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Livro Em Busca de Watership Down em cenário
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RESENHA: EM BUSCA DE WATERSHIP DOWN, DE RICHARD ADAMS

Sinopse: Quando um coelho vidente prevê a destruição da toca onde vive, ele se une a seus amigos para achar uma nova casa. No caminho rumo à mítica colina de Watership Down, enfrentam rivais e armadilhas. Mas, mesmo depois de chegarem e, teoricamente, encontrarem um lugar seguro para viver, precisarão lutar para salvar a colônia vizinha e repopular a própria comunidade. Em busca de Watership Down fala de dominação e opressão, de fascismo e utopia, de mitologia e delírio coletivo, de sentimento de comunidade e de loucura. No Reino Unido, ocupa o segundo lugar entre os juvenis de fantasia mais vendidos do século XX, atrás apenas da saga Harry Potter.

Se alguém te recomendasse uma história sobre coelhos, o que você pensaria?

Bom, eu não pensei muita coisa. Fui rapidamente convencido pela beleza da capa, pela sinopse instigante e pela pequena citação de George R.R. Martin logo abaixo do nome do autor: “Uma das melhores fantasias do século XX”.

Como quase sempre, eu tenho de concordar com Martin.

Afinal, “Em Busca de Watership Down” é sim é uma história sobre um grupo de coelhos que começa uma jornada em busca de uma vida melhor. Mas falar isso é apenas abordar sua superfície.

O livro, originalmente publicado em 1972, foi escrito pelo inglês Richard Adams, em resposta ao desejo de suas filhas, que adoravam ouvir suas histórias antes de dormir e durante longas viagens de carro, e queriam uma versão impressa da narrativa.

Tendo como base suas experiências de vida e as pessoas que conheceu ao longo do caminho, o livro de Adams passa longe de ser uma história exclusivamente infantil, trazendo uma narrativa épica, abordando temas como heroísmo, exílio, abuso de poder, religião, amizade e guerra.

Tudo começa quando pequeno coelho, Quinto, relata sua visão para seu companheiro, Avelã, afirmando que o viveiro onde vivem será destruído: em sua premonição, os humanos destruirão toda a região, matando todos os coelhos dali no processo.

Avelã, já revelando seu instinto para liderança, decide migrar para se estabelecer em algum outro lugar, e tenta convencer a maior parte da comunidade em os acompanhar. Sem sucesso, ele decide partir na companhia de um pequeno grupo, dando início a uma longa viagem em busca de construir um novo viveiro.

Seguindo a visão de Quinto, a colina paradisíaca de Watership Down é sua terra prometida: um lugar farto de alimentos e seguro contra inimigos, onde uma nova comunidade de coelhos poderá se expandir. Mas o caminho é cheio de ameaças e armadilhas. O mundo selvagem é um lugar duro para os coelhos, que precisam se superar e contar uns com os outros para permanecer vivos.

Autor Richard Adams

O autor, Richard Adams

Profunda, bela e envolve, ainda que tenha cenas tensas e violentas, a obra de Adams fala muito sobre nossa realidade. Desde temas simples como companheirismo e liderança, até ideias complexas de sociedade, fé, destruição humana, manipulação de massas e regimes ditatoriais, a obra consegue estabelecer um equilíbrio perfeito entre um conto de fadas e uma narrativa épica sobre êxodo.

Adams se utiliza de regras bastante particulares, estabelecendo uma cultura única e plausível para seus personagens, ao mesmo tempo que aborda com intensa as emoções humanas e cria uma aventura sem igual.

Depois de um estrondoso sucesso mundo a fora, a história já foi adaptada para uma série de animação em 1978, se firmando como um clássico do século e, recentemente, ganhou uma versão 3D produzida pela Netflix.

Ainda que seja uma história de coelhos, “Em Busca de Watership Down” é absolutamente humana e, despretensiosamente, consegue o que muitas histórias tentam, mas que pouquíssimas conseguem fazer: encantar crianças, jovens e adultos.

cena da minissérie produzida pela Netflix

Em Busca de Watership, 2018

Ficha Técnica:
Capa dura: 464 páginas
Editora: Planeta; Edição: 1 (1 de agosto de 2017)
Idioma: Português
Autor: Richard Adams
Tradução: Rogério Galindo
ISBN-10: 8542210964
ISBN-13: 978-8542210965
Dimensões: 23,4 x 15,8 x 2,8 cm

Livros, Resenhas

Resenha: Belo Desastre e Desastre Iminente, Jamie McGuire

Beautiful Disaster ou traduzido, Belo Desastre.

Sinopse:
Abby Abernathy é uma boa garota. Ela não bebe nem fala palavrão. E acredita que seu passado sombrio está bem distante, porém, quando, para cursar a faculdade, se muda para uma nova cidade, seu recomeço é rapidamente ameaçado pelo bad boy do local: Travis Maddox. Um jovem com um corpo esculpido, abdômen definido e braços tatuados. Tudo que Abby precisa – e deseja – evitar. Mas o menino é um conquistador e logo se depara com a resistência de Abby ao seu charme, Intrigado, Travis a atrai com um jogo. Se ele perder, terá que ficar sem sexo por um mês. Se ela perder, deverá morar no apartamento dele pelo mesmo período. Qualquer que seja o resultado da aposta, nem passa pela cabeça do garoto que ele acaba de se deparar com uma adversária à altura.

Belo Desastre, o próprio nome já alude ao que veremos nesse livro. Envolvente, controverso, charmoso, picante e uma história de vida. Gênero New Adult rápido e envolvente. Desde a primeira vez que li me apaixonei, virou meu romance de cabeceira. Sempre que alguém pede indicação de um romance clichê mas nem tanto eu logo falo “Belo Desastre”.

A narrativa gira entorno de Abby Abernathy, uma garota comum que deixou tudo para trás em busca de um recomeço na Universidade Eastern e que tem um passado bem diferente do que se espera. Ela realmente tenta ser o mais comum possível, desde suas roupas, ao jeito que se comporta na faculdade. Acompanhada de sua melhor amiga Mare (America), vieram juntas de Wichita, Kansas para a Eastern.

Tudo começa quando Mare convence Abby a ir em uma luta clandestina da universidade para acompanhar seu namorado, Shepley Maddox. E é nesse momento que o destino cruza Abby Abernathy e Travis Maddox, primo de Shepley e um dos lutadores do ringue. Sangue respinga em sua roupa e Travis, após ganhar em mais uma luta, acaba se atraindo por ela e a chama de beija-flor, porém que ela não está nem ai para ele.

Travis Maddox é o típico badboy universitário. Com o corpo escultural, todo tatuado, bom de briga e que pilota uma Harley. Tem tudo o que quer na mão, e uma (ou várias) mulheres diferentes por dia/noite. Vem de uma família sendo o mais novo de 5 irmãos. Criados pelo pai uma vez que a mãe faleceu quando ele ainda era muito jovem.

Bom, tudo realmente começa quando as caldeiras do dormitório de Abby e America param de funcionar e, como America namora Shepley, nada mais justo que passar esses dias no apartamento dele. Óbvio que ela não deixaria a melhor amiga tomando banho de água fria, então leva Abby junto com ela por essa semana. Só que Shepley divide o apartamento com o primo, Travis.

Logo Abby dá um fora nele e depois disso começam a se divertir e nasce uma amizade entre os dois.

“(…) parecer desinteressante era a melhor estratégia. A ideia seria que Travis perdesse instantaneamente o interesse em mim e colocasse um ponto final nessa ridícula persistência.”

Quando as caldeiras voltam a funcionar, Travis e Abby fazem uma aposta. Se Maddox ganhar uma luta e sair sem nenhum arranhão, eles vão morar juntos por um mês. Caso contrário, ele deverá ficar sem transar com nenhuma mulher pelo mesmo período. E quem ganha a aposta é Travis.

Bom, agora vamos a realidade do livro. Travis é impulsivo, possessivo, temperamental, galinha e despreza as mulheres no geral. É o boy lixo, digamos assim. A única mulher que ele trata de maneira diferente é Abby.

Travis e Abby criam um laço tão forte que nenhum de seus amigos entende o que realmente está acontecendo entre os dois.

“Eu não sei o que está rolando entre você e o Travis, mas sei que ele vai fazer algo idiota que vai te deixar irada. É uma mania que ele tem. Ele não fica muito chegado a ninguém por tanto tempo e, sei lá por quê, abriu espaço na vida dele pra você”

Acontecem muitas situações inconvenientes por parte de Abby quando, morando e dividindo a cama com Travis, ela começa a sair com um outro cara da faculdade e isso me irrita um pouco, mas superamos…

“Travis esperou até que eu estivesse saindo com alguém, alguém de quem eu realmente gostava, para demonstrar interesse em mim, e eu parecia ser a única garota com quem ele não conseguia fazer sexo, nem mesmo quando estava caindo de bêbado.”

Com o decorrer do livro ele vai amadurecendo, e sentimentos a mais começam a aparecer. O amadurecimento do Travis com relações a mulheres é muito claro, porém ele continua tendo seus defeitos, como por exemplo, ser ciumento e possessivo em relação a Abby.

“A gente não dá certo juntos, Travis. Acho que você está obcecado com o pensamento de me possuir mais do que qualquer outra coisa.”

Bom, com o tempo Abby vai ganhando mais sal destaque, e quando seu pai aparece mostrando que ela não é apenas uma garota comum, conhecemos sobre seu passado e suas atitudes em relação a Travis começam a fazer mais sentido.

De repente, um vira a vida do outro.

“É perigoso precisar tanto assim de alguém. Você está tentando salvar o Travis e ele espera que você o consiga. Vocês dois são um desastre”

Do mesmo jeito que explica o passado da Abby, também contam o passado de Travis, e o leitor começa a ver todos os traumas dos dois e porque são como são nos dias atuais.

É um livro que varia muito a opinião dos leitores, vai do seu gosto.

Cheio de altos e baixos, acessos de raiva e calmaria. Uma contradição atrás da outra, várias antíteses. Sentimentos reprimidos, ansiosos por serem liberados. Liberdade e identidades contidas. Personalidade contida.

Uma tentativa de se evitar o Efeito Borboleta, da Teoria do Caos, o qual afirma que um simples bater de asas de uma borboleta pode causar um tufão do outro lado do mundo.

Esse é Belo Desastre e Desastre Iminente.

Em Belo Desastre temos a estória pela visão de Abby Abernathy, enquanto que em Desastre Iminente são os mesmos fatos, só que narrados por Travis Maddox. Um livro complementa o outro.

ALERTA DE SPOILER!

Depois desses dois livros, Jamie McGuire também lançou um conto chamado Belo Casamento que é a descrição do casamento em Las Vegas dos dois, com detalhes de como foi lá, e também nos presenteia com a renovação dos votos de Travis e Abby, 1 ano depois.

É um livro pequeno que está mais para um conto. Super vale a pena se você for tão apaixonada por esse casal igual eu sou.

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Resenha: O Acordo, Elle Kennedy

Romance de Elle Kennedy, The Deal ou O Acordo. É o primeiro livro da série “Amores Improváveis” , também conhecida como “Off-Campus”

Sinopse
Hannah Wells finalmente encontrou alguém que a interessasse. Mas, embora seja autoconfiante em vários outros aspectos da vida, carrega nas costas uma bagagem e tanto quando o assunto é sexo e sedução. Não vai ter jeito: ela vai ter que sair da zona de conforto… Mesmo que isso signifique dar aulas particulares para o infantil, irritante e convencido capitão do time de hóquei, em troca de um encontro de mentirinha. Tudo o que Garrett Graham quer é se formar para poder jogar hóquei profissional. Mas suas notas cada vez mais baixas estão ameaçando arruinar tudo aquilo pelo qual tanto se dedicou. Se ajudar uma garota linda e sarcástica a fazer ciúmes em outro cara puder garantir sua vaga no time, ele topa. Mas o que era apenas uma troca de favores entre dois opostos acaba se tornando uma amizade inesperada. Até que um beijo faz com que Hannah e Garrett precisem repensar os termos de seu acordo.

O acordo é o primeiro livro da série Amores Improváveis, de Elle Kennedy. Trazendo uma literatura New Adult a série conta com quatro livros, cada um conta a vida de um dos quatro amigos jogadores de hóquei que vivem na mesma república.

Então começamos com Garrett Graham, o capitão do time de hóquei da universidade Briar, filho de um famoso também jogador de hóquei. Desde pequeno o pai sempre cobrou o melhor do filho. Já pode sentir a pressão que ele tem né?

Afinal de contas, Phil Graham tem uma
reputação a zelar. Quer dizer, imagina só como ele se sentiria se o
filho não virasse um jogador profissional…

Pelo menos o esporte é algo que ele realmente ama.

Como atleta estrela, ele tem tantas conquistas no gelo quanto na cama, porém, em uma aula de ética começa seu problema, quando é quase reprovado. Se isso realmente acontecer ele não poderá jogar e é ai que entra Hannah Wells, a única que pode ajudá-lo a aprovar essa prova, sendo sua professora particular.

Um é o completo oposto do outro. Enquanto ele é despojado, atleta, capitão do time e tem uma líder de torcida diferente por noite, Hannah é uma estudante de música, tímida, de poucos amigos e que está focada em superar seu passado.

“Acho que você não entendeu, Wellsy. Não quero uma ligação
amorosa com você. Sei que você não tá a fim. Se isso a deixa feliz,
também não tô.”
“Isso me deixa mesmo muito feliz. Tava começando a me
preocupar que eu fosse de fato o seu tipo, e é uma ideia
aterrorizante demais de conceber.”

Então um acordo inesperado surge entre os dois (depois de muitaaaaa insistência de Garrett): ela dá aulas particulares e o ajuda a aumentar sua nota, enquanto ele finge estar saindo com ela para fazê-la chamar a atenção de um cara do campus por quem está interessada.

“Então, temos um acordo?”, arrisco.
Hannah fica em silêncio, mas quando estou prestes a perder
as esperanças, ela suspira e diz: “Tudo bem. Fechado”.

Contra todas as possibilidades, o acordo entre eles começa a funcionar e uma amizade começa a surgir.
Garrett não é o babaca que Hannah esperava, e ela não é tão tímida quanto parecia.

“É isso aí, Hannah e eu somos amigos. Na verdade, ela é a única amiga mulher que já tive. E quero continuar amigo de Hannah.”

O romance deles nasce de uma amizade, dia após dia vamos vendo seu desenvolvimento, começa com as aulas, sem perceberem já estão dividindo noite de pizza e série, é algo gostoso de ler, a confiança vai aparecendo, cumplicidade e um amor puro.

Abro os olhos lentamente e encontro Hannah aconchegada em
mim. Estou deitado de costas, os braços em volta dela, segurando-a
com força junto ao meu corpo. Não admira que meus músculos
estejam tão rígidos. Será que passamos a noite inteira assim?
Lembro de estarmos em lados opostos da cama quando peguei no
sono, tão distantes que até esperava encontrá-la no chão ao acordar.
Mas, agora, estamos emaranhados nos braços um do outro. É
gostoso.

A trama traz reflexões e assuntos pesados de maneira leve, como o passado da Hannah, uma vez que foi estuprada aos 15 anos e desde então se sente desconfortável em festas.
Porém, apesar de tudo que sofreu, ela não é aquele personagem traumatizado com homens igual vemos nas outras estórias, ela tem sim alguns problemas em decorrência do que aconteceu, mas é forte.

Garrett, por sua vez, tem que lidar com seu pai, que ao contrário do que todos pensam, não é aquele pai que vai em todos os jogos para apoiar o filho.

Apesar de ser uma história de amor o livro trata questões importantes sobre estupro e violência doméstica, mas de uma forma muito leve.

Mesmo com todos os problemas e sofrimentos dos passados de ambos, juntos eles vão superando tudo, se envolvendo mais e torcendo pelas vitórias um do outro.

“ Às vezes, as pessoas entram na sua vida e, de repente, você não sabe como foi capaz de viver sem elas antes. E já não consegue entender como vivia a vida, saía com os amigos e dormia com outras pessoas sem ter essa pessoa importante na sua vida”

Confesso que achei que seria mais um daqueles romances clichês que, não vou negar, eu amo!!!! Mas essa série é mais do que isso. É leve, rápida, sem mimimi. Me atrevo a dizer que acaba sendo voltado mais para uma comédia romântica.

É uma estória que você devora, quer saber logo o que vem depois e quando vê já terminou o livro. Eu mesma o li em uma noite!!!!!

Os livros, porque agora digo sobre a série no geral, fogem dos padrões que estamos acostumadas. Não é sobre o Badboy que se apaixona pela mulher mais improvável (para eles) da universidade, a virgem, boazinha e simples.
Tanto os homens quanto as mulheres nestes livros tratam da questão da sexualidade de uma forma muito tranquila e leve.

Eu simplesmente amei, amei, amei, amei, amei.
Recomendo para todo mundo que gosta dessa pegada mais New Adult.

malba tahan
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Resenha: Os melhores contos, Malba Tahan

Os melhores Contos, de Malba Tahan, foi uma surpresa para mim. Peguei para ler emprestado, sem pretensão alguma, só com a vontade de ler algo diferente, e acabou sendo uma experiência incrível.

“Quantos homens há, no mundo, que, preocupados em levar o mal a seus semelhantes, se esquecem do bem que podem trazer a si mesmos?”

Mas antes de contar mais sobre o livro, é interessante conhecer mais sobre o autor.

Malba Tahan nasceu em maio de 1885 na aldeia de Muzalit. Ainda jovem, foi nomeado prefeito de El Medina, quando exerceu o cargo com muita sabedoria. Seguiu seus estudos por Constantinopla e Cairo até receber uma herança de seu pai aos 27 anos e resolver viajar pelo Japão, Rússia e Índia, observando a cultura destes povos e aprendendo com eles. Morreu em 1921, em uma batalha pela liberdade de uma minoria da região da Arábia Central.

Mesmo com uma biografia aparentemente convivente, Malba Tahan nunca existiu. Esse pseudônimo, bem como a biografia, foram criados por Júlio César de Mello e Souza, um professor de matemática, escritor e pedagogo brasileiro, por pensar que não teria tanto destaque um brasileiro escrevendo contos árabes.

Júlio estudou a fundo a civilização árabe, e depois de produzir alguns textos, apresentou eles a Irineu Marinho, um dos fundadores do jornal A noite, quando disse ser um trabalho escrito por Malba Tahan, um escritor árabe, e apenas traduzido por ele. As obras de Malba Tahan se popularizaram pelo Brasil, sendo reconhecidas até pelo então presidente, Getúlio Vargas.

Como o nome já denuncia, se trata de uma antologia com diversos contos, que trazem histórias de diferentes lugares, como: Marrocos, Índia, Síria, Pérsia, Roma, dentre outros, e possuem diferentes vieses culturais e religiosos. Há lendas hindus, cristãs, chinesas, árabes. Em todos os contos, há ao final uma lição muito enriquecedora.

Acostumados com a literatura ocidental, muitas vezes tendemos a ignorar e até mesmo subestimar a cultura oriental, ou lembrar apenas de “As mil e uma noites”, o que limita nossa percepção e de certo modo não ajuda na luta contra a xenofobia (não vamos esquecer dos programas humorísticos que satirizam “o homem bomba”).

Me abrir para conhecer a sabedoria milenar desses povos, conhecer uma cultura tão diferente da minha e aprender essas lições passadas geração após geração foi uma experiência maravilhosa, que eu recomendo fortemente. E também é incrível saber que um brasileiro se preocupou em se aprofundar, e trazer para os livros uma cultura tão rica.

Para saber mais: https://www.malbatahan.com.br/

Livros, Resenhas

Resenha: Apenas Amigos, Christina Lauren

Sinopse:
Holland Bakker foi salva de um ataque no metrô pelo musicista irlandês Calvin McLoughlin. Como agradecimento, Holland o apresenta a um grande diretor de musicais e o que era uma tentativa despretensiosa se transforma numa chance inimaginável, pois, antes mesmo de perceber, Calvin foi escalado para um grande musical da Broadway! Ou quase… Até admitir que seu visto de estudante expirou e ele está no país ilegalmente. Sem titubear, e com uma paixão crescente pelo rapaz que só ele ainda não percebeu, Holland se oferece para casar com o irlandês a fim de mantê-lo em Nova York. Conforme a relação dos dois se desenrola de “apenas amigos” a ”casal apaixonado”, Calvin se torna o queridinho da Broadway. No meio de tanto teatro e do gostar-sem-se-envolver, o que fará esse casal perceber que há muito amor verdadeiro em cena?

Definitivamente uma das leituras mais fáceis e divertidas que tive até agora, Apenas Amigos é o típico romance clichê americano de um casamento arranjado para conseguir um greencard.

Tudo começa quando a jovem Holland, que é formada em escrita criativa mas trabalha com seu tio no teatro, mora na cidade de Nova York e se ‘apaixona’ por um músico em uma estação de metrô. Ela vive arranjando desculpas para vê-lo, como mudar sua rota para o trabalho e andar mais quadras somente para ver seu crush secreto, a quem ela nunca dirigiu a palavra.

No dia que ela finalmente toma coragem (literalmente toma coragem líquida) para falar com ele, acontece um acidente que a faz parar no hospital, e ninguém menos do que ele, o irlandês Calvin a socorre, mas não de uma maneira muito convencional.

De qualquer maneira, destino ou não, seu tio Robert, que trabalha na Broadway, precisa urgentemente de um violinista para seu musical. Então, a ideia surge e como forma de agradecimento por tê-la salvo no outro dia, Holland decide apresentar Calvin a ele como forma de agradecimento.

Calvin tem um talento indiscutível e todos se encantam com ele, porém há um problema, ele não pode aceitar o trabalho de seus sonhos porque é um cidadão vivendo ilegalmente nos Estados Unidos.

“Sou aquela garota sardenta, com meias-calças desfiadas, desastrada, que vive espirrando o café no decote da blusa, aquela mesma que esbarra em todo mundo com uma câmera na mão. Calvin, por outro lado, desliza com graça para dentro e fora de qualquer espaço, e já foi comprovado que ele consegue comer salada sem sujar o rosto.”

Então, seguindo a sugestão de um colega de trabalho, ela procura o músico e faz uma proposta um tanto quanto inusitada, que eles se casem e entrem com o pedido do visto. A proposta é que fiquem juntos por um ano, depois cada um segue o seu caminho.

“Pró: ele é lindo. – (…) – Vamos começar por aí.
Contra: Essa ideia tem vários tons de ilegalidade.”

“Um gesto como esse me dá a sensação de que estamos fazendo isto Até Que A Morte Nos Separe, quando na verdade é apenas Até Que As Cortinas se Fechem”.

O livro traz uma jornada de amor de vários âmbitos diferentes, desde o amor a família, o amor a música, o amor próprio e ao autoconhecimento.

“É uma carta de amor – não dá pra negar – mas a coisa mais estranha é que tenho certeza de que essa carta de amor é para mim mesma.”

Apenas Amigos é aquele tipo de livro que você senta para ler e só consegue ir dormir depois que o termina. Apaixonante, romântico, clichê e lindo.

Tem sua trama envolvente e confesso que queria um Calvin para mim hahaha.

Mais uma obra de Christina Lauren que todos deveriam ler.

Livros, Resenhas

Resenha: Verity, Colleen Hoover

O amor é capaz de superar a pior das verdades? Verity Crawford é a autora best-seller por trás de uma série de sucesso. Ela está no auge de sua carreira, aclamada pela crítica e pelo público, no entanto, um súbito e terrível acidente acaba interrompendo suas atividades, deixando-a sem condições de concluir a história… E é nessa complexa circunstância que surge Lowen Ashleigh, uma escritora à beira da falência convidada a escrever, sob um pseudônimo, os três livros restantes da já consolidada série. Para que consiga entender melhor o processo criativo de Verity com relação aos livros publicados e, ainda, tentar descobrir seus possíveis planos para os próximos, Lowen decide passar alguns dias na casa dos Crawford, imersa no caótico escritório de Verity – e, lá, encontra uma espécie de autobiografia onde a escritora narra os fatos acontecidos desde o dia em que conhece Jeremy, seu marido, até os instantes imediatamente anteriores a seu acidente – incluindo sua perspectiva sobre as tragédias ocorridas às filhas do casal. Quanto mais o tempo passa, mais Lowen se percebe envolvida em uma confusa rede de mentiras e segredos, e, lentamente, adquire sua própria posição no jogo psicológico que rodeia aquela casa. Emocional e fisicamente atraída por Jeremy, ela precisa decidir: expor uma versão que nem ele conhece sobre a própria esposa ou manter o sigilo dos escritos de Verity?
“Distintamente sinistro, com um verdadeiro toque de [Colleen] Hoover. Estive esperando um thriller como esse por anos.” – Tarryn Fisher, coautora da série Nunca Jamais

Diferente das outras obras de Colleen Hoover, ela traz Verity como um suspense que realmente te prende do começo ao fim.

Já digo de inicio que Colleen Hoover é minha escritora preferida de todos os tempos e essa obra devorei em 3 horas. Na minha opinião, por ter escolhido esse gênero e o modo como narrou a estória foi sua obra mais distinta.

O livro é dividido entre duas protagonistas, por um lado temos Verity Crawford, que é quem rouba a cena e dá o nome ao livro. Verity é mostrada através do manuscrito da sua dita autobiografia, através de comentários do seu marido Jeremy, através dos olhos de Lowen e o que ela pensa da autora depois de tudo que leu… Ainda assim, Verity é uma personagem que vai te instigar do início ao fim.

Por outro lado temos Lowen Ashleigh, uma escritora de romances de suspense que vive em Nova Iork mas que é o completo oposto da cidade, é quieta e na dela, quase não sai de casa, não dá entrevistas e não gosta de visibilidade.

A vida das duas protagonistas se cruzam no momento que Jeremy, marido de Verity, procura Lowen para que a mesma termine como Co-Autora a série de livros de sua esposa, que sofreu um grave acidente.

Lowen é convidada a ir a casa de Jeremy e Verity para trabalhar no escritorio da escritora, para entender seus manuscritos e começar a dar vida aos próximos três livros da série, e é ai que ela acha a então “biografia” de Verity Crawford.

A estória é narrada em primeira pessoa por Lowen e há os capítulos da autobiografia de Verity, narrados por ela. A narrativa deste livro é de uma inteligência e ousadia que poucos autores possuem.

E aqui é onde isso fica real. As entranhas da minha autobiografia. Esse é o ponto em que outros autores melhorariam suas imagens, em vez de se lançarem em uma máquina de raio-x.

Mas não há luz para onde estamos indo. Este é seu último aviso.
Escuridão à frente.

Quanto mais tempo Lowen passa na casa dos Crawford mais ela e Jeremy vão se aproximando, e é ai que coisas estranhas começam a acontecer.

Passei a maior parte da minha vida não confiando em mim durante o sono. Agora estou começando a não confiar em mim mesmo quando estou acordada.

Verity é uma obra que possui cenas muito gráficas e incômodas, principalmente no que se refere a assuntos relacionados à maternidade. É de revirar o estômago algumas cenas e igual a Lowen eu também tinha que parar de ler o livro e respirar um pouco. Esse é um daqueles livros que quanto menos a gente souber, melhor.

Diversas vezes me arrepiei e pensava em como um ser humano poderia agir de tal maneira, a presença de Verity traz calafrio, suas palavras não são necessárias, tudo o que ela queria dizer está escrito em sua autobiografia, e são essas as partes mais perturbadoras da estória.

Tanto como Verity é a alma do livro, Lowen também é uma personagem muito complexa, ela sofre de sonambulismo e diversas vezes questiona sua própria sanidade. E digo que nós, leitores, também questionamos sua sanidade quando aqueles acontecimentos misteriosos apareciam. Será que eram só na cabeça de Lowen? Ou ela estava sendo sugestionada pela biografia de Verity?

Mas quem assiste as vezes Investigação Discovery sabe muito bem que poderia ser verdade o que Lowen via.

Também há outro personagem que é raro e traz uma desconfiança, Jeremy Crawford. Ele é aquele tipo de personagem bom demais para ser verdade… Pai amoroso, marido paciente. se por um lado eu queria confortá-lo por tudo o que ele já havia sofrido, por outro eu queria confrontá-lo. Teria ele algo a ver com o acidente de Verity? Sua devoção à esposa é culpa ou amor incondicional?

A obra apresenta Crew, de 5 anos, filho de Jeremy e Verity que conversa com a mãe… mas a mãe não fala… então será que ele só imagina que está conversando com ela? Ele é bem assustador as vezes.

E fica em aberto a enfermeira de Verity que logo de cara não gosta de Lowen, mas essa foi uma personagem que não consegui interpretar.

Somos capazes de separar a realidade da ficção de tal forma que parece que vivemos em dois mundos, mas nunca os dois mundos ao mesmo tempo…

Se disser qualquer coisa a mais entra em spoilers então eu fico por aqui com vocês.

Eu realmente ainda não sei o que pensar desse livro, o final ainda tá na minha cabeça assim como todo o resto da história, ela conseguiu jogar direitinho comigo, acabei não chegando a uma conclusão sobre o que eu acho que realmente aconteceu, mas gostaria de pensar que uma pessoa não possa fazer tantas maldades.

Insano, dúbio, intenso, frio, impiedoso, arrebatador. Verity mostra um outro lado da criatividade de Colleen Hoover, como todos os livros dela, esse também me deixou com uma ressaca literária.

Acredito que muita gente abandone a história, pela forma que ela conduz e descreve alguns temas e situações, que são difíceis de digerir realmente, mas a minha dica é que não abandone, por mais que seja impactante, porque o final vai te surpreender.

Livros, Resenhas

Resenha: A cantiga dos pássaros e das serpentes, Suzanne Collins

Lançado na última sexta-feira (19) pela Editora Rocco, A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes é o mais novo livro da tão conhecida autora de Jogos Vorazes, de Suzanne Collins. Ambientado mais de 60 anos antes dos eventos ocorridos em sua famosa trilogia, Collins nos leva agora, por 576 páginas, algo bem diferente dos seus livros anteriores que eram mais curtos, a conhecer o passado tortuoso daquele que viria se tornar o tirano e genocida Presidente Snow. Dessa vez, ela nos leva a conhecer a vida na Capital e como os Jogos Vorazes funcionavam nos primeiros anos após os Dias Sombrios, mais precisamente como foi a 10° edição do Jogos, onde o jovem Snow é escolhido como mentor de um dia tributos.

Bem longe da vida cheia de luxos de Coriolanus Snow vista por Katniss em Jogos Vorazes, vemos A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes ser iniciado com um jovem Snow que outrora fora muito rico, mas que agora leva uma vida de pobreza tendo que se alimentar apenas de repolho e preocupado por não ter uma roupa decente para o dia da Colheita. Depois da perda total da fortuna investida pelo pai em armamentos no Distrito 13 nos anos pré-guerra, tudo na vida de Coriolanus, da porta para fora de casa, é uma farsa para que as pessoas não descubram a decadência em que se encontra a família Snow. Sua maior ambição se torna, portanto, reconquistar tudo aquilo que eles perderam, tendo até um lema de família que o motiva a acreditar ser melhor que todos:

“Snow cai como a neve, sempre por cima de tudo”

Ao receber a notícia de que na edição dos Jogos Vorazes daquele ano os jovens da Academia onde Snow estuda, na Capital, serão responsáveis pela mentoria dos Tributos, ele percebe ali uma oportunidade de tentar reconquistar todo o poder e prestígio que uma dia sua família teve.

Diferente do espetáculo que os Jogos são quando Katniss participa, Suzanne Collins nos mostra agora algo bem mais brutal. Nada de transportes confortáveis, apartamentos luxuosos ou um prêmio para o Tributo vitorioso existe ali, há somente um jogo cheio de sofrimento e brutalidade que nem mesmo a Capital gosta de assistir. E é exatamente por isso que os jovens da Capital recebem o trabalho de, como mentores, tornar tudo aquilo em um programa mais atrativo para toda Panem.

Por ser um dos melhores alunos da Academia, Coriolanus já está preparado para ser escolhido como mentor para algum dos melhores distritos e com isso poder conquistar sua glória como o responsável por aquele que sairá como vitorioso dos jogos. No entanto, ele vê seus planos serem totalmente frustrados ao descobrir que será o responsável pela mentoria da garota vinda como tributo do Distrito 12, o qual ele acredita ser o pior entre todos os distritos. Mas as coisas não serão totalmente como Snow espera.

Ao iniciar a Colheita no 12, Lucy Gray, a garota sorteada para representar o distrito, causa um grande tumulto ao jogar uma cobra dentro da roupa da filha do prefeito. Além disso, a garota consegue ainda pegar o microfone e cantar uma canção, algo que impressiona a todos. É nesse momento que Snow percebe que nem tudo está perdido para ele, pois ainda há a esperança de, mesmo que ela não saia como vitoriosa dos jogos, transformar a garota em algo muito maior e poder aproveitar disso para garantir sucesso e alcançar prestígio na sua caminhada pelo poder.

Se eu tivesse que definir rodo esse livro em uma só palavra, ela seria “Escolhas”. Tudo que acontece na história nos leva refletir sobre as escolhas tomadas por Snow, principalmente as más. Em A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, Suzanne Collins nos leva a conhecer a mente de alguém ambicioso e sem nenhum escrúpulo para conquistar o que quer, tudo em sua vida é baseado em uma forma de fazer com que a sorte esteja sempre a seu favor e mesmo as coisas boas que ele faz são sempre feitas pensadas no proveito que ele pode tirar daquilo.

Quando o anúncio sobre a história do livro ser sobre o jovem Coriolanus, muitas pessoas ficaram preocupadas com a forma que a autora poderia retratar isso, visto que ela correria o risco de tentar justificar, de alguma forma, todos os atos terríveis cometidos por ele durante sua vida toda ou até mesmo tentar criar uma empatia no leitor para com a vida do jovem Snow.

No entanto, Suzanne Collins conseguiu criar uma história muito consistente que nos mostra que apesar de ter feito coisas boas, ter vivido momentos agradáveis e ter tido sempre a oportunidade de escolher fazer o bem, Coriolanus sempre fez somente aquilo que lhe trouxesse benefícios e poder. Em todos os momentos nós vemos que ele sempre foi uma pessoa fria e calculista e mesmo com as pessoas de quem gostava sua relação era sempre entremeada pela ideia de obter vantagens com aquilo.

Seu preconceito com os distritos também sempre esteve presente em sua vida. A ideia de que todas as pessoas que viviam fora da Capital eram selvagens é constantemente debatida em sua cabeça, com seus colegas de classe e com a terrível Dra. Ghaul, a idealizadora chefe dos Jogos. Em vários momentos podemos vê-lo se questionando sobre o estado de natureza das pessoas e acreditando plenamente na necessidade de se ter um poder soberano exercido pela Capital para evitar o caos e a guerra em Panem.

” – O que aconteceu na arena? Aquilo é a humanidade despida. Os tributos. E você também. Como a civilização desaparece rapidamente. Todas as suas boas maneiras, a educação, a formação da família, tudo de que você se orgulha, arrancado num piscar de olhos, revelando o que você realmente é.

[…]

Quem são os seres humanos? Pois quem somos determina o tipo de governo de que precisamos.”

Outro ponto importante a se destacar no livro é a música e toda a sua simbologia. Por Lucy Gray ser uma cantora no seu distrito, vemos em vários momentos ela apresentando canções que representam coisas muito importantes para o momento que está vivendo, nos levando a conhecer também a história de algumas das  canções anteriormente apresentadas na trilogia Jogos Vorazes.

A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes se desenvolve de forma fluída assim como os livros anteriores e a leitura corre muito bem, no entanto, como nem tudo é totalmente perfeito, acredito que o único erro de Suzanne Collins foram as 576 páginas que o livro possui. A história, apesar de muito bem escrita, alcança seu ápice em 50% do livro nos fazendo enxergar um final muito claro ali e tudo o que vem depois disso parece ser um livro novo. Essa quebra no ritmo da leitura acaba causando uma certa estranheza e a impressão que fica é que a intenção da autora era publicar dois livros, mas tudo acabou sendo compilado em apenas um.

Tendo em vista tudo isso, a leitura de A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes pode se tornar uma surpresa muito boa para quem o lê. Collins nos envolve em uma trama muito bem escrita sobre disputas por poder e estado de natureza tornando o livro uma agradável aula sobre política. E não precisa se assustar ao ler isso, porque tudo é muito bem inserido e você se vê imerso em questionamentos que talvez nunca houvesse pensado sobre.

Para finalizar, deixo como indicação para aqueles que quiserem ouvir as músicas cantadas por Lucy Gray no livro, ou para quem já quiser escutar antes da leitura, três versões de canções do livro  que a cantora Maiah Wynne gravou e postou em seu canal no YouTube (elas estão listadas abaixo por ordem de aparição na história):

Livros, Resenhas

LGBTQ+: Leia com orgulho 🏳️‍🌈

Como estamos em junho mês do orgulho LGBTQ+ trago pra vocês dicas de literatura LGBTQ+, mas pra contextualizar do porquê de junho ser o mês do orgulho. Alguns sabem, outros não, que a escolha da data 28 de junho se deve aos fatos que aconteceram há mais de 50 anos, mais precisamente em 1969, nos EUA. Na madrugada desse dia, homossexuais que se encontravam no bar Stonewall Inn resolveram enfrentar a ação da polícia, permanecendo por vários dias confinados dentro dele e recebendo o apoio de uma multidão de LGBTQ’s que, do lado de fora apoiavam a resistência. Desde então, o dia 28 de Junho passou a ser reconhecido inicialmente como Dia Internacional do Orgulho Gay, hoje já conhecido como Dia do Orgulho LGBT. (Fonte: Midia Ninja)

Após uma abertura de pauta na nossa comunidade fechada, vi que muita gente nunca leu algo relacionado a literatura LGBT, e como eu de um bom tempo pra cá comecei a ler livros desse gênero, pois assim eu consigo uma identificação maior com aquela história. Trago livros que eu tenho na minha estante:

Will & Will (John Green e David Leviathan, 2010) – Foi de fato o primeiro livro LGBTQ que eu li, e o que me abriu portas para ir em busca de mais livros desse gêneros. Conta a história de dois garotos chamados Will Grayson um gay e outro hétero, que até então não se conhecem. Os dois Wills ao mesmo tempo que são completamente diferentes, são bastante complementares, a amizade dos dois é algo surreal, e um livro sendo contado por dois protagonistas, é uma experiência incrível. E tem um personagem secundário, Tiny
Cooper, que ele é extremamente perfeito. Quem lê se apaixona por Tiny no primeiro momento. Tiny escreve um musical que David transformou em livro: Me Abrace Mais Forte: A História de Tiny Cooper.

Over The Rainbow – Um Livro de Contos de Fadxs (Milly Lacombe, Renato Plotegher Jr, Eduardo Bressanim, Maicon Santini e Lorelay Fox, 2016) – Livro com releituras de contos de fadas já conhecidos tais como Cinderela, João e Maria, A Bela e a Fera, Rapunzel e Branca de Neve sendo escritos por cinco representantes da comunidade LGBTQ. Na contracapa do livro vem escrito: E se a Cinderela se apaixonasse por uma garota e não um príncipe encantado? Ou se os irmãos João e Maria, ambos LGBTs enfrentasse a ira de uma madrasta religiosa que só pensa em “curá-los”? Ou, ainda, se Branca de Neve, abandonada numa cidade bem distante de sua terra natal, fosse acolhida por… sete travestis?
E de longe a última de Branca de Neve no meu ponto de vista como leitor é a melhor história do livro, que aborda diversos temas sociais, e o que mais preenche o contexto que a ideia principal do livro teria a oferecer. É o maior conto do livro. No final cheguei a conclusão que há 4 contos bons e 1 excelente. Mas eu sempre recomendo também.

Garoto Encontra Garoto (David Leviathan, 2003, 2013)“Quando um primeiro encontro dá certo, é assim: Você sente a emoção de abrir a primeira página de um livro. E sabe, instintivamente, que vai ser um livro bem longo”. É com esse trecho que traz a contracapa. Aqui trazemos Paul que encontra o amor de sua vida e depois estraga ele da maneira mais catastrófica possível. Com a ajuda de seus amigos, uma líder de torcida transexual, seu melhor amigo gay enrustido por conta dos pais, e seu ex namorado obsessivo, ele se lança nessa aventura de reconquistar o seu amor de volta. Aqui temos mais uma personagem secundária que você se apaixona a primeira vista, Infinite Darlene. Garoto Encontra Garoto é uma leitura leve, e que dá um quentinho no coração, e a escrita de David é algo que você começa a ler sem ver o tempo passar.

Confissões de Um Garoto Tímido, Nerd e (Ligeiramente) Apaixonado (Thalita Rebouças, 2017) – Eu tenho uma história bem curiosa com esse livro, eu ganhei de um amigo o marcador de página do livro antes de ver o livro, ele disse que eu me parecia com o personagem da capa. E aí surgiu a minha saga pra querer comprar o livro, e quando eu vi sobre o que era a história aí foi que me apaixonei mais. O livro conta a história de Davi, um garoto que está no segundo ano do ensino médio e que finalmente tomou coragem de iniciar o curso de astrologia que tanto sonhou em fazer. Nesse curso ele conhece Milena, uma garota incrível que ele se apaixona no primeiro momento. Sua melhor amiga, Tetê o incentiva a investir nesse relacionamento, e Davi é um garoto extremamente tímido. E ele sempre está disposto a ajudar Zeca, seu melhor amigo que sempre está com problemas amorosos, mas o lance é que Davi é extremamente inexperiente nesse assunto. Entretanto, no final do semestre Davi e seus amigos ficam sabendo por Samantha, que é amiga deles, que Gonçalo viria de Portugal passar férias. Mas com a chegada de Gonçalo, dentro de Davi tem efeitos inesperados.
Eu acredito que seja o primeiro livro LGBT da Thalita, que é tão conhecida por escrever pra garotas adolescentes, eu amei muito esse livro e foi mais um que eu devorei rapidamente. Há um livro antes desse, que conta a história de Tetê, mas que não é voltado pro LGBT (Confissões de Uma Garota Excluída, Mal Amada e (um pouco) Dramática). O que me deixa bem contente é que, como Thalita é autora para livros adolescentes, introduzir esse assunto desde cedo ajudar a formar opiniões e caráter para o futuro.

Fake (Felipe Barenco, 2014) – Fake conta a história de Téo, um garoto de 19 anos que acaba de entrar na tão sonhada faculdade de direito, gay, e que não se assumiu para os pais com medo da reação deles. Felipe Barenco, nos presenteia com esse livro sobre descobertas, aceitação, drama, e comédia. Fazia muito tempo que eu não lia algo que eu ficava num looping infinito de emoções. É um livro que deveria ser lido por todos.

De Mal a Pior (Simon James Green, 2017) – Pobre Noah Grimes, seu pai desapareceu há anos, o tributo de homenagem à Beyoncé da sua mãe é visto por Noah como algo de extrema vergonha, sua avó já não é a mesma. Ele só tem um único amigo, Harry e a escola, bom, pra um adolescente é sempre um inferno. Noah é um adolescente confuso, inocente e muito azarado. Tudo que ele quer é que sua mãe pare de o envergonhar, que seu pai apareça, que sua avó melhore e que Sophie vire sua namorada. Mas acontece que seu melhor amigo o beija numa festa e isso desencadeia ainda mais confusão. Vão de ruim para um absoluto caos. O primeiro momento da história causa uma vergonha alheia vivida pelo personagem que você se pergunta se é possível isso ocorrer tanto com Noah, principalmente porque em alguns momentos tudo se resume a sexo. Mas tudo melhora muito quando o autor deixa de lado esse fato do azar de Noah e passa a contar mais sobre as descobertas dele. O personagem é apaixonado por Agatha Christie, e isso é constantemente inserido na história. Um livro leve, engraçado sobre descobertas, romance e aceitação. Só o começo que é bem conturbado, mas prometo que melhora. Há uma sequência para a história já lançada lá fora Noah Could Never, ainda sem previsão pra vir ao Brasil (palavras do próprio autor que eu todo no meu inglês do Google Tradutor fui questionar).

Ainda tenho aqui na estante para ler: O Homem de Lata – Sarah Winman; Um Milhão de Finais Felizes – Vitor Martins; Moletom – Julio Azevedo; Especial – Ryan O’Connell; Minha Versão de Você – Christina Lauren; E Se Fosse A Gente? – Becky Albertalli & Adam Silvera (Esse último estou lendo, assim que terminar venho contar a vocês o que achei).

Outras sugestões de livros na minha estante virtual do Skoob que eu quero ler: Aristóteles e Dante Descobrem o Segredo do Universo – Benjamin Alire Sáenz; Fera – John Boyne; A Lógica Inexplicável da Minha Vida – Benjamin Alire Sáenz; Supernomal – Pedro Neschling; As Desventuras de Arthur Less – Andrew Sean Greer; Boy Erased, Uma Verdade Anulada – Garrard Conley; Todas as Cores de Natal – Vitor Martins, Alliah, Bárbara Morais, Lucas Rocha e Mareska Cruz; Quero Andar de Mãos Dadas – Victor Lopes; Querido Ex (que acabou com a minha saúde mental, ficou milionário e virou uma subcelebridade) – Juan Jullian; Um Livro Para Ser Entendido – Pedro HMC; Lembra Aquela Vez – Adam Silvera; Feitos de Sol – Vinicius Grossos; Caminho Longo – Vinicius Fernandes; Com Amor, Simon – Becky Albertalli; Os Dois Mundos de Astrid Jones – Amy Sarig King; George – Alex Gino; Carry On – Rainbow Rowell; O Garoto Quase Atropelado – Vinicius Grossos; Dois Garotos Se Beijando – David Levithan.

Celebre o mês do orgulho! ♥

Livros, Resenhas

Resenha: Ricardo & Vânia, Chico Felitti

Conheci Ricardo & Vânia há algum tempo, por intermédio da minha amiga Stephanie. Na época, por algum motivo, entramos no assunto do livro, Ricardo – antes conhecido como Fofão, personagem caricato da Rua Augusta. Eu não sabia da repercussão da sua matéria no Buzzfeed, não sabia sequer de sua história. Mas já tinha o visto em uma das minhas passagens por São Paulo, a trabalho.

Não sendo de São Paulo, quando o vi, eu achei curioso mas não sabia que era uma figura tão caricata da cidade, que era tão conhecido por todos. Li a matéria do Buzzfeed durante alguns dias, era extensa e eu aproveitava os intervalos no meu trabalho para entender aquela história. Sentia um misto de querer saber tudo com ler com cuidado pra não acabar logo e não apreciar da forma correta. Sequer sabia sobre o jornalista que a escrevera também.

Tempo depois, Stephanie virou amiga do autor e me indicou o livro variadas vezes. Numa dessas indicações, resolvi comprar o e-book e jogar no Kindle, pra ver quando eu teria tempo de ler. Acabei na mesma semana.

Ricardo & Vânia conta a história do Fofão, apelido ofensivo que ganhara e quase virou seu nome, mas felizmente não virou e esse livro traduz perfeitamente o porquê e o porquê de nós, jornalistas, temos que cumprir nosso papel social. Seu nome é Ricardo Correa da Silva. Circulava pela rua Augusta há 20 anos, anônimo por muitos (exceto pelo apelido), onde panfletava, pedia esmola e às vezes, assustava algumas pessoas com o seu jeito, para não dizer aparência.

O que a gente não sabia, ao ver aquela figura, é que Ricardo foi um cabeleireiro disputado nos anos 70 e 80, mas que sua história foi ao céus ao mesmo tempo em que atingiu o inferno. Frequentador do underground, esquizofrênico, drag queen, artista de rua e muitas outras coisas, Ricardo chegou do interior e viveu sua vida no auge, por muito tempo, atendendo famosas e a elite paulistana.

Sua história, sobretudo a sua relação com o silicone que injetava na face, é curiosa. Ele tinha a obsessão pela fama, ao mesmo tempo em que sua doença o fazia acreditar que já era muito famoso (o que não deixa de ser uma verdade) e Chico consegue ir fundo na sua história e trazer de volta sua identidade, que há muito havia sido esquecida, inclusive pela família.

Nessa investigação, ficamos boquiabertos com as descobertas ao mesmo tempo em que sentimos raiva e gratidão. Pelo menos eu. Raiva pelo descaso. Ricardo esteve no meio de gente influente e terminou sem ninguém ao seu lado. Ele era indomável, nisso podemos concordar, mas ainda sim abre o parêntese da reflexão por todo o descaso em que passou em vida. Lhe fora negado seu nome, sua identidade, seu status como ser humano. Ricardo, chamado de Fofão, sequer era um ser humano para as pessoas que passavam ao seu lado.

Gratidão pela reportagem de Felitti. Por ir tão fundo e devolver a identidade a Ricardo, por recusar veementemente a chama-lo de Fofão e ir ao infinito para descobrir seu nome. Todos tem um nome e tem direito a ele. Gratidão por não transformar sua história em um espetáculo que faria todos se divertirem às custas de alguém que não está ouvindo a mesma música. E sequer teve uma mão amiga que perguntou se queria que trocassem o som.

Perguntamos onde ele aprendeu a falar línguas. “Eu já corrigi erros de tradução da Bíblia antiga. Quando a Bíblia era transmitida através de mantras.”

Nessa investigação, também conhecemos Vânia, que um dia se chamou Vagner e foi o grande amor da vida de Ricardo. Vânia foi o amor da vida, não para a vida. Ela seguiu em frente, foi morar na Europa e reconstruiu sua vida de incontáveis maneiras. Ela é o contraste e isso que torna tudo tão especial.

Acompanhamos os últimos dias de Ricardo em vida e o recomeço de Vânia, cuja história poderia ser coadjuvante com a história de Ricardo, mas o acaso é algo que não conseguimos prever.

Ricardo & Vânia tem histórias que beiram a fantasia. É incrível reviver tantas memórias, de pessoas comuns, de forma que você para alguns minutos para digerir e imaginar como aquilo pode realmente ter acontecido na vida real, porque a gente só vê em filmes. A escrita de Felitti é leve e te leva na viagem na busca da identidade, junto com ele e sua mãe, personagem presente nas páginas.

É uma leitura que, se ainda não é, deveria ser obrigatória nos cursos de Jornalismo por aí. Não li na faculdade, mas sinto que se tivesse lido, minha visão e relação com as fontes seria outra.

Atrás de cada fonte, há uma pessoa. Atrás de cada pessoa, há uma história, há amores, há desencontros, há acasos. E se é uma pessoa, se é uma história… ela vale a pena ser contada.

Livros, Resenhas

Resenha: A Prometida, Kiera Cass

Mais conhecida por sua famosa série A Seleção, que inclusive irá ganhar um filme pela Netflix, Kiera Cass retorna ao mundo literário com A Prometida, seu novo livro lançado em maio pela editora Seguinte e nos transporta para mais um mundo onde a realeza comanda tudo e percorremos os corredores de castelos repletos de conflitos palacianos e triângulos amorosos.

Dessa vez, no lugar de uma distopia, Kiera Cass nos leva por um romance de época que se passa em um país fictício chamado Coroa. Quem nos conduz pela história é a protagonista Hollis Britte, uma moça que, por fazer parte da elite de Coroa, mora no castelo do rei Jamerson, um jovem rei que está em busca de uma rainha para governar Coroa ao seu lado.

É a partir disso que Hollis, por ser uma garota divertida aos olhos do rei, acaba se tornando a grande escolhida para ocupar o tão cobiçado posto de Rainha, no entanto, como em A Seleção, as coisas mudam completamente quando um novo amor surge no castelo fazendo com que ela fique dividida sobre qual futuro quer para si. Todo esse conflito acontece após a chegada de uma família exilada de Isolte, um reino vizinho a Coroa que é conhecido por ser o oposto do país de Hollis. Enquanto Coroa é um país quente de muitas cores vermelhas e ensolaradas, Isolte é um país extremamente frio repleto de azul por todos cantos.

Silas é o filho mais velho da família Eastoffe e o jovem isoltano responsável por fazer com que Hollis comece a questionar o seu próprio futuro em Coroa, extremamente pálido e com olhos azuis, Silas é o total oposto do rei Jamerson e isso é uma das coisas que chamam a atenção de Hollis. Ao passo que Silas faz com que ela se sinta ouvida e vista por quem realmente é, Jamerson, mesmo sendo um ótimo rei e tratando Hollis muito bem, faz com que ela aos poucos perceba seu papel de rainha como algo muito mais ligado a imagem que ela irá representar para o reino, sendo tratada apenas como um troféu do rei.

Como se não bastasse o conflito interno que Hollis está vivendo, uma visita do rei de Isolte ao castelo acaba trazendo muito mais conflitos palacianos para a vida da futura rainha de Coroa. É nesse momento que ela começa a descobrir o porquê da família Eastoffe ter buscado asilo com o rei Jamerson e as coisas ruins que podem estar acontecendo em Isolte, trazendo uma leva de problemas políticos a história, sendo justamente as questões políticas e os conflitos entre os reinos os grandes responsáveis por salvarem o livro de Kiera Cass.

Ao que parece, a autora ouviu as críticas feitas sobre A Seleção e tentou ao máximo corrigir os erros em A Prometida, no entanto, a energia que ela utilizou corrigindo os erros e trazendo conflitos políticos consistentes que foram o grande trunfo desse novo livro, foi um tanto quanto que deixada de lado na construção, não apenas dos personagens, como em todo o romance criado na história. A impressão deixada ao ler o livro foi que muitos capítulos faltavam ali e que, provavelmente, alguns momentos a mais entre Hollis e seus dois amores fariam com que houvesse uma empolgação maior para continuar lendo. Nenhum personagem ganha muita profundidade na história, fazendo com que a gente não consiga se prender a nenhum deles em momento algum. Tudo isso se reflete, tanto no romance de Hollis com o rei Jamerson, quanto com o “plebeu” isoltano Silas.

Quando o rei Jameson se declara para a Lady Hollis Brite, ela fica radiante. Afinal, a jovem cresceu no castelo de Keresken, competindo com as outras damas da nobreza pela atenção do rei, e agora finalmente poderá provar seu valor. Cheia de ideias e opiniões, logo Hollis percebe que, por mais que os sentimentos de Jameson sejam verdadeiros, estar ao seu lado a transformaria num simples enfeite. Tudo fica ainda mais confuso quando ela conhece Silas, um estrangeiro que parece enxergá-la — e aceitá-la — como realmente é. Só que seguir seu coração significaria decepcionar todos à sua volta… Hollis está diante de uma encruzilhada — qual caminho levará ao seu final feliz?

Não existe na história uma construção do porquê Hollis ama Jamerson ou Silas, o romance não consegue convencer em nenhum momento, principalmente após ela escolher com quem ela quer ficar próximo ao fim do livro, levando ao ponto de me fazer torcer contra o que ela escolheu viver. Jamerson trata Hollis muito bem e a enche de presentes, já Silas faz com que ela se sinta ouvida e vista por quem realmente é, mas nada disso é muito sólido, visto que ela tem pouquíssimos momentos com ambos que justifique o amor que sente por eles.

A grande salvação da história fica mesmo a cargo das questões políticas entre os reinos e ao aparecimento de uma organização misteriosa intitulada Cavaleiros Sombrios que levam morte e desolação por onde passa. Acontecimentos próximos ao final do livro fazem com que você enxergue todos os conflitos por um novo olhar e ficar curioso para saber o que vem a seguir e são esses últimos capítulos que salvam a história nos levando a querer ler os próximos livros da série, mesmo que o romance em si ainda não tenha convencido.

O que resta agora é esperar pelos próximos livros que Kiera está escrevendo sobre a vida de Hollis e contar com que ela consiga, enfim, nos mostrar o quanto as escolhas amorosas dela foram importantes e como tudo isso irá afetar a relação entre Coroa e Isolte.