenções. Mais tarde, alimentou o sonho comum a muitos meninos: ser jogador de futebol. Conseguiu, aos 11 anos, um teste no Atlético Paranaense em Curitiba, mas foi barrado na última hora pelo próprio pai, que o queria estudando em Cascavel para ser engenheiro civil, como também para ajudar a cuidar da primeira irmã, Rosangela. Aos 13 anos, foi morar com uma tia em Blumenau – Santa Catarina, onde passou dois anos de sua adolescência entre o futebol e o trabalho numa pequena tipografia de um parente.

Aos 15 anos, trabalhou no jornalismo, quando foi assistente de fotografia de um dos primeiros jornais diários de Cascavel, no Paraná, na década de 70. O autor já escreveu uma peça de teatro amador nos anos 80: Nossa vida leviana, a qual falava sobre drogas e aborto. Publicou seu primeiro livro, de crônicas e poesias, “Natureza clandestina”, em 1987, com prefácio de Ignácio de Loyola Brandão.

Enquanto amadurecia sua veia literária, buscou novas experiências para se fortalecer e adquirir conhecimentos como pessoa e como profissional. Fundou, juntamente com outros escritores e pessoas ligadas ao mundo artístico da cidade, o MOLICA – Movimento Literário Cascavelense, em 1987. Foi sócio-proprietário de um jornal para o segmento automobilístico em São Paulo, capital, entre 1988/89 até decidir sair do país após o choque econômico da gestão presidencial Collor de Mello.

O autor viveu por quatro anos, no início dos anos 90, em Los Angeles, na Califórnia, onde teve oportunidade de fazer contatos para uma breve incursão no cinema, auxiliando em roteiros e aprendendo fotografia cinematográfica e retomou seu contato com o escritor Ignácio de Loyola Brandão, trocando cartas que o auxiliaram na construção de um ideal: seguir a carreira de escritor.

Retornando ao Brasil, escreveu e gerenciou uma revista regional, em Cascavel, ao longo de um ano. Em 1995, assumiu a assessoria de imprensa e marketing de uma das maiores Cooperativas do Brasil, a Copacol, na qual trabalhou por 11 anos e desenvolveu toda a estratégia de marketing da empresa, colocando-a em constante evidência no cenário nacional dentro do segmento frango. Nesse período, o autor também escreveu, dirigiu e produziu todas as campanhas da empresa para a televisão, em película (35mm), quando dirigiu pessoas famosas: o humorista Geraldo Magela, o ceguinho de Belo Horizonte, a ginasta Daniele Hypólito, o goleiro Taffarel para citar alguns dos mais conhecidos. Escreveu todos os jingles e o hino da empresa, usado formalmente nos eventos internos da cooperativa.

Ainda na empresa, Mario decidiu montar seu próprio jornal no interior do estado, o jornal Integração, em 2004.  Nesse mesmo ano, assessorou na produção e coordenação de campanha de um candidato a prefeito da cidade de Cafelândia.

Por curiosidade, inquietação e constante busca por aperfeiçoamento, Mario viajou para vários lugares dentro e fora do país, onde aprendeu a olhar para as pessoas considerando as diferenças, relativizando e valorizando cada cultura, procurando se despir de preconceitos e melhorando sua forma de ser humano.

Em 2007, resolveu fazer um ano sabático. Saiu da empresa (cooperativa) para fazer os 800 quilômetros do Caminho de Santiago da Compostela, o qual se inicia na França e passa pelo norte da Espanha. Essa foi uma atitude determinante em sua vida e carreira, um rito de passagem que o marcaria de forma indelével. Depois da caminhada, ele escreveu seu primeiro romance: “O homem que chorava”, publicado de forma independente em 2008, quando vendeu cerca de 800 exemplares. Foi quando decidiu apostar definitivamente na carreira de escritor, mantendo seu jornal como base de apoio e sustentação, para poder, finalmente, dedicar-se à literatura.

O autor é formado em economia pela UNIOESTE, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, pós-graduado em marketing e propaganda pela Univel e tem um MBA em Cooperativismo pela FGV.

Em 2011, escreveu, sob encomenda, o livro comemorativo da Copacol: Copacol: 50 anos na vanguarda do cooperativismo, lançado em fevereiro de 2013 com tiragem de 10 mil exemplares. Em 2013, também escreveu a história do Sicredi: Sicredi Nossa Terra 25 anos, lançado em março de 2014.

Mario Vicente lançará, muito em breve, com satisfação e entusiasmo, o seu quarto livro e o segundo de ficção: Mademoiselle Zaira, o qual levou o autor a fazer pesquisas numa cidade litorânea, instigado por uma nota publicada em jornal que lera há alguns anos sobre o caso de uma menina violentada na época do carnaval de 1957. Foram mais de dois anos até finalizá-lo, além das pesquisas científicas sobre regressão e seus diferentes métodos para validar seu personagem e a narrativa peculiar, sob a perspectiva do feto.

Se interessou por Mademoiselle Zaira? Leia um pequeno trecho exclusivo do livro!

Em sua efêmera juventude, nossa involuntária união transforma a vida dela em um mar de angústia e revolta. Por isso, a aprisionaram nas muralhas da fé, distante de sua terra natal e sem que entendesse a nódoa que acabou com sua dignidade, deixando o desespero tomar conta dela a ponto de aumentar a dimensão de seu problema: eu, que estou nessa redoma líquida tal como uma sentinela do conflito, sobrevivendo às suas fracassadas tentativas de abortar nossa insólita jornada.

Sinto sua raiva homérica, porém não entendo essa voz plangente que assombra minha alma e não aceito entregá-la sem qualquer resistência, à mercê do destino, pois ainda há um sopro de esperança no fino fio de vida que nos une. Tento me aninhar nesse ambiente angustiante, onde às vezes me confundo em pensamentos, quando frio e calor se misturam em uma estranha sensação e todo movimento soa aterrorizante, ligando o sinal de alerta que por duas vezes nos fez despertar de um grande pesadelo.

No primeiro deles, quando era um embrião e ela nem me sentia; tudo aconteceu tão rápido que só reagi minutos depois. Na rotina de nosso alimento, absorvi o fel de sua ira em uma transfusão barulhenta de vários movimentos que, naquele momento, imaginei monstros navegando em um mar amargo de ideias alucinantes, seres que criavam asas, abriam-se presas e fumegavam nos olhos um fogo que incendiava o âmago da existência. Então me revirei em protestos e tentei dar chutes, gritava sem parar e, em um ímpeto de susto, arregalei os olhos marejados de medo. Por sorte, um anjo da guarda surgiu e os movimentos bruscos cessaram; acalmei-me ao ouvir uma voz abafada confortando mamãe. Nesse instante, deixei-me levar pela sublime harmonia.

Não bastasse essa desesperada tentativa de ela dar fim à própria vida, dias depois, era eu quem testava os limites da sobrevivência. Tomado por um sentimento estranho, quis brincar com minha insignificante existência de apenas quatro meses imaginando que pudesse acabar com o sofrimento em nosso elo vital. Foi quando imaginei aquele cordão que nos unia, dançando à minha frente, feito uma serpente venenosa e, sem um pingo de medo, criei coragem para enfrentá-lo. Apertei-o com minhas minúsculas mãos, na ânsia de cessar a passagem de oxigênio e mergulhar em um sono eterno, até que me dei conta do livre-arbítrio e escolhi seguir em frente, mesmo sem saber o que o destino reservaria para nós.

Nossa vida foi demasiadamente conturbada, principalmente porque mamãe foi internada em um convento da capital, a mando de sua abastada família da cidade de Sollares, largando para trás o belo litoral de sua adolescência perdida. Apesar de todo o dilema que se formava, sobrevivi absorvendo qualquer tipo de sentimento em seu imaculado ventre, o qual um dia fora manchado pela força bruta e pela covardia humana.

Foi assim durante oito meses e, além das tentativas forçadas de romper nosso cordão umbilical, depois, quando nasci, nossa vida ficou ainda mais tortuosa, serpenteando pela inércia do destino em caminhos paralelos por longos dezoito anos.

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