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“After We Collided” ganha trailer e data de estreia americana!

Os fãs de Tessa e Hardin já podem comemorar! Acabou de ser liberado o primeiro trailer de After We Collided, filme que dará sequência a série After, adaptada para os cinemas a partir do romance escrito por Anna Todd.

A sequência traz Hero Fiennes Tiffin e Josephine Langford como Hardin e Tessa e o casal precisa lidar com as consequências do seu término e se querem ou não continuarem juntos. E pode-se dizer que só vendo o trailer, está na cara que eles ainda se gostam e querem apenas dispersar um sentimento que não vai embora.

Sem mais delongas, veja o primeiro trailer de After We Collided:

O filme ganhou uma data de estreia prevista para 2 de outubro nos Estados Unidos e ainda segue sem previsão para lançamento no Brasil. Ainda não se sabe como será a estreia com os cinemas fechados por conta da pandemia pela COVID-19, então presume-se que será por plataformas de filmes sob demanda, como a Netflix.

A sequência ainda ganhou a participação do ator Dylan Sprouse, que causou uma pequena onda de alegria nos fãs da série. Se você quer saber mais sobre After, leia nossa resenha do primeiro livro clicando aqui e conheça outros livros do mesmo gênero, clicando aqui.

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Como me assumir LGBT para os meus pais?

Para saber como se assumir LGBT, antes é preciso entender que este é um processo delicado, que demanda planejamento, coragem e muita calma. É como renascer para algumas pessoas e é um dia que pode ficar marcado para sempre na memória, tanto para um lado bom, quanto para um lado ruim, afinal, nem todo mundo pode ter e conquistar o apoio de familiares e amigos.

É fácil esbravejar aos cantos da internet que é só sair do armário e se deixar levar, afinal tomar as rédeas da própria vida e fazer o que se bem entende, é um direito do ser humano. Mas a realidade não é essa. Ainda existe muita gente preconceituosa por aí e uma delas pode ser quem você mais ama.

Foi o caso de Jonatas Maia, de 28 anos. “Eu tinha meus 15 para 16 anos”, relembra, “sempre gostei de homens, mas ao mesmo tempo sei que não podia falar. Meu pai é extremamente machista, então eu sempre tive que fingir. Certo dia, eu queria cortar meu cabelo e fui em um cabeleireiro que era gay, porque eu precisava conversar com alguém. Depois, acabei indo na casa dele, a gente ficou e uma vez meu pai me seguiu e viu tudo”, conta.

Jonatas foi expulso de casa pelo pai, sem ter contado que era gay. Ele descobriu. “Acho que foi um dos piores dias da minha vida. Ele chegou e falou assim: ‘tu quer ser viado? tu quer ser gay, tu quer ser frutinha, tu quer ser marica?’, nesses termos, horríveis. ‘Então, já que é essa tua escolha, tu pega, tu tem 10 minutos’, e eu peguei uma sacola, ‘tu vai pegar todas as tuas roupas e tu vai embora da minha casa porque filho meu não é viado, eu projetei em ti ter filho, tu casar e tu é uma mariquinha, tu é um viadinho, então eu não quero nunca mais te ver na minha frente. Quero que tu saia da minha casa’”, se emociona ao relatar o último dia que falou com o responsável após se assumir gay.

Embora a representatividade na televisão e na mídia esteja aumentando a cada dia, ainda sim é preciso avaliar o contexto social em que vivemos. É linda a coragem para ser você mesmo, mas sua segurança deve vir em primeiro lugar.

Por isso, conversei com o psicólogo Caio Moura, de São José dos Campos sobre como podemos nos assumir para as pessoas que nós amamos. Há um jeito certo? Há uma forma de preparar o terreno?

Conheça sua família antes de se assumir LGBT

“Não é de hoje que conhecemos nossos pais e cada família é uma família”, aponta Caio. Com base nisso, conseguimos entender e imaginar as possíveis reações que eles teriam. Por mais que você tenha que lidar com uma situação difícil, essa não é sua situação final.

Fique atento a comentários sobre LGBTs

Veja notícias e o que passa na televisão e como eles se portam diante disso. “Que ideias eles costumam apoiar, qual é o viés político, qual relação eles tem com pessoas LGBT”, completa o psicólogo.

Inclua discussões da temática LGBT na sua casa

Aos poucos, inicie alguns assuntos baseados nas notícias, novelas e coisas que possam se aproximar com o conteúdo que seus pais ou responsáveis consomem. É preciso quebrar esse estigma que a comunidade LGBTQ+ pode ter para algumas pessoas.

Além disso, há uma iniciativa da organização It Gets Better Brasil, que visa empoderar e conectar jovens LGBTQ+ pelo país. Eles também são responsáveis pela atividade “Me percebendo no mundo”, que facilita o diálogo entre pais e filhos. “O jogo traz luz sobre diversas questões como saúde mental, empatia, identidade, orgulho, comportamentos tóxicos… Nós apenas começamos nosso trabalho aqui no Brasil e ainda vem muita coisa boa por aí”, explica Bruno Ferreira, coordenador de conteúdo e redes sociais da iniciativa. Para baixar a atividade, clique aqui.

A observação pode ser muito importante para determinar a hora e maneira certa de contar. Estabelecer um diálogo é muito valioso, já que vários responsáveis podem se sentir traídos ao descobrirem sozinhos. “Eu passei mais ou menos um ano sem falar com eles, foi bem punk, porque eu passava até mesmo pelo meu pai na rua e não me cumprimentava”, lamenta Jonatas, que após a expulsão, teve que iniciar sua vida sem nenhum apoio de familiares próximos.

No entanto, a poeira baixou e hoje, as coisas estão mais calmas para ele. “Sou casado com um rapaz, nós temos união estável, temos dois cachorrinhos”, sorri aliviado e completa, “Fiz faculdade, me graduei, me pós-graduei, trabalho na minha área. Tento ajudar outras pessoas assim também, com a minha história”.

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Autoconhecimento: Qual o sonho de hoje?

Ao olhar para trás, refletiu sobre a maneira como observava o mundo, quando criança queria tê-lo nas mãos e realizar cada um dos sonhos que cultivava. Primeiro, quis virar aeromoça, mesmo não sabendo ao certo o que uma aeromoça fazia, queria enxergar a vida das alturas. Pensou, ponderou e viu que essa ideia não fazia sentido já que tinha medo de altura.

Neste caso, mudou de sonho e resolveu ser estilista. Já desenvolvia experiência com as roupas das suas bonecas. Como uma menina com tamanha experiência não vestiria outras pessoas? Foi o que pensou durante algum tempo até desistir e novamente trocar o sonho, agora seria médica veterinária. Amava e cuidava dos bichinhos de casa e para ela aquilo era mais que suficiente ou pelo menos um dos requisitos necessários.

Algum tempo mais tarde, tornou a refletir sobre o sonho de ser veterinária. Achava que demoraria muitos anos até crescer e ir para a faculdade. Queria um sonho de realização mais rápida, desta vez, seria artista. Não a artista da pintura, dança, palcos de teatro ou novela. Seria artista dos livros ou melhor dizendo, escritora. Escreveu cinco ou seis poemas que caíram por terra.

Teria enterrado mais um sonho ou nascido para outra coisa? Ainda não sabia, porém a vida preparara outros sonhos para ela, seria necessário continuar sonhando ao invés de insistir em sonhos sem sentido. Para tanto, o auto conhecimento foi relevante no entendimento daquilo que realmente se almejava. Foi a auto revolução através do tempo que a fez ver que poderia sonhar em ser várias coisas e seria única por elas. Sem aceitar a projeção de sonhos alheios, como quando os pais projetam seus sonhos nos filhos e esperam que estes o realizem.

Portanto, viva seus sonhos e lute por eles mesmo com dificuldade, medo e vontade de desistir. Se a bagagem de carregá-los for demasiadamente pesada, não faz mal desistir ou trocá-los. Depois de um sonho realizado, continue se dando motivos para sonhar, porque um sonho não vivido vira fracasso. Escolha vivê-los.

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A transfobia no ambiente corporativo

Desde os 8 anos de idade, Alberto* se olhava no espelho e se via menino. Quando não tinha ninguém em casa, se recorda de colocar os ternos, camisas e gravatas do seu pai. Ia na frente do espelho e “fazia a barba”. “Sempre me vi diferente das normas. Cresci e isso se intensificou de tal forma que eu não me encaixava em nada”, relembra. Um homem escondido por trás de uma vivência feminina que não era sua. Aos 20 anos, resolveu pesquisar sobre pessoas travestis e então, se questionou sobre gênero. O cara que vivia escondido gritou. “Foi como um soco no estômago, como se eu abrisse os olhos pela primeira vez em 20 anos. Achei vídeos de pessoas trans no Youtube que me ajudaram a procurar uma orientação profissional sobre o meu caso em particular”, acrescenta. Iniciou a transição hormonal. “Foi uma das coisas mais libertadoras que já vivi. A minha primeira aplicação, os primeiros pelos, a barba, o corpo tomando as medidas mais masculinas, de acordo com o estereótipo… Ainda é surreal quando posso me olhar no espelho e me ver inteiro”, se emociona. Mas depois de toda a adrenalina e expectativa, veio a parte ruim.

Sem retificar seu nome, Alberto* era negado em quase todas as entrevistas de emprego. “Fiquei um ano inteiro sem procurar trabalho, não tinha mais vontade de sair na rua.”, conta. Mas a coragem veio e ele enviou um e-mail. Aquele que mudaria sua vida. E de fato, veio o retorno de um parque temático próximo a São Paulo. Sua solução tinha chego, era o grande dia da entrevista.

“Primeiro tive que explicar para o entrevistador que sou um homem trans. Foi a coisa mais difícil de se falar. Ele respondeu ‘Jura? Nem parece!’ Fiquei chocado tentando entender como uma pessoa trans deveria parecer.”, comenta. Interessado no emprego, ele ignorou e seguiram a entrevista. Os cumprimentos vieram junto com as boas vindas. Alberto* havia assumido para o mundo que era um homem trans e merecia ser respeitado como tal, mesmo que ainda usasse seu nome social. Depois da entrevista, veio o treinamento e a hora de receber os uniformes. Cada pacote, com o nome do respectivo funcionário, menos de Alberto*. No dele, constava seu nome de batismo. “Fiquei muito desconfortável, o suficiente para quase desistir e voltar pra casa.”, pondera.

O uso e respeito ao nome social de pessoas trans é garantido pelo decreto de nº 9.278/18 que regulamenta a lei nº 7.116, de 29 de agosto de 1983. Alberto* tinha o direito de ser tratado pelo seu nome social, mesmo sem retificar seus documentos, e ele teve coragem de se impor.  Uma pesquisa do instituto Center for Talent Inovation descobriu de 61% dos LGBTQ+ brasileiros escondem seu gênero ou sexualidade no trabalho e de acordo com informações da União Nacional LGBT, o tempo médio de vida de um transgênero no Brasil é de apenas 35 anos. Isso coloca o país na posição de nação que mais mata transexuais e travestis no mundo. A inclusão de pessoas LGBTQ+ deve ser feita diariamente no mercado de trabalho, mas não são todos ainda que sabem disso.

Transfobia velada

Alberto* começou a trabalhar no famoso parque de diversões. Um lugar enorme, cheio de pessoas transitando a todo instante. Apenas mulheres no corpo de funcionários e alguns poucos homens. Parecia que o pior já tinha passado, mas o pior ainda estava por vir. “Uma funcionária me fez a seguinte pergunta ‘você é homem?’ E eu com a maior naturalidade do mundo, respondi que sim. Ela disse em seguida que não havia visto nenhum volume nas minhas calças e por isso havia deduzido que não”, recorda Alberto* com o rosto vermelho de vergonha e a voz quase falhando.

Para a psicóloga Denize Silva, as empresas precisam sair do formato conservador de anos atrás. “Os funcionários não são uma máquina, é preciso saber o lado pessoal e profissional. Muitas só visam seu movimento, e por isso existem altos níveis de adoecimento”, aponta.

“Nunca se teve uma reunião com todos os funcionários sobre diversidade de gênero, sobre respeito às diferenças. Nunca houve preparo.”

E ele foi atrás dos seus direitos dentro da organização. Conversou com seu superior e a resposta veio genérica: “Era só uma brincadeira”. Brincadeira que mata 1 LGBTQ+ a cada 23 horas no Brasil, segundo relatórios do Grupo Gay da Bahia (GGB). No entanto, sem saber lidar, a empresa  o indicou para mudança de loja, dentro do parque. “Lá, eu vivia dizendo que estava no céu. Enganado mais uma vez, claro”, contesta.

Na primeira semana, vários funcionários foram até seu posto perguntar se Alberto* era um homem trans. Quando não eram funcionários, eram visitantes do parque. “‘Moça, quero esse combo aqui.’ E eu com toda a educação do mundo corrigia e informava meu nome. Logo, bolei um plano de colocar um adesivo no lado esquerdo da camiseta me identificando, já que o crachá da empresa não tinha meu nome, nem foto”, revela. Deu certo e mesmo com a quantidade de transfobia no seu cotidiano, Alberto* estava se adaptando ao novo ambiente de trabalho.

PARA ENTENDER:

– Nome Social: É o nome pelo qual pessoas trans e intersexuais se autodenominam e escolhem ser identificadas em seu meio social. É reconhecido como meio legítimo de identificação de um indivíduo pelo Governo Federal;

– Transfobia: Atitudes, sentimentos ou ações negativas contra pessoas trans. Assim como a homofobia são atitudes, sentimentos ou ações negativas contra pessoas homossexuais;

– Cisgênero: Indivíduo que se identifica em todos os aspectos com seu gênero de nascença. Uma pessoa transgênero não se identifica com o gênero que nasceu;

– Heterocisnormativo: Termo usado para descrever situações que degradam ou marginalizam pessoas que estejam fora do padrão heterossexual e cisgênero. Também há a variação heteronormativo e cisnormativo.

Transfobia escancarada

Uma nova mudança de setor chegou na vida de Alberto*. “Fui fazer limpeza de pratos e utensílios de cozinha. Lá, virei pesquisa de campo das funcionárias. Me olhavam torto, outra deu em cima de mim várias vezes.”, confessa envergonhado e acrescenta, “Ela me chamou para ir numa parte de trás da cozinha, onde batíamos o ponto. Lá ela me beijou, sem eu pedir. Fiquei paralisado, eu tinha acabado de sofrer um abuso”. E era isso mesmo. O assédio sexual, por definição, ofende a dignidade, honra, o direito de preservação da intimidade e da liberdade sexual da vítima. O Direito do Trabalho admite dois tipos de assédio no ambiente laboral: por chantagem ou por intimidação. O primeiro quando alguém de hierarquia superior promete vantagens em troca de favores sexuais ao suposto favorecido. Se ele não cumpre, pode perder o emprego. O segundo, não há a presença de hierarquia superior, mas importunações vindas de incitações sexuais, físicas ou verbais. O caso de Alberto*.

E as coisas chegaram a piorar. “Chegava no vestiário masculino e em vez de me trocar na frente de todos, entrava em uma cabine que fedia a mijo. Nunca me senti seguro para usar o chuveiro. Vivia com constante medo de alguém”, denuncia o jovem.

A vítima de assédio pode pedir rescisão indireta do contrato de trabalho, com os mesmos direitos de uma demissão sem justa causa: recebe todas as indenizações previstas em lei, como multa de 40% sobre o FGTS, projeção de aviso prévio, 13º salário e férias.

O despreparo do departamento pessoal com pessoas trans

“A gota d’água foi na triagem da cesta básica”, se esgota Alberto* ao relembrar se sua jornada pelo parque. Um dia, ao buscar sua cesta, como é de direito em várias empresas, seu nome não constava na lista. Nem nome social, nem nome de batismo. “A funcionária procurou e nada. Sem sutileza, ela gritou em alto e bom tom para no mínimo 20 pessoas atrás de mim ‘ou é fulana ou é Alberto*, os dois não podem’“, suspira e questiona, “Como uma empresa que divulga ser a favor dos direitos LGBTQ+ não tem orientação com seus próprios funcionários?”

E de fato, ainda há muito despreparo por falta das empresas no âmbito de inclusão de LGBTQ+ no mercado. “O RH cobra requisitos heterocisnormativos e de difícil alcance especialmente para a população trans, como idiomas, informática, experiências prévias e afins. E por fim, quando contratados, no que diz respeito ao uso de uniformes binários e reforçadores de esteriótipos de gênero, desrespeito ao nome social, boicotes, discriminações e afins, são outras dificuldades”, aponta Felipe Daier, advogado do Núcleo de Prática Jurídico, Social e Apoio Psicológico da Secretaria Municipal de Assistência Social de São Paulo.

Mas se o parque que Alberto* trabalhava não era preparado, ele era. No seu terceiro mês, foi até São Paulo e retificou seu nome e gênero no cartório. Depois de uma semana, com sua nova certidão em mãos, mostrou par a sua supervisora. Todos deram os parabéns, inclusive o setor de Recursos Humanos (RH), que alterou sua folha de ponto. Tudo parecia bom demais para ser verdade.

Dias antes de um evento específico que celebra a diversidade, Alberto* teve uma luxação no joelho. Foi até o pronto atendimento da empresa, tomou remédio na veia. Com muita dor, pediu para ser dispensado. Pedido negado. “Nesse dia, fui até o RH e pedi minha demissão. Justifiquei que estava insatisfeito com a empresa. No fundo, eu deveria ter dito. Eu deveria ter exposto o caso de abuso, as transfobias, o medo, os olhos constantes que me observavam, o descaso com o meu corpo, com as minhas dores. Mas eu só queria sair dali correndo. Dois dias depois, me dispensaram”, queixa-se cabisbaixo. “Nunca relatei nada disso até hoje. Só cheguei a comentar sobre o beijo. Acharam engraçado”, lamenta.

Como mudar o cenário

Alberto* não é o primeiro nem o último a não ter coragem de contar. Sua história dói na alma e a necessidade de ter um emprego muitas vezes fala mais alto. Ele diz que nunca erraram seu nome na sua frente, mas todos os funcionários sabiam seu nome de batismo. Não adianta ter uma inclusão que não sai das portas da diretoria. “Nunca se teve uma reunião com todos os funcionários sobre diversidade de gênero, sobre respeito às diferenças. Nunca houve preparo.”, ressalta Alberto*.

E se você se pergunta se é preciso ter, a história dele te responde. Sim. Ele é um personagem entre milhares de outras pessoas trans que procuram seu lugar ao sol.

É preciso ter cabines fechadas nos banheiros, principalmente se os funcionários tomam banho ou trocam de roupa na organização. Palestras sobre diversidade, inclusão de pessoas não-binárias, trans e travestis também é uma realidade, além é claro, de aplicar o respeito e passar a todas as escalas.

Érica Souza, analista de Recursos Humanos de uma grande multinacional do ramo alimentício defende a ideia de que é preciso fortalecer as diretrizes de inclusão e diversidade. “Acredito que através de feedbacks quando se vê algo que não condiz com a postura de inclusão e diversidade é muito possível”, demonstra.

Além disso, é preciso estar na cultura da empresa os princípios e valores com todas as pessoas. É preciso ter qualidade no relacionamento entre os pares de trabalho e acompanhar, mesmo pós-feedback para garantir que casos como o de Alberto* não venham a se repetir.

* O nome foi trocado para manter a identidade do entrevistado preservada.

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O Fake News está relacionado ao desrespeito pelo legado da filosofia e a educação

Muitas vezes ouvimos falar de nossos pais e avós que os tempos mudaram e que hoje já não há mais respeito, que os jovens são irreverentes e que a consideração pela opinião do outro deixou de existir. Será isso tudo verdade? Será que estamos vivendo dias em que há julgamentos mediante ao que se acredita, sem abertura para questionamento, observação ou estudo? É possível.

O neurofilósofo e estudioso de padrões comportamentais da sociedade Fabiano de Abreu demonstra preocupação com a irreverência da geração atual e o descaso com o conhecimento ancestral: “Me preocupa a nova filosofia cultural que se irradia a ofender todo o ideal filosófico de grandes nomes como Sócrates, Platão e Aristóteles. Eles eram pensadores precursores no que hoje chamamos de educação. A filosofia é a primeira matéria que originou todas as outras que nos alimentam não só de conhecimento, mas nos ajudam na sobrevivência. Vivemos a realidade abstrata da deturpação onde estudiosos interpretam a mensagem da maneira que melhor convém a necessidade própria em relação a personalidade esquecendo que a filosofia nasceu do questionamento e do argumento sem uma razão que não seja a final, racional, estatística, livre de qualquer entorno plural interpretativo. “

Mídias sociais como ferramentas da desinformação

Segundo Abreu, apesar de ser positivo que a mídia social tenha dado autoridade, autonomia e liberdade de expressar aos que não tinham voz, por outro lado nem todos estão aptos a exercer essa liberdade: “Acredito que a liberdade advém da consciência do que é certo e errado. Pois a liberdade não é estar solto, não é estar livre, é ter a consciência limpa, é não ser perseguido nem julgado. A liberdade nada mais é do que a falta de pendência. Nós sabemos o que é certo e errado subjetivo ao indivíduo e sua personalidade perante a cultura regional em relação a sua ética e a sua moral. É livre quem tem autoconhecimento, que sabe seus limites e que glorifica suas conquistas de forma humilde já que a própria capacidade o revela como um organismo cabível de falhas que se transformam em experiência. “

Para o neurofilósofo, posts maldosos e as chamadas fake news, que são noticias falsas em busca de destruir reputações e instituições, são armas de pessoas mau intencionadas que visam beneficio próprio através de artimanhas de manipulação: “Para muitos, a escrita é uma arma daqueles que sabem manipular, assim como um dispositivo que destrói a imagem de alguém que não a sabe usar. Mas não é de todo mau. A internet não é a vilã em si, é apenas o mecanismo de transparência que revelou o que sempre soubemos. Que precisamos de educação, precisamos de conhecimento e que somos limitados. O ser humano pensa ter um poder diante de uma consciência racional mais desenvolvida que a dos demais animais quando que, se fazemos o mal para os outros e para nós mesmos, melhor a inteligência do cão que sabe agradar e se posicionar em seu lugar. “

Respeito é fundamental

O especialista também aponta o papel do respeito na manutenção da ordem social: “O respeito é uma personalidade do curioso, do observador, que com inteligência respeita para que possa receber respeito e porque procura entender a posição do outro. Respeitar a opinião é refletir sobre ela e tentar entender, e melhor, conseguir entender, desvendar, interpretar o sentido e o motivo para, mesmo que reprovar, não ter tempo nem a vontade de retrucar já que o resultado nunca é satisfatório.”

Abreu salienta que somente pessoas que dão lugar à ignorância se acham no direito de julgar o outro com base nas suas certezas: “O julgamento sem análise e o argumento sem base é a resposta do ignorante à sua certeza abstrata a uma própria realidade. É a não aceitação do eu que é descontado no outro. A rede social não é de todo mau. Ela apenas revelou um eu que antes guardado, toma coragem de se expressar pois através de uma tela ninguém pode atravessar. “

Conhecimento é a resposta

O neurofilósofo não tem dúvidas que a única solução para os nossos dias e para trazer uma melhora na nossa sociedade e na postura que assumimos diante do outro é o conhecimento: “Não podemos mais desprezar a ciência e o conhecimento ancestral, os estudos que foram feitos por notáveis que vieram antes de nós. Quando temos conhecimento, abrimos a mente e sabemos que ele é infinito, que nunca estamos fartos. Mas quando não temos conhecimento, não vemos além, encontramos um teto, um limite, pois pensamos que sabemos tudo já que sabemos pouco. Quanto mais se sabe, mais sabemos que temos que aprender, quanto menos se sabe, mais achamos que não há muito a recorrer. “

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Anne with an “E” continua em Anne de Avonlea

Com o cancelamento de Anne with an “E” na Netflix, o público se manifestou nas redes sociais  indicando ter muito conteúdo interessante a ser explorado na história, assim desejando uma nova temporada para a série. Em meio a tantos desejos, o Grupo Editorial Coerência anunciou o lançamento de “Anne de Avonlea”, o segundo livro sobre a Anne Shirley.

Produzida mediante uma parceria entre a CBC e a Netflix, Anne with an “E” tomou grandes proporções quando o contrato de renovação para sua quarta temporada não foi assinado. A série é uma adaptação de oito livros escritos por L. M. Montgomery, mas devido ao cancelamento não conseguiu abordar toda trajetória da garotinha ruiva.

Após diversas pessoas se mobilizarem em redes sociais demonstrando interesse e motivos para a história ganhar uma sequência pela plataforma de streaming, o Grupo Editorial Coerência se propôs lançar uma nova edição dos livros em território brasileiro. Publicado pela primeira vez em 1909, “Anne de Avonlea” é o mais recente lançamento da editora.

Na obra, Anne Shirley está com dezesseis anos e meio, e começa a lidar com as responsabilidades da vida adulta e continua conquistando todos ao seu redor com atitudes admiráveis. Os exemplares já estão sendo vendidos, e comprado no site da editora o leitor ganha brindes.

Sinopse
Anne Shirley agora tem “dezesseis anos e meio”. Após desistir de cursar a faculdade para ficar em Green Gables, está prestes a iniciar suas atividades como a professora da escola de Avonlea. Guiada por seus ideais românticos, planeja atuar com métodos de ensino inovadores, mas, com o tempo, acaba percebendo que muitas vezes a teoria é bem diferente da prática. Nada, porém, é capaz de desanimar Anne, que, com o apoio de Gilbert Blythe e de outros jovens de Avonlea, conquista a confiança da comunidade e efetua diversas melhorias no distrito. Embora cheia de responsabilidades, a jovem continua conquistando todos ao seu redor com seu espírito livre e cativante. Ao lado de sua fiel amiga, Diana Barry, encontra novos espíritos irmãos conforme vai se aproximando cada vez mais da vida adulta, sem deixar para trás suas manias imaginativas e sua facilidade para se envolver em confusões.

Em seu segundo romance, L. M. Montgomery continua conquistando seu público com palavras encantadoras e um enredo bem-humorado. Como não poderia ser diferente em uma história protagonizada por Anne Shirley, a autora segue conduzindo leitores de todas as idades a refletir acerca dos valores que regem nossa sociedade.

Sobre a autora
Lucy Maud Montgomery nasceu na Ilha do Príncipe Eduardo, no Canadá, em 1874. Criada pelos rigorosos avós maternos, encontrou em sua imaginação uma forma de lidar com a solidão de sua infância. Apesar de se dedicar à escrita desde jovem, formou-se professora e atuou na área por alguns anos. Em 1908, estreou como romancista com a publicação de “Anne of Green Gables”, sucesso instantâneo que deu origem a outros livros protagonizados por Anne Shirley. Ao longo de sua carreira, publicou 20 romances, mais de 500 contos e diversas poesias. Faleceu em 1942, aos 68 anos, deixando a Ilha do Príncipe Eduardo imortalizada por meio de suas descrições sensíveis acerca da natureza e do estilo de vida de seus habitantes na época.

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Site organiza “comunidade de leitores” durante pandemia

O Beco Literário, plataforma jovem do Vale do Paraíba, expandiu sua comunidade de leitores para incentivar leituras durante a pandemia

O baixo índice de livros lidos no ano pelo povo brasileiro é uma das nossas maiores mazelas históricas. De acordo com a última pesquisa Retratos da Literatura, desenvolvida pelo Instituto Pró-Livro em 2016, o brasileiro lê uma média de 2,43 livros por ano, e boa parte dessas leituras não chegam perto de ser eficientes para bons debates, já que é o repertório de leituras que contribui para o amadurecimento do pensamento crítico.

Pensando nessa realidade, o Beco Literário, site criado por Gabu Camacho, de São José dos Campos, organizou uma comunidade fechada para incentivo à literatura e ao debate. “Nós chamamos de Beco ‘VIPs’. Os leitores que se inscrevem no site tem acesso a nossa plataforma e podem participar de leituras coletivas, debates engajados e ainda concorrer a prêmios, sem pagar nada por isso”, conta Gabu, que criou o site em 2013.

E o incentivo a literatura com certeza rende bons frutos. Durante a quarentena as pessoas passaram a ter mais tempo livre e muitas não souberam o que fazer com esse tempo. “Tivemos um volume muito alto de inscrições desde o início da pandemia e temos aceitado todas as pessoas. Acreditamos que a leitura precisa ser engajada. O leitor precisa ler o livro, criar conexões e entender além do que está nas páginas”, completa Camacho, que também comemora os mais de 900 membros inscritos na iniciativa Beco VIPs.

Para participar da comunidade, o leitor interessado precisa acessar o www.becoliterario.com e se cadastrar no formulário da página inicial. Todas as outras recomendações são enviadas por e-mail em seguida.

Sobre o Beco Literário

O Beco Literário é uma plataforma de conteúdo jovem criada em 2013 pelo jornalista Gabu Camacho e hoje alcança mais de 3 milhões de leitores em todo o país. O site tem como principal objetivo encurtar distâncias sociais com a literatura, abordando temáticas como autoconhecimento, consumo consciente e a literatura engajada.

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“Colocando o tijolo e o cimento, dou um tapa na cara do meu passado”

Oi amô, tô pronta! Tô aqui, na pista. Foi esse um dos primeiros contatos que tive com Igor William Lopes, 29 anos, morador do Conjunto Habitacional Bairro Treze, no Rio de Janeiro. Conheci sua realidade depois que meu namorado me enviou um print de sua história, estampada em um grupo LGBT do Facebook, dando vida a Safira O’hara, uma drag queen pedreira. “Vou respondendo aos poucos, ô Jesus, ô vida. Tô aqui numa loucura, nêgo, pra terminar esse telhado, mas vamo lá!”, disse entusiasmado, mesmo depois de responder às mesmas perguntas inúmeras vezes para jornalistas diferentes.

Igor e sua drag, Safira, ficaram conhecidos em abril de 2019, após a mesma postagem viralizar e rodar o Facebook milhares de vezes. A drag queen pedreira. Várias reportagens nos mais diversos sites. “Isso é algo motivacional. Uma quebra de estereótipos da sociedade, né? Drag pode tudo. Somos seres humanos, somos seres normais. Somos pessoas. Porque não, entendeu? Cada tijolo que eu coloco, é como se eu desse um tapa na cara do meu passado. É isso aí, vamos construir.”, relata emocionado com a possibilidade de inspirar pessoas. E construir sua história sem depender de ninguém.

“Vítima é o caralho. É partir pra cima, entendeu? É meter a mão na massa, botar o tijolo e vambora, vambora.

Igor foi expulso de casa aos 19 anos pelos familiares. Mas, como ele mesmo diz, são coisas do passado, como todo LGBT vive e conhece. Viveu 10 anos morando de aluguel, mas sempre sonhou em ter sua casa própria. “Acho que todo LGBTQI+ tem que ser sua casa própria pra ter suas liberdades, para que sua felicidade possa habitar”, confessa. Na época, já fazia teatro e nele, conheceu a arte transformista. Diz que já era transformista antes mesmo de ser. Foi se apaixonando, descobrindo sua sexualidade e se entregando a arte cada vez mais, dentro do período da expulsão. Mas frisa que não foi por isso. Foi por conta de sua sexualidade. “Aí eu tive que me virar, né? Há 10 anos, só tinha computador na lan house a um e cinquenta. Era você mesmo e se vira”, relembra Igor.

Os dias que vieram depois, não foram nada fáceis, principalmente no começo. “Tive que sair montada de casa, e isso era outro preconceito que eu sofria. Tipo assim, ‘porra, a gente tem que aturar o gay, agora tu tá virando mulé?’. Pensavam que eu tava virando mulher trans e coisas e tal”, conta de queixo erguido.

Candomblecista, o filho de Logunedé, nessa época, morava de aluguel em uma casa de pessoas evangélicas, parceria que não deu certo por muito tempo. Mudou-se após pedirem a casa, e foi em busca de outra, caindo aos pedaços, como William mesmo descreve, porém com aluguel em conta. “Mas eu sonhei em ter minha própria casa, né? E as casas eram num valor acima de setenta mil e eu nunca terei esse valor”, pondera. Mas, se tem uma coisa que Igor e Safira sempre souberam fazer é dar tempo ao tempo. E apareceu Rodrigo Miller, grande amigo, que conseguiu um terreno para eles. “Desde então, eu venho construindo a minha casa. Na vida, a gente não constrói nada sozinho”, ressalta e acrescenta emocionado, “Eu tenho ajuda, e tem histórias que me motivam. Eu vi relatos de mulheres que são pedreiras. Então por que eu também não posso ser? Se elas aguentam o rojão, por que eu não vou aguentar?”

E Igor aguenta. Sua história já chegou em grandes portais de notícia como OGlobo, Uol e Razões para Acreditar. Já recebeu milhares de histórias no Instagram de LGBTs que acreditavam que pedreiro não era profissão para eles. “Eu fiquei muito feliz, porque com isso, eu vi o relato de um menino no Instagram que é auxiliar de pedreiro, e ele chegou pra mim emocionado, falando ‘nossa, tudo bem que eu já imaginava encontrar um gay nessa profissão, mas não uma drag queen… Isso me emocionou muito, porque eu achava que trabalho de gay é cabeleireiro, maquiador, artista, balé, essas coisas assim’. Então é isso, motivar as pessoas. Motivar os LGBTs para eles terem a casinha deles.”, relembra cheio de energia para colocar o próximo tijolo.

Porra, a gente tem que aturar o gay, agora tu tá virando mulé?

Energia que ele transforma para ir pra cima dos desafios, acordando dia após dia, superando todos os seus problemas, depois das injustiças do passado. “Lá no meu trabalho tinha uma menina que o marido dela era pedreiro e ela era ajudante dele, e eles construíram a casa para morar com os filhos. Por que que eu não vou meter a mão? Vou sim. Então é bom que eu colocando o tijolo, colocando o cimento na parede, eu dou um tapa na cara do passado. Porque eu acho que o passado foi muito injusto comigo, entendeu?”, se emociona ao lembrar, mas logo se recompõe dizendo que nós, LGBT, devemos ir para cima. “Vítima é o caralho. É partir pra cima, entendeu? É meter a mão na massa, botar o tijolo e vambora, vambora. Surgiu a oportunidade, agora é construir a casa.”, retruca.

E de fato, Igor William não deixou nenhuma oportunidade escapar. Hoje, mantém uma relação saudável com a mãe, mas cortou laços com grande parte de sua família. “Eles lá e eu cá. Minha mãe não é mais aquela pessoa de 10 anos atrás e nem eu. Ela me apoia e hoje estamos bem melhores, né? As coisas mudam, nada melhor que dar tempo ao tempo”, suspira e finaliza, preocupado. “Espero que você tenha gostado da minha história, que eu tenha te interessado. Estamos aí, tamo junto!”

Sim, Igor! Estamos todos juntos nessa.

Atualizações, Talks

Entrevista: Gunda Windmüller, autora de “Mulher, solteira e feliz”

Gunda Windmüller, jornalista e mestre em Literatura, tem sacudido a sociedade alemã com perguntas incômodas. Em uma sociedade com 41 milhões de mulheres, cerca de 2 milhões a mais do que homens, a população feminina do país lida com a disparidade salarial e debate a igualdade de direitos. Em um país liderado por Angela Merkel, a imagem de progressista – de acordo com as feministas do país, como Anne Wizorek – é maior do que a realidade. Nesse contexto socioeconômico, Gunda decidiu investigar como as sociedades, não apenas a alemã, têm lidado com as mulheres solteiras.

Com base em estatísticas, digressões históricas e sociológicas, experiências pessoais e entrevistas conduzidas com especialistas no comportamento humano e com mulheres em idades entre 30 e 60 anos, a jornalista e escritora desafia a falsa noção de que somente um relacionamento amoroso confere sentido à vida feminina. Autora de Mulher, solteira e feliz, ela estreia no Brasil com o lançamento da obra pela Primavera Editorial. A ideia de escrever o livro surgiu, segundo a autora, quando terminou um relacionamento de anos e constatou que as pessoas próximas estavam realmente preocupadas com o presente e futuro dela: casamento, filhos, solidão à noite.

Em entrevista para Larissa Caldin, publisher da Primavera Editorial, Gunda Windmüller conta sobre os achados nessa jornada em busca de respostas sobre a construção do conceito do amor romântico – que permanece reduzindo as mulheres a um parceiro, relegando às solteiras a condição de coitadas. Um comportamento social que perpetua a falsa noção de que somente um relacionamento amoroso confere sentido à vida feminina.

Conte-nos um pouco sobre você e como surgiu a ideia de escrever este livro?

Meu nome é Gunda Windmüller, sou jornalista e mestre em Literatura; moro em Berlim, na Alemanha. Quando tinha 34 anos, eu terminei um relacionamento com um namorado de longa data e logo percebi que muitas pessoas estavam realmente preocupadas comigo. “Você não quer se casar, e os filhos? Você não se sente sozinha à noite?”, eram as perguntas que me faziam. Essas preocupações me intrigaram, pois eu estava realmente feliz à época. E foi aí que percebi que não somente eu desperto pena por ser uma mulher solteira, mas muitas outras mulheres também. E foi aí que decidi escrever um livro sobre isso!

Na sua opinião, qual é a maior mentira que a sociedade conta sobre as mulheres na casa dos trinta?

Que elas precisam se apressar, porque sua vida está prestes a acabar! E isso não é verdade. Nós vendemos essa ideia da beleza desaparecendo com a idade; por muito tempo, reduzimos a nossa existência à aparência que temos. Conversei com tantas mulheres na casa dos trinta que sentem que as suas vidas apenas começaram!

No livro, você diz que sente falta de uma sociedade que acredita em sua história. Na sua opinião, como as mulheres – que também escrevem coisas horríveis sobre as mulheres – podem contribuir para mudar essa sociedade? Qual é o nosso papel nessa transformação?

Acho que todos precisamos entender que também fazemos parte da mudança social. Se queremos mudar a conversa sobre as mulheres, precisamos começar a falar de forma diferente. Precisamos ser mais gentis conosco e com nossas irmãs. Por sermos mulheres, sempre pensamos que devemos ser perfeitas e – quando as mulheres se comportam de uma maneira “não tão perfeita” –, somos rápidas em apontar isso e culpá-las. Entretanto, esse não é o caminho a seguir; todos cometemos erros, estamos juntas nisto!

Você traz, em “Mulher, solteira e feliz” o conceito de “libertar o amor”. O que isso significa? Como podemos libertar o amor – e o príncipe encantado?

Acho que colocamos o amor em um pedestal. Esperamos tudo desse o amor: queremos estar apaixonadas, ser compreendidas, fazer um sexo incrível, sermos cuidadas, admiradas. Nosso parceiro deve ser tudo para nós. Mas isso não é justo; não é justo amar dessa forma. É por isso que eu gostaria de libertar o amor. Vamos ver o que é o amor, não um ideal louco, mas algo que pode unir as pessoas. É por isso que eu também gostaria de me livrar do príncipe encantado. Não é justo esperar que uma única pessoa nos salve e pinte as nossas vidas de ouro. Eu gostaria que mais mulheres se considerassem as rainhas das próprias vidas; não esperassem que algum príncipe aparecesse.

Como a ideia de “rosa e azul” influencia nosso modelo mental do que é o amor?

Esses estereótipos de gênero influenciam muitos aspectos de nossas vidas, mas principalmente na forma como pensamos nas mulheres: pessoas que desejam amar, são mais carinhosas e românticas e homens – que consideramos menos românticos, mais duros e menos necessitados de companhia. É por isso que chegamos a pensar que as mulheres precisam, desesperadamente, de um parceiro romântico; pensamos que esse é o desejo “natural” nas mulheres, enquanto consideramos os homens cowboys solitários que não precisam de ninguém. E isso não é verdade! Estudos psicológicos mostram que os homens anseiam mais por relacionamentos íntimos do que as mulheres e sofrem mais quando não estão em um relacionamento romântico. Mas, a nossa noção do amor, no entanto, foi pintada por essa ideia rosa e azul dos gêneros. Acho que é hora de reavaliarmos essas noções.

Mulheres solteiras não têm uma boa reputação. Com uma perspectiva propositiva, como podemos mudar essa noção?

Antes de tudo, acho que todos precisamos ter mais consciência das situações em que as mulheres solteiras estão sendo envergonhadas. Ou seja, mesmo que seja apenas por meio de uma pergunta como “Não entendo, por que você ainda está solteira?”. Precisamos apontar essas situações e deixar as pessoas saberem como é inapropriado reduzir as mulheres ao status de relacionamento. As mulheres são mais do que potenciais parceiros. Somos pessoas inteiras!

O que é pior na perspectiva da sociedade: ser solteiro ou não ter filhos? O que guia esse julgamento social?

Do ponto de vista da sociedade, é considerado um dever natural feminino ter filhos. Portanto, por qualquer motivo, não tê-los faz parecer que a mulher é egoísta e obstinada. Mas, novamente, as mulheres solteiras também são vistas como egoístas – o mesmo vale para muitas mães solteiras, que são consideradas incapazes de “manter” um parceiro. Acho que todas essas atitudes em relação às mulheres são bastante ruins e prejudiciais. É direito de toda mulher não querer ter filhos ou ser solteira.

Qual é a principal mensagem que você gostaria de enviar às leitoras brasileiras?

Você é o suficiente! As mulheres são continuamente informadas de que nos falta algo: um parceiro, uma família perfeita, o corpo certo. Mas, não precisamos de nada disso. Nós somos o suficiente como somos. Amem a si mesmas – é o amor que definitivamente vai durar até o fim.

Atualizações, Livros

Escrito há 39 anos, livro ficcional apresenta fatos que coincidem com a atual pandemia

A obra mais polêmica de 2020, Os olhos da Escuridão do autor norte-americano Dean Koontz, que se popularizou por apresentar fatos que coincidem com o atual cenário em que vivemos e ganhou destaque nas mídias do mundo, como: CNN InternacionalDailymailThe GuardianFolha de S.PauloCorreio Braziliense e G1, chega com exclusividade ao Brasil pela Citadel Editora!

Publicada originalmente em 1981, o livro aborda a chegada de um vírus letal chamado Wuhan-400, e 39 anos depois, Wuhan é o mesmo nome da cidade chinesa que foi o primeiro epicentro da pandemia da COVID-19. Isso seria apenas uma incrível coincidência ou premonição sobre a atual pandemia?

Todos os detalhes dessa história você confere no Book Trailer do livro Os olhos da Escuridão.  É nessa apresentação perturbadora e realista que se passa a história de Tina Evans, uma mãe desesperada em busca respostas sobre a morte de seu filho, que faleceu em um acampamento de férias, onde todos presentes no local também tiveram o mesmo fim trágico: uma morte misteriosa.

Envolvida em um emocionante suspense, Tina começa a receber sinais que indicam que seu pequeno Danny possa estar vivo. Tomada por uma obsessão que a levará até a verdade por trás do que realmente aconteceu, ela encontrará segredos mortais sobre o vírus Wuhan-400 que podem estar relacionados ao seu filho.

Sinopse do livro: Um ano se passou desde a morte do pequeno Danny. Um ano desde que sua mãe iniciou o doloroso processo de aceitação. Mas Tina Evans poderia jurar que acabou de vê-lo dentro do carro de um estranho. Na última perturbadora noite sonhou com seu filho. Ao acordar, foi até o quarto de Danny e para sua surpresa lá estava uma mensagem. Três palavras perturbadoras rabiscaram no quadro-negro: NÃO ESTÁ MORTO.

Foi a piada sombria de alguém? Sua mente pregando peças nela? Ou algo … mais? Para Tina Evans, era um mistério que ela não podia escapar. Uma obsessão que a levará até as últimas consequências atrás da verdade por trás da morte de seu filho. Um terrível segredo que não foi visto por ninguém, apenas pelos Olhos da escuridão.

Sobre o autor: Dean Koontz, autor de vários best-sellers de ficção nos Estados Unidos, vive no sul da Califórnia com sua esposa, Gerda, sua golden retriever, Elsa, e os espíritos de seus pets, Trixie e Anna.