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Como vai funcionar o Real Digital, o “Bitcoin do Governo brasileiro”?

O atributo mais importante de uma criptomoeda, e uma das razões de sua popularidade, é não pertencer ou ser controlada por nenhum governo. Mas o que entendemos por moeda digital no Brasil deve mudar, já que, desde o ano passado, o Banco Central estuda criar um modelo próprio de moeda digital, com previsão de lançamento em 2022, o Real Digital.

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A notícia não é novidade, afinal a própria instituição se encarregou de divulgar essa intenção. No entanto, William Ribeiro, educador financeiro e CEO do “Dinheiro Com Você” faz um alerta sobre a importância de se entender a diferença de uma moeda digital controlada pelo governo e de uma criptomoeda, sejam seus benefícios e, também, o que pode ser desvantagem.

“Quem possui Bitcoins ou qualquer outra criptomoeda geralmente encontra dificuldades em usá-las para adquirir produtos e serviços, rotineiramente. Isto não ocorrerá com o Real Digital, que será emitido com a mesma força, regulação e aceitação do dinheiro físico. Por exemplo, complementando as facilidades que já ganhamos com o Pix”, explica Ribeiro.

Brasil não é o único na corrida para o dinheiro digital

A ideia de uma moeda digital oficial de um governo não é uma exclusividade do Banco Central do Brasil. Na verdade, o modelo é algo já conhecido em todo o mundo e ganhou o nome de “Central Bank Digital Currency” (CBDC, que em português poderia ser traduzido como “Dinheiro Digital do Banco Central”).

O educador financeiro explica que o CBDC seria a união de dois mundos que, hoje, caminham distantes. “Estamos falando sobre ter a conveniência e segurança do meio digital das criptomoedas com a circulação regulamentada e aceitação do dinheiro vivo. Lembrando que o Banco Central seria a única autoridade monetária responsável pelas operações”.

Apesar de não ter sido implantado em nenhum país, vários já criaram equipes de estudo para o lançamento, como a China – já bastante adiantada e deve ser a pioneira –, Estados Unidos, Inglaterra e Rússia, além do Brasil.

Economia paralela

Assim como o Pix, o lançamento do Real Digital tem como propósito principal facilitar ainda mais as transações. Contudo, Ribeiro destaca que também é um motivador dessa novidade a preocupação do avanço e popularidade das criptomoedas descentralizadas.

“Os bancos centrais de todo o mundo têm uma preocupação com o surgimento de uma economia paralela na sociedade sobre a qual eles não tenham controle, apesar dela já ser uma realidade. O que ainda freia que esse avanço seja mais rápido é a dificuldade de se realizar transações com criptomoedas que, por enquanto, ainda são vistas como um investimento, um ouro digital”.

Ele ainda explica o que uma economia paralela forte significaria. “Se fosse possível usar massivamente uma moeda descentralizada, os países perderiam os mecanismos de controle da economia, como taxas básicas de juros, metas de inflação e gerenciamento de políticas de câmbio. Nenhum Estado quer perder o monopólio da emissão de dinheiro, ao passo que as pessoas tendem a procurar soluções para manter o seu poder de compra preservado, o que ocorre com maior intensidade em países com inflação alta”.

Maior controle sobre operações financeiras

Atualmente, com movimentações como Pix, TED e até gastos em cartões de crédito e débito, as instituições financeiras e o governo já têm um grande acesso a informações sobre os nossos hábitos de consumo. Com o advento do Real Digital, essas informações passam a ser muito mais precisas e imediatas.

A princípio, um maior controle do governo representa mais segurança sobre operações fraudulentas e de lavagem de dinheiro. No entanto, além disso, Ribeiro acrescenta mais algumas possibilidades que refletem mais diretamente na vida do consumidor comum.

“Com o Estado conseguindo ver tudo isso, ele poderia perceber que a população está consumindo mais um certo tipo de produto, e usar suas políticas para sobretaxar esse produto específico, e regular a oferta e demanda.Em uma possível atitude mais ousada, poderia usar esses dados pra mapear segmentos específicos da sociedade, de acordo com o padrão de consumo. Outro aspecto ainda obscuro é a possibilidade do Real Digital ser uma moeda ‘programável’, ou seja, com o Estado podendo confiscá-la diretamente das carteiras digitais dos cidadãos, mediante ordem judicial ou algum dispositivo semelhante.”, alerta Ribeiro.

A melhor forma para se preparar para tudo isso é estar bem-informado e atento aos desdobramentos que estão sendo comunicados pelo Banco Central.

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